Minoria quer tomar o Senado no grito

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Sem ter votos, bancada de “Veja” quer usurpar Senado

Querem que o presidente da Casa facilite a tarefa golpista deles renunciando ao cargo

A sessão do Senado de terça-feira teve um tom algo circense – que não foi dado pelos senadores em geral, que permaneceram tão sisudos como sempre, e como é adequado às suas republicanas funções.

Apenas, o senador Agripino, líder, ou coisa parecida, do ex-PFL, após o pronunciamento do presidente da Casa, Renan Calheiros, resolveu comunicar que seu partido irá boicotar as sessões do Senado enquanto seu presidente não se afastar. Seguiu-se o líder do PSDB, Artur Virgílio, mas é justo observar que este não se sentia muito a vontade no papel.

REAÇÃO

A propósito da reação de Renan (v. matéria nesta página), o colega de Agripino, Demóstenes Torres, proferiu a frase que recebeu o prêmio sutileza do ano: “Se grito resolvesse, porco não morria daquele jeito”. O senador Demóstenes gosta muito de metáforas suínas. Até para falar das crianças abandonadas ele citou uma comparação com os porcos. Também já usou como referência uma fábula sobre um porco. Trata-se de um sábio em coisas do mundo suíno.

Mas é inescapável o que ele disse. Renan, em nenhum momento, gritou. Essa é a parte da frase que somente serve para abafar o literal sentido golpista da última parte: o objetivo, segundo revelou Demóstenes, é liquidar Renan como se fosse um porco. Portanto, não interessa o que Renan fale ou prove – e muito menos se está provado ou não que ele seja culpado de alguma coisa. Como se sabe, os porcos não são passados na faca porque são culpados de alguma coisa, nem é necessário provar alguma coisa contra eles para passá-los na faca. Talvez o senador não saiba que passar homens na faca como se fossem porcos é uma das fantasias – as vezes mais que isso – favoritas do fascismo, desde Franco, no seu golpe contra a república espanhola.

Mas a ignorância não muda as coisas: o nome disso é golpe. Por isso, o líder do ex-partido da frente liberal, homem de estilo melífluo, ao contrário de seu truculento colega dos suínos, quer que Renan se afaste, a ponto de chantagear com a sabotagem dos trabalhos do Senado, direito que nenhum parlamentar tem, pois as coisas também não mudam porque se chamou de “obstrução” o que na verdade é um locaute. Se Renan é culpado, por que Agripino precisaria se desgastar tanto? Bastaria esperar as investigações e o julgamento pelo próprio Senado. Seria melhor para ele, líder da oposição. Se houver provas de culpa, sobretudo na correlação de forças atual do Senado, não há dúvida de que Renan seria afastado.

Mas o senador Agripino, candidato a presidente do Senado derrotado por Renan, quer que este se afaste agora, sem nenhuma culpa provada e sem nenhuma condenação. Por quê?

Precisamente, porque não há provas. Se houvesse, seria excelente para a oposição ir até o julgamento de Renan. Mas o que se quer é tomar o Senado de forma ilegítima. Em síntese, é aquilo que se chama “ganhar no berro” ou “tomar no grito”. Não por acaso o sofisticado Demóstenes usou a palavra “grito”, apesar do presidente do Senado não haver gritado. Ele sabe bem que é no grito que se está tentando tomar a Câmara Alta, método usado há longos anos por todos os golpistas, assim como atribuir as próprias ações aos adversários.

Trata-se de tornar o Senado um feudo da reação ao governo Lula, inclusive contra a vontade atual da maioria dos senadores. É sobre isso o chamado “caso Renan”. Essa é a essência da questão. Só não diremos que o resto é perfumaria, porque não é de perfume o odor que exala de tais manobras e intuitos. Mas a questão é essa. Por isso, Agripino, Demóstenes e mais alguns querem que Renan deixe a presidência sem que haja provas ou condenação – e antes de terminar a investigação ou de haver, se houver, julgamento. Todo golpe se apóia na intimidação do adversário. Talvez fosse justo dizer que todo golpe consiste na intimidação do adversário.

Resumindo: como não foi possível executar o golpe diretamente contra Lula, voltaram-se contra Renan. Depois…

Obviamente, não se trata de nenhum plano pessoal do senador Agripino – como demonstrou em sua resposta a Renan, ele odeia coisas “pessoais”, naturalmente porque há tempos não faz outra coisa senão ataques pessoais ao presidente do Senado. Mas ele considera que chamar de ladrão a quem não existe prova de que seja, e, mais ainda, pedir que este se antecipe e puna a si próprio como se ladrão o fosse, não tem nada de “pessoal”.

Porém, talvez haja um motivo mais profundo, além de cinismo ou medo de levar o troco, nessa afirmação do senador. Há algo que não é realmente pessoal. Repetir como papagaio a “Veja” ou a “Globo” não é algo próprio de uma pessoa. Qualquer gravador – ou qualquer papagaio propriamente dito – é capaz de tal façanha. Não estamos dizendo que o senador tenha inteligência comparável a de um gravador. Ou a de um papagaio. Mas que não fica bem exercer essa função, lá isso não fica mesmo.

CALOTE

A suposta denúncia de “Veja” contra Renan, como as anteriores, é uma bobagem. Entretanto, o problema maior é tratar-se de uma bobagem sem provas. Se o que a revista do Bob Civita levanta como “indícios” da participação de Renan em um grupo de comunicação fosse algo incriminador, boa parte dos membros do Congresso Nacional teriam que ser criminalizados e, convenhamos, injustamente. Só mentes do tipo meia-confecção, a la Heloísa Helena, é que podem levar a sério esse tipo de coisa. Aliás, nem ela – seu problema é mais o de não levar-se a sério, o que não deixa de ser coerente para quem não é sério.

É mais do que evidente qual o interesse de “Veja” em relação a Renan. Afinal, existe órgão mais golpista do que este na imprensa? E contra quem? Contra Lula, obviamente. Renan não teria interesse para esses golpistas, se não fosse seu apoio a Lula. Quanto ao senador Agripino, seria bom que tomasse cuidado com esse tipo espúrio de imprensa. Não fomos nós, nem Renan, que divulgamos suas dívidas e o acusamos de calotear o Banco do Nordeste do Brasil. Essa turma, realmente, é muito ingrata.

CARLOS LOPES

Hora do Povo

Rizzolo: Não há dúvida que Agripino, Demóstenes ( especialista em suínos ) e mais alguns querem que Renan deixe a presidência sem que haja provas ou condenação – e antes de terminar a investigação ou de haver, se houver, julgamento. O que eu vejo , na realidade, é um ataque direto golpista em cima de Lula, foi o apoio de Renan a Lula que provocou essa onda de acusações sem o mínimo de embassamento probatório; até porque como diz a matéria, ” Se o que a revista do Bob Civita levanta como “indícios” da participação de Renan em um grupo de comunicação fosse algo incriminador, boa parte dos membros do Congresso Nacional teriam que ser criminalizados e, convenhamos, injustamente “, vamos ser realistas, não enxerga quem não quer, a palavra certa é golpe. É claro que os ” metidos a trotskistas” trabalham a favor do império, não é possível que não de dão conta disso. Pra finalizar o camarada Agripino , fala muito mas uma coisa dá pra perceber que ele não gosta, né . Pagar dívida com Banco, digamos, não tem a vocação para pagar, segundo o artigo; mas pra falar e dar lição de moral, ele é bão ( como se diz no interior ) , o próprio perisdente disse sobreo caso Renan: “todos são inocentes até prova em contrário”

“Todo brasileiro, os 190 milhões, terão meu apoio, porque todos são inocentes até que se prove o contrário”, afirmou o presidente Lula, na quarta-feira, em entrevista realizada na Nicarágua, em defesa do senador Renan Calheiros. Lula disse também que está satisfeito com a atuação do presidente do Senado na condução das votações dos assuntos de maior interesse para o país.

“Recebi ontem o telefonema do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, me contando que o Congresso Nacional tinha votado todas as coisas que tinham importância”, informou. “Eu liguei para o Renan para dar os parabéns e ele me contou que o processo de investigação estava em andamento na Suprema Corte”, disse.

Lula defendeu que este caso tenha um desfecho “o mais breve possível”.

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