“É fundamental que tenham o que todo morador de qualquer lugar do país deseja: segurança pública e, ao mesmo tempo, escolas, ruas pavimentadas, iluminação, saneamento básico, enfim, tratamento digno”, completou o governador
“Nossa ação tem que ser contundente e continuará sendo. Tenho certeza de que a população dessas comunidades, que viveu anos a fio dominada pelo tráfico, quer uma solução para este problema. Ninguém agüenta mais isso, principalmente os favelados. Temos uma bifurcação que eu enxergo clara: ou é o caminho civilizatório ou o da selvageria”, afirmou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre as ações do Estado na luta contra os traficantes.
Na quarta-feira, dia 27, uma força tarefa composta por cerca de 1.400 homens – das polícias civil e militar do Rio e da Força Nacional de Segurança – ocupou o Complexo do Alemão, na zona Norte da cidade. Na operação, a polícia conseguiu entrar em pontos do Complexo do Alemão que estavam inacessíveis pelos traficantes há cerca de dez anos, nas localidades conhecidas como Areal, Matinha e Chuveirinho. Os locais eram usados como QG do tráfico e para armazenar armamentos e drogas. Foram nesses locais onde ocorreram a maior parte das mortes nos confrontos com os criminosos.
No confronto com a polícia, 19 foram mortos. Um policial foi ferido. Na operação foram apreendidos 113 quilos de maconha, 30 quilos de cocaína, três quilos de crack, mais de mil projéteis de calibres variados, grande quantidade de pólvora e espoleta para fabricar munição; alem de pistolas, revólveres, submetralhadoras, morteiros e duas metralhadoras antiaéreas calibre 30, de uso exclusivo das Forças Armadas, capazes de derrubar helicópteros.
De acordo com Cabral, as ações contra o crime organizado vão continuar. “Vamos entrar em outras. Nosso objetivo é que a polícia transite nas favelas como transita em qualquer bairro da cidade. Temos que oferecer as moradores dessas áreas tranqüilidade”, disse o governador, lembrando que “infelizmente, ao longo das duas últimas décadas, houve o fortalecimento do crime organizado no Rio. O crime ganhou musculatura, maior presença nas comunidades”.
Sérgio Cabral apontou a ausência do Estado nas áreas mais carentes como uma das principais causas do avanço do crime organizado. “Os moradores dessas comunidades há anos não recebem investimentos públicos na intensidade que merecem. É fundamental que tenham o que todo morador de qualquer lugar do país deseja, ou seja, segurança pública e, ao mesmo tempo, escolas, ruas pavimentadas, saneamento básico, iluminação, enfim, tratamento digno”, disse o governador.
“Atingimos locais que não eram acessíveis para a polícia há bastante tempo. Agora, vamos intensificar nossa presença. O Estado tem que se fazer presente e libertar os moradores que vivem sob as leis do tráfico”, afirmou o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Segundo ele, todos os 19 mortos entraram em confronto direto com a polícia.
O Complexo do Alemão é composto por 13 favelas, com cerca de 150 mil moradores. Em todo o complexo existem apenas seis escolas municipais e nenhuma unidade de saúde, somente cinco pontos do Programa de Saúde da Família, do governo federal.
Hora do Povo
Rizzolo: Vou transcrever um comentário que já fiz sobre essa questão a título ilustrativo: ” Acho que a polícia agiu muito bem, na pessoa do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Fica patente a ousadia de um grupo que pretende desafiar o Estado, é claro, que se existe narcotráfico , é porque não existe a presença do Estado e é produto da miséria e da falta de oportunidade, contudo o Poder Público não pode ficar sendo disputado por grupos armados comandados por marginais, que podem muito bem amanhã ter conteúdo ideológico estranhos à democracia. Temos que combater com veemência essa tentativa de domínio por parte desses bandidos, é impossível imaginar, que existam áreas consideradas inacessíveis há quase dez anos, como as localidades conhecidas como Areal, Matinha e Chuveirinho, trechos esses que eram usados como quartéis-generais do tráfico e serviam para o armazenamento de armas e drogas. Isso me lembra a China antes de Mao Tse Tung; é claro que depois dessa fase, é preciso levar depois recursos econômicos suficientes pra não deixar voltar o que era antes, senão esse sacrifício de agora não terá valido nada, terá sido absolutamente em vão
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, João Tancredo, baseado em relatos de moradores, disse que a polícia cometeu “um massacre de civis” durante a operação, precisamos ser cautelosos nessa questão, sou membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP , e pessoalmente parece que a polícia agiu com cuidado de praxe e costume, de qualquer forma tudo tem que ser apurado nas formas da Lei e com rigor, a população pobre não pode ser vitima da violência policial, o que me preocupa, é que a operação está sendo realizada bem às vésperas da abertura dos Jogos Panamericanos, o que pode dar a impressão de estar fazendo uma “higienização” no município em função do grande evento esportivo. Isto pode ser o ponto de partida para uma militarização conjuntural da cidade nos mesmos moldes instituídos durante a Rio-92.”
Entendo que há uma necessidade imperiosa daqui pra frente da presença maciça do Estado, senão a teoria da “higienização” no município em função do Jovos Pan americanos, ganha força hein !
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