Para Skaf, “a valorização cambial está minando a indústria de transformação”

A Federação das Indústria de São Paulo (Fiesp) afirmou que a taxa de câmbio está “minando a indústria de transformação”. “Temos convicção de que o Brasil não pode abrir mão de sua indústria de transformação, pois isto teria como conseqüência perdemos definitivamente a nossa capacidade de avançar no crescimento de maneira sustentada”, alertou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, sobre a queda da participação da indústria de transformação no PIB, que no ano 2000 foi de 22% e caiu para 17% este ano. No dia 29, a taxa de câmbio atingiu R$ 2,04 por dólar, a menor taxa desde março de 2001.

Estudos da Fiesp apontam que países com grandes dimensões populacionais têm na indústria de transformação a principal força motriz do processo de transição para um nível mais alto de renda per capita. “Foi assim que ocorreu com EUA e Alemanha no início do século passado; com o Japão no pós-guerra; também com a Coréia do Sul, Taiwan e, mais recentemente, com Tailândia, Indonésia, Malásia e China. Não por coincidência, altas taxas de crescimento foram obtidas em ambiente de baixa taxa de juros e taxa de câmbio desvalorizada”, diz Skaf.

“O Brasil, país de maior crescimento econômico até 1980, também se enquadrou neste modelo de desenvolvimento. Porém, os anos 90 se caracterizaram por uma abertura comercial atabalhoada, seguida de períodos de forte e longa valorização cambial, nos quais o governo praticou excessivas taxas de juros, juntamente com uma crescente carga tributária”, observou a Fiesp, lembrando que em 2004, último ano de câmbio competitivo, o bom desempenho da indústria de transformação, com crescimento de 8,5%, alavancou o PIB geral com crescimento de 5,7%, melhor marca desde 1986.

Já em 2005 e 2006, lembra a entidade, a valorização do câmbio impôs inexpressivos desempenhos para a indústria de transformação, com crescimento respectivamente de apenas 1,1% e 1,6%. “Sempre que a taxa de crescimento da indústria de transformação estiver abaixo daquela do PIB, é sinal de que o crescimento econômico não se sustentará”, analisou Skaf.

Para que isso não aconteça, a Fiesp diz que a sobrevalorização do câmbio e as altas taxa de juros “é tarefa que deve ser enfrentada por essas autoridades – Governo, Ministério da Fazenda e Banco Central -, com a consciência da impossibilidade de convivermos com suas conseqüências”.
Jornal Hora do Povo

Acho que está na hora de vc ir embora Meirelles !!

Pro dia nascer feliz

Vale a pena ler a entrevista do cineasta João Jardim, na Caros Amigos, sobre seu documentário “Pro Dia Nascer Feliz”, filmado em seis escolas brasileiras. O filme, que fala da adolescência e sua relação com a escola, foi premiado com quatro Kikitos e eleito melhor documentário na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Vejam uma das suas respostas: “A instituição escola não está funcionando desde que ela se tornou mais democrática, ou seja, antes existia uma escola para a classe média, não é? Aquela escola que todo mundo lembra que era boa. Só que era boa porque os alunos traziam de casa uma bagagem muito maior, então o professor só tinha que transmitir o conteúdo. Quando a escola ampliou e passou a atender a maior parte da população, começou a receber crianças que tinham que aprender tudo dentro da escola. Essa é a realidade, o povo brasileiro nunca teve escola antes, agora tem, mas a escola não se adaptou para lidar com alunos cujos pais não tiveram formação alguma, que não podem olhar o caderno do filho quando chegam em casa porque não aprenderam o que os filhos aprendem. E os professores também foram formados num tipo de universidade que nunca considerou esses alunos, e que continua não considerando. Agora até talvez esteja mudando, mas ainda não tem essa percepção de que os professores têm de ser preparados para ensinar alguém que nunca viu um livro em casa, nunca foi a um cinema. E aí você lê nos jornais as pesquisas: 60% não aprenderam – e por que não aprenderam? E essa coisa de falar “ah, porque estão mais interessados na Internet” não é verdade”.

Vale a pena ver o filme !!!

A importância de cuidar da nossa juventude

O Valor de hoje traz duas matérias preocupantes – “Brasil deixa 18% dos jovens entre 15 e 17 anos fora da escola, revela estudo” e “Desemprego juvenil cresceu mais no Sudeste” .

A primeira diz que um trabalho, divulgado ontem pelo Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), intitulado “Equidade e Eficiência na Educação: Motivações e Metas”, revelou que 18% dos jovens de 15 a 17 anos no Brasil estão fora da escola. Desse percentual, 11,9% integram o estrato de renda dos 20% mais pobres da população.

A segunda apresenta um estudo do professor Márcio Pochmann, da Unicamp, mostrando que a evolução da taxa de matrícula entre jovens se deu acima da ocupação para essa mesma parcela da população em todo o país. Entre 1995 e 2005, houve um crescimento de 73,4% na quantidade de jovens estudantes e de 66% no número de jovens empregados.

Ou seja, como cada vez mais jovens estão à procura de um emprego e passam a fazer do mercado de trabalho, sejam como ocupados ou como desocupados, o estudo mostra que eles estão mais voltados ao emprego do que à educação. Em 2005, enquanto um em cada dois jovens estudava, o levantamento constatou que dois em cada três jovens são ativos nesse mercado.

As matérias reforçam a importância de políticas públicas como o Bolsa Família e o PAC da Educação, adotadas pelo governo Lula, instrumentos eficazes para combater a pobreza e estimular a inserção dos jovens no processo educacional.

Mais do que isso, essas matérias reforçam o que temos dito aqui no blog: a instituição de políticas públicas voltadas para a oferta de educação, lazer, cultura e emprego para a nossa juventude é um dos nossos maiores desafios.

Fernando Rizzolo