O secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã (PCV), Nong Duc Manh, que realiza a primeira viagem sul-americana de um dirigente máximo do PCV, entrevista-se nesta terça-feira (29) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília. Com crescimento médio do PIB de 8% ao ano (8,2% em 2006), o “Tigre Asiático Vermelho” abriu no Rio de Janeiro uma Câmara de Comércio Brasil-Vietnã e deve assinar um acordo de cooperação com o Brasil para a produção e uso de etanol combustível.
A agenda de Lula com Nong Duc Manh, na hora do almoço, inclui um encontro privado e de uma reunião ampliada com ministros e assessores. Após a reunião, o representante vietnamita é o homenageado em um almoço oferecido pelo presidente brasileiro, no Palácio Itamaraty.
Turnê inclui Chile, Venezuela e Cuba
Embora Manh não ocupe cargos no Estado, o PCV dirige a experiência socialista vietnamita, desde 1954, no norte, e em todo o país após a unificação que se seguiu à vitória sobre a agressão dos EUA, em 1975. A visita ao Brasil faz parte de uma turnê latino-americana pioneira: o dirigente vietnamita iniciou-a pelo Chile, no sábado, e em seguida irá à Venezuela e a Cuba.
No Brasil, Manh desembarcou na segunda-feira, no Rio de Janeiro. Além de reunir-se com o governador fluminense, Sérgio Cabral, ele participou da inauguração da Câmara de Comércio Brasil-Vietnã, na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
“O Vietnã é hoje um tigre asiático, é um país que cresce de maneira impressionante. Então, acho que o Rio de Janeiro tem que estar pronto para futuras negociações comerciais com o Vietnã”, disse Cabral.
Comércio bilateral ainda é pequeno
O comércio Vietnã-Brasil, ainda muito limitado, no ano passado movimentou US$ 200 milhões. A criação da Câmara de Comércio objetiva multiplicar este número.
Segundo o empresário brasileiro Ruy Barreto Filho, presidente da entidade, a estratégia é ter, através do Vietnã, “um portão de entrada para mais de dois bilhões de habitantes que são a Ásia e, em particular, a China”. Barreto Filho disse que os setores de maior interesse para exportação pelo Brasil são agronegócio (açúcar, álcool, soja, café); petroquímica, aço, aviões e automóveis. As importações brasileiras devem se concentrar nos ramos de confecções, área têxtil de modo geral, calçados, café, borracha, arroz, pimenta.
O governo do Vietnã vem de anunciar um acordo de cooperação com o Brasil para a produção e uso de etanol combustível. O primeiro-ministro, Nguyen Tan Dung, instruiu o Ministério da Indústria sobre a assinatura de um compromisso com o governo brasileiro, o que deve ocorrer em breve. Embora exporte petróleo, o país do Sudeste Asiático tem clima tropical favorável à produção de etanol de cana-de-açúcar.
PIB vietnamita quadruplicou em 20 anos
Uma década depois de expulsar os agressores norte-americanos, em 1986, o Vietnã iniciou, no 6º Congresso do PCV, um período de forte crescimento econômico, com ênfase na industrialização. Em 20 anos o país quadruplicou o seu PIB (Produto Interno Bruto). O crescimento econômico foi de 8,4% em 2005, 8,2% no ano passado e deve alcançar 8,5% em 2007.
Apesar disso o Vietnã ainda se considera um país pobre (o PIB per capita em 2006 chegou a US$ 3.300, medido pelo sistema de paridade de poder de compra). Nong Duc Manh apontou para 2020 a conclusão do processo de formar uma economia industrial. A despeito da abertura para capitais privados e estrangeiros, a taxa de desemprego permanece uma das mais baixas do mundo, 2%. No ano passado o país, depois de oito longos anos de negociações, tornou-se membro da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Na reunião com Lula, estarão em pauta, as perspectivas de maior colaboração entre o Brasil e o Vietnã nas áreas de saúde e ciências biomédicas, biocombustíveis, ciência e tecnologia e esportes. Também serão analisadas as novas oportunidades de comércio e investimentos.
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Obs . Temos que desenvolver e implementar o comércio Vietnã-Brasil, até porque, ainda é muito limitado, no ano passado movimentou apenas US$ 200 milhões. A criação de uma Câmara de Comércio objetiva multiplicar este número, isso já é um passo, alem disso o Vietnã passa a ser um portão de entrada para mais de 2 bilhões de habitantes que é Asia.
Aliás, um dado importante, o Diretor do Banco Mundial se diz “impressionado” com Vietnã “O Vietnã impressionou-me por suas transformações positivas, seu impressionante ritmo de crescimento econômico e os louváveis resultados de sua recusa em ser pobre”. As palavras são de Klaus Rohland, que acaba de concluir cinco anos em Hanói, na condição de diretor do Banco Mundial (Bird).