
A TV Telesur foi a realizadora da atividade que ocorreu em Caracas e reuniu jornalistas, atores e cineastas da América Latina, Europa, Ásia, e EUA
O canal de TV pública TeleSUR, do qual participam a Venezuela, Argentina, Bolívia, Cuba e Nicarágua, organizou as “Jornadas Internacionais sobre o Direito a Informar e estar Informado”, realizadas em Caracas, nos dias 19 e 20 de maio, com a participação de destacadas personalidades do jornalismo e da intelectualidade da América Latina, Europa, Ásia, e Estados Unidos.
“No próximo domingo à meia-noite começará a funcionar a boa televisão venezuelana de serviço social, o novo canal do povo e para o povo, da diversidade e para a diversidade”, disse Hugo Chávez em discurso transmitido por cadeia de rádio e televisão.
O presidente Chávez alertou para o fato de que “o grande poder midiático está em mãos da contra-revolução, da oligarquia apá-trida”,assinalando que “nosso dever como gover-nantes é garantir o direito do povo de se informar, de não ser enganado, de não ser ludibriado, de não ser vilipendiado”.
Ele lembrou o locaute petroleiro de dezembro de 2002 e janeiro 2003, e relatou que então teve que fazer até cinco declarações diárias em cadeia nacional de rádio e televisão para enfrentar a campanha de falsificações e invenções armada pela RCTV e outros canais antinacionais. “Chegaram a contratar atores para passar a idéia de que a paralisação que eles articulavam tinha o apóio da população”.
Para substituir a RCTV, cuja concessão encerra no dia próximo dia 27, o governo venezuelano criou esta semana a fundação Teves, que começará a operar com um capital inicial de 4 milhões de dólares aportado pelo Estado.
IMPUNIDADE
Em mesas redondas e de portas abertas ao público, nas jornadas abordaram temas como “Impunidade e poder dos grandes empórios da comunicação”, “A responsabilidade dos Estados”, “O uso do espaço radioelétrico como bem público”, “A propriedade social dos meios de comunicação” e alternativas à situação atual.
Entre os especialistas que participaram, se destacam Carmen Lira, diretora do jornal da La Jornada da Universidade do México (UNAM); diretores do canal 7 da Argentina; de Cubavisión; do canal 7 da Bolívia; especialistas internacionais e membros do Conselho da TeleSUR, entre eles, os diretores de cinema: Pino Solanas (Argentina), Jorge Sanjinés (Bolívia), Tristan Bauer (Argentina), Orlando Senna (Brasil) e o ator Danny Glover (EEUU). Também estiveram presentes o deputado e jornalista argentino, Miguel Bonasso; o jornalista belga, Michel Collon; o jornalista peruano especialista em meios comunitários, Ignacio Vigil; o editor da revista britânica New Left Review, Tariq Ali; o diretor do Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet.
“O saque colossal dos recursos do chamado mundo subdesenvolvido tem seu correlato nas ditaduras da mídia. É uma ilusão pensar que vamos conseguir ir fundo nas mudanças que o nosso povo tanto precisa sem democratizar os meios de comunicação. A resolução de não renovar a concessão da Rádio Caracas Televisão não somente é um direito constitucional, mas uma festa para o povo venezuelano. A outra festa é o nascimento de um novo canal: Teves”, declarou Solanas acrescentando que “agora a prioridade é promover camadas de realizadores para que isto seja um formigueiro de produções”. O conhecido cineasta, que participa ativamente do TeleSUR, dirigiu filmes clássicos da cinematografia argentina como “A hora dos Fornos”, “O Exílio de Gardel”, “Memória de um saque”, e “Sul”, entre outros, além de diversos trabalhos como roteirista e produtor.
“Nós nos unimos aos cidadãos do mundo inteiro na busca de uma democracia na qual o povo seja realmente quem decida e onde seja o dono verdadeiro dessa democracia. Para governar de forma efetiva, o povo deve ter o poder de ver quais são seus interesses, de quais são as suas idéias. O governo norte-americano sempre tenta esmagar qualquer resistência que existe dentro e fora de seu país e essa postura tem um impacto direto nos meios de comunicação que promovem a guerra e a desinformação. Querem que os americanos acreditem que esse tipo de política é em defesa de interesses nacionais e não do lucro de poucas corporações multinacionais”, afirmou Danny Glover, que também é membro do Conselho da TeleSUR. “Máquina Mortífera”, “A cor púrpura”, “Um lugar no coração”, “Cicatrizes da Guerra”, são alguns dos filmes do ator, que realiza importantes trabalhos na Venezuela (Ver matéria nesta página).
DESINFORMAÇÃO
No encerramento do Foro, o ministro de Cultura de Cuba, Abel Prieto, advertiu que “a desinformação que emitem os meios de comunicação servis aos interesses imperialistas exclui as autênticas culturas populares dos povos. Os jornais informativos difundidos por essas estações e órgãos só têm a ver com os interesses ideológicos do aparelho hegemônico”.
Depois dos debates foi aprovada por unanimidade uma Declaração que assinala que “as freqüências de radiodifusão são patrimônio da Humanidade, administradas pelos Estados nacionais, para satisfazer o maior bem-estar de seus povos. Ninguém pode pensar que são propriedade de uma empresa ou corporação”.
“Para garantir esse patrimônio, é imprescindível uma democratização das freqüências radioelétricas na América Latina, onde a concessão das mesmas tem favorecido a concentração em grandes grupos econômicos, nacionais e transnacionais, e não a criação de redes de televisão de serviço público”, prossegue, registrando que “aplaudimos as recentes decisões da Argentina, Brasil, e Uruguai de resgatar o espaço público. Na Argentina, o canal cultural Encontro, abre uma perspectiva desde o próprio Estado. Brasil avançou em direção a conformação de uma televisão pública nacional, que envolve emissoras estatais, regionais, legislativas, educativas, universitárias e comunitárias, além de usuários e organizações sociais. O Poder legislativo uruguaio pôs em marcha uma nova Lei para a radiodifusão comunitária”.
Concluindo, a Declaração manifesta que “no caso específico da não renovação da licença da RCTV na Venezuela, a decisão está totalmente ajustada ao Direito, e não representa nenhuma arbitrariedade, nem ilegalidade. Estranha, entretanto, a ingerência de organizações internacionais e multilaterais em assuntos internos de uma nação, sobretudo quando a preocupação tem recaido sobre os interesses setoriais de uma só empresa, num país onde existem mais de 45 canais de televisão e 800 emissoras de rádio privadas”.
Hora do Povo
Obs. Como já disse anteriormente, essa questão do poder midiático estar nas mãos de empresários que não tem compromisso com o desenvolvimento das camadas mais pobres e usam a concessão estatal para exatamente boicotar governantes que não visam seus interesses muito embora foram eleitos democraticamente pelo povo, é algo que devemos rechaçar.
Achei interessantedebates a aprovação por unanimidade de uma Declaração que assinala que “as freqüências de radiodifusão são patrimônio da Humanidade, administradas pelos Estados nacionais, para satisfazer o maior bem-estar de seus povos. Ninguém pode pensar que são propriedade de uma empresa ou corporação”. Muito bem !