Mais um exagero de Bento XVI

O Papa Bento XVI disse que o capitalismo e o marxismo estão superados. Um tremendo lugar comum. E se despediu de nós com uma perola que não engolimos: “Catequização de índios não foi imposição”. Foi pior. Foi um genocídio, praticado pelas Entradas e Bandeiras, pela escravização dos índios e seu extermínio.

Como se isso não bastasse, Sua Santidade rejeitou o sincretismo e a utopia de dar vida às religiões pré-colombianas. Quer dizer, pregou e defendeu o isolamento total da igreja católica. E ainda se intrometeu na política interna da América Latina, ao ver governos autoritários baseados em valores não cristãos.

Na verdade, hoje, não há nenhum governo que não seja democrático na América Latina e não seja guiado por valores cristãos. Começando por Hugo Chaves, na Venezuela, um cristão assumido e declarado.

Mas isso, Sua Santidade não viu, ou não quis ver.
enviado pelo Zé Dirceu
Obs. Lamentável, chamar governantes eleitos pela maioria popular de autoritários denota sim uma vocação autoritária da Igreja.

Publicado em Política. 1 Comment »

La Nación: Papa “não conseguiu juntar as multidões que se esperava”

“Se os números falaram, a visita foi um fracasso: em cinco dias (no Brasil), Joseph Ratzinger não conseguiu juntar as multidões que se esperava”, comenta Elisabetta Piqué, enviada especial do diário La Nación, em artigo publicado nesta segunda-feira (14). Ela transcreve o comentário de um vaticanista alemão: “Ratzinger e samba não combinam”.

Na reunião que teve com jovens no Estádio Pacaembu, quinta-feira passada, eram esperadas mais de 70 mil pessoas e não havia mais de 40 mil. A missa celebrada sexta-feira em São Paulo teve apenas 1 milhão de fiéis. Ontem, a missa ao ar livre celebrada neste gigantesco santuário mariano esperava mais de 1 milhão de pessoas – segundo antecipou o próprio Vaticano – mas teve apenas 150 mil”, escreve a jornalista, de Aparecida do Norte (SP).

“Bento XVI não é João Paulo II – um monstro de vitalidade que atraía as massas e criava um clima de fervor impactante –; não veio a este continente para juntar multidões”, diz o texto. O objetivo, agrega, foi indicar aos bispoe e cardeais “o rumo que a Igreja Católica deverá tomar para se revitalizar e frear a sangria de fiéis de que padece atualmente”.

Embora La Nación seja um jornal conservador e comportado (usualmente comparado ao brasileiro O Estado de S. Paulo), o artigo diz que “a viagem começou com o pé esquerdo”. E exemplifica com as palavras do papa para a imprensa durante o vôo, “quando apoiou sem meias-tintas a suposta excominhão de políticos mexicanos que apoiaram a despenalização do aborto”.

“Se bem que o porta-voz do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, pouco mais tarde recuou e afirmou que o papa não quizera dizer o que disse, a gafe já tinha acontecido. A maioria dos analistas deduziu que, para além das retificações, Joseph Ratzinger pensa que os políticos que vão contra a doutrina da Igreja deveriam se considerar excomungados”, diz o artigo.

“Também foi criticada a insistência com que Bento XVI tratou temas de moral sexual”, prossegue o jornal. “Para muitos analistas, insistir em defender a castidade ou a virgindade antes do casamento, repetidamente, foi desconhecer a realidade do Brasil”.

“Embora tenha feito esforços para se aproximar dos seus, nesta viagem Bento XVI foi coerente consigo mesmo. Como em seus tempos de guardião da ortodoxia católica, demonstrou que não teme reafirmar com ênfase o que para ele é a verdadeira doutrina da Igreja, como fez diante dos bispos brasileiros, como fez quando investiu contra ‘formas de governo autoritárias ou sujeitas a certas ideologias superadas'”, diz ainda o artigo.

Com La Nación

Murdoch tenta comprar “Wall Street Journal” e exacerbar o monopólio da mídia nos EUA

mur.jpg

Em novo lance da exacerbação da monopolização da mídia nos EUA, o magnata Rupert Murdoch lançou proposta para açambarcar a “Dow Jones”, empresa que publica o segundo maior jornal em tiragem dos EUA, o “Wall Street Journal”, e que tem o principal serviço online de cotações da bolsa de Nova Iorque e de outros índices especulativos. Murdoch já é dono da Fox News, do jornal “New York Post”, da “20th Century Fox” e da “Sky/Direct TV” nos EUA; do “The Times” e The Sun na Inglaterra; assim como de jornais da Austrália – aonde nasceu.

Não é um lance qualquer. Com a Fox News, Murdoch tornou-se o porta-voz dos setores mais reacionários do Partido Republicano, e foi esse canal que desencadeou, em 2000, o golpe midiático que usurpou o mandato de Al Gore e depois, com a ajuda da Corte Suprema dos EUA, o pôs nas mãos de W. Bush. Foi a “reportagem” da Fox, aliás comandada por um primo de W. Bush, que foi ao ar no momento chave, negando a vitória de Gore e alardeando a do candidato republicano, quando todos os canais de TV já apontavam vencedor o democrata. O resto ficou por conta do irmão-governador.

Murdoch é amplamente conhecido como um arrivista, um arrivista muito atrevido, e que fez fortuna servindo aos governos mais reacionários da Austrália, da Inglaterra e dos EUA. Já o “WSJ” é o mais influente jornal dos EUA sobre questões de economia e inclusive, em determinados momentos, tem a capacidade de questionar certos aspectos da política governamental que ponham em risco os interesses mais de fundo dos magnatas norte-americanos.

Após dominar os jornais da Austrália, Murdoch mudou-se em 1968 para Londres e se naturalizou. Era a forma de contornar os impedimentos legais à posse de jornais por estrangeiro. Após elevar para outro patamar a monopolização da mídia na Inglaterra, mudou-se para os EUA e se naturalizou norte-americano em 1985 para poder comprar jornais, redes de TV e estúdios de cinema. Atualmente, ele possui cerca de 175 jornais no mundo inteiro.

O controle do “WSJ” e da “Dow” abriria para Murdoch a possibilidade de interferir nas questões da especulação e da economia, bem como manipular os barões dos monopólios norte-americanos. Que dispensam tal regalo. O cerco ao “Wall Street Journal”/Dow Jones está orçado em US$ 5 bilhões, sendo que a família Bancroft, que possui 62,4% das ações da Dow – e, portanto, o “WSJ” – considerou a “oferta amigável” de Murdoch “uma proposta não solicitada”.

Hora do Povo

Declaração da OAB-SP recebe repúdio unânime das centrais: “deveria defender os advogados”

Em nota divulgada no dia 3, CUT, CGTB, Força, CGT, NCST, CAT e SDS condenaram a campanha da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), em defesa da absurda emenda 3. Abaixo, a íntegra do documento.

“As centrais sindicais reafirmam sua posição contrária à emenda 3 e a favor do veto presidencial. Temos clareza de que a retirada de poder da fiscalização vai criar um ambiente extremamente favorável a maus empregadores que preferem ter funcionários disfarçados de prestadores de serviço e, assim, eliminar direitos básicos dos trabalhadores.

Diferentemente do que afirma a OAB-SP, o veto à emenda 3 não transforma fiscal em juiz. Todo o empregador, como já ocorre hoje, terá amplo direito de defesa e de recorrer de autuações e multas.

Porém, se a emenda 3 passar, o trabalhador ficará absolutamente à mercê da vontade de seu empregador. Aumentarão as facilidades para que os trabalhadores sejam ‘convidados’ a abrir uma empresa e a arcar, à custa de um salário comum, com todos os custos típicos de uma verdadeira empresa. Sem nenhuma contrapartida. Caso queira exercer seu direito de defesa, o trabalhador, individualmente, terá de recorrer à Justiça. Se estiver trabalhando, será demitido. Em qualquer circunstância, terá de percorrer as várias instâncias judiciais, o que leva muito tempo.

Os verdadeiros prestadores de serviço, aqueles empreendedores que lançaram-se ao desafio de abrir uma empresa e a atender mais de um cliente, nada têm a temer.

A OAB-SP sabe disso, embora não reconheça publicamente. Essa entidade, importante para a democracia brasileira, tem em seu estatuto definida a missão primordial de defender os advogados. Uma simples pesquisa nos classificados de emprego ou nos locais de trabalho vai demonstrar que há vários advogados trabalhando para um único escritório ou cliente, com salários bastante baixos, emitindo RPA e arcando com todas as despesas. São trabalhadores como esses que desejam o fim definitivo da emenda 3”.
Hora do povo

Obs. Tenho muito apreço pelo D `Urso , mas não posso esconder minha decepção com isso.

O discurso moralista e conservador de Bento XVI

Um absurdo a doutrina que o cardeal Joseph Ratzinger pregou no Brasil. Ele, embora escolhido Papa, para mim não encarna hoje a Igreja Católica e seu pensamento. Representa, sim, uma regressão grave e perigosa para a humanidade e reassume posições totalitárias quando afirma textualmente que “em nome dos direitos e liberdade individual atenta-se contra a dignidade do ser humano”. Quem não se lembra dos discursos totalitários e fascistas contra o liberalismo e as democracias, com o mesmo argumento? Todo regime autoritário faz essa afirmação. Fora a banalidade da frase, em todas as sociedades os direitos e liberdades individuais são limitados pela lei e pela Constituição.

Pior é tratar as Igrejas Evangélicas como “seitas”, afirmando que a Igreja Católica e “a única Igreja de Cristo”. Um atentado à liberdade religiosa, um chamamento ao sectarismo e ao fundamentalismo, uma negação do pluralismo religioso, tão caro ao nosso povo e à nossa nação. Joseph Ratzinger não está à altura do título de Papa. Ofende dezenas de milhões de brasileiros que professam a fé nas Igrejas Evangélicas.

Mas também é gravíssimo seu discurso sobre a centralidade de Roma e sobre sua própria autoridade. Uma bofetada em todos os bispos e Igrejas Católicas nacionais e na Igreja latino-americana. Uma negação de nossas nacionalidades e culturas. Uma ofensa a nossos países e povos. E uma negação da democracia, mesmo que indireta e mesmo que limitada, levando-se em consideração que estamos falando de uma Igreja e de uma religião.

Não me conformo, como cidadão formado na doutrina católica e na militância social da Igreja nas décadas de 50 e 60, de ver o Papa esconder de todos e de todas a existência de um número grande de homossexuais na Igreja, de inúmeros caos de aids e, particularmente, dessa praga que atingiu a Igreja em todo mundo que é o pedofilismo. E ainda chamou a atenção dos bispos para os desvios sexuais. Uma humilhação.

Ao contrário, o Papa fechou os olhos para esse problema e ainda louvou o celibato que, todo mundo sabe, nem sempre existiu na Igreja.

Também não abordou a situação social dos padres, sem vínculos empregatícios e sem segurança social e previdenciária, como se o problema não existisse. E ainda solicitou ao governo brasileiro que não exija a aplicação das leis trabalhistas do pais à Igreja Católica. Um acinte, para dizer o mínimo.

Como vemos, para além da justa alegria dos católicos por receberem o Papa no Brasil, de nossa hospitalidade e cortesia, não podemos nos calar perante tal regressão no pensamento e na ação da Igreja Católica, tão cara a todos nós, formados nas suas escolas e doutrinas. Até porque é evidente que esse pensamento exposto por Ratzinger levará a Igreja no Brasil a uma catástrofe frente à concorrência das Igrejas Evangélicas.

Mas essa já é uma outra questão.
enviada por Zé Dirceu

Obs. Concordo com o Zé e vejo isso com muita tristeza , não aprecio esse discurso onde de uma forma estranha coloca os evangelicos, protestantes , ou seja aqueles que de uma forma liberal discordam da doutrina católica como propagadores de ” seitas “. Ora, isso é um absurdo ofende milhões de brasileiros, marginalizando algo sagrado que é a liberdade religiosa quando afirma que a Igreja católica é a única Igreja de Cristo. Infelizmente tenho que me solidarizar com os evangelicos. Agora aqui entre nós porque será que a Globo está dando tanta enfase a essa visita ? Temos que refletir.

Filme Hércules 56

her.jpg

Fui assistir o documentário Hercules 56, achei muito bom, isso é confirmado no artigo “Liberdade, abre as asas sobre nós”, de Amir Labaki, publicado na Valor de sexta-feira, e reproduzido no site É tudo verdade, é uma boa análise do filme “Hércules 56″. O filme conta a história do seqüestro do embaixador americano, em 1969, pelas organizações revolucionárias ALN, VPR e principalmente MR-8, que assumiram politicamente a responsabilidade pela ação que levou à libertação de 15 presos políticos.
Vale a pena ver o documentário. É o retrato de uma época. Claro que a luta armada jamais caberia nos dias de hoje mas foi um momento da época e uma atuação do ” 8 ” num período em que as opções eram poucas. Nada pode-se fazer sem a participação da massa, via uma ampla democracia, com a participação de todos os setores.

É um ótimo documentário !

Publicado em Política. 1 Comment »