Há semanas a mídia vem publicando e divulgando matérias sobre as péssimas condições de vida e de trabalho de nossos trabalhadores rurais, os antes chamados bóias-frias, os cortadores de cana. Acredito que com o crescimento da lavoura da cana de açúcar para produção de etanol – já se fala em 6 milhões de hectares, os hoje cerca de 1 milhão de trabalhadores rurais cortadores de cana de açúcar poderão até duplicar, ou aumentar anualmente acima do crescimento do emprego no pais. Espero que a mecanização avance e que o governo apóie e crie cursos de capacitação para esses trabalhadores e trabalhadoras não qualificados.
Mas enquanto isso não acontece, não é possível conviver e aceitar as condições de trabalho, moradia, alimentação e salários desse importante setor do nosso agronegócio. Já é hora do Ministério do Trabalho em conjunto com as Centrais Sindicais, começando pela CUT e CONTAG, organizarem uma mesa com os empresários do setor sucro-alcoleiro e canavieiro para um acordo nacional de trabalho que mude radicalmente o cenário que temos visto na televisão, estabeleça condições de segurança, moradia e alimentação dignas para esses trabalhadores e um piso nacional de salário que mereça esse nome.
Não podemos ficar à mercê da fiscalização local e de acordos pontuais entre empregados, sindicatos e empresas a nível de cada município ou região canavieira. É preciso uma política nacional e quem deve implementá-la é o governo federal, as Centrais Sindicais e os empresários.
Não podemos tolerar mais uma vez em nossa economia, um boom como o que estamos assistindo com a cana e o etanol, sem resgatar para a cidadania essas centenas de milhares de brasileiros e brasileiras, muitos vindo dos mais diferentes estados de nossa federação, das condições de trabalho e vida humilhantes que temos assistido nas TVs do país. Que eles partilhem, com todo direito, já que produzem essa riqueza, desse momento de crescimento dos biocombustíveis, tão necessários a nossa sobrevivência e futuro.
Além disso, é preciso, também, criar uma empresa ou um órgão regulador da produção de etanol, uma “Etanolbras”. A Petrobras já cuida do petróleo e seus derivados e é nesse setor que tem sua expertize. A produção de etanol envolve outras questões, diferentes das da produção de petróleo, como, por exemplo, a compra de terras e usinas por empresas estrangeiras, além de questões ligadas à produção, transporte, comercialização, exportação, etc, que precisam ser controladas e reguladas pelo governo.
enviada por Zé Dirceu
Rizzolo: De acordo com um adrtigo de Altamir Borges do Correio da Cidadania ” Num ritmo febril, têm sido anunciadas quase a cada semana novas parcerias, operações de compra e organização de fundos de investimento destinados a colocar dinheiro na produção de álcool no país. De acordo com a consultoria Datagro, os estrangeiros investiram 2,2 bilhões de dólares no setor desde 2000”, festeja a revista. “Da lista das dez maiores empresas do setor no Brasil, quatro já possuem participação de capital estrangeiro: Cosan, Bonfim, LDC Bioenergia e Guarani. Uma quinta companhia, a Santa Elisa, fez recentemente parceria com a americana Global Foods para constituir a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool, cujo plano é investir R$ 2 bilhões na construção de quatro usinas em Goiás e Minas Gerais ” é claro que para o trabalhador rural cortador de cana isso pouco muda, precisamos estabelecer uma política descente do ponto de vista de condições de trabalho, a sêde de lucro desses capitais internacionais no nosso território nacional, deve ser viabilizado em melhores condições de trabalho e profissionalização, até por uma questão de ética, a regulamentção , como diz o Zé, deveria vir de uma ” Etanolbras ” uma empresa Estatal reguladora.
Agora, isso tudo , essa fome de compra, deve ser analisada até porque comprometer a produção de alimento, como diz , Fidel, em favor da cana, é um absurdo, e isso deve ser analisado bem de perto porque muito embora o território nacional seja extenso, precisamos impor limites de área para esse cultivo.