A longa carreira de crimes da RCTV contra a Venezuela

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Mentir, deformar e falsificar informação para perpetrar golpe de Estado é atentado contra a liberdade de informação. Canais de televisão e emissoras de rádio são concessão do Estado e não capitania hereditária

Não existe, talvez, maior evidência da hipocrisia da grita contra a não-renovação da concessão da RCTV (Radio Caracas Television), do que a animada comemoração, ao vivo, no dia seguinte do golpe de abril de 2002 contra o governo legítimo de Hugo Chávez, conduzida pelo seu apresentador Napoleón Bravo, cercado de golpistas, “comentaristas” e “jornalistas”, que se parabenizavam mutuamente pelo papel de cada qual. Sem se aperceber da avalanche humana prestes a se derramar sobre Caracas, Napoleón é visto se jactando do próprio papel no golpe e revelando que a entrevista, transmitida pela RCTV com os chefes militares golpistas, e elemento chave da trama, havia sido feita na casa dele, para, dizia, forçar Chávez a “não viajar para a Costa Rica”, e assim estar disponível, no Palácio Miraflores.

FRACASSOS

Não se sabe se eles teriam algum pudor se desconfiassem que o golpe de 2002 ia passar para a história como um dos mais breves já vistos. Provavelmente não. Depois de seis anos convocando, e fracassando, a derrubada do governo, agora, nos estertores, a RCTV pregou publicamente, como denunciou Chávez, “o magnicídio” – o assassinato do presidente. Em operação conjunta com a Globovisión, sob o pretexto de entrevistar o dono da RCTV, Marcel Granier, foi embutida, a título de mostrar as ‘imagens históricas’ do canal, a repetição do atentado contra o papa João Paulo II, com uma frase de uma música de Ruben Blades de fundo, que diz que “isso não termina aqui”. Assim, a não-renovação não se deve ao fato de a RCTV “fazer oposição”, mas por reincidir em tentar derrubar o governo legítimo.

Outros episódios da atuação da RCTV no golpe de 2002 são bastante conhecidos. Quando os chefes golpistas desviaram a marcha dos esquálidos, para conduzi-la até o Palácio Miraflores, então cercado de manifestantes chavistas, a RCTV exibiu sobre a imagem da turba um letreiro: “Ni uno paso atras”. Lembremos que essa alteração de roteiro não tinha como objetivo apenas produzir uma confrontação com os defensores do governo legítimo, mas criar o cenário para os assassinatos, por franco-atiradores previamente dispostos em prédios da área, de chavistas principalmente, mas até mesmo esquálidos e transeuntes. A deflagração do golpe visou impedir que o governo assumisse o controle da principal riqueza do país, o petróleo, nomeando uma diretoria da estatal PDVSA disposta a atender à determinação de Chávez de colocar o petróleo para desenvolver a Venezuela e enfrentar a pobreza, ao invés de servir às Sete Irmãs e à compra de mansões em Miami.

MANUAIS DA CIA

Uma peça típica dos manuais de golpes da CIA. Os golpistas matam civis, culpam o governo constitucional pelos assassinatos que eles próprios cometeram, e com a ajuda da mídia que controlam e/ou pagam, deflagram o golpe dizendo “não poderem aceitar” a inexistente ordem de disparar contra a população. A imputação do governo legítimo serve para dois fins, paralisar a população e os setores leais das forças armadas. Uma questão determinante para os golpistas, dada a imensa popularidade de Chávez e seu prestígio entre os militares. Não havia como ser um golpe “a seco”. Como de praxe, havia navios de guerra ianques ao largo do litoral venezuelano, boletim da CIA anunciou o golpe dias antes, adidos militares de Washington sequer tentavam ser discretos e a Casa Branca apoiou na hora. E o primeiro-ministro espanhol Aznar. Só. Mais ninguém no planeta inteiro.

O papel da RCTV nessa parte do golpe é bastante claro: manipular as imagens e os fatos para responsabilizar os defensores do governo legítimo pelos assassinatos cometidos pelos próprios golpistas. Essa manipulação foi repetida por todos os canais privados, ao mesmo tempo em que os golpistas agiram para tirar do ar o único canal estatal. O documentário “A Revolução não será televisionada” mostrou a seqüência completa das imagens de Ponte Laguno, de onde supostamente os chavistas “teriam atirado”. Com a sequência, se vê que os chavistas respondem, tentando defender seus manifestantes, ao fogo dos franco-atiradores, que atiravam do alto. E que a rua diante da ponte estava vazia, nenhum opositor de Chávez.

A RCTV prosseguiria, junto com outros canais privados mancomunados com o golpe. Mentiram dizendo que “Chávez tinha renunciado”, quando tinha sido seqüestrado e estava em local ignorado. Quando o procurador-geral do governo Chávez, Isaías Rodriguez, se disse disposto a confirmar ao vivo a “renúncia”, e já no ar passou-lhes a perna, gritando ao povo que “Chávez não renunciara” e denunciando a violação da constituição, tiraram a transmissão do ar. A reação popular começou, mas nada aparecia nos canais de televisão venezuelanos. A canalhice fez o novo diretor do principal telejornal do país, o da RCTV, Andrés Izarra, se demitir, e, depois, se tornar uma importante testemunha do crime. “O golpe de Estado de 2002 foi um ‘golpe midiático’. Os conspiradores, na euforia do triunfo, revelaram seus segredos, contaram tudo ou quase tudo”, confirmou Izarra. “Foi uma operação montada pela e com a televisão”.

Enquanto pôde, a mídia golpista cantou em prosa e verso a democracia de Pedro Carmona: decretação do fechamento da assembléia nacional e cassação dos deputados, fechamento da suprema corte e cassação dos juízes e supressão da justiça eleitoral. Um portento. Iam preparando o clima para uma caça às bruxas. Mas o povo venezuelano passou por cima de todas as mentiras, falsificações e manipulações.

MIRAFLORES

Um milhão de pessoas cercou o palácio Miraflores, depois o forte Tiuna, QG das forças armadas, e rapidamente os representantes do governo constitucional voltaram à recém libertada sede presidencial. Carmona, o Breve, teve de fugir às carreiras, junto com outros golpistas, enquanto os comandos legalistas exigiam a rendição dos golpistas e a imediata soltura de Chávez, até que este foi localizado e trazido de volta. Quando a situação começou a virar, e ficou evidente o fracasso do golpe, a RCTV e congêneres trocou de ação, para continuar apoiando os golpistas. Não dava uma só notícia, só filmes e desenhos animados.

Mas a folha corrida da RCTV vai além. Inclui, segundo recente pronunciamento do Tribunal Supremo de Justiça, “promoção ilegítima e imoral de prostituição”, o que era feito com anúncios na RCTV de prostitutas oferecendo “serviços” e com telefones de atendimento. Também está sendo processada por sonegação fiscal entre 1999 e 2003 e outros delitos. Bem antes de Chávez, a RCTV já havia, em 1976, sido tirada do ar por três dias por veicular notícias falsas. Em 1980, mais 36 horas por “programação sensacionalista”. Outras 24 horas por transmitir pornografia. Também o programa La Hojilla, da rede venezuelana VTV, exibiu, no dia 22 de maio, documentos desclassificados do Departamento de Estado dos EUA, que revelam que vários jornalistas da RCTV receberam dinheiro da embaixada norte-americana, assim como da Globovisión e o diretor do Noticiero Digital e editor do Tal Cual, em 2003 e 2004.

Portanto, a não-renovação da concessão, não apenas está respaldada na constituição, como ocorre no interesse da liberdade de informação. Liberdade do povo ser informado, liberdade de acesso à verdade, liberdade de consciência, versus a pretensa “liberdade” de deformação, mentira e falsificação, de invasão de privacidade, que um monopólio de mídia subserviente se arroga, agindo em conluio com os serviços secretos dos EUA e os mais apodrecidos círculos internos. Trata-se, essencialmente, que canais de televisão e emissoras de rádio são uma concessão do Estado, isto é, é do povo venezuelano, não uma capitania hereditária.
Hora do Povo

Rizzolo:Engraçado é esse Marcel Granier ex dono da RCTV se passar por bonzinho agora, quem assistiu o documentário “A Revolução não será televisionada” sabe e viu o quanto perversa era essa TV. Um amigo meu Venezuelano que é um conservador , me confessou, que a grade da tarde da TV era Venezuelanas nuas , e que as crianças assistiam , fora do controle dos pais.
E o Senado brasileiro ainda pede que Chavez “reconsidere”, é uma brincadeira !

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Alunos, professores e funcionários fazem Serra recuar nos decretos

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“Foi uma grande vitória do movimento de resistência”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP, Francisco Miraglia. “Agora está muito explícito que restrições a contratações, revisão de contratos e política salarial serão questões amparadas pela garantia de autonomia”, disse o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge

“Em uma análise preliminar, podemos dizer que o novo texto é, sem sobra de dúvida, um avanço. Foi uma grande vitória do movimento de resistência”, afirmou o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia, sobre o recuo do governador José Serra que, após forte pressão da comunidade acadêmica, revogou as medidas editados por ele no início do ano, que representavam um golpe à autonomia universitária.

Após quase um mês de protestos, mobilizações e finalmente com uma greve que uniu estudantes, professores e funcionários das três universidades públicas estaduais – USP, Unesp e Unicamp – Serra publicou no Diário Oficial do dia 31 (quinta-feira) uma reformulação dos 5 decretos que contemplam, em parte, as reivindicações do movimento.

Com a revisão das medidas anunciadas, as universidades poderão fazer contratações, realizar negociação salarial internamente, remanejar recursos orçamentários e reavaliar licitações ou decretos sem ter que pedir autorização ao Executivo, como previam os decretos anteriores de Serra.

O novo decreto, em resposta à carta enviadas pelos reitores das três universidades solicitando esclarecimentos sobre as medidas lançadas no início do governo, diz, em seu artigo primeiro: a execução orçamentária e financeira, patrimonial e contábil das universidades estaduais paulistas “será realizada de acordo com o princípio da autonomia universitária”.

A nova redação, segundo os reitores, assegura às instituições competência para operar a sua execução orçamentária, incluída a realização de remanejamentos e a gestão dos seus orçamentos na conta específica de cada universidade, como ocorre desde 1989, e não na conta única do Estado. O mesmo artigo diz que a inserção diária da movimentação financeira no Siafem (Sistema Integrado de Administração Financeira) ao qual as universidades já estão integradas desde 1997, se fará sem “prejuízo das prerrogativas” da autonomia plena.

As instituições continuarão usufruindo a prerrogativa de não limitarem suas contratações, cujo direito estava ameaçado no decreto 51.471. Pelos novos decretos, também não se aplicam mais a elas os decretos anteriores de nº 51.473 e 51.660, que tratam da reavaliação e renegociação de contratos e que criavam a Comissão de Política Salarial, respectivamente.

“O Cruesp interpreta o decreto do governador como um compromisso público do governo do Estado de que será preservada em sua plenitude a autonomia das universidades estaduais paulistas, que hoje respondem por mais de 50% da pesquisa do país e pela metade de sua pós-graduação”, afirmou o reitor da Unicamp e atual presidente do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais), José Jorge Tadeu. Segundo ele, “agora está muito explícito que restrições a contratações, revisão de contratos e política salarial serão questões amparadas pela garantia de autonomia”.

OUTROS DECRETOS

Entretanto, uma das medidas que mais tem enfrentado repúdio dos setores ligados à educação, o Decreto nº 51.636, de 9 de março, foi mantido. “Fixa normas para a execução orçamentária e financeira do exercício 2007 (…) A execução orçamentária financeira, patrimonial e contábil do Estado de São Paulo será, obrigatoriamente, realizada em tempo real no Sistema Integrado de Administração Financeira de Estados e Municípios (Siafem)”.

Também não foi revisto o mecanismo que permite ao governo reter verba para as instituições, ao não publicar, no Diário Oficial e nos sites do governo, a execução financeira das universidades. Com isso, ele pode descumprir a lei que obriga a aplicação de 9,57% do ICMS no ensino superior.

Embora veja uma vitória dos estudantes e professores na reformulação dos decretos, o líder do PT na Assembléia Legislativa, deputado Simão Pedro, critica à subordinação das universidades estaduais à recém-criada Secretaria de Ensino Superior, entre outros pontos. “O mais grave é que ele (Serra) deu funções para a Secretaria que são funções específicas da universidade”. Ele também critica a fragmentação do ensino, ao colocar as Fatecs, do Centro Paula Souza e as escolas técnicas e do ensino médio, e também a Fapesp, vinculadas a outras secretarias que não as de Educação, Ciência e Tecnologia como ocorria nos governos anteriores.

Na segunda (04), estudantes, professores e funcionários da USP decidiram em assembléia continuar a greve contra o ataque de Serra à educação, pela ampliação do programa de auxílio estudantil, com a criação de moradias nos campi das três universidades e pelo antendimento às reivindicações da campanha salarial 2007.

JOSI SOUSA
Hora do Povo

Rizzolo: Mas o que ele ( Serra ) quer mesmo é subordinar as Universidades a essa Secretária de Ensino Superior, dando funções para a tal Secretaria que são funções específicas das Universidades. Aliás essa Secretaria aí é uma piada , ele só mudou o nome , mas é a antiga Secretaria de Turismo, agora imaginem o ” staff ” a maioria concursada com experiência em Turismo e lazer, mas como não importa a essência na visão do Serra, deve ele pensar ” vamos tentar mexer nas Universidades com esse pessoal mesmo ” “o importante é subordina-los com alguma coisa”.

Chávez, o Senado e a mídia escrota

ALTAMIRO BORGES – Membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “Venezuela: originalidade e ousadia”

A mídia hegemônica nativa está fazendo um enorme escarcéu com o desabafo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que acusou o Senado Federal de ser “papagaio” dos interesses dos EUA por este ter aprovado resolução contra o fim da concessão pública à RCTV – os dois únicos votos contrários à moção foram dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e José Nery (PSOL-PA). De todas as formas, tenta jogar o governo e a sociedade brasileira contra o processo revolucionário bolivariano. Defensora descarada do tratado neocolonial da Alca, derrotada nas ruas e nas urnas, ela usa todos os ardis para implodir o rico processo em curso de integração latino-americana. A mídia privada, partidária de golpes fascistas no passado, como em 64, e no presente, como na abjeta manipulação nas eleições presidenciais de 2006, agora tenta pousar de “democrata” e “nacionalista”. Dá nojo e asco!

O presidente Lula, que inicialmente até resistiu à pressão midiática para que se opusesse ao fim da concessão da RCTV, acabou caindo na armadilha. Antes, insistiu acertadamente em declarar que “o Brasil não tem nada a ver com a concessão, que é um problema da legislação venezuelana”. Já quando o Senado emitiu sua nota, o governo preferiu não criticar a interferência desta casa legislativa na decisão soberana do país-irmão. Mas, diante da reação do presidente venezuelano e da feroz campanha da mídia, o presidente Lula acabou cedendo e “expressou o seu repúdio a manifestações que coloquem em questão a independência, a dignidade e os princípios democráticos que norteiam nossas instituições”. Era o que a mídia desejava para fazer alarde sobre o “racha” entre Chávez e Lula.

Interferência indevida e inoportuna

A ofensiva da mídia é ardilosa, baixa e escrota! Em dezenas de manchetes, editoriais e notícias, acusa o governo venezuelano de ter se metido nos assuntos internos do Brasil ao criticar uma resolução do Senado. Mas ela nada fala sobre a própria resolução desta casa legislativa, que parece ter adotado uma tática diversionista para abafar recentes escândalos. O Senado brasileiro pode se imiscuir nos assuntos internos de um país irmão; já o presidente Chávez, que vive nova fase de tensão e golpismo, não pode se irritar contra uma resolução indevida e inoportuna. Na prática, o que o presidente venezuelano afirmou não está tão distante da pura verdade. “O congresso brasileiro deveria se preocupar com os problemas do Brasil. Mas ele é dominando por partidos da direita, que não querem a entrada da Venezuela no Mercosul. O Congresso está agora subordinado aos interesses de Washington”, cutucou.

A áspera resposta decorreu do requerimento aprovado no Senado que solicita a devolução da concessão à RCTV. A proposta foi apresentada pelo senador Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, um político mais sujo do que pau de galinheiro desde a descoberta do esquema ilegal de financiamento das campanhas eleitorais – o famoso Valerioduto. Na seqüência, ela foi defendida pelo senador José Sarney que, apesar do seu papel no processo de redemocratização do país, não é o político mais indicado para chiar contra “atentados à liberdade de imprensa” – já que teve papel de destaque durante a ditadura militar que perseguiu, censurou e matou jornalistas (é só lembrar de Vladimir Herzog) e ainda hoje mantém um “latifúndio da mídia” no Maranhão.

Acuados pela mídia e preocupados com sua “imagem” nas telinhas, até parlamentares do PT, como o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e o senador outsider Eduardo Suplicy, defenderam a resolução do Senado. Neste caso, o ex-presidente do PT, José Dirceu, que já sentiu na pele que não adianta ceder às seduções dos “donos da mídia”, adotou uma posição bem mais equilibrada. Em seu blog, ele criticou “excessos retóricos” de Chávez, mas argumentou que também “estiveram errados nossos senadores ao aprovar moção que representa interferência nos negócios internos da Venezuela. Cada senador, individualmente, pode expressar sua opinião a respeito do tema, mas a instituição Senado não deveria se manifestar a respeito da atitude legal tomada pelo governo venezuelano”.

Mercosul e autopreservação corporativa

A direita nativa e sua mídia escrota tentam amplificar o incidente, que deveria ser tratado pelas vias diplomáticas, com dois objetivos nítidos. O primeiro, como autênticos “papagaios” das ambições imperialistas dos EUA, é o de implodir o rico processo de integração latino-americana. “Foi uma agressão o que Chávez disse. Agora fica mais difícil a inclusão da Venezuela no Mercosul”, esbravejou o tucano, mais parecido com urubu, Eduardo Azeredo. Já o direitista Heráclito Fortes, senador do DEM (ex-PFL, também batizado de Demo), sugeriu “que as empresas brasileiras deixem a Venezuela em apoio à RCTV”. Os colunistas bem pagos da mídia hegemônica já concentram as suas atenções na próxima reunião do Parlamento do Mercosul, marcada para 25 de junho, e farão forte alarde para isolar e excluir o país-irmão do bloco regional e para dar “irrestrito apoio” à emissora golpista.

O segundo objetivo é o da autopreservação corporativa. A direita está preocupada com a irradiação da experiência venezuelana e com o futuro da mídia. Teme que os novos governos da região, oriundos das lutas sociais, apliquem sua Constituição nos capítulos que afirmam que a concessão de emissoras de rádio e televisão é pública, uma prerrogativa do Estado, e que deve ser reavaliada periodicamente – o prazo da concessão da TV Globo, por exemplo, encerra-se em outubro próximo. O deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, não esconde o temor. “Este é o último e triste capítulo da novela do autoritarismo na Venezuela. Só nos resta torcer para que o enredo não se repita no Brasil, por meio da TV pública que o Lula se empenha em criar”. Mais explícito impossível!

Manipulação grosseira da Folha

Para fazer vingar estes dois objetivos, a manipulação da mídia brasileira é descarada. Basta ver as duas edições do jornal Folha de S.Paulo deste final de semana. No sábado, uma manchete espalhafatosa e mentirosa: “Venezuela impede protesto da oposição”. Abaixo, a foto de três jovens loiras, tipicamente de classe média (o que representa menos de 10% da população venezuelana), com mordaças na boca e caras de choro. Um verdadeiro contra-senso: se o governo proíbe protestos, de onde saiu a foto das jovens a frente de uma reduzida passeata. Já no domingo, a marcha favorável ao fim da concessão da RCTV, com centenas de milhares de participantes e bem mais popular e mestiça, não mereceu a manchete da golpista Folha, mas somente uma foto jocosa de duas meninas seminuas na passeata pró-Chávez, com o visível intento de desqualificar a manifestação. Uma aberração jornalística!

No seu editorial de sábado, o jornal da famiglia Frias – a mesma que conclamou os generais a darem o golpe em 1964, que cedeu suas peruas de transportes de jornais para levar presos políticos à tortura e que, no ano passado, foi um dos principais palanques da direita na campanha presidencial – ainda exige do governo Lula uma posição mais dura. “Lula fez o que lhe cabia ao defender a ‘independência’ e os ‘princípios democráticos’ das instituições brasileiras, além de cobrar explicações do embaixador venezuelano. Mas perdeu a chance de posicionar-se contra o fechamento da RCTV”. O cinismo da Folha e de outros meios privados é chocante. Como ironiza o sociólogo Emir Sader, “que moral eles têm para falar de democracia e de pluralismo nos meios de comunicação?”.

Hora do Povo

Rizzolo: É impressionante a determinação dessa imprensa em querer fazer o povo brasileiro pensar da forma que eles querem impor. Como diz o artigo do HP “O jornal da famiglia Frias que se alça como ” LIberal” – a mesma que conclamou os generais a darem o golpe em 1964, que cedeu suas peruas de transportes de jornais para levar presos políticos à tortura e que, no ano passado, foi um dos principais palanques da direita na campanha presidencial – ainda exige do governo Lula uma posição mais dura.” Querem manipular até o Presidente da República , bem, manipular o Senado eles já conseguiram, agora é se esforçar um pouquinho mais, vai ser difícil , hein !

Como já disse anteriormente, nessa semana a revista Carta Capital traz uma matéria sobre o “poder de fato ” da mídia que é maior que o Poder das Forças Armadas, proporcionalmente atuando em poderes diferentes, o poder de fato da mídia é ainda maior. Isso é preocupante. Vale uma reflexão, principalmente pela intelectualidade militar.

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Patah: “UGT fortalece unicidade e luta por um Brasil livre e desenvolvido”

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Candidato à presidência da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, convoca o 1º Congresso da Central, que será realizado de 19 a 21 de junho no Anhembi, na capital paulista

O presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e coordenador do Secretariado Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Sentracos), Ricardo Patah, afirmou que a União Geral dos Trabalhadores (UGT), que realizará seu Congresso de fundação de 19 a 21 de junho, no Anhembi, em São Paulo, “vem no sentido de fortalecer a unicidade sindical, de agregar força na luta dos trabalhadores pela manutenção do veto do presidente Lula à emenda 3, em defesa de seus direitos e conquistas trabalhistas, por um país independente, livre e soberano”. Leia abaixo a entrevista do líder comerciário ao HP.

Quais são as bandeiras da União Geral dos Trabalhadores (UGT)?

A UGT nasce sob os pilares da unidade e é composta por quatro correntes. Além de aglutinar lideranças e sindicalistas da Força, contará com o peso da fusão da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), da Social Democracia Sindical (SDS) a da Central Autônoma de Trabalhadores (CAT), além de sindicatos independentes. A central vai somar na tarefa de mobilizar por avanços na economia com a geração de emprego e renda, para recuperar o valor real do salário mínimno, reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, ampliar a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nas empresas. A UGT vai empunhar a bandeira da inclusão social dos excluídos, de combate à precarização nas relações de trabalho, contra essa globalização sem limite e danosa ao mercado de trabalho. Estas serão algumas das plataformas do Congresso de fundação da UGT, a ser realizado entre os dias 19, 20 e 21 deste mês no Anhembi. Nos empenhamos para construir uma chapa única e o meu nome está sendo apresentado como presidente – pela nossa história de luta e trabalho no movimento sindical. Nosso Sindicato foi o primeiro no Brasil a lutar pela inclusão social do negro e dos deficientes em nossa Convenção Coletiva de Trabalho, combatendo, assim, a discriminação racial no comércio.

Qual a sua análise do governo Lula?

Nós sempre combatemos a política de juros altos, porque ela onera a produção e limita o poder aquisitivo dos trabalhadores. Neste sentido, fiz algumas críticas ao governo com relação às altas taxas de juros do Banco Central, pois inibem a produção e aniquilam a geração de empregos. Mas, ressaltamos que o presidente Lula desenvolveu muitos projetos relevantes, entre os quais o aumento do salário mínimo bem acima da inflação, a Bolsa Família que melhorou as condições de vida e retirou milhões de pessoas da linha da pobreza, as cotas nas universidades para os negros, entre tantos outros programas de cunho social.

E o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)?

O PAC vai ter um papel de salvaguarda para os investimentos econômicos. Ele vai representar justiça social e equilíbrio. Com a sua aplicação, o Brasil vai alavancar o crescimento do PIB, vai gerar milhares de empregos com carteira assinada. Dessa forma, o governo pode contar inteiramente com o apoio das entidades sindicais – no sentido de serem propagadoras deste projeto importante para o progresso estrutural do nosso país. O PAC destina em sua origem, investimentos em nossos portos e aeroportos, nas estradas, nas energéticas que, com certeza vão desenvolver setores estratégicos com milhares de novos postos de trabalho. Exemplo disso são os investimentos na construção civil, que é uma alternativa rápida, e que vai dar um salto de qualidade. Assim, o Brasil vai ser transformado em um país do presente sustentado em um futuro promissor.

Qual a importância do reconhecimento em lei das centrais sindicais e a garantia de seu custeio?

O reconhecimento das centrais representa um ato fundamental do presidente Lula, ao ouvir reivindicações históricas do movimento sindical. Além de seu reconhecimento jurídico, vamos ter uma forma de custeio para trabalhar e qualificar os representados. Será um poderoso estímulo, com o que vamos ampliar a nossa mobilização por um Brasil soberano e livre da especulação.

As mobilizações pela manutenção do veto presidencial à emenda 3 vêm crescendo. Quais os próximos passos?

Em primeiro lugar é preciso registrar a sensibilidade do presidente Lula pelo reconhecimento dos direitos trabalhistas. A emenda não só puxa o tapete como implementa a flexibilização desenfreada em toda atividade trabalhista, sem haver qualquer tipo de fiscalização. Diante do desastre, nós não ficamos omissos frente a esse “projeto” que, na calada da noite, jogaria por terra inúmeras conquistas históricas: férias, 13º salário, descaso semanal remunerado, convênio médico, FGTS, aposentadoria, entre outros. E para assegurar a manutenção do veto, as centrais já realizaram várias manifestações com paralisações, greves, atos e corpo-a-corpo no próprio Congresso Nacional. Daqui pra frente vamos intensificar estas ações unitárias.

E a regulamentação do trabalho aos domingos?

O acordo representa um avanço para toda a categoria comerciária. Através do entendimento entre o Sindicato e empresários, demos um passo à frente. Em São Paulo, por exemplo, estabelecemos regras onde os 430 mil comerciário trabalharão dois domingos e folgarão um, com direito a uma nova folga na semana subseqüente, R$ 20,00 para refeição e o vale-transporte. Antes do acordo, que foi fruto de muita luta, todo trabalhador era obrigado a trabalhar aos domingos e feriados sem ter nenhum direito, absolutamente nada. Era um trabalho praticamente escravo. Por isto, é uma batalha ganha, mas ainda não ganhamos a guerra, porque queremos avançar muito mais. Em audiência com o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, formalizamos um acordo que deverá sair em breve: uma medida provisória determinando regras. E essas regras são as que já estão explicitadas em nosso acordo, aqui, na capital. Este acordo vai, no mínimo, humanizar o trabalho dos mais de dez milhões de comerciários do país.

Qual o papel da comunicação nisso tudo?

O papel da comunicação é fundamental. Por isso investimos em manter bem informada a nossa base, por meio dos nossos próprios veículos, como jornal, revista e programas de televisão. Eu tenho muito a agradecer à imprensa que tem repercutido nosso trabalho, principalmente ao Hora do Povo, que tem em seu sentimento a defesa da população brasileira, é um jornal que tem nele a bandeira de defesa dos trabalhadores, dos excluídos, principalmente daqueles que a grande imprensa ignora.

ADEMAR COQUEIRO

Hora do Povo

Rizzolo: O Patah é um amigo meu, e representa uma liderança no sindicalismo brasileiro em termos de representatividade e de compromisso com a classe trabalhadora. Parabens Patah !

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As declarações do presidente Lula

O presidente Lula conversou com repórteres em Nova Déli, na Índia, e comentou a operação da Polícia Federal, em que foram presas, ontem, 77 pessoas e falou sobre a apreensão de documentos na casa do seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, o Vavá.

Na entrevista, reproduzida agora de manhã no Bom Dia Brasil, na TV Globo, o presidente Lula defendeu a atuação da Polícia Federal e disse que quem for culpado tem que ser punido.

“Eu penso que a Polícia Federal está cumprindo um papel extraordinário no Brasil. E eu disse outro dia que a Polícia Federal vai continuar investigando todas as pessoas que tiveram uma determinação judicial em função de quebra de sigilo telefônico. Aqueles que serão inocentes vão ser inocentes, aqueles que forem culpados vão ser punidos. A única coisa que nós precisamos garantir é que haja justiça efetivamente, que haja seriedade e que haja apuração. Eu conheço meu irmão há 61 anos, eu sou capaz de duvidar que o meu irmão tem algum problema. Mas, de qualquer forma, se a Polícia Federal fez a investigação, está feita a investigação. Isso vale para qualquer um 190 milhões de brasileiros. A única chance que as pessoas têm de não serem molestados é andar direito, é não cometer nenhum equívoco, não cometer nenhuma bobagem. Se fizer isso e mereceu uma investigação e aparecer numa escuta telefônica falando com alguém que está sendo investigado, todos correrão o risco de ser investigados. A única coisa que eu peço publicamente, e já pedi na semana passada, é que a polícia tenha serenidade nas investigações, para que a gente não condene inocentes e para que a gente não venha a absolver culpados”, disse o presidente Lula.
enviada por Zé Dirceu

Rizzolo: Concordo, é muito simples, se o cidadão esta envolvido em alguma coisa e é investigado , não fica gritando que a Policia Federal é incompetente, e arbitrária, apresente as contraprovas na instrução criminal, se houver.
Nunca nesse país tanta gente foi investigada, pelo simples motivo que antes a sujeira era jogada pra baixo do tapete, e agora não.

EUA: senador Obama propõe plano para cuidar da saúde de 47 milhões de excluídos

Em discurso na Universidade de Illinois na terça-feira, 29, o pré-candidato democrata à presidência dos EUA, senador Barack Obama, propôs um grande plano de saúde para cobrir os 47 milhões de norte-americanos que não possuem atendimento médico através do investimento de 65 bilhões de dólares. Ele disse ainda que irá limitar os lucros das companhias de seguro e processará as empresas que praticarem a monopolização do setor.

O plano também prevê a redução dos preços dos seguros e o combate à pressão das grandes companhias de remédios. “É inaceitável que 47 milhões de americanos não tenham acesso à saúde enquanto outros tantos lutam arduamente para pagar o seguro”.

O senador de Illinois afirmou que “os EUA gastam duas vezes mais por pessoa em saúde do que outros países desenvolvidos, mas milhões de norte-americanos não possuem cobertura médica. Os planos de saúde aumentam cinco vezes mais que os salários e metade das falências são devido a dívidas com saúde. Mais e mais empresas estão deixando a cobertura médica de seus funcionários de lado”.

O financiamento do plano seria feito através da não-renovação da suspensão de impostos concedidos pelo governo Bush às famílias que possuem uma renda maior que 250 mil dólares ao ano. No total, o corte dos impostos aos mais ricos do país em 2001 atinge a cifra de 1,7 trilhão de dólares. “Se você não puder o pagar o seguro, o governo subsidiará”, disse o pré-candidato democrata.

A proposta de Obama também prevê um maior financiamento ao desenvolvimento tecnológico na área médica e a proibição de que as companhias de seguro se recusem a atender os pacientes por causa de condições pré-existentes.

“É a hora de trazer as empresas, a comunidade médica e membros de ambos os partidos para solucionarmos essa crise. E é hora de as companhias de remédio e de seguro saberem que eles têm direito a um lugar nessa mesa, mas não de comprar todas as cadeiras”, alertou Barack Obama
Hora do Povo

Rizzolo:Consta que 47 milhões de norte-americanos não possuem atendimento médico . Esses são os homens livres ? Bela liberdade ! Os democratas americanos estão tentando deter a onda republicana do lucro a qualquer custo, não poupando nem os próprios cidadãos americanos. E os papagaios aqui ainda acham a política americana interna e externa o máximo !

Economist elogia a Polícia Federal

por Paulo Henrique Amorim – Blog Conversa Afiada

“A maior estrela do Brasil hoje não é uma estrela do futebol nem uma heroina de novela. É a Policia Federal”. (THE biggest celebrity in Brazil these days is not a football star or a telenovela heroine but the federal police force).

. Um dos procedimentos standard da mídia conservadora (e golpista) do Brasil é reproduzir a imprensa estrangeira quando espinafra o Brasil.

. Desde sexta-feira está no ar na respeitada revista inglesa Economist, provavelmente a melhor revista de economia do mundo, uma reportagem sobre a Operação Navalha.

. O titulo é “limpando a sujeira”.

. A Economist se derrete em elogios à Policia (Republicana) Federal.

. Desde sexta-feira, aguardo ansiosamente a reprodução da reportagem na imprensa conservadora (e golpista) do Brasil.

. Até agora, nada.

. Quando é elogio, não presta, é isso ?

. O que diz a Economist (clique aqui para ler a íntegra) ?

. Que os brasileiros podem ter a impressão de que a corrupção aumentou.

. O que mudou foi a Polícia Federal, que passou a agir com profissionalismo e mete a faca nos partidos da base do Governo e em si própria.

. Esse partidarismo da imprensa brasileira provavelmente se repetirá amanhã, terça, quando tratar da entrevista que o Presidente Lula deu ao programa “Hard Talk”, da BBC inglesa – talvez, o melhor programa de entrevistas da Inglaterra.

. Lula deu um show ao defender o programa brasileiro de bio-combustíveis.

. O entrevistador, duro e bem informado, partiu para cima com o blá-blá-blá ibâmico: a cana vai matar o brasileiro de fome; o Brasil vai destruir a floresta amazônica.

. Só faltou defender os bagres.

. Lula mostrou que a cana usa 1% da área agriculturável brasileira; a soja, 4%.

. Que a Europa só conseguiu preservar 4% de suas florestas e a floresta amazônica está intacta em mais de 90%.

. A mídia conservadora (e golpista) provavelmente dará destaque à relação Lula-Chávez.

. Chávez não tem a menor influência sobre o Brasil, como não teve – foi uma das questões do “Hard Talk” – sobre a decisão de Evo Morales de nacionalizar as instalações da Petrobrás na Bolívia.

. Como explicou Lula no “Hard Talk”, Morales ainda não era presidente, e, num plebiscito, os bolivianos, por 90%, decidiram nacionalizar o gás.

. E, aí faz o quê ?

. O entrevistador inglês pôs a viola no saco.

. Invadir a Bolívia, sugeriu a Controladora Geral da República, a Miriam Leitão, no Bom (?) Dia Brasil, repetidamente.

. Chávez tem tanta ascendência sobre a política interna brasileira quanto o Mestre de Aviz (*).

. Mas, a mídia conservadora (e golpista), como (ainda) não conseguiu dar o golpe em Lula, concentra-se, no momento, em derrubar Chávez.

Rizzolo( agora não é mais obs.) Como diz Paulo Henrique Amorim, o Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, talvez se surpreenda com o que diz a Economist. O Ministro Mendes foi quem disse que a Polícia (Republicana) Federal faz “canalhices” e usa métodos da “Gestapo”.
Acho que agora lendo ” Economist” ele mudará de idéia. Afinal é uma revista Inglesa… ( risos..)

Aliás por falar em Ministro Gilmar Mendes transcrevo um artigo do jornalista Marcelo Salles do Blog Fazendo Média, até porque tenho notícias que o Ministro adora a imprensa internacional.

” Exemplo cristalino ”

Não poderia ter melhor procedência. É do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte brasileira, que chega este exemplo cristalino daquilo que venho escrevendo neste Fazendo Media há quatro anos.

Ocorreu que o ministro Eros Grau concordou em extraditar, a pedido do governo boliviano, o cidadão John Axel Rivero Antero por tráfico de substâncias controladas, formação de quadrilha e confabulação. Porém, antes que a decisão fosse executada, outro ministro, Gilmar Mendes, suspendeu o processo, com a seguinte explicação: “A minha dúvida hoje é sobre a possibilidade de se extraditar alguém para a Bolívia, tendo em vista os padrões do Estado de Direito naquele país. Há notícias na imprensa internacional da prisão de membros do Tribunal Constitucional, razão pela qual peço vista dos autos”.

Não me interessa entrar no mérito da questão. Saber se o cidadão é culpado ou inocente não importa. O que me interessa destacar é a justificativa do ministro Gilmar Mendes, mais precisamente o trecho “há notícias na imprensa internacional de prisão de membros do Tribunal Constitucional”.

Aí está a manifestação de uma subjetividade adquirida a partir das corporações de mídia. A forma de agir do ministro foi pautada em “notícias da imprensa internacional”, sem que o meritíssimo fizesse qualquer comentário acerca dessa imprensa. Desta forma, o magistrado outorga à referida imprensa poder de verdade incontestável, o que está longe da realidade. O ministro Gilmar Mendes não é um cidadão comum. Deve ter estudado bastante para chegar onde chegou, e por isso mesmo não tem o direito de ignorar que essa “imprensa internacional” a que se refere está a serviço de corporações privadas ou mesmo de governos, sobretudo o dos Estados Unidos. Isto já foi demonstrado em documentários como Control Room (Jehane Noujaim, Egito-EUA, 2004) ou The Corporation (Mark Achbar, Jennifer Abbott e Joel Bakan, Canadá, 2004).

Para esta “imprensa internacional”, que reflete a opinião dessas corporações e governos que sobrevivem à base de guerras e invasões, é evidente que não existe Estado de Direito na Bolívia. Da mesma forma que Chávez e Fidel são ditadores. Para esta mesma “imprensa internacional”, o governo dos Estados Unidos foi eleito democraticamente e o genocídio que empreende no Iraque tem o nobre propósito de levar a democracia àquela região do planeta. Assim como a legalização da tortura nos EUA, no final do ano passado, não faz desse país uma ditadura e o Estado de Direito não é posto em dúvida.

Ao mesmo tempo em que exemplifica os efeitos da produção de subjetividade pela mídia, o ministro Gilmar Mendes oferece uma demonstração pública da importância da democratização dos meios de comunicação.”

Marcelo Salles Blog Fazendomedia
Rizzolo : Só para tornar o meu comentário mais ” elucidativo ” ( risos..)

Venezuela desafia arrogância de Condolezza em reunião da OEA

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O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, não aceitou as declarações grosseiras da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, contra a não-renovação da Radio Caracas Televisión (RCTV). Em resposta imediata, Maduro acusou os Estados Unidos de liderarem um novo plano de “desestabilização” contra o governo do presidente Hugo Chávez.. O bate-boca ocorreu nesta segunda-feira (4), durante a 37ª Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Condoleezza, desrespeitando a agenda da reunião, pediu que uma comissão da OEA fosse a Caracas para “investigar” o caso da RCTV. Em 27 de maio, o canal, abertamente golpista, saiu do ar, depois que sua licença não foi renovada pelo governo. Como a medida de Chávez foi legítima, Maduro reagiu, denunciando o “intervencionismo inaceitável” da Casa Branca. “Existe um novo plano de desestabilização contra a Venezuela – e por trás estão os Estados Unidos.”

Apesar de não estar na agenda, o caso da RCTV dominou a primeira sessão da Assembléia Geral da OEA, cujo tema central é “Energia para o desenvolvimento sustentável”. Pela vontade de Condoleezza, a missão da OEA à Venezuela deveria ser encabeçada pelo próprio secretário-geral do organismo, José Miguel Insulza.

“O presidente George W. Bush e eu concordamos em pedir ao secretário-geral para que viaje à Venezuela para consultar de boa-fé com todas as partes interessadas e apresentar um relatório completo aos chanceleres através do Conselho Permanente da OEA”, provocou a secretária, omitindo os motivos que levaram à não-renovação.

Respeito à soberania

O discurso não intimidou Maduro. “Nosso povo enfrentará (esse plano) nacional e internacionalmente. Com a experiência acumulada conseguiremos, derrotá-lo – e nossa democracia sairá fortalecida.” Ao plenário da OEA, o ministro disse que Condoleezza “violentou” a agenda da reunião ao propor a inclusão do caso RCTV.

“Temos mais liberdade de expressão do que muitos países que tentam desfraldar a bandeira da liberdade de expressão”, afirmou Maduro. “A Venezuela exige respeito à sua soberania. Temos uma democracia plenamente consolidada, participativa, ampla”. O ministro assinalou que a decisão de não renovar a licença da RCTV foi uma decisão justa e constitucional, para romper o monopólio e abrir a porta “aos excluídos de sempre”.

A Venezuela “não aceita ser classificada de nenhuma maneira e muito menos pelo governo que manteve e financiou todos os processos de desestabilização contra o presidente Chávez”, acrescentou o chanceler.

Como Hitler

Tais palavras abriram passagem para uma invocada réplica de Condoleezza, que disse que “a democracia e os direitos humanos sempre devem estar em debate”. Nervosa e isolada, a secretária de Bush se levantou e abandonou o salão de deliberações. Suas críticas não foram avalizadas por funcionários da OEA, e a proposta da comissão passou em branco.

Maduro não se importou com a retirada e pediu novamente a palavra. Comparou a situação dos direitos humanos sob o governo do presidente americano, George W. Bush, com as práticas ditatoriais do nazismo. “É uma coisa monstruosa – comparável só à era de Hitler – que neste dia e nesta época haja prisões clandestinas com prisioneiros sem rosto e prisioneiros sem nome.”

Foi um ataque à carceragem que os Estados Unidos mantêm na base naval de Guantánamo, encravada em Cuba – onde estão presos, irregularmente, 380 suspeitos de terrorismo. Maduro pediu aos Estados Unidos que permitam que a TVes – emissora estatal que substituiu a RCTV – possa ir ao local e entrevistar os presos. O chanceler também sugeriu que uma comissão da OEA investigue a prisão.
Site do PC do B

Rizzolo: Depois de tudo que já foi exaustivamente demonstrado, nas notícias, no fato dos EUA terem revogado 141 concessões de TV e rádio; ninguém reclamou essa Condolezza ainda insiste em afrontar a Venezuela, o tema nem era esse e sim “Energia para o desenvolvimento sustentável”, mas quiz como se diz na linguagem popular ” encher o saco ” e acabou tomando uma do Chanceler Venezuelano Maduro. Como se pode inferir quando não é o governo americano são alguns ” Parlamentares ” na América Latina que existem e que insistem em prestam vassalagem a essa turma da Condolezza.

A liberdade de imprensa na Venezuela

Os jornais de hoje registram uma declaração do assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, sobre a liberdade de imprensa na Venezuela e a não renovação da concessão do canal de televisão à RCTV: “Não julgamos que tenha sido violada nenhuma regra democrática. Andei não poucas vezes pela Venezuela. Em raros países eu vi a imprensa falar com tanta liberdade quanto na Venezuela. Todas as vezes que estive lá, vi a imprensa falar cobras e lagartos de Chávez”, disse Garcia.

Ele tem razão. Na Venezuela, a maioria da imprensa não só tem liberdade, como milita intensamente contra o governo de Hugo Chávez, pregou abertamente sua derrubada e, mais do que isso, participou ativamente da tentativa de golpe de 2002.

A não renovação da concessão do canal da RCTV, que venceu, foi uma decisão administrativa do governo venezuelano, dentro dos limites da lei venezuelana, como disse Marco Aurélio Garcia, e não tem nada a ver com a liberdade de imprensa.

Essa é que é a verdade. O resto é proselitismo exagerado.
enviada por Zé Dirceu

Rizzolo:O problema é essa mídia golpista brasileira que insiste em fazer o povo a pensar da maneira que eles querem, impondo seu ponto de vista no mínimo reacionário e sem compromisso com o Brasil, e ainda por cima usando o próprio instrumento midiático que é a TV ( que por sinal é concessão), e os outros meios de comunicação.

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