FHC diz que Lula deve seguir seu exemplo e divulgar gastos

Ex-presidente chama de ‘guerra suja’ acusação de que seus gastos têm irregularidades e quebra próprio sigilo.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aconselhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a seguir o seu exemplo e divulgar os gastos da Presidência, em entrevista à rádio CBN nesta quarta-feira, 26, e chamou de “guerra suja” as acusações de que os gastos à época em que foi presidente teriam irregularidades. Na última terça à noite, FHC autorizou a quebra do seu próprio sigilo.

A decisão foi tomada após reportagem da revista Veja desta semana, segundo a qual o governo teria preparado um dossiê sobre gastos do ex-presidente para intimidar tucanos na CPI dos Cartões. A denúncia provocou uma série de negativas do Planalto e acirrou os ânimos na comissão, que agora cobra a quebra de sigilo de Lula e planeja convocar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para falar sobre o suposto dossiê.

Segundo FHC, a quebra de seu próprio sigilo é para “acabar com essa sensação de que tem algo de podre no reino da Dinamarca”. Se teve algo de podre, é longe de mim”, disse. O ex-presidente defendeu ainda punição caso seja comprovada alguma irregularidade. “Que se puna, mas não se pode fazer guerra suja. Por isso, pedi para abrir tudo de uma vez”.

FHC disse ainda na entrevista não considerar “violação de privacidade” a divulgação de seus gastos, mas chamou de “calúnia” reportagem da revista Veja que cita gastos com garrafas de champagne no início do segundo mandato. “Nem sei quem comprou (as garrafas) nem vi a ordem. Talvez tenha sido para a festa de posse da reeleição. Confundir isso como gasto pessoal é uma calúnia, dizer que fulano gastou para o seu bel prazer é errado”, afirmou.

Agência Estado

Rizzolo: Realmente essa postura do governo de insinuar gastos irregulares no governo FHC para que lá frente se negocie a não abertura das contas dos gastos pessoais de Lula, é no mínimo um ato deplorável. Com efeito, o fato de FHC ter autorizado a quebra de seu próprio sigilo, induz ao presidente Lula que se faça o mesmo, até porque essa postura de Lula justificar o seu sigilo através de argumentos constitucionais injustificáveis e não cabíveis de ” segurança nacional”, é extremamente antiético, amoral, e não condizente a um homem público. Concordo plenamente com FHC, que se escancare as contas pessoais do presidente Lula, e que de uma vez por todas se dê abrigo a uma postura ética e de trnsparência comum nas melhores democracias.

Charge do Seri para o Diário do ABC

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PSDB decide lançar Alckmin, sem o apoio do DEM

Serra se comprometeu a adotar uma posição partidária

Alternativa de apoio a Kassab não será testada no voto

Alckmin vai à convenção tucana como ‘candidato único’

Há três dias, em viagem a São Paulo, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), alinhavou a estratégia do tucanato para as eleições a prefeito da cidade. Produziu-se, reservadamente, a unificação do discurso do grão-ducado tucano. Ficou acertado, agora em termos peremptórios, que Geraldo Alckmin será aclamado em convenção como candidato único do partido às eleições paulistanas.

Sérgio Guerra reuniu-se separadamente com o próprio Alckmin, com o governador José Serra e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Foram desarmadas duas armadilhas. O grupo de Serra não levará à convenção do partido a proposta de apoio do PSDB à reeleição de Gilberto Kassab (DEM). E os partidários de Alckmin interromperão a pressão que exerciam sobre a cúpula do partido para a realização de prévias.

De volta a Brasília, Sérgio Guerra relatou a lideranças tucanas, a portas fechadas, o resultado de sua missão paulistana. De Alckmin ouviu que não abre mão de disputar a prefeitura. De Serra obteve o compromisso de adotar na campanha uma posição discreta, mas partidária. De FHC, recolheu a avaliação de que a divisão do PSDB e do DEM no primeiro turno da disputa tornou-se irreversível. Antes simpático ao apoio tucano a Kassab, FHC agora diz que, diante da pertinácia de Alckmin, o PSDB não tem senão a alternativa de apoiá-lo.

Com o asentimento da direção tucana, o grupo que dá suporte a Alckmin promove, nesta quinta-feira (27), um ato público de apoio à candidatura do ex-governador. Prevaleceu na cúpula do partido o entendimento de que o candidato precisa pôr a postulação em movimento, sob pena de não conseguir celebrar as alianças partidárias que deseja. A despeito de declarações que tucanos descontentes possam vir a fazer nas próximas semanas, a deliberação do partido está tomada. Descartou-se de vez a hipótese de aliança com o DEM no primeiro turno da eleição.

Reunida na noite passada, a Executiva do PSDB definiu a posição a ser adotada pela direção nacional da legenda nas eleições de 2008. Deliberou-se que os diretórios locais terão autonomia para formalizar as alianças que julgarem mais convenientes. Depois do encontro, Sérgio Guerra disse ao blog que não há vetos prévios a esta ou aquela aliança. Informou, porém, que se manteve aberta uma janela para intervenções nos casos em que forem celebrados acordos que o partido considere “indefensáveis”.

O que seria uma aliança indefensável? “O apoio a bandidos notórios e a inimigos declarados do PSDB”, exemplificou o senador. E como se daria a intervenção? Nos municípios com menos de 50 mil habitantes, caberá ao diretório Estadual intervir. Em municípios maiores, a ação será conduzida pelo diretório nacional.

O caso de Belo Horizonte seria passível de intervenção? Sérgio Guerra informa que não. Para o PSDB, é “absolutamente normal” a aliança que o governador tucano Aécio Neves tricota com o prefeito petista Fernando Pimentel, para apoiar a candidatura de Márcio Lacerda (PSB), hoje integrante do secretariado da administração estadual do PSDB.

Quanto a São Paulo, as gestões da direção nacional serão feitas em ambiente de informalidade. A preocupação da cúpula tucana é agora a de evitar que a disputa entre Alckmin e Kassab se radicalize a ponto de inviabilizar uma composição no segundo turno.

Blog do Josias

Rizzolo: Finalmente uma decisão de bom senso. Na verdade, esse acordo partidário interno nem haveria necessidade de haver, se caso, houvesse sim um interesse maior em nome do partido, e não posições estritamente pessoais e de poder. Até porque, se houver um segundo turno, com certeza Kassab ou Alkmin apoiariam um ao outro numa aliança, mas de caráter de segundo turno. O que não se diz às claras, é que por de trás da candidatura Alckmin está discretamente a articulação de Aécio Neves(PSDB) , governador de Minas. Não acredito que o tucanato contrário ao consenso vá se empenhar na campanha de Alckmin, se isso ocorrer fica patente que todo o esteio ético que o PSDB prega, não consegue sequer enxergá-lo em casa.