Martelo batido: deve ser feita até o final de outubro a concorrência para a maior compra de computadores da história do País. O governo federal vai adquirir 150 mil laptops para distribuir a alunos e professores de 300 escolas públicas. A proposta nasceu da Comunidade Software Livre para promover uma verdadeira revolução digital no Brasil com a inclusão de milhares de estudantes no mundo da Web.
É muito em termos absolutos (imagine um Maracanã lotado de estudantes) e pouco em termos relativos (há cerca de 48 milhões de alunos e professores em escolas públicas). Mas é só o primeiro passo de um projeto que deve crescer e que tem um objetivo nada modesto: acabar com o fosso digital que separa ”conectados” e ”não conectados”, e que deixa os últimos alijados da revolução tecnológica em curso no planeta.
Trata-se do programa ”Um Computador por Aluno”, coordenado por assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e inspirado na organização ”One Laptop Per Child” (OLPC), entidade que pertence a Comunidade de Software Livre e que promove o uso de computadores portáteis como ferramenta para revolucionar a educação em países pobres.
Laptop U$ 100,00
A OLPC está por trás do chamado ”laptop de 100 dólares”, aparelho de baixo custo idealizado nas pranchetas de cientistas do MIT (Massachussets Institute of Technology) e que está prestes a entrar em produção, com uma série de inovações tecnológicas. Seu custo, porém, foi recalculado para algo próximo de US$ 180.
Apesar de ter deflagrado a criação do programa no Brasil, a OLPC, com seu modelo XO, não tem mercado cativo – terá de concorrer com a Intel, que produz o Classmate PC, e a empresa indiana Encore, fabricante do Mobilis.
O governo deve estabelecer um preço máximo para a compra, além de exigir garantia de assistência técnica por três anos e uso exclusivo de software livre nas máquinas, disse José Luís Aquino, assessor da Presidência, em entrevista a Terra Magazine.
Concorrência
No início do ano, Cezar Alvarez, coordenador do projeto, disse que o preço de cada laptop ficaria ”em torno de US$ 200”. Se isso se confirmar, complica-se a situação da Intel, cujo Classmate custa aproximadamente o dobro.
De olho em um mercado que pode chegar a milhões de unidade, Intel e Encore tentaram ganhar a simpatia do governo com a promessa de montar no Brasil seus laptops – a OLPC, por sua vez, fará suas unidades em Taiwan. Mas o quesito ”produção nacional” não terá peso na concorrência, afirma Aquino.
A OLPC é uma organização sem fins lucrativos, mas tambêm tem como prioridade vencer a concorrência – a eventual adoção do XO pelo país garantiria produção em escala, redução de custos (a meta de US$ 100 não foi abandonada) e visibilidade internacional para o projeto.
A entidade foi criada por Nicholas Negroponte, uma das estrelas do MIT, em 2005. Em poucos meses, o projeto de um laptop barato, resistente e inovador havia sido abraçada por empresas de tecnologia como AMD, Google e Red Hat.
Intel e Microsoft bombardearam a idéia desde o início – motivos econômicos não faltavam, dada a preferência pelo sistema operacional Linux e o uso dos chips da AMD. Depois de uma guerra verbal, a Intel hasteou recentemente a bandeira branca e até aderiu oficialmente à OLPC, provavelmente após negociar a utilização de algum de seus produtos no XO.
Rede ”mesh”
Desafiando os céticos, os designers e engenheiros da OLPC não só viabilizaram o barateamento radical dos laptops como ainda introduziram características exclusivas, como telas que podem ser lidas ao sol, uma nova interface gráfica e a chamada rede ”mesh”.
Numa rede mesh, cada laptop funciona ao mesmo tempo como receptor e emissor de sinais sem fio – computadores próximos conseguem ”conversar”, mesmo que ambas estejam desconectadas da internet.
Na prática, isso significa que os alunos podem fazer trabalhos em grupo e exibi-los em rede para toda a classe, por exemplo. Além disso, se houver conexão à internet, cada computador funciona como um difusor do sinal, o que amplia o alcance físico da rede.
Revolução didática
Ou seja, no lugar de livros didáticos os estudantes passarão a ter um laptop onde cada máquina é receptora e transmissora do sinal de rede de internet, sem ter a necessidade de um provedor intermediando o acesso a rede.
Com 150 mil máquinas recebendo e transmitindo sinais em diversas regiões do País a malha da rede engordará, pois além dos estudantes, qualquer computador com wireless (rede sem fio) poderá ter acesso a ela, mesmo sem pagar um provedor.
Mas esta é apenas a primeira etapa do projeto, o governo tem como meta chegar a 1 milhão de laptops. Até lá, lado a lado da superação da exclusão digital, estará dado outro desafio: afinal, como se darão as relações didáticas e pedagógicas na sala de aula quando esta terá como principal instrumento pedagógico um computador com acesso a rede?
Para responder esta pergunta estudantes universitários da área de educação se engajaram no projeto da OLPC. A expectativa é que para além da revolução digital, o ”Um Computador por Aluno” também revolucione a educação no Brasil.
Fonte: Da redação com informações da Terra Magazine
Rizzolo: A inclusão digital é uma das formas mais importantes do exercício pleno da cidadania, não há como desenvolver o jovem sem que ele saiba utilizar um computador e ter acesso à internet. Vale a pena salientar a questão do direcionamento pedagógico através da Internet, facilitando as infromações e tornando-as mais democráticas e menos servis à chamada mídia tradicional que geralmente é golpista e conspiradora visando interesses particulares. É claro que aqueles que opostam no fracasso de Lula não veem com bons olhos essas iniciativas, e ficam de uma forma ou de outra tentando esvaziar o tesouro nacional com essas campanhas como o fim da CPMF, calma aos reacionários, não se pode tirar o recurso de uma vez, como diz o Mantega: ” Se o governo tiver que abrir mão desses recursos, vai ter que suspender algum tipo de programa social ou algum tipo de investimento”, afirmou o ministro. De acordo com ele, a cobrança da CPMF gera uma arrecadação de cerca de R$ 37 bilhões por ano, sendo destinados constitucionalmente cerca de R$ 15 bilhões para a saúde, R$ 8 bilhões para o Fundo da Pobreza (que, segundo o ministro, paga parte do Bolsa Família), R$ 8 bilhões para a Previdência e o restante para utilização do governo “, mas é isso que eles não querem , querem retira-la de uma vez para esvaziar o cofre e deixar o povo no desalento sem desenvolvimento social. Que falta de patriotismo, hein !