As chamas ainda ardiam no local do trágico acidente com o avião da TAM ocorrido nesta terça-feira (17) no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, quando jornalistas da grande imprensa e lideranças da oposição, agindo como abutres sobre carniça, vociferavam condenações sumárias ao governo federal a quem apontam como ”culpado” pelo acidente.
por Cláudio Gonzalez
Nenhum dado determiante foi apresentado até agora para que as causas do acidente sejam definidas, mesmo assim, jornais como a Folha de S. Paulo, telejornais de diversas emissoras e parlamentares da oposição se apressaram a jogar a culpa no governo federal numa clara e inconveniente tentativa de aproveitar a tragédia para fustigar o presidente Lula, a quem não conseguiram derrotar nas urnas, mesmo depois de várias tentativas frustradas.
A julgar pelo frenesi com que a oposição e a imprensa anti-Lula articulam as acusações, não seria demais dizer que, veladamente, muitos deles estão ”comemorando” o acidente.
Alguns trechos de notas postadas em blogs de grandes portais e colunas de jornais impressos dão o tom da marcha acusatória inciada pela imprensa anti-Lula.
O jornalista Ricardo Noblat, cujo blog no portal Estadão passa por uma crise de credibilidade e de audiência, é um dos que mais demonstra apetite para ”surfar” na onda anti-lula pós acidente. Noblat chega a afirmar que ”Lula meteu-se em uma arapuca – mais uma.(…) O que resta a Lula é torcer para que a culpa pelo desastre seja debitada na conta do piloto. Ou na conta da empresa. E que uma vez esgotado o choro coletivo, que a maioria dos brasileiros siga sendo compreensiva com ele e com o seu governo. Porque na verdade o apagão áreo nada mais é do que o apagão de competência. Como o primeiro, o segundo governo Lula é medíocre em matéria de gestão. Como principal executivo do país, Lula é tão medíocre quanto os que o cercam.”
A jornalista Eliane Cantanhêde, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, é mais cautelosa, mas vai na mesma linha. Para ela, ”O que explodiu não foi só o Airbus da TAM. Foi também o resquício de credibilidade que ainda sobrava do sistema de vôo no país e a capacidade de o governo, no seu conjunto de órgãos responsáveis, gerir a situação. O que há é o caos. Junto com a dor, a perplexidade e a sensação de que não tem mais conserto”.
No site Blog dos Blogs, a jornalista Helena Chagas também opta pela politização ao afirmar que ”ou o governo toma medidas drásticas – e, desta vez, quem sabe, substituindo toda a cúpula do Ministério da Defesa, Infraero, etc – ou corre o sério risco de ter sua popularidade seriamenmte arranhada. Lula pode acabar lembrado por ter sido o presidente do caos aéreo, alguém cujo mandato foi marcado pelos dois mais sérios desastres aéreos da história do país.”
Tales Farias, outro jornalista que escreve no Blog dos Blogs já anúncia logo no título de seu post, para não deixar dúvidas: ”O governo é culpado, sim!” E depois tergiversa dizendo que ”a imprensa está vivendo uma síndrome oposicionista sim, especialmente a cúpula dos mais fortes jornais, TVs e revistas do país. (…) Agora, a propósito deste acidente aéreo em Congonhas, com prováveis cerca de 200 mortos, não tem governismo nem oposicionismo. Independentemente de saber se a culpa foi das ranhuras da pista do aeroporto liberado às pressas, ou não, é evidente que isso tudo se insere no ambiente de caos no sistema aéreo que o país está vivendo”. E finaliza: ”o governo, o presidente Lula está agindo com uma incompetência desconcertante neste setor. Ou não está agindo…”
No afã de buscar respaldo para essas ilações, algumas agências foram até a Europa ouvir ”especialistas” no assunto que aceitassem reproduzir o discurso acusatório. A BBc Brasil, por exemplo, ouviu o presidente da Associação Européia de Cockpit (ECA, na sigla em inglês), uma entidade que reúne pilotos do continente. Segundo a BBC, ele disse nesta quarta-feira que o governo brasileiro ”deveria ter aprendido com a queda do avião da Gol, no ano passado, e adotado medidas para evitar o acidente com o Airbus da TAM em São Paulo”. Recentemente, esta mesma entidade criticou a justiça brasileira por ter indiciado os pilotos do Legacy pelo acidente com o avião da Gol.
As edições impressas dos principais jornais do país ainda não expunham, nesta quarta-feira, com toda a sua fúria a marcha acusatória, mas alguns deles, como o jornal ”O Globo”, já anunciava na manchete ”Nova tragédia põe em xeque a segurança área no Brasil”, o que virá pelos próximos dias. O Jornal do Brasil também seguiu esta linha na manchete intitulada ”A mais anunciada das tragédias”.
Vale registrar que, entre os blogueiros de maior prestígio, o jornalista Fernando Rodrigues (do UOL) é um dos poucos que tem mantido uma postura equilibrada na cobertura da tragédia. ”tudo fica secundário diante do acidente em Congonhas. É cedo para saber os efeitos políticos”, diz ele.
O ombudsman do portal IG, Mario Vitor Santos, também percebeu o tom acusatório do noticiário. E registrou: ”Qualquer solução (sobre o acidente) envolverá algo que os meios de comunicação, inclusive o iG, não têm demonstrado até agora. A capacidade de insistir num debate complicado, com muitos pontos de vista e trocas de acusações políticas. (…) Isso exige mudança de mentalidade: um jornalismo que não reaja apenas quando ocorrem tragédias. Vai exigir uma cobertura mais preocupada com os temas estruturais, mais profunda, que ouça, investigue e pese todos os aspectos da questão. E que tenha coragem de se posicionar com independência a partir de apurações que faça. É preciso um jornalismo menos declaratório”.
Oposição assanhada
A oposição ajuda a alimentar este tipo de noticiário denuncista. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), sob o pretexto de se solidarizar com vítimas do acidente, usa seu conhecido destempero verbal para politizar a trajédia e fazer uma relação direta do acidente com o presidente Lula: ”o presidente Lula precisa agir e não falar(…) Ou seu período se marcará pelo sofrimento e pela dor de tantos brasileiros que poderiam estar vivos, lutando, sofrendo, sorrindo e construindo um Brasil mais justo (…) Meu sentimento é de dor e frustração. Essa crise passa por incompetência gerencial, corrupção e insinceridade. Para mim basta! O Brasil está desesperado, também!”, diz nota ”pessoal” assinada pelo senador oposicionista.
O DEM, por meio de nota oficial, também lamentou o acidente mas, ao contrário do PSDB, diz que perefere esperar um pouco para então atacar o governo por causa do acidente. Mas o site do partido mostra que a ”espera” será curta. A chamada principal do site remete a declarações do líder dos ex-pefelistas na Câmara dos Deputados, Onyx Lorenzoni (RS), que afirma que o acidente ”é a repetição da negligência, irresponsabilidade e da falta de planejamento do Governo Lula com relação à segurança aérea do Brasil”.
O PPS, mais uma vez, repetiu o DEM na forma e no discurso. O site do partido publicou um anota na qual afirma que ”o partido não se esquivará, em qualquer instante, de denunciar e cobrar punição para os responsáveis pela maior tragédia da aviação civil brasileira e ressalta que a crise da nossa infraestrutura aeroportuaria vem sendo tratada com descaso, autoritarismo e até com escárnio pelos orgãos diretamente responsáveis pelo setor, pelo Ministério da Defesa e inclusive, por ministros do governo e pelo próprio Presidente da República”.
Outro partido de oposição, o PSOL, até o momento foi o único a mostrar sobriedade no trato da questão. Em declaração à imprensa, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), membro da CPI dos Aeroportos, reconheceu que o acidente vai ter grande impacto emocional e político, mas ponderou: ”Os problemas em Congonhas existem há muito tempo. Derrapagens são comuns, mas não podemos tirar conclusões precipitadas. Temos que analisar as causas”, afirmou.
Ministério pede cautela
Diante da repercussão politizada da tragédia, o ministério da Defesa soltou nota na tarde de hoje informando que acompanha a dor dos parentes e amigos das vítimas do acidente com o vôo 3054, da TAM. Porém, o ministério enfatiza que o momento é de ”cautela” e que enquanto não houver um resultado concreto das investigações é melhor evitar ”julgamentos precipitados”.
”O momento é de cautela, e enquanto os resultados das investigações não forem concluídos, o melhor será manter a sobriedade e evitar julgamentos precipitados e ilações que prejudiquem a realização dos trabalhos e possam aumentar ainda mais a angústia das pessoas, já tão abaladas nesta tragédia”, diz a nota.
O comunicado diz ainda que as autoridades aeronáuticas já iniciaram os procedimento investigatórios para identificar as causas do acidente, ”cujos resultados devem ser divulgados tão logo haja convicção sobre os reais motivos da tragédia”.
Site do PC do B
Rizzolo:Não adianta os golpistas agora misturarem questões totalmente diversas como a dos controladores, com pista molhada, e apagão aéreo, falta de planejamento, esse golpe não funciona, a questão principal é o que eles não abordam, ou seja, o interesse das Companhias aéreas em insistir na diabólica condição geográfica desse aeroporto, não é problema de gestão como dizem, e sim um problema de “gestão financeira” das Companhias Aereas, esse que é a verdade. Agora querer misturar problemas é manobra diversionista.Como dizer que o ocorrido é ” irresponsabilidade e da falta de planejamento do Governo Lula com relação à segurança aérea do Brasil ”, isso sim é ser abutre e ganhar politicamente em cima da tragédia, observe que o ocorrido não tem nada a ver com planejamento, querem misturar para culpar Lula. Uma vergonha descabida !