A mídia corporativa dos EUA atua como ‘Ministério da Mentira’ de W. Bush

PAUL CRAIG ROBERTS

O ex-vice-secretário do Tesouro do governo Reagan, e ex-editorialista do “Wall Street Journal”, Paul Craig Roberts – contundente crítico dos mal-feitos do regime Bush -, chegou à conclusão de que a mídia de seu país funciona como o “Ministério da Verdade”, da novela “1984” de George Orwell, que fabricava uma mentira após a outra. “Não se trata de umas poucas Judith Millers, aqui e ali”, assinalou, desmascarando a pretensão da mídia dos EUA de ser a “Imprensa Livre”.

Nós, que sempre dissemos que “1984” e seu “Big Brother” não passavam de uma grosseira projeção, sobre os países socialistas, de todo o encobrimento, manipulação e deformação de informações cometidos pela mídia dos EUA a serviço do cartel petro-bélico e Wall Street, e suas guerras e pilhagens, saudamos a descoberta do camarada Roberts.

A seguir, o artigo de Roberts, publicado originalmente sob o título “Imprensa Livre ou Ministério da Verdade?”. AP

Em sua novela “1984”, George Orwell retratou um tempo no futuro no qual as explicações dos eventos recentes e da história anterior são continuamente mudados para atender ao último propósito do Big Brother. As explicações prévias desaparecem em um “buraco de memória”.

Isso soa familiar? Qualquer americano que preste atenção pode observar fenômeno idêntico ocorrendo hoje nos EUA.

Pense sobre as movediças explicações para o fracasso da ocupação dos EUA no Iraque.

Pouco após o anúncio de 20 de maio de 2003, por Bush, de “missão cumprida”, a missão se revelou ser muito mais não-cumprida. Foi dito aos americanos que a causa da confusão era uma pequena insurgência de dois ou três mil no máximo, inspirada pelos “remanecentes obstinados do Partido Baas. Você se lembra do baralho de cartas propagandístico, identificando dos mais procurados até os menos? Foi assegurado aos americanos que, logo que Sadam Hussein e seus parentes e cúmplices fossem capturados, nossas tropas seriam recepcionadas com as prometidas flores ao invés de bombas de estrada.

Quando as incursões, julgamentos e execuções fracassaram em reparar o problema, a explicação com os “obstinados” desapareceu. Uma nova explicação, sem qualquer continuidade com a antiga, tomou seu lugar.

A nova explicação era que a Síria estava permitindo que estrangeiros cruzassem sua fronteira com o Iraque para fazer a jihad contra as tropas americanas. Essa explanação durou até que se tornou inteiramente claro, apesar da propaganda, que os “combatentes estrangeiros” eram notavelmente bem aceitos, e escondidos lá dentro, pelas comunidades iraquianas que estavam sofrendo todo o dano colateral do conflito.

Quando chegou a hora dos EUA criarem um governo iraquiano [NR: fantoches], ficou evidente que seria dominado pelos xiitas. Assim, por um tempo limitado, foi permitido reconhecer que a insurgência tinha base popular nos sunitas.

MÍDIA CATIVA

Conforme a insurgência derivou no que o “Iraq Study Group” descreveu como uma guerra civil sunita-xiita com as tropas dos EUA sem clareza sobre com que lado se alinhar, o regime Bush e a mídia cativa começaram a responsabilizar a Al Qaeda pela escalada da violência. Foi assegurado aos americanos, pelo Ministério da Verdade, que não havia uma guerra civil, apenas forasteiros incitando o conflito. Isso capacitou Big Brother a negar que havia uma guerra civil e a reavivar o medo de ataques terroristas nos EUA e na Inglaterra, a “nova Oceania”.

A explicação da Al Qaeda logo foi descartada no buraco da memória. A explicação implicava em que a invasão do Iraque pela Oceania tinha fortalecido grandemente as fileiras e a força da Al Qaeda, assim contradizendo a alegação do Big Brother de que estava proporcionando mais segurança aos oceânicos por erradicar o terrorismo. A explicação Al Qaeda tinha que se ir também por uma outra razão. Israel, e os neocons, os dirigentes da nova Oceania, planejam atacar o Irã, e então a insurgência no Iraque está agora sendo atribuída ao Irã.

O Ministério da Verdade acomodou a mais recente explicação, exatamente como fez com todas as outras antes, sem providenciar o funeral da explicação prévia. Repentinamente, uma nova explicação aparece e é repetida até que, também, caia no buraco da memória.

A mídia americana e inglesa agem do mesmo modo que o Ministério da Verdade na Oceania. Chega um dia quando a “verdade” não serve mais ao império ou à potência hegemônica ou ao centro de propósito moral do mundo, ou, para encurtar, o regime Bush. Quando esse dia chega, uma nova explicação aparece e é repetida até que, também, seja descartada no buraco da memória.

Nas semanas recentes, os americanos têm sido entupidos com uma série de relatos de fontes oficiais de que o Irã está armando tanto os insurgentes iraquianos como os Talibans no Afeganistão. Experts, dentro e fora do governo, que foram solícitos com as falsas acusações do regime Bush sobre armas iraquianas de destruição em massa, vêm disputando os novos relatórios.

Mas os relatórios continuam chegando. No momento em que escrevo, a história mais recente é que os militares americanos “descobriram um campo de lança-foguetes perto de uma base dos EUA ao sul de Bagdá, armado com 34 mísseis de fabricação iraniana”. Dá pra imaginar? Os insurgentes se deram ao trabalho de armazenar poderosos mísseis dentro da distância de ataque à base dos EUA e apenas os deixaram lá, sem serem disparados, para serem descobertos pelos americanos. Para, além disso, servir ao plano de Cheney de atacar o Irã, o registro da mídia assevera: “No início deste mês, os comandantes dos EUA intensificaram suas acusações [contra o Irã], alegando que líderes sêniores da milícia libanesa Hezbollah têm treinado combatentes iraquianos e provido outros apoios”.

Notem que nenhuma das explicações servidas aos americanos ao longo desses anos sequer mencionou, mesmo como uma tênue possibilidade, que a invasão dos EUA e a ocupação do Iraque poderiam ser a causa da violência no Iraque.

Alegadamente, os EUA são um país livre e aberto, com uma imprensa livre e um governo que presta contas ao povo. No entanto, a informação dada ao povo americano é inteiramente falsa, assim como a que era dada aos cidadãos de Oceania pelo Big Brother através do “Ministério da Verdade” de Orwell.

É isso o que a corrente principal da mídia nos EUA e Inglaterra estão capacitando a nova Oceania levar a cabo. É inútil reclamar de umas poucas Judith Millers aqui e ali no New York Times, ou dos óbvios fomentadores da guerra no Weekly Standard, Fox “News”, e na página de editoriais do Wall Street Journal. A mídia corporativa toda está se comportando como o Ministério da Verdade.

Hora do Povo

Rizzolo: Observe que essa tendência não ocorre só nos EUA, a elite americana que representa 4% da população e que domina praticamente toda midia e o PIB americano expõe seus tentáculos na América Latina com a ” receita de bolo da mentira” distorcem os fatos para que seu lacaios candidatos a se eleger ou já eleitos possam exercer dominção perversa entre a maioria da população , muito bem lembrado por Paul Craig Roberts , que isso tudo lembra o ” Ministério da verdade ” da novela “1984” de George Orwell, que fabricava uma mentira após a outra. A democracia ” fajuta americana ” se mantem no poder à custa desses expedientes, contudo a sociedade americana já está se dando conta , e a tendência é diminuir ou fazer como outrora já fizeram lá nos EUA e em outros países,colocar em discussão as concessões, e olha, do jeito que a carruagem anda por aqui no Brasil , logo essa discussão também será pertinente. Duvido que vc não concorde comigo !

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