Mais de 3 mil famílias do acampamento João Cândido correm o risco de ser despejadas, amanhã (7), da área que ocuparam em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. “O movimento não sairá do acampamento João Cândido amanhã, como havia sido comprometido judicialmente, porque não tem para onde ir”, diz Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
A afirmação foi feita em ato público no final da manhã deste domingo (6), com o apoio de políticos, representantes da igreja católica, intelectuais e dirigentes sindicais. Boulos informou que o movimewnto tentará novo diálogo com as partes envolvidas – o dono do lote, o governo estadual, Polícia Militar e o Judiciário, para que a saída seja, novamente, adiada. Do alto de um carro de som, na entrada do acampamento, os oradores se revezaram em discursos favoráveis ao movimento.
Boulos disse acreditar que o grupo obterá autorização para permanecer no local por mais tempo: “É uma questão de sensatez, porque já foi viabilizada a solução para a moradia definitiva. O proprietário conseguiu a reintegração de posse para continuar deixando um vazio nesse latifúndio, como fez nos últimos 20 anos”, criticou Boulos.
Há quase dois meses as famílias ocuparam a área devoluta, de um quilômetro quadrado, no bairro de Valo Velho. Desde então, fez várias manifestações visando chamar a atenção para sua causa, inclusive uma concentração em frente à Daslu, megaboutique que é o símbolo do consumo de altíssimo luxo em São Paulo.
Ao mesmo tempo, o MTST buscou a via da negociação, visando obter moradias provisórias, pelo tempo necessário para a construção das casas. Estas estão em processo de planejamento por parte da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e Caixa Econômica Federal.
Um dos acampados, o pintor de paredes Antônio Faustino da Silva, de 38 anos, contou que vive de “bicos” e que há 15 anos mora na região, depois de deixar o Rio Grande do Norte. Com a mulher e os três filhos menores, ele ergueu o barraco com plásticos e estacas de bambu, depois de ter passado pelo estado de Mato Grosso. E disse que “a situação das famílias vai tocar na sensibilidade das autoridades e do próprio dono do terreno, para aumentarem o prazo”.
Com informações da Agência Brasil
Obs. Fui convidado pela Coordenação do movimento a conhecer o acampamento, fiquei impressionado, a quantidade de criança, pessoas idosas, é muito grande , é uma cidade de lona. O problema habitacional na região é muito grave, acredito na sensibilidade do poder público em remover essa multidão até porque eles não tem para onde ir, para que enfim possam cumprir o competente mandado judicial, temos que evitar um confronto .