Chávez propõe nova Constituição com amplo poder popular

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entregou à Assembléia Nacional (AN) nesta quarta-feira (15) uma proposta de reforma constitucional que prevê a inclusão de Poder Popular como um dos componentes oficiais do Estado.

Para Chávez, a proposta de reforma constitucional é impostergável, pois ”irá gerar impactos tremendos na aceleração do processo de mudança revolucionário nas áreas social, política, econômica e uma maior força democrática”.

”Esta humilde proposta está incrustando na alma da Constituição o Poder Constituinte e o Poder Popular, pois todos os demais poderes devem estar sujeitos à vontade do poder popular”, disse o presidente.

A proposta para o artigo 136 assinala: ”O poder público se distribui territorialmente da seguinte forma: O Poder Popular, o Poder Municipal, o Poder Estatal e o Poder Nacional”.

Chávez disse ainda que as funções que irão ser exercidas pelo Poder Público serão organizadas no Legislativo, Executivo, Judicial, Cidadão e Eleitoral. ”O povo é o depositário da soberania e a exerce diretamente através do poder popular, e este não nasce do sufrágio nem de eleição alguma, mas sim da condição dos grupos humanos organizados como base da população”.

Mudanças em 33 artigos

O projeto apresentado por Chávez prevê mudanças em 33 artigos da atual Constituição do país, vigente desde 1999. O texto deverá ser submetido a três debates legislativos e depois ser submetido a um referendo.

A presidente da Assembléia, Cilia Flores, afirmou antes do ato que o projeto pode ser submetido à votação nas urnas no final deste ano, ou no começo de 2008. ”Desde hoje o debate da reforma bolivariana deve tomar as ruas, agora sim com rumo ao socialismo, a uma democracia profunda e plena”, disse Chávez.

Entre essas mudanças, a que provoca maior celeuma na oposição é a possibilidade de a reeleição no país tornar-se ilimitada. Além disso, o projeto prevê a ampliação de seis para sete anos do mandato presidencial.

”Se alguém vai dizer que é um projeto para me perpetuar no poder, digo que não. É apenas uma possibilidade que depende de muitas variáveis, da vontade de qualquer um de nós, da capacidade dos fatores políticos e do mais importante, a decisão do povo soberano”, afirmou, adiantando-se a possíveis críticas dos setores conservadores do país.

Entre as propostas da área econômica, destacam-se a eliminação da autonomia do Banco Central da Venezuela, a idéia de que o presidente seja o administrador das reservas internacionais do país e de reservar ao Estado a exploração e exportação de hidrocarbonetos gasosos.

O projeto também propõe a redução da jornada de trabalho de oito para seis horas e a ocupação por parte do Estado de bens expropriados – em caso de declaração de utilidade pública – antes de uma resolução judicial pertinente.

Chávez incentiva novos tipos de propriedade social, mas garantiu que respeitará a propriedade privada. ”Senhores empresários, setor privado: vocês não estão excluídos, precisamos de uma aliança. Vamos, juntos faremos um grande país que já começa a ser a Venezuela”, disse.

Forças Armadas

O presidente propõe também que as Forças Armadas da Venezuela passem a se chamar ”Força Armada Bolivariana”. ”Isso deve ser motivo de orgulho para a nação e principalmente para todos os soldados venezuelanos. O uso do termo ‘bolivariano’ tem um peso histórico, moral, político e social infinito, incomensurável”, defendeu.
Além disso, Chávez propôs a criação de instrumentos que permitam ao presidente decretar regiões militares especiais com fins estratégicos e defesa em qualquer parte do território. Ele deu ênfase à zona costeira do país banhada pelo mar do Caribe, onde o país tem ilhas.

”A Venezuela poderia perfeitamente decretar uma região especial em um local bem escolhido e fazer uma plataforma ou ilha artificial em um ou vários pontos deste território. Encomendo à Marinha o adiantamento dos estudos, porque já conto com a aprovação disso”, afirmou.

Da redação, com informações do Aporrea.org e da Agência Bolivariana de Notícias

Rizzolo: Ao analisarmos as questões referentes à visão neoliberal e conservadora sobre a democracia deparamos com uma lacuna onde os rompimentos da lógica democrática já estavam previstos pelos estudiosos da doutrina do Consenso de Washington, o próprio Williamson um dos pais do Consenso dizia ” que a partir do momento em que a Economia não mais estivesse apartada da política teríamos problemas com a democracia “. A idéia básica é separar os temas para que o neoliberalismo mesmo que perdesse continuasse a implementar suas políticas, como ocorreu no Brasil;o que Williamson não previa é que a derrocada da democracia não iria , como pensava , guinar para o autoritarismo, mas sim para a democracia participativa, popular e ampliada. A democracia restrita, das elites vem sendo golpeada pela participação popular que é na verdade o melhor antídoto para frear o avanço neoliberal já certificado e constatado pelos estudiosos , o que esta ocorrendo na América Latina é exatamente isso, a essência da democracia popular, não das elites, é a proposição e na elaboração de suas novas Constituições a Venezuela no momento está envolvida em disputa quanto à amplitude da democracia e da participação cidadã.

Os defensores da democracia restrita , esses não aceitam a essência da democracia, mas defendem uma democracia em que as elites, com seus meios de comunicação manipulem a intenção popular, acreditam que os movimentos populares legítimos, não são capazes e que ao mesmo tempo desafiam a ordem natural conservadora onde ” os governantes devem vir da elite, pois é da elite que surgem homens bons que sabem o que é bom para os pobres “.

As forças sociais legítimas e populares não se pautam pela lógica do mercado. Ela ao buscarem os interesses da maioria “ tem um claro interesse num Estado forte ” por que é nele que se socorrem em primeira instância “. Fica patente e quase impossível para um democrata discordar da essência dessa democracia exercida e legítima do povo Venezuelano. Quanto ao mandato renovável isso existe na França, é não vejo problema se democraticamente o povo determinar a renovação do mandato. Por que não ? Vc não é democrata ? Ou um democrata restrito ?
( risos..)

Bancos brasileiros são mais rentáveis que os dos EUA

Itaú, Bradesco, Unibanco e Banco do Brasil são mais rentáveis que os maiores bancos dos Estados Unidos. Em um cálculo realizado pela consultoria Economática, esses quatro bancos ocupam os primeiros lugares em um ranking de rentabilidade que compara bancos dos EUA e do Brasil.

O cálculo, realizado pelo economista Einar Rivero, mostra que a rentabilidade desses quatro bancos brasileiros no primeiro semestre de 2007 é quase o dobro dos norte-americanos no mesmo período. Enquanto os brasileiros tiveram, entre janeiro e junho, uma rentabilidade mediana de 14,55%, os americanos ficaram com 7,36%.

“O ranking mostra onde esses bancos brasileiros estariam se estivessem no mercado americano”, diz Rivero. “Comparamos bancos do mesmo porte. Bancos menores têm, às vezes, rentabilidade maior, mas não podem ser comparadas à rentabilidade dos bancos grandes. São estruturas diferentes”, explica.

Einar Rivero adverte que não se pode confundir rentabilidade com lucro. Para calcular o lucro, seria preciso saber quais os gastos totais de cada um dos bancos, o que não foi feito.

A Economática faz, também, esporadicamente, comparações entre outros países, mas Rivero diz não ser possível dizer com segurança se os bancos brasileiros têm rentabilidade muito superior em relação ao mercado latino-americano.

“De 2003 para cá os bancos brasileiros têm tido melhor rentabilidade. Tenho como referência os EUA, embora se for olhar os bancos venezuelanos, a rentabilidade lá é ainda superior à dos nossos bancos”, afirma.

Veja, abaixo, a tabela de rentabilidade feita pela Economática:

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Rizzolo: E com esses resultados os bancos ainda são refratários nas reivindicações dos bancários, os bancos com os resultados acima descritos, tem um dever moral de atender os anseios dos trabalhadores, ou será que o lucro, os resultados, não fazem os donos do capital pelo menos ” disfarsarem ” e atenderem as reivindicações. Com todos esses lucros ainda estão contra a classe trabalhadora ? Vergonha hein ! Agora está na hora de para de utilizar o Código Civil para coibir questões trabalhistas, o dispositivo obtido pelos bancos é o interdito proibitório, um mecanismo do Código Civil sem nenhuma relação com a Justiça do Trabalho. O mecanismo é usado para a retomada de áreas invadidas; acho que falta é bom senso a fome de lucro não tem limite. Agora. esses resultados expressam o cassino Brasil, onde a aplicação financeira é mais interessante do que aplicação na produção. Uma vergonha num país pobre onde grande parte da população vive na miséria, e necessita gerar 4 milhões de empregos por ano. E ainda são a favor da emenda 3 ! Está pensando o que ? Acha que eles estão satisfeitos com os lucros e que vão ficar bonzinhos ? Hum ! Tá bom…

Crise é crônica de um estouro anunciado

Há certo tempo, economistas de diferentes ”patentes” e concepções sustentavam o prognóstico de que mais cedo ou mais tarde haveria um estouro da ‘bolha” do crédito imobiliário dos Estados Unidos da América.

E na semana passada o que era prognóstico se tornou realidade.

O ramo do crédito imobiliário nos Estados Unidos movimenta alguns trilhões de dólares. Desse estoque cerca de 1,3 trilhão recebema alcunha de ”suprime”, de ”segunda linha”. Em português claro: empréstimos concedidos a quem tem cadastros insolventes, portanto, com razoável possibilidade de resultar em ”cano”.

Na era da exacerbação financeira em que quase tudo vira papel negociável nas Bolsas, tais empréstimos de segunda linha são transformados em ativos que resultam em boas somas em forma de juros para investidores de várias praças.

O estouro primeiramente manifestou-se em muitas empresas dos Estados Unidos e, na semana passada, atravessou o Atlântico e pipocou na França. O Banco BNP Paribas, congelou os saques de fundos de investimentos que haviam negativamente se contaminado com operações hipotecárias norte-americanas.

O alvoroço é geral. As Bolsas do ocidente viram a seta para baixo e a economia mundial vive semanas nas quais a instabilidade se eleva. Para aumentar adrenalina, acontece a divulgação do aumento da inflação na China e economistas passam a especular com a queda ritmo do crescimento desse gigante asiático em dueto com queda do consumo dos Estados Unidos. Emergem, então, hipóteses de que o razoável crescimento do PIB mundial que ocorre há cinco anos poderia estar chegando ao fim.

Algumas reflexões, entre tantas, surgem dessa nova turbulência advinda da realidade do capitalismo contemporâneo.

Dos Estados Unidos da América emanam não apenas guerra e ameaças contra os povos, mas também instabilidade e ônus sobre o conjunto das economias do mundo. Os créditos podres de seu mercado imobiliário são apenas uma pequena mostra dos problemas crônicos da economia que representa 25% do PIB do mundo.

A instabilidade mundial provocada por essa quebra de um setor do mercado financeiro estadunidens põe em relevo a partir de um exemplo duro e cru, a necessidade das economias nacionais e regionais terem mecanismos de proteção, entre eles, o controle da entrada e saída de capitais.

Chama atenção na contemporaneidade capitalista, na era da desregulamentação, no aparente império cego e anárquico das Bolsas e do mercado, o papel relevante dos bancos centrais das potências capitalistas para ”administrar” as crises na tentativa de diminuir a dimensão, o alcance e rombos que é da natureza delas provocar. Até o dia 14 último, bancos centrais dos Estados Unidos, da União Européia e do Japão, já haviam injetado cerca de US$ 355 bilhões em recursos com o intento de garantir a oferta de crédito de seus sistemas bancários.

Também nesse episódio desnuda-se a subserviência da grande mídia local aos Estados Unidos. O sistema bancário daquele país promove uma ”farra” com volumes gigantescos de créditos, contamina com essa irresponsabilidade a economia mundial e o máximo que se houve dos implacáveis analistas brasileiros bitolados pelo status quo é que ”descuidos” como esse não podem ser repetir.

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Rizzolo: A observação no artigo de que os EUA além de ter a capacidade de emanar guerras e conspirações a governos de outros países, também na esfera monetária , pelo anarquismo econônomico, traz problemas para outras economias, cujos Bancos Centrais devem estrutura financeira suficiente para poder sofrer os abalos causados pelo império, é uma realidade.

Contudo , uma observação interessante é que não se ouve na mídia brasileira nenhum economista fazer uma análise crítica dos exageros americanos, das sua inconsequências na economia , como se tudo que viesse da economia de mercado fosse sagrado, sem condições de se precaver, fatalidade. Ora, deve existir numa economia anarquica capitalista mecanismos reguladores, e cabe uma crítica sim dos nossos economistas, analistas; mas ninguem fala nada, encaram como fatalidade, agora, dizer simplesmente que ”descuidos” como esse não podem ser repetir, é no mínimo ser inconsequente. Agora existe um lado positivo na turbulência recente. A moeda brasileira voltou a se depreciar, depois de um longo período de apreciação excessiva. Precisou que o mundo financeiro viesse abaixo, para que o dólar reagisse um pouco aqui no Brasil.

Salão Aeroespacial MAKS-2007:Mig apresenta caça experimental Mig29M OVT

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A empresa aeronáutica russa MIG apresentará no Salão Aeroespacial MAKS-2007 os caças embarcados MIG-29K E MIG-29KUB (VIDEO) modelos monoplaza e biplaza, que produz em série para as Forças Armadas da Índia, segundo informa Ria-Novosti , citado uma nota de imprensa da empresa.

Ambos aviões se destacam por sua perfeita capacidade combativa, alta fidelidade e melhores características da exploração.

O programa de MAKS-2007 a ser realizado desde o dia 21 até 26 de agosto em aeroporto da cidade de Zhukovski ,em arredores de Moscou , inclui também exercícios de acrobacia aérea do Mig29M OVT, um caça experimental supermanobrável.

A principal característica do MiG-29M OVT é a ultra-manobrabilidade, permitindo vôos sem restrição de ângulo de ataque e de velocidade em vôo. Os motores Klimov RD-33 com OVT são integrados aos computadores do sistema “fly-by-wire” que operam as superfícies aerodinâmicas sem intervenção do piloto. O bocal dos motores pode ser dirigido para qualquer lado segundo a instrução dos computadores.

O novo motor RD-33 com OVT está sendo, neste momento, estudado para emprego tanto nos MiG-29M quanto nos MiG-29M2. O que adicionaria notáveis progressos nas áreas de combate aéreo, aumentaria a segurança do piloto nas bordas do envelope de vôo, submeteria o piloto a menor força G, liberando-o para prestar mais atenção nas tarefas de combate.

A nova capacidade não somente aumenta a efetividade militar do avião como também aumenta a competitividade dele no mercado global de aeronaves de combate. Atualmente na sua classe de peso apenas o MiG-29 OVT oferece a opção de empuxo vetorado, que no fim das contas, ainda colabora para reduzir a vulnerabilidade do caça aos mísseis inimigos.

A Força Aérea russa tem também a intenção de apresentar no Salão o sistema de mísseis antiaéreos S-300 e, possivelmente, o moderno sistema S-400- Trumf, que recentemente entrou em funcionamento à defesa de Moscou.

Serão demonstrados as capacidades de modelos de aviões e helicópteros russos modernos , entre eles, Tu-160, Tu-95MS, Yak-130, Su-34, Mi-28 y Ka-50.

Veja também um demonstração do MAKS combat, (VIDEO) tecnolgia bélica russa.

Por Lyuba Lulko

PRAVDA.RU

Rizzolo: O Mig 29M OVT tem a possibilidade de executar vôos em baixa altitude, e velocidade sem limitação de angulo de ataque. Isso é possível através das confiáveis turbinas vetoriais ( RD-33OVT desenvolvidas pela Klimov ) possue também um controle remoto eletrônico. O vetor confiável computadorizado, permite que o piloto faça manobras com velocidades com grande angulares e fortes desaceleração, tendo a possibilidade de assumir qualquer angulo de posição para um ataque surpresa.

Com o “Three-dimensional thrust vectoring ” fará com que o MIG-29M tenha um controle maior e preciso independente do angulo do ataque. Muito bem, essa é a indústria bélica russa, demais informações deixo para os especialistas militares do nosso Brasil. Veja o Video acima.

A prestigiosa empresa brasileira Embraer traz novos modelos das naves destinadas aos vôos de curta e media distância produzidos para empresários , disse Alexander Velovich, chefe do serviço de imprensa do Salão à Pravda.

A procura por essas máquinas cresce entre os empresários russos, sendo assim possivel o fechamento de contratos diretamente no campo de vôo Embraer ocupa a quarta posição entre os maiores fabricantes de aviões do mundo e lidera na categoria de naves de curta e média capacidade ( até 100 passageiros).A Força aérea chilena a organizadora do Salão FIDAE em Santiago de Chile participa como parceiro no salão russo.Possivelmente haverá ainda a participação da delegação cubana. Recentemente Cuban de Aviacion adquiriu três aviões de cargas russos “Tu-204” para os vôos de media distancia. Anteriormente ela comprou três aviões de cargas e passageiros IL-96-300 para renovar seu parque aéreo.

A novidade na MAKS 2007 será o sistema antiaéreo russo S-400 “Triumf”. Segundo avaliações dos especialistas agora ele não possui análogos no mundo. Ele é destinado para interceptar todos os tipos de engenhos voadores e mísseis cruzeiros. O S-400 poderá se tornar o elemento-chave na defesa do espaço aéreo de qualquer país.Pela primeira vez a Rússia exibirá também o míssil supersónico “Meteorit” , até hoje uma arma secreta, os novos helicópteros de resgate Mi-171CH e o moderno caça SU-25UBM.

O míssil “Meteorit”, criado numa empresa da cidade de Reutov em arredores de Moscou, sem análogos mundiais, se distingue das outras versões por estar dotado de dispositivos técnicos únicos. Uma das novidades tecnológicas tem que ver com o despego do míssil cruzeiro desde um contentor cilíndrico com abertura automática de asa em vôo .

Possui um conjunto de asas colocadas em disposição triangular com uma envergadura de cinco metros e pode ser disparado desde unidades navais , terrestres e aéreas. “Meteorit” foi fabricado para entrar em disposição combativa na década dos anos 80 .

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Charge de Frank para o jornal A Notícia

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Líder cubano ensina como ”ler a linguagem do inimigo”

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”É útil estudar o que o adversário faz e diz agora mesmo”. A advertência é de uma notável intervenção de Ricardo Alarcón, presidente da Assembléia do Poder Popular de Cuba, no painel A democracia e o socialismo do século 21, dia 1º de agosto, em Caracas. Veja a íntegra, que vem de ser reproduzida no sítio cubano Cuba Debate (cujo lema é ”Contra o terrorismo midiático”).

Alla Glinchikova, do Instituto de Estudos sobre a Globalização e os Movimentos Sociais, da Rússia, referia-se neste fórum à utilização da linguagem do inimigo. Há que conhecer essa linguagem, e também as ideias do inimigo.

É preciso ler Margaret Thatcher

Concordo em que não haverá no século 21 um só socialismo e sim vários socialismos, que partem das experiências anteriores e que sem dúvida devemos estudar a fundo. Mas não basta que nós os de esquerda, os socialistas, os revolucionários e os que assim pensam aprofundem e meditem só entre si. Para entender o que ocorreu na União Soviética é preciso ler, por exemplo, as memórias de Margaret Thatcher – The Path to Power e The Downing Street Years –, que vejo raramente citadas nos círculos da esquerda e que falam directamente na linguagem do inimigo.

A senhora Thatcher explica como foi decisiva a estratégia acertada entre ela e [Ronald] Reagan, que provocou uma viragem na Guerra Fria e a corrida armamentista com a chamada Guerra das Estrelas. Provocaram uma ferida mortal na URSS. Obrigaram a sociedade soviética, que queria ser socialista, a investir desenfreadamente na defesa. Que outra coisa podia fazer a URSS, se aquilo que a acometia era nada menos que uma guerra a partir do espaço?

Conseguiram identificar as lacunas que teria a sociedade e descobriram que tinham de obrigar os soviéticos a desperdiçar recursos e inteligência em objetivos que não eram socialistas. A senhora Tatcher diz que a guerra das estrelas a princípio pareceu-lhe uma loucura, mas depois compreendeu que este era um objetivo principal a fim de por fim ao socialismo soviético e à Guerra Fria. E assim foi.

O que quero dizer com isto? Que não só é útil olharmos para nós mesmo, a partir de nós mesmos, como também estudar o que o adversário faz e diz agora mesmo. Isto traz outro problema e em certas ocasiões um enorme desafio para todos nós: por vezes é preciso esperar décadas para conhecer textos-chave onde se pormenoriza o que fez o inimigo, assim como o que deve estar fazendo agora mesmo.

As previsões da CIA para 2015

Quando analisamos o mundo hoje, gosto muito de recorrer a um documento em inglês elaborado pela Agência Central de Inteligência (CIA): por muito poder de imaginação que tenham os revolucionários, é bom ver como a CIA vê o mundo e o futuro. Numa análise que a Agência tornou pública, intitulada Tendências globais para 2010 (Global Trends 2010), que no ano 2000 atualizaram até 2015 (Global Trends 2015) , projetaram quatro cenários da possível evolução do mundo, tendo em conta todos os fatores: econômico, político, tecnológico…

Estes quatro cenários do capitalismo neoliberal globalizado, com diferentes possibilidades de desenvolvimento, chegam a um mesmo ponto: a influência dos Estados Unidos da América continuará a declinar. No entender dos analistas da CIA, que levaram em conta informações de fontes científicas planetárias muito diversas, antes dos famosos atentados do 11 de Setembro de 2001, o mundo já vivia no declínio do poderio norte-americano e previam para o futuro diferentes cenários, todos com essa característica comum.

Estou certo de que esse relatório foi lido pelos conservadores norte-americanos, os mesmos que elaboraram a política de uma administração que por vezes é julgada com certa rudeza – como irresponsável, aventureira, etc. Não é isso; eles estão cumprindo uma missão: tentar deter esse declínio que eles sabem inevitável e reverter – digamos, à moda antiga – ”a marcha da História”.

Autocrítica do fim da história

Retornemos ao idioma do inimigo e citemos pessoas que não são da nossa própria filiação ideológica. Quero mencionar Francis Fukuyama, possivelmente o homem mais citado na última década do século passado. Todo mundo fala dele. Nem todo o mundo leu o seu livro mais famoso, mas todos conhecem a sua tese fundamental.

Quantos leram os seus estudos posteriores ao seu célebre O fim da História?
Fukuyama publicou este ensaio em 1992, mas não teve que esperar muito tempo para fazer uma séria autocrítica e uma crítica ao pensamento neoconservador, ao assinalar que o mundo não podia ser governado. Bastaram dez anos a esse burocrata norte-americano para reconhecer o erro e gravidade dessa política, para admitir que, apesar de haver emergido vitoriosa e como única superpotência, os Estados Unidos não podem reinar, como ele próprio acreditava nos inícios dos anos 90.

Outro investigador que não costuma ser mencionado nos círculos da esquerda é o senhor Jospeh Schumpeter, auto-norte-americano que em 1942 publicou um livro – Capitalism, Socialism and Democracy – onde formulou uma teoria que lhe acarretou muitíssimos cascudos dos seus colegas acadêmicos. Ainda não lhe perdoam sua declaração desconcertante: ”Uma forma de socialismo surgirá inevitavelmente da também inevitável decomposição do capitalismo”.

A única discordância que tenho com o famoso prognóstico de Schumpeter é sobre a quantidade das formas de socialismo que surgirão. Inclino-me antes a pensar que não surgirá uma e sim umas quantas formas de socialismo.

Ele imaginou a situação atual: a vitória final do capitalismo em escala global e que, quando chegasse essa fase, inevitavelmente iria se manifestar sua decomposição e inevitavelmente se expressaria uma forma de socialismo. Uma das grandes ironias do século 20 é que a confrontação Leste-Oeste, a grande batalha que significou a Guerra Fria – que nunca chegou a desencadear-se mas que pôs o mundo em constante inquietação –, foi ganha pelo imperialismo norte-americano; e contudo, ao ganhá-la começou a percorrer a sua fase de derrota.

Na América Latina, por razões que foram aqui mencionadas, vivemos uma etapa que nos permite não só avançar com formas independentes do socialismo como ser um ponto de referência para outros que também começam a dar-se conta de que não foi tão real a vitória do capitalismo, nem a história se deteve tão abrutamente como disse Fukuyama.

Revolução socialista, mas à cubana

Se aprofundarmos a nossa história, vamos verificar que na nossa região contamos precisamente com as expressões mais autênticas do socialismo, com uma visão criadora, anti-dogmática, inclusive nos dias iniciais desse modelo na Europa. Impressionou-me muitíssimo a leitura do artigo dedicado a Lênin, após a morte deste, por Julio Antonio Mella – principal dirigente e fundador do Partido marxista-leninista de Cuba.

Mella publicou-o em Fevereiro de 1924 num jornal do Partido Comunista de Cuba e intitulou-o Lênin coroado. Ninguém no nosso país, naquele momento, prestou tamanho tributo nem tantas homenagens a Lênin como Mella. Ele falava de uma figura que indubitavelmente respeitou e a quem quis muitíssimo. Mas advertiu que não aspirava reproduzir em Cuba a experiência bolchevique, que não queria comunistas que seguissem a linha de outro partido, que o que seu partido se propunha era contar com seres humanos pensantes, que não fossem dirigidos, nem domesticados, nem disciplinados por outros, e sim que estivéssemos ”sempre a pensar com a nossa cabeça”, ”seres pensantes, não seres conduzidos. Pessoas, não bestas”. Este rapaz – ainda não havia completado 21 anos – disse que Cuba queria uma revolução socialista, mas à cubana.

Além desta figura, há que recordar o paradigma dos revolucionários latino-americanos, José Carlos Mariátegui [fundador do Partido Comunista do Peru], que também exprimiu algo semelhante há décadas: que o socialismo na América não será um decalque nem cópia e sim criação heróica. Se é criação, não pode ser um só, tem que ser diverso, deve fundar com heroísmo um socialismo aqui e outro acolá. É o que estamos vivendo, como afirmou o presidente Rafael Correa: ”não uma época de mudança e sim uma mudança de época”, que tem a ver com esta fase declinante do imperialismo norte-americano.

Uma teoria para a fase atual do capitalismo

Faz-nos falta uma teoria para a fase atual do capitalismo globalizado neoliberal, que tenta deter sua queda e reimpor-se sobre o mundo.

Por que os Estados Unidos gastam hoje muito mais em recursos militares do que todos os países da Terra juntos, mais do que quando havia Guerra Fria? Por que essa incessante produção de novos e novos instrumentos de morte de guerra? Para atacar a União Soviética? Para atacar o Eixo do Mal? Claro que não.

Por um lado, é o reflexo de uma economia enferma numa sociedade enferma – Margaret Thatcher sabia que aquele armamentismo irracional precipitaria a destruição da URSS, enquanto nos Estados Unidos e a Grã Bretanha significava mais lucros para os monopólios e a indústria armamentista. E, por outro lado, caso se produzam estas ofensivas tão violentas que copiam o fascismo e reproduzem os mecanismos da época da Guerra Fria, é porque eles estão na defensiva, cercados diante do avanço dos povos.

Sem dúvida faz-nos falta uma teoria para a fase do capitalismo neoliberal que tenta deter a sua queda. Vivemos num mundo que nos oferece muitas possibilidades, mas que também tem grandes riscos, ilustrado com infinitas evidências no atual regime norte-americano. Não sei o que vai se passar nas próximas eleições, mas o que não tenho a menor dúvida é que o senhor que hoje está na Casa Branca não chegou ali por acaso. É o resultado da ação dos grupos de poder que existem nos Estados Unidos, cuja mentalidade deveria causar pelo menos ansiedade e grande preocupação a todo o ser humano minimamente responsável.

Onde está Luis Posada Carriles?

A América Latina é testemunha de como, para impedir a queda, eles são capazes de recorrer a qualquer coisa. Eu cometeria uma falta imperdoável se não mencionasse porque digo isto. Aos jornalistas que me fazem as perguntas de sempre – como está Fidel?, quando volta ao poder?, etc – respondo: onde está Luís Posada Carriles? É o que deveriam perguntar; e, a propósito, denunciar que há mais de dois anos a República Bolivariana da Venezuela solicitou a extradição deste homem, para que prossiga o julgamento que aqui se fazia.

Perante as duas possibilidades que tem – extraditá-lo para a Venezuela ou julgá-lo imediatamente nos Estados Unidos, como obrigam os acordos internacionais – Bush descobriu uma fórmula melhor: ignorar o assunto, não fazer caso.

Algum dia pode ser que conheçamos alguns documentos escritos na língua do inimigo onde estes senhores expliquem como foi que se conluiaram na obscuridade para salvar Posada Carriles.

Que significa isso na prática? Simplesmente dizer a Cuba, à Venezuela e aos demais povos desta região que o que torturou, o que assassinou, o que mandou matar tanta gente inocente, vai continuar a contar com o favor dos Estados Unidos. E ao mesmo tempo apresenta-nos a outra face da moeda: a situação dos Cinco Cubanos, com quadro prisões perpétuas e 75 anos de prisão, por descobrir os planos dos Posadas Carriles que eles protegem para que se dediquem a exercer o terrorismo contra os nossos países.

The New York Times publicou na semana passada as declarações do Departamento de Justiça acerca de Leandro Aragocillo, um norte-americano de origem filipina condenado por espionagem. Apreenderam com ele nada mais nada menos que 733 documentos secretos da Casa Branca, do Pentágono, do Departamento da Defesa e de outros. Condenaram-no a dez anos de prisão. Tenho compatriotas meus condenados a quatro prisões perpétuas sem que lhes houvessem encontrado nem um pedacinho de papel comprometedor. Condenaram-os sem apresentar provas, e além disso depois de o tribunal ouvir os depoimentos das testemunhas que ali compareceram, e disseram não haver ali espionagem alguma. A moral: prisão perpétua se tu vais vigiar Posada Carriles, dez anos de prisão se tu realmente praticas a espionagem, inclusive na Casa Branca.

O Departamento da Justiça acrescentou uma frasezinha que me emocionou, francamente: dez anos é a pena máxima; se tiver bom comportamento na prisão, o filipino pode sair muito antes.

Nossos cinco companheiros são professores nas suas prisões: ensinam inglês, matemática, espanhol. Trabalham nos escritórios dessas prisões com uma disciplina exemplar. Jamais foram criticados por mau comportamento. Mas estarão encerrados por quatro vidas e 75 anos só por combater o terrorismo.

Qual é a mensagem para os nossos povos? Foi implantado nos Estados Unidos um regime que é capaz de Não são absolutos, mas têm força suficiente para destruir a Terra e a todos nós. Por isso, num momento de auge das aspirações revolucionárias, particularmente na América Latina, num momento de grandes possibilidades e também de enormes desafios, necessitamos muito pensamento, muita reflexão e sobretudo muita união.

O original encontra-se em Cuba Debate (http://www.cubadebate.cu); a partir da tradução de Resistir; intertítulos do Vermelho
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Rizzolo: A reflexão de Alarcon nos leva a pensar nos vários tipos de socialismos que poderão surgir, digo vários porque de toda a análise do contexto do capitalismo, podemos inferir que o mesmo ” modus operandi” que se processou na URSS com a ameaça programada pelos EUA tendo como protagonista a Guerra nas Estrelas, poderá agora os EUA ao se ver acuado pelo declínio econômico do neoliberalismo, aumentar, como já vem aumentando, seu poderio bélico; como bem coloca Alarcon, Quais seriam os motivos dos super gastos na indústria bélica americana ? Já seria saber de antemão a sua incapacidade de promover ideologicamente sua influência no mundo ? Observe que na Ásia não predominou o Consenso de Washington, e houve desenvolvimento. Já existirá uma corrida armamentista interna nos EUA ? Hoje em algumas partes do mundo, como por exemplo na América Latina, a democracia passa a ser participativa, os meios de influência como os de comunicação já não estão tão apurados, como a mídia que é dominada pelos neoliberais e conservadores, já existe sim, uma contestação e uma filtragem pela população pobre do que é fabricado ou real.

Com efeito, essas novas percepções agravam a estratégia americana no contexto de domínio mundial, a linguagem do inimigo passa por uma linguagem subliminar , que por vezes difícil de interpretá-la, aprendemos muito com Tatcher e Reagan e talvez Bush esteja já nos passando uma lição que a percepção da esquerda ainda não conseguiu decifrá-la.