O presidente Hugo Chávez anunciou nesta terça-feira (3) que seu governo vai esperar três meses para que os Congressos do Brasil e do Paraguai aprovem a incorporação da Venezuela ao Mercosul. Os Parlamentos da Argentina e do Uruguai já aprovaram o ingresso. Porém no Brasil a oposição liderada pelo PSDB e concentrada no Senado trabalha para dificultar a admissão.
“Vamos esperar até setembro. Não esperaremos mais porque os Congressos do Brasil e do Paraguai não têm nenhuma razão política nem moral para não aprovar nosso ingresso. Se não aprovarem neste período, senhor chanceler, prepararemos nossa solicitação de retirada do processo, para esperar novas condições”, disse Chávez durante um ato no palácio presidencial.
Sem desculpas ao Senado do Brasil
“A Venezuela não tem nada de que pedir desculpas”, disse ainda Chávez, em relação ao comentário que fez sobre o Senado brasileiro. Durante cerimônia no Palácio de Miraflores, em 31 de maio, comentando a moção do Senado de Brasília que condenava a não renovação da concessão da golpista RCTV, ele disse que “o povo do Brasil não merece que o Congresso apareça repetindo como um papagaio o que dizem em Washington”.
“Nem o Brasl e nem o Paraguai têm nenhuma razão para não aprovar nosso ingresso no Mercosul. Nenhuma razão, nem política, nem jurídica, nem econômica, nem moral”, insistiu o líder bolivariano, indignado com um atraso que a seu ver representa “uma falta de respeito para com a Venezuela”.
Chávez dirigiu-se diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Para nós as condições estão completas, falta apenas que o Congresso do Brasil aprove, de modo que a bola está com vocês”, disse. Mas agregou: “Lula, nós não desistimos do Mercosul, insistimos no caminho do Mercosul. Queremos uma integração verdadeira, nós apostamos nessa integração.”
“Somente unidos podemos seguir adiante”
“A Venezuela faz esforços gigantes para cooperar”, insistiu ainda Chávez. E citou, como exemplo de seu papel “integrador por excelência”, a elevação das exportações brasileiras para a Venezuela. Estas passaram de US$ 539 milhões em 2003 para US$ 2,973 bilhões em 2006.
“Este é o espírito bolivariano, é a herança bolivariana. Somente unidos podemos seguir adiante, unidos de verdade, ajudando-nos uns aos outros”, ressaltou. “Devemos criar um bloco político, uma potência mundial da América Latina. Nem a Venezuela sozinha, nem o Brasil sozinho, nem a Argentina sozinha têm como ser uma potência mundial. Somente unidos conseguiremos e nessa direção estamos indo”, frisou Chávez.
Ao mesmo tempo, o presidente venezuelano fez críticas duras ao Mercosul. “Este mecanismo de integração velho está afundando. Os governos da América Latina têm de entender que é preciso virar a página e criar um mecanismo novo”, declarou. “A CAN (Comunidade Andina de Nações, integrada por Colômbia, Peru, Equador e Bolívia) e o Mercosul nasceram dentro do neoliberalismo, é uma integração de elite, de empresas, de transnacionais, não é a integração dos povos”, apontou ainda.
Tucanos ameaçam com obstrução
A Venezuela aderiu em julho de 2006 ao Mercosul, tendo até 2014 para se ajustar às normas comerciais e aduaneiras do bloco. A incorporação da terceira maior economia sul-americana (depois do Brasil e da Argentina) representa um passo essencial na consolidação do bloco. Mas depende da ratificação pelos congressos dos países membros. Os da Argentina e Uruguai já o fizeram, faltando ainda o aval dos legislativos de Brasil e Paraguai.
“Eu diria que o clima não é favorável à aprovação da entrada da Venezuela. Se fosse discutido hoje, certamente não passaria”, disse à BBC Brasil o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e ex-presidente nacional do PSDB, foi o principal articulador da crítica que merceeu a resposta de Chávez sobre os “papagaios”. Não contente, ele ainda trouxe na semana passada o dono da RCTV, Marcel Granier, para falar na Comissão.
Mesmo sem votos para impedir a aprovação, os oposicionistas podem protelar a votação do aval, que hoje tramita, sem problemas, na Câmara dos Deputados. O senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, comenta que “a oposição não tem votos para derrubar, mas o PSDB e o Democratas já afirmaram que vão obstruir a votação”. “Se fosse colocado em votação agora, possivelmente teríamos obstrução”, disse.
Nesta segunda-feira, o chanceler Celso Amorim disse que espera que a Venezuela não deixe o Mercosul. “A Venezuela tem um lugar importante, que enriquece o Mercosul, espero que isso não ocorra”, afirmou.
Da redação, com agências
Site do PC do B
Rizzolo: Concordo plenamente com Chavez, quando ele diz : ” Mercosul. “Este mecanismo de integração velho está afundando. Os governos da América Latina têm de entender que é preciso virar a página e criar um mecanismo novo”, declarou. “A CAN (Comunidade Andina de Nações, integrada por Colômbia, Peru, Equador e Bolívia) e o Mercosul nasceram dentro do neoliberalismo, é uma integração de elite, de empresas, de transnacionais, não é a integração dos povos” Não há dúvida , contudo precisamos avançar com o que temos mais à mão no momento, e por hora é o Mercosul, agora o PSDB querendo boicotar a Venezuela só pra agradar o império e a mídia golpista fazendo ” convescote com o Granier da RCTV ” é demais, a direita com ódio da palavra ” Bolivariano”, fomentando a desavença, isso tudo nos atrasa, atrasa a América Latina, e nos põe na condição de colônia dos EUA. Só pra terminar, aquela ” palavra doce ” que o Senado brasileiro esperava de Chavez não veio, não disse ? Ou seja, enquanto estávamos perdendo tempo aguardando uma afago de Chavez, para justificarmos o entrometimento em questões alheias como a não renovação da concessão RCTV, Chavez numa atitude pró ativa estava negociando com a Rússia. Por enquanto Chavez tem uma boa relação com Lula, mas não podemos deixar o PSDB ditar como deve ser as relações exteriores do Brasil, agindo como representantes dos EUA. Papel feio, hein !