Sarkozy: medo e realinhamento com os EUA

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Novo presidente francês tomou posse no dia 16; franceses optaram por um perfil autoritário, favorável ao modelo estadunidense, e contrário aos interesses dos descendentes de imigrantes

Debora Lerrer,
de Paris (França)

Eleito com 53% dos votos, Nicolas Sarkozy tomou posse como presidente da República da França na quarta-feira (dia 16). Neste mesmo dia, em um trem que ligava Rouen a Paris, um jovem de origem árabe entrou no vagão e resolveu colocar em alvo volume a música que escutava, acordando imediatamente os passageiros que aproveitavam a deixa para tirar um descanso. Duas jovens se aproximaram dele e pediram que baixasse o som, para que pudessem continuar a descansar. Imediatamente, o rapaz começou a gritar e insultar todo o vagão: “Fdp… franceses…. Sarkozy, etc!.” Ficou cerca de uma hora misturando insultos aos franceses e francesas em geral com o nome do atual presidente e, segundo uma criança atenta que estava no vagão, gritou 61 vezes a expressão “fdp”.

Na mesma noite, em um restaurante em Paris, na hora de pagar a conta, algumas moças começam a brincar com o garçom, dizendo que só iam pagar a conta se ele lhes revelasse seu nome. O rapaz, meio sem graça, não teve saída: “Tenho um nome maldito: Nicolas”.

Estes são exemplos do tipo de ruptura que representa a chegada de Sarkozy à Presidência da França. Ele domina o inconsciente dos franceses tanto em termos de sonho, como de pesadelo. Por sinal, não é sem significado que na noite mesma de sua eleição no dia 6 de maio, houve tumultos e queimas de carros registrados em várias regiões da França.

American way

Mas se o barulho é feito pelos descontentes, é importante reconhecer que Sarkozy foi eleito por uma grande margem de votos, em termos franceses: 6%. Em suma, ele representa expectativas de uma França que, por um lado, admira e quer embarcar no barco do capitalismo anglo-saxão, encabeçado pelos Estados Unidos, e tem medo de figuras como o rapaz árabe, que teve uma reação completamente desmedida e permeada de ressentimentos ao pedido dos passageiros de trem.

O tipo, por sinal, pode ser da terceira geração de uma família de argelinos imigrantes, que nunca foi realmente aceito e incorporado como francês de “souche”, ou seja, de raiz, não consegue bons trabalhos nem vê um horizonte social aberto para seu futuro. Sua tragédia reside no fato de ele não ser mais argelino, mas também não poder ser francês. E é um fato, já largamente estudado, que existe um muro social e cultural que bloqueia a incorporação de muito desses imigrantes pobres à sociedade francesa.

Esse entretanto, não é o caso de Sarkozy, ele, por sinal, filho de um imigrante da pequena nobreza húngara, que fugiu do país com a chegada do comunismo soviético.

Apesar disso, entretanto, o atual presidente também é produto de ressentimentos acumulados. Tendo crescido em bairros ricos, sua família enfrentou dificuldades econômicas durante sua infância, quando a família foi abandonada pelo pai, e a mãe, francesa, teve que criar os três filhos sozinha. Ele já declarou publicamente que sofria de insegurança por causa de sua estatura, a falta de dinheiro de sua família em relação aos vizinhos e a ausência de seu pai. “O que fez o que sou agora foi a soma de todas as humilhações sofridas na minha infância”.

Rupturas

Animal político por excelência, com uma carreira meteórica repleta de traições, Sarkozy representa uma ruptura na tradição da clássica direita francesa, que desde De Gaulle, funcionava como contrapeso e pedra no sapato das ambições unilaterais estadunidenses. É importante lembrar que De Gaulle rompeu com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e foi sua desconfiança sobre as reservas de ouro que garantiam Breton Woods, que acabou revelando que não havia mais paridade entre reservas de ouro e o valor do dólar.

Ao contrário da linhagem de Jacques Chirac (ex-presidente), cuja oposição à Guerra no Iraque seguia a tradição gaullista, até ser oficialmente indicado pela UMP como seu candidato a presidência, Sarkozy era conhecido por seu “atlantismo”, ou seja, por seu apoio à política externa estadunidense. Em uma visita a George Bush, ele declarou-se favorável à guerra do Iraque. Entretanto, no dia de sua investidura como candidato, moderou seu discurso, revelando em que termos ele joga com a platéia. Deixou de ser o candidato da direita liberal e “atlantista” para representar a “direita gaullista”.

Não se sabe entretanto, em que medida ele vai conduzir esse papel. Inicialmente, entretanto, tratou de nomear como primeiro-ministro François Fillon, que tem uma imagem de “gaulliste social”, mas tentou realizar reformas liberais freadas por Chirac.

Outro exemplo de seu estilo são suas conversas com antigos colaboradores de Mitterand para comporem seu governo. Em suma, enquanto o Partido Socialista francês não consegue sequer se mostrar unitário para conquistar um bom espaço nas eleições legislativas, Sarkozy joga também com a possibilidade de ter figuras antigamente vinculadas à esquerda para embaralhar mais o meio de campo.

Amizades milionárias

Aos 28 anos, eleito prefeito de Neully-sur-Seine, um subúrbio rico próximo de país, Sarkozy também se notabiliza por sua amizade com as principais fortunas da França, entre eles, “seu irmão”, Arnaud Lagardère, presidente de um grupo que controla, entre outros, a EADS (European Aeronautic Defence and Space Company), uma indústria de armamentos e de aviões, e a Hachette, a maior editora de revistas do mundo, com mais de 200 títulos. Figuram também entre seus “grandes amigos”, Martin Bouygues, que controla TF1 junto a Vincent Bollore, o que lhe empresou o Iate para suas férias pós-eleitorais na Ilha de Malta que causou grande repercussão na imprensa francesa.

Seu estilo de se reportar diretamente aos amigos para controlar as notícias que lhe desagradam já vem causando apreensão no país. O caso mais notório foi o da despedida do editor do semanário “Paris-Macht”, Alain Genestar, por ele ter publicado fotos de sua mulher Cecília, com seu amigo, o publicitário Richard Attias, no verão de 2005, quando o casal ficou temporariamente separado.

A mulher de Sarkozy, por sinal, foi novamente o pivô de uma novo mal-estar no ambiente jornalístico francês, já na primeira semana após sua eleição. O jornal eletrônico “Rue 89”, de ex-jornalistas do Liberation, publicou que repórteres do Journal du Dimanche, descobriram que Cecília não votou no segundo turno das eleições. O editor do jornal, propriedade do Grupo Lagardère, inicialmente decidiu publicar a matéria, mas ela acabou não saindo, segundo o “89”, por conta de pressões recebidas na redação do jornal pela tropa de choque de Sarkozy.

Em entrevista à agência France Presse, o diretor do Jornal du Dimanche, Jacques Espérandieu, negou ter recebido pressões e disse que a matéria caiu única e exclusivamente por sua decisão pessoal. Ele considerou a notícia de “cunho privado” e achou importante que o artigo fosse acompanhado de uma chamada telefônica à principal interessada, que não respondeu aos repórteres. .

Resta saber se a esquerda francesa vai conseguir pelo menos se unir de algum modo para eleger um bom número de parlamentares nas eleições legislativas e ter condições de bloquear as reformas de Sarkozy, que certamente vão aterrissar. Senão, é bem provável que a temperatura volte a crescer nas ruas, com seu estilo autoritário – reconhecido pela própria mãe – e com amplos poderes para governar.

Agencia Brasil de Fato
Obs. Como já disse outras vezes não é a primeira vez que os franceses fazem besteira. Aliás sobre o assunto em questão o jornalista e escritor Serge Halimi, que analisou com detalhes no seu livro Les nouveaux chiens de garde (Os novos cães de guarda) as ligações de Sarkozy com os donos da mídia, diz que quase todos os barões da imprensa são tão íntimos do candidato que o tratam de ”tu” e não com o formal ”vous”. Agora a mãe dele reconhece que ele é autoritário ? Podemos então em outra oportunidade fazer um ensaio psicanalítico do Sarkozy, essa questão de ser autoritário do ponto de vista maternal. ( risos..)

Bob Kennedy investigava CIA e gusanos por assassinato de JFK

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Para ler no final de semana.

As revelações de David Talbot sobre as investigações de Bob Kennedy “lançam nova luz sobre a proteção dos Bush a Carriles”, afirmou Gabriel Molina. Bush-pai chefiava as operações sujas contra Cuba e Carriles estava em Dallas no dia da morte de JFK

As recém reveladas suspeitas de Robert Kennedy sobre a participação de quadrilhas de origem cubana e da máfia a serviço da CIA no assassinato de seu irmão, o presidente John Fitzgerald Kennedy, “lançam uma luz nova sobre a proteção que a família Bush presta ao terrorista Luis Posada Carriles”, afirmou o veterano jornalista cubano Gabriel Molina, um dos fundadores do “Granma”, diretor durante anos do “Granma Internacional” e correspondente de guerra no Vietnã, Argélia e outros países que lutaram por sua libertação nacional.

As revelações de que trata Molina integram artigo do jornalista e escritor norte-americano, David Talbot, que afirma que “desde o primeiro momento”, o dia 22 de novembro de 1963, “Robert F. Kennedy começou a investigar que o assassinato do presidente era uma conspiração desses grupos” – exilados cubanos e a máfia, a serviço da CIA. Talbot acaba de lançar nos Estados Unidos o livro “Irmãos: a História Oculta dos Anos Kennedy”, pela editora Simon and Schuster. Ex-editor da revista progressista “Mother Jones”, Talbot fundou e transformou o “salom.com” num dos mais respeitados sites de notícias do país.

Quanto ao papel da CIA, Robert Kennedy estava consciente de que não era o diretor, John McCone, quem a controlava. “É Richard Helms quem está no comando”, disse ao assessor John Seigenthaler, ainda no dia do assassinato. No mesmo dia, salientou Molina, Robert “teve uma reveladora conversa com Enrique Ruiz Williams, um amigo, veterano da invasão da Baía dos Porcos, a quem deixou estupefato quando lhe disse: ‘foi um dos seus’”. Mais tarde, o que não consta do artigo de Talbot, tornou-se conhecido que quem operava o trabalho sujo em Cuba para Helms era um certo George Bush, o pai.

DESDE O PRIMEIRO DIA

O jornalista cubano concorda com Talbot sobre uma questão essencial. “Que Robert Kennedy havia aprendido que em Washington era melhor guardar segredo quando se trabalhava em algo importante”. Ainda mais após o assassinato, diante dos olhos do mundo, de nada menos que o próprio presidente dos EUA, seu irmão. Possivelmente por isso durante anos disse em público “que nenhuma investigação traria seu irmão de volta”. Porém, como demonstra a pesquisa de Talbot, “é possível seguir a pista de sua investigação” já a partir do 22 de novembro – pois começou imediatamente a dar seguidos telefonemas desde sua casa em Hickory Hill, e convocou seus principais auxiliares, “para reconstituir os liames do crime”.

Como registrou Talbot e Molina reforçou, o então secretário de Justiça concluiu que “a senda do atentado estava bem longe do ex-marine Lee Harvey Oswald, que já havia sido preso”. Assim, nas palavras de Talbot, Robert “se converteu no primeiro – e o mais importante teórico da conspiração assassina”. “Robert Kennedy nunca acreditou que o assassinato fosse um complô comunista. Ele mirava na direção oposta, concentrando suas suspeitas sobre as operações secretas anti-Castro da CIA”, ressaltou Molina. Desde as primeiras horas do crime, a CIA havia se dedicado a uma manobra diversionista “enfocando-a na defecção de Oswald para a União Soviética” e suposto “apoio a Fidel Castro”, quando ele na verdade integrava “um grupo organizado secretamente pela Agência”.

SUBMUNDO DE MIAMI

Após a fracassada invasão da Baía dos Porcos, Robert havia conhecido “a cloaca de intrigas constituída pelos elementos que participavam nos complôs para assassinar o presidente de Cuba” e se chocado com um dos planos da CIA, em que participariam os chefes de quadrilha cubanos exilados e os capos mafiosos ítalo-americanos John Rosselli, Sam Giancana e Santos Trafficante. Ele também sabia “como os três grupos odiavam e qualificavam de traidores aos Kennedys, pelo desenlace da Baía dos Porcos em 1961 e da Crise dos Mísseis em 1962”.

Nos anos que se seguiram, até seu próprio assassinato, em 5 de junho de 1968, Robert Kennedy pôde reunir “um impressionante corpo de evidências”, destacou Molina. Outras revelações continuaram surgindo, apesar da encenação da Comissão Warren. A mais recente foi feita pelo agente da CIA E. Howard Hunt, falecido em janeiro, e que tem como credencial ser o organizador dos “encanadores” de Watergate para Nixon. Ele confessou no seu livro póstumo “American Spy” a “possibilidade” – quanta candura – do “envolvimento da CIA” no assassinato de JFK. Antes de morrer, Hunt reconheceu, por meio de documento manuscrito e uma gravação, que em 1963 participou de uma reunião da CIA, em um esconderijo em Miami, “onde se discutiu um atentado contra o presidente”.

O COMPLÔ

“Se Kennedy tinha alguma dúvida sobre a participação da máfia no assassinato, a dissipou dois dias depois, quando Jack Ruby disparou contra Oswald no sótão da delegacia onde se encontrava preso o presumido assassino de seu irmão”, assinalou Molina. Membros da família e também amigos íntimos dizem que no fim de semana que se seguiu ao atentado, Robert dedicou-se, cheio de precauções, a refletir sobre a morte do irmão. “Disse nesse dia que John havia sido vítima de um poderoso complô que cresceu à margem de uma das operações secretas anti-Castro. Não havia nada que se pudesse fazer sobre esse ponto”, acrescentou. “A justiça teria que esperar até que ele pudesse retomar a Casa Branca”. Através dos anos, Kennedy ofereceria endossos rotineiros ao Informe Warren e sua teoria do atirador único. Porém, em particular, continuou trabalhando assiduamente, em preparação para a reabertura do caso, se em algum momento obtivesse o poder para fazê-lo”, afirmou Molina, com base nas pesquisas de Talbot.

“REABRIREI O CASO”

Após ser eleito senador por Nova Iorque, Robert Kennedy viajou ao México em 1964, paradeiro da “misteriosa viagem de Oswald no ano anterior – dois meses antes do crime”. Ele e outro auxiliar, Mankiewicz, “chegaram à conclusão de que provavelmente era um complô que envolveu a máfia, os exilados cubanos e autoridades da CIA”. Em março de 1968, durante sua campanha a candidato à presidência, Robert disse, após alguma hesitação, aos estudantes de Nortridge, Califórnia, que gritavam “queremos saber quem matou o presidente” e pediam a abertura dos arquivos secretos sobre o assassinato: “podem estar seguros que não há ninguém mais interessado que eu. Sim, eu reabrirei o caso”. “Talvez estivesse firmando sua sentença de morte. Dois meses depois, também cairia assassinado”, reiterou Molina. Recentemente – apontou – foi descoberto que um grupo de agentes da CIA “estava presente” no hotel onde foi assassinado Robert, o candidato que certamente ganharia a presidência.

BUSH E CARRILES

Molina, retorna, então, ao ponto de partida. “Quando se recorda que o dirigente do trabalho sujo contra Cuba foi por largo tempo George Bush pai; quando se recorda que Bush pai era o vice-presidente durante a época do escândalo do tráfico de armas por drogas na América Central – o que é sabido e está nas mãos do terrorista e réu confesso -; quando se recordam tantos outros crimes inconfessáveis do bando do CIAgate; se compreende melhor que Luis Posada Carriles, também suspeito do assassinato de Kennedy, e que estava nesse dia em Dallas, como assinalado pelo informe do Congresso que o investigou, possa chantagear a George Bush filho”.
Hora do Povo

Obs. Lógico que a CIA se dedicou a uma manobra diversionista como diz o artigo, o próprio “Robert Kennedy nunca acreditou que o assassinato fosse um complô comunista. Ele mirava na direção oposta, concentrando suas suspeitas sobre as operações secretas anti-Castro da CIA”, ressaltou Molina” “enfocando-a na defecção de Oswald para a União Soviética” e suposto “apoio a Fidel Castro” quando ele na verdade integrava “um grupo organizado secretamente pela Agência”. Artigo muito interessante que nos leva a uma reflexão do que é a origem do governo Bush.

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Novo índice do BNDES mostra diminuição da desigualdade regional

O Centro-Oeste se aproximou do Sul e do Sudeste em desenvolvimento social de 1995 a 2005.

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Já o Norte e o Nordeste ainda continuam bem distantes, embora esta última seja a região que mais evoluiu proporcionalmente no período. Estes são os principais resultados, por enquanto, do Índice de Desenvolvimento Social (IDS) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), divulgado nesta quinta-feira (24).

Todas as regiões melhoraram suas condições de vida no período, mas não uniformemente, de acordo com o IDS. O índice vai de zero – a pior possibilidade – a 1 – a melhor.

Entre as regiões, o Nordeste merece destaque, não só por ter acelerado seu desenvolvimento social relativamente às outras regiões, mas porque esse desempenho permitiu subir acentuadamente todos os indicadores parciais. Do ponto de vista da desigualdade regional, o IDS-BNDES mostra um dado importante: a redução da distância Nordeste-Sudeste em 17% no período. Contribuíram, para tanto, o aumento da taxa de alfabetização de 57,8% para 69,5% e da média de anos de estudo da população, que passou de 3,9 para 5,7 anos.

De 1995 a 2005, o IDS do Nordeste subiu de 0,13 para 0,30. “Houve aumento de rendimento, mas o que explica (esse aumento) é educação e saúde”, disse o superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES, Ernani Torres, ao divulgar o índice.

Já o índice do Norte, passou apenas de 0,32 para 0,36. A região chegou a sofrer queda em indicadores de saúde e educação entre 2003 e 2005, destoando do movimento de progressivo aumento nesses dois indicadores nas demais regiões.

“Chegou a ocorrer uma involução da cobertura de esgoto na região metropolitana de Belém, como se a população tivesse aumentado e a rede de esgoto não”, disse Francisco Marcelo Rocha Ferreira, um dos autores do estudo sobre o assunto.

O IDS do Centro-Oeste, que em 1995, era de 0,44, relativamente próximo do índice da região Norte, cresceu para 0,61. “O Centro-Oeste sofreu profunda mudança nesse período”, disse Ferreira.

Foi a região onde houve maior crescimento da renda, com esse indicador específico saltando de 0,52 para 0,68. O estudo não investigou as causas disso, mas é possível a influência do agronegócio, que cresceu muito na região no período.

Sul e Sudeste

O IDS do Sul cresceu de 0,54 para 0,68 de 1995 a 2005 e o do Sudeste passou de 0,64 para 0,74. Essas regiões mantiveram suas posições no ranking das melhores condições sociais e melhoraram indicadores de educação e saúde. Já no caso da renda, o indicador do Sul cresce de 0,62 para 0,72 e o do Sudeste começa e termina o período inalterado em 0,76, embora com altos e baixos no período de dez anos abrangidos no estudo.

Destaque para a educação

Entre os fatores que foram mais significativos para a evolução do IDS-BNDES destacam-se, no caso do IDS-Educação, o aumento tanto da taxa de alfabetização – de 73,1% para 79,9%, quanto do crescimento da média de anos de estudo – de 5,7 para 7,4 anos. No caso do IDS-Saúde, o aumento da esperança de vida – 3,6 anos – e a expansão da cobertura das redes de água – de 80,5% para 90,1% – e de esgoto – de 48,4% para 56,8%. Já no IDS-Renda, o desempenho medíocre do rendimento per capita a preços de 2005, que decresceu de R$ 509 em 1995 para R$ 493 em 1999, e voltou a subir a partir de 2003, atingindo R$ 531 em 2005.

O crescimento do IDS-Educação é um fato relevante, particularmente, por dois motivos. Primeiramente, foi o índice que, em termos absolutos, apresentou a maior contribuição individual para a melhora no IDS global. E também, por ser o indicador de menor base. Foi o que apresentou a maior taxa de crescimento, de 50%, o que fez com que a dispersão entre os “indicadores sociais parciais” do IDS-BNDES se reduzisse substancialmente, passando de 0,21 ponto para 0,13 ponto. Isto significa dizer que o cenário brasileiro recente apresentou, não só uma melhora social expressiva, mas que essa melhora foi acompanhada por um processo de convergência entre os indicadores parciais.

Consonância com o PAC

Segundo os analistas do BNDES, as diferenças entre regiões, estados e áreas metropolitanas mostram que a intensificação dos investimentos em sistemas de coleta e tratamento de esgoto constitui uma das trajetórias mais eficazes de aceleração do desenvolvimento social brasileiro. Este resultado vai ao encontro da prioridade atribuída ao saneamento tanto no recém divulgado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) quanto nas políticas do BNDES.

Entenda o IDS

O Índice de Desenvolvimento Social do BNDES (IDS-BNDES), criado pela Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES (SAE), tem como objetivo declarado acompanhar, anualmente, as condições de vida da população do país. O novo índice reúne, em um único indicador, três diferentes dimensões do desenvolvimento social: renda, saúde e educação.

Com este índice, o BNDES pretende tornar mais nítidas as diferenças sociais entre as várias regiões e estados brasileiros. Seus dados estarão sendo disponibilizados desde 1995, para diversos graus de desagregação geográfica: 5 regiões, 26 estados e Distrito Federal, e 9 regiões metropolitanas.

O IDS-BNDES é apurado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) o que lhe permite a periodicidade anual. Ele calcula os três índices levando em consideração os seguintes indicadores: o IDS-Renda avalia o rendimento médio mensal domiciliar per capita; o IDS-Saúde é composto pela média de três variáveis: a esperança de vida ao nascer, o percentual de domicílios com canalização interna de água, e o percentual de domicílios com rede coletora ou fossa séptica ligada à rede. Já o IDS-Educação é obtido através da média de duas variáveis: taxa de alfabetização e média de anos de estudo da população ocupada.
site do PC do B

Obs. É um dado importante principalmente por que conclui-se que a intensificação dos investimentos em sistemas de coleta e tratamento de esgoto constitui uma das trajetórias mais eficazes de aceleração do desenvolvimento social brasileiro. Este resultado vai ao encontro da prioridade atribuída ao saneamento tanto no recém divulgado Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) .

André Rebelo, da Fiesp, defende “corte mais agressivo dos juros” no próximo Copom

“Meio ponto percentual não é suficiente para deter a valorização do real”, afirma

“O câmbio vai para onde for o juro, Copom no meio do caminho. Vamos ver se ele vai acelerar mais o corte. Teve gente que já votou na última reunião por 0,5 ponto. Há espaço para corte mais agressivo, maior que 0,5. O mercado está apostando em 0,5 ponto, mas eu acho que não é suficiente para deter a valorização do real”, afirmou ao HP o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo.

Ele avalia que a principal causa da sobrevalorização do real ante ao dólar se dá em função da política monetária, isto é, da alta taxa de juros implantada pelo Banco Central. Segundo ele, “há toda uma situação derivada do comércio que iria acontecer de qualquer jeito”, mas tem “uma política monetária que intensifica, que amplia os efeitos da valorização cambial”. “O saldo em transações correntes está na ordem de US$ 25 bilhões, muito menos do que os US$ 50 bilhões comprados pelo BC. E o câmbio não pára de cair e vem falar que o problema é que há excesso de exportação”, objetou Rebelo. “Estão pegando dinheiro no Japão a menos de 2%, aplicando aqui a 12% e ganham com essa diferença de juros e mais valorização cambial. É preciso dar um aviso ao mercado que a janela vai ser fechada. Em janeiro, com todos os fundamentos melhorando, o Banco Central errou ao dizer que ia reduzir o ritmo de corte da Selic: aí o dólar começou a derreter”, disse.

Rebelo informou que a Fiesp fez uma pesquisa com mais de mil empresas, sendo identificada uma capacidade de ampliação da produção, em curto espaço de tempo, sem aumento de preço. “O Banco Central não sabe disso, e nem quis ouvir o que a gente pensa a respeito. Fica trabalhando com as hipóteses de PIB potencial, e qualquer ameaça aumenta a taxa de juros. A gente acredita que o Banco Central teria a ganhar com uma intenção maior com o setor produtivo”, frisou. E observou que “como o câmbio está muito valorizado há especialização em produtos de baixo valor agregado. Exportamos minério de ferro, açúcar, soja e empregos para o resto do mundo”.

Para André Rebelo, “a crença de que a valorização cambial é um bom problema faz com que seja a única solução. Se eu acredito que a valorização do câmbio não é problema, então não há nada a fazer. E é isso que pensa o Banco Central”.
Hora do Povo

Obs. Como já disse exaustivamente é claro que a agiotagem internacional não quer ” largar a teta” e mamar até quando puder na política do banqueiro Meirelles e sua turma do Copom. A sede é tanta que nem a Fiesp eles ouvem , é o deleite do lucro, como disse Rebelo “Estão pegando dinheiro no Japão a menos de 2%, aplicando aqui a 12% e ganham com essa diferença de juros e mais valorização cambial. É preciso dar um aviso ao mercado que a janela vai ser fechada. Em janeiro, com todos os fundamentos melhorando, o Banco Central errou ao dizer que ia reduzir o ritmo de corte da Selic: aí o dólar começou a derreter” . Depois, aquela revista Veja vem e diz, ” agora com esse dolar , está ótimo para viagens internacionais ” , tenho pena do povo brasileiro que não pertence a elite, o coitadinho do humilde , tem que conviver com opiniões de ” revistas especializadas ” em assessorar a elite a “aproveitar as vantagens do dolar baixo” graças a agiotagem internacional.
” Vamos viajar a época é boa !” parece brincadeira e engraçado, mas é triste viu.

PFL se estressa com hipótese de CPI da Operação Navalha

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Charge de Dálcio para A Charge on line
O senador Aloizio Mercadante (PT/SP) cogitou em entrevista para emissoras de rádio e televisão, na terça-feira, que a criação de uma CPI sobre a Operação Navalha poderia se tornar “inevitável”.

Mas a perspectiva desagradou e até irritou alguns próceres. O líder do DEM/PFL na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), questionou: “CPI da Navalha por quê? Vamos fazer concorrência à PF?”. O senador José Agripino (RN), líder do mesmo partido no Senado, também foi enfático: “Não há necessidade de CPI, a Polícia Federal está apurando tudo…”. Em seguida voltou atrás e apoiou a criação de uma CPI.

E o presidente do DEM/PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), já na segunda-feira, declarou que “a CPI só seria viável se tivéssemos já toda a investigação e apuração do inquérito da Polícia Federal já concluídas para, aí sim, se fosse o caso, trabalhar em cima de fatos concretos”.
Hora do Povo
Obs. O próprio Presidente da OAB Federal Cezar Britto já manifestou à favor da CPI o que eu pessoalmente acho isso excelente, agora se irritou alguns próceres o problema é deles.

A crise na USP

Ainda sobre a crise na USP, provocada pelas investidas do governador tucano José Serra contra a autonomia universitária, recomendo a leitura do excelente artigo “A integração mítica da educação paulista e seus escombros” do jornalista, advogado e deputado estadual do PT em São Paulo, Rui Falcão, publicado no blog do Noblat.
enviada por Zé Dirceu
Obs.É impressionante o curso da história do ex governador de São Paulo , de líder estudantil, a sucateador do ensino público com medidas visando a engessar a autonomia universitária e benefiando sim as Universidades privadas, é que a extinção da autonomia universitária em São Paulo revela um “claro intento político” de subsidiar as precárias instituições privadas, abonando-as com verbas públicas e negócios lucrativos. O artigo do Rui Falcão é muito bom, vale a pena ler.