Eros Grau critica paparazzo do Globo: ”Nunca vi isso antes”

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A matéria de capa do jornal O Globo desta quinta-feira, ” Ministros do STF combinam e antecipam voto por e-mail “, gerou protestos de ministros e o Supremo chegou a cogitar a proibição de fotógrafos nas sessões de julgamento do ”Mensalão”. O ministro Eros Grau declarou-se surprrendido e mostrou irritação. ”Nunca vi isso antes nesse Tribunal. Nem a imprensa entrar e interceptar correspondência nem esse tipo de diálogo”, afirmou Grau ao chegar ao prédio do STF.

O ministro Ayres Britto também considerou ”uma demasia” a bisbilhotice do Globo. ”Eu ainda não li. Algumas pessoas telefonaram me dando conta do conteúdo da reportagem, porém achei uma demasia. De acordo com Ayres Britto, jornais bisbilhotam, ”invadem a privacidade da gente, mas isso não me afeta em nada”.

Num ”furo” de sentido ético duvidoso, O Globo confessa que ”a conversa (…) foi captada pelas lentes dos fotógrafos que acompanhavam o julgamento”. Na quarta-feira (22), o fotógrafo Roberto Stuckert Filho registrou imagens. Ampliadas, as fotos do paparazzo permitiram a leitura das telas dos computadores dos ministros Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que trocavam idéias pela intranet do Supremo durante o julgamento.

Fotógrafos agora estão confinados

Em um primeiro momento, a Secretaria de Comunicação Social do STF chegou a divulgar no site do Supremo a proibição da entrada de fotógrafos nas sessões desta quinta e sexta-feira. Pouco antes do início do segundo dia de julgamento, a proibição foi retirada. Mas os fotógrafos ficaram confinados num espaço cercado, na tentativa de evitar novas intromissões.

O noticiário do site www.stf.gov.br, que acompanha passo a passo o julgamento, não tratou do episódio. Lewandowski não entrou na intranet na sessão de hoje. O ministro relator, Joaquim Barbosa, deixou a tela do computador abaixada para se proteger da indiscrição dos fotógrafos.

A grande imprensa já julgou

O Globo afirma que Lewandowski e Carmen Lúcia trocaram mensagens ”durante horas”, ao longo do julgamento. A reportagem transcreve trechos dos e-mails, que conteriam opiniões sobre seus votos e comentários sobre a repercussão do julgamento na sucessão do ministro Sepúlveda Pertence, que se aposentou na semana passada.

Em entrevista à Agência Brasil, Ayres Britto disse que trocar mensagens eletrônicas durante a sessão faz ”parte de uma rotina dos ministros”. Esclareceu que ”trocamos impressões” mas ”não adiantamos voto nenhum”. ”Às vezes, a sessão é muito demorada, muito tensa e nós trocamos algumas impressões, mas ninguém adianta voto para ninguém. Quando um juiz decide, ele decide solitariamente, sentadinho no tribunal da sua própria consciência”, afirmou.

Tanto O Globo como toda a grande imprensa abrem espaço para uma minuciosa cobertura do julgamento dos 40 indiciados no processo do ”Mensalão” – termo cunhado por um dos réus, o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Os editoriais já fizeram seu julgamento: os 40 são culpados, sem apelação. A matéria do jornal das Organizações Globo dá mais um passo nesse sistema de pressão e põe à prova a independência do Supremo.

Da redação, com agências

Site do PC do B

Rizzolo: A pressão política para que a peça exordial ( denúncia ) seja recebida pelo STJ, e seja dado o inicio da Ação Penal é uma coisa impressionante. A determinação da elite, da mídia comprometida com interesses internacionais, quer de qualquer forma transformar no que é técnico, no que é processual, em análise política, e julgamento político, e olha, a pressão é tanta, que não sei não, a peça pode ser recebida, para que o circo comece, e os culpados comecem a exercer o contraditório, ou direito de defesa, contando a Procuradoria Geral da República com “ Assistentes de Acusação Midiáticos “. É claro que o ministro Eros Grau declarou-se surprrendido e mostrou irritação. ”Nunca vi isso antes nesse Tribunal. Nem a imprensa entrar e interceptar correspondência nem esse tipo de diálogo”, em outras palavras , nunca a imprensa foi tão atrevida e tão sedenda de vingança, desta feita utilizado o Judiciário como instrumento.

Acho essa atitude, uma intromissão descabida, uma verdadeira ditadura midiática, e uma prova que a democracia no Brasil, sempre passa pela família Marinho e outras, até no Judiciário a bisbilhotice, a título de “furo jornalístico” ocorre. É a mídia pedindo o “clamor público” na condenação antecipada. É, um dia temos que rever essas concessões, essas famílias, esses ducados mandando no Brasil e agora querendo se impor ao Judiciário, denota uma falta de respeito, e uma falta de segurança jurídica que não tem tamanho. O próprio Presidente da OAB Federal criticou a utilização de grampos ambientais em escritórios de advocacia, violando a lei do sigilo profissional. “Não será surpresa se, em breve, começarem a colocar grampos nos confessionários católicos para violar o segredo religioso da confissão”, diz o presidente da OAB. E conclui: “Não podemos cair num Estado de bisbilhotagem, cujo desdobramento inevitável é o Estado Policial, ambos incompatíveis não apenas com o Estado democrático de Direito, mas com os próprios fundamentos da civilização”, dou plena razão a ele.

Com música, cor e luta, Marcha das Margaridas pára Brasília

”Vamos voltar para o Parque da Cidade esperar o Presidente Lula para passar o nosso recado para ele”. Com o chamamento os organizadores da Marcha das Margaridas encerraram a manifestação que reuniu, nesta quarta-feira (22), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, cerca de 50 mil trabalhadoras rurais vindas de todo o País.

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Trabalhadoras rurais demonstraram força na grande manifestação

Música e cor encheram, logo cedo, a Esplanada dos Ministérios. Mulheres, e também homens, em menor quantidade, percorreram as quatro pistas, parando literalmente a cidade. No ato político que realizaram em frente ao Congresso Nacional, os oradores destacaram, entre as principais reivindicações das trabalhadoras rurais, o avanço da reforma agrária que permitirá o desenvolvimento da agricultura familiar.

As manifestantes, vestindo camisetas lilás e chapeús de palha com fitas também lilases, acompanhavam a Marcha ao som da música que dizia ”Brasília está florida/ Estão chegando as margaridas/ Estão chegando as decididas/ É o querer, o querer das margaridas”.

A luta contra a violência de gênero – uma das reivindicações das mulheres do campo – também inspirou a letra de um música que embalou as manifestantes e as fez cantar e dançar durante a caminhada. A música intitulada ”Maria da Penha”, arrancava risos das manifestantes no refrão que dizia: ”Se liga, meu irmão/ Que tem marra/ Que tem grana/ Que tem pinta de bacana/ Tira onda de machão/ Vai popozão/ Ainda bate em mulher/ O remédio que tu quer é algema e camburão”.

No gramado – seco, nesta época do ano – mas colorido de verde pelas bandeiras das manifestantes -, as trabalhadoras rurais confirmavam, com suas experiências de vida, o que diziam os líderes no movimento. Maria Nazaré Andrade da Silva, veio de Nova Timboteua, no Pará, para dizer que na terra que produz lhe falta assistência técnica, o que poderia facilitar sua vida e sua produção.

Nazaré, assim como Maria José Pinto, aposentada rural, que veio de Sabinópolis, em Minas Gerais, acredita que a manifestação ”ajuda, e muito”, nas palavras delas, para chamar atenção das autoridades para os problemas enfrentados por elas pelo Brasil afora.

Pujança

A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), uma das muitas parlamentares que esteve no carro de som apresentando apoio às manifestantes, também destacou a ”pujança do movimento de mulheres, sobretudo das mulheres rurais; a decisão, a determinação de virem dos quatro cantos do País para apresentar sua pauta de reivindicações no coração do poder que é Brasília”.

Para a parlamentar comunista, ”os direitos das trabalhadoras rurais, sobretudo a aposentadoria, que de certa forma estava sendo ameaçada, com essa demonstração de força, dificilmente o parlamento e o governo terão coragem de tirar direitos”.

Jô destacou ainda ”a forma independente como elas se colocaram, cobrando do governo medidas mais efetivas para avançar na reforma agrária, para mudar o modelo econômico e levantando bandeiras específicas das mulheres rurais, demonstram que elas estão realmente assumindo o seu destino nas próprias mãos”.

A Marcha repercutiu no plenário da Câmara dos Deputados. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), entre outros parlamentares, registrou o evento- ”Brasília recebe nestes dias a terceira edição da importante Marcha das Margaridas, um evento promovido pelas CONTAG, FETAG, CUT, pelos movimentos em rede de mulheres em âmbito nacional e internacional, com importante pauta de reivindicações da luta das mulheres no Brasil e no mundo, incluindo demandas nas áreas de Saúde, Previdência e Educação”, afirmou.

E lembrou que ”a bancada feminina desta Casa recebeu uma delegação da Marcha das Margaridas, com representação de todos os Estados brasileiros. Foi-nos solicitado que voltemos a ter a urgência determinada nesta Casa para votação do projeto de lei que trata da Previdência e da garantia da Previdência aos trabalhadores e às trabalhadoras da área rural do Brasil”.

Força nas ruas

A coordenadora Nacional de Mulheres da Contag, Carmen Foro, disse, durante discurso no ato político, que a Marcha das Margaridas mostra que ”estamos ajudando a transformar a história do nosso Brasil, que sempre deixou as mulheres numa posição de submissão, à margem das políticas públicas. A gente só consegue transformar essa história se formos capazes de nos unir e colocar toda a nossa força nas ruas”.

As mulheres do campo marcham em Brasília por direitos previdenciários, contra a violência sexista e pela segurança alimentar. A pauta de reivindicações da terceira edição da Marcha das Margaridas foi entregue ao governo federal há duas semanas. O presidente Lula confirmou presença, nesta quarta-feira, às 13 horas no Parque da Cidade para responder às demandas das trabalhadoras rurais.

De Brasília,
Márcia Xavier

Site do PC do B

Rizzolo: Como diz Luiz Magalhães do Entrelinhas, “João Dória Jr. e seus ursinhos amestrados não conseguem levar para as ruas um sexto do público que as mulheres trabalhadoras conseguiram juntar em Brasília”, o movimento das trabalhadoras rurais reuniu 30.000 manifestantes; e não adianta a direita dizer que vieram a mando do governo federal, o problema é que movimentos como “Cansei” são idealizados por pessoas que “não são do ramo”.

Uma das condições básicas para qualquer movimento, ou mobilização, é as pessoas envolvidas acreditarem e sentirem na pele a injustiça, a desesperança, a angústia de serem excluídas, e hoje no Brasil, os movimentos populares ganham força na medida em que a conscientização cresce; as mulheres do campo marcham em Brasília por direitos previdenciários, contra a violência sexista e pela segurança alimentar.

O trabalhador rural foi esquecido, hoje o agronegocio, acaba se apropriando de reinvidicações engolindo o pequeno agricultor, ou seja, a agricultura familiar. Os chamados agronegócios, que são nada mais do que investimentos internacionais, classificam o trabalhador rural brasileiro, como alguma coisa do passado, e de acordo com o “Consenso de Washington” acreditam que agricultura familiar é perda de tempo, e que o bom mesmo para o Brasil é o Agronegócio, açambarcam tudo no atacado, e não tem manifestação, a não ser aquelas que vem diretamente de Washington.

Temos que prestigiar a agricultura familiar, hoje como forma de dominação o agronegócio se expande, deixando o pequeno agricultor sem recursos levando-o a abandonar o campo e seguindo rumo ao urbano. Uma forma de fixar o trabalhador rural é lhe dar incentivos e prestigiar a pequena produção o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). vem de encontro a tudo isso. Para todo o Brasil, o valor previsto é de R$ 12 bilhões.

O programa Luz para Todos, que está levando energia elétrica para o campo, foi destacado por Lula, no encontro com os manifestantes, “Eu sei o quanto incomoda algumas pessoas quando nós resolvemos levar luz elétrica à casa do povo do campo deste país, e eu quero reiterar o meu compromisso. Nós prometemos, até 2008, atender 12 milhões de famílias que não tinham energia neste País. Já levamos para 6 milhões e vamos para os 12 milhões de famílias que precisam de energia. Porque quem nasce na capital, quem nasce na cidade, numa rua com luz elétrica, numa rua com asfalto, numa rua com água encanada, não sabe o que é a vida de um pobre deste país, que tem que andar quilômetros com uma lata d’água na cabeça, cuidar de um filho doente à base de uma luz de candeeiro, cozinhar à base de uma luz de candeeiro, e quando chega um bico de luz é como se o dedo de Deus estivesse clareando o nosso dia e a nossa noite”.

Foi uma bela manifestação, e ninguém ficou “cansado”.

“Mensalão”: advogados desmontam denúncia panfletária de procurador

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Procurador Antonio Fernando de Souza

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou por volta das 20h30 desta quarta-feira (22) a sessão que analisa a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República sobre o suposto envolvimento de 40 pessoas no episódio que a imprensa e a oposição convencionaram chamar de “escândalo do mensalão”. Durante mais de cinco horas, os advogados bombardearam a denúncia apresentada ao STF pelo procurador Antônio Fernando de Souza. “Sem fundamento”, “inepta”, “falha”, “vaga”, “ficcional”, “imprestável” e até um “panfleto partidário”, foram alguns dos adjetivos usados para qualificar a peça acusatória sustentada por Souza.

por Cláudio Gonzalez,
com agências

Segundo a unanimidade dos advogados que se pronunciaram, além de seu caráter político-panfletário, a denúncia está repleta de erros, generalidades, inconsistências e até de ilegalidades, já que o procurador lançou mão de provas ilícitas para tentar sustentar suas acusações.

Durante o julgamento, os ministros do STF vão decidir se aceitam ou não a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra os acusados. Os trabalhos serão retomados às 10 horas desta quinta-feira, quando os advogados dos acusados terão tempo de 15 minutos cada —exceto aqueles que defendem mais de um cliente– para apresentar suas defesas.

Assim como ocorreu na sessão de ontem, a argumentação dos advogados deve se concentrar na desqualificação da denúncia. Uma tarefa que parece não ser difícil já que a peça acusatória preparada pelo procurador Antonio Fernando de Souza está repleta de falhas.

Induzido pelos holofotes

Para os advogados, o procurador foi “induzido pelos holofotes da mídia” ao apresentar a denúncia e cedeu a “modismos” ao enquadrar parte dos acusados em crime de formação de quadrilha. Um dos advogados, já na terceira pausa do julgamento, chegou a dizer aos colegas de função que a denúncia era mais um “roteiro de cinema” do que uma peça legal.

“Vi afirmações vagas sem qualquer individualização de conduta. Chama meu cliente de chefe de organização criminosa e não fala quais as condutas por ele praticadas. Essa denúncia é uma peça de ficção”, disse José Luiz de Oliveira Lima, advogado do ex-ministro José Dirceu, apontado como chefe da “quadrilha” pelo procurador-geral. “Meu cliente é um homem com 40 anos de vida pública sem qualquer macula, sem qualquer mancha”, emendou.

“O meu cliente foi envolvido na denúncia por um simples capricho do procurador-geral. O procurador faz ilação de que o meu cliente praticou corrupção e peculato”, afirmou Luiz Fernando Sá e Souza, advogado do deputado José Genoino (PT-SP), que na época do escândalo do mensalão era presidente do PT.

Uma das principais reclamações dos advogados foi a falta de tipificação da conduta individual de cada um dos acusados. “Lembro que quando defendi perseguidos políticos que as denúncias pecavam por generalizações. E essa denúncia é um pouco assim: peca pela generalização”, afirmou José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, e advogado da direção e dos proprietários do Banco Rural.

“A denúncia deve ser rejeitada até como lição para o Ministério Público”, defendeu o ex-ministro, ao acusar o procurador-geral de modismo ao enquadrar seus clientes no crime de formação de quadrilha. “Estão sendo chamados de quadrilheiros porque isso pega bem junto a opinião pública”, disse.

Sérgio Salgado Badaró, advogado do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, foi outro que teceu críticas ácidas ao procurador-geral. “Se há uma defesa indefesa é a nossa. Nem sei do que defender meu cliente. Não sabemos do que ele foi acusado; temos de nos defender às cegas”, afirmou. “É difícil formular uma defesa porque não há individualização de condutas”, alegou José Antero Monteiro, advogado de Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o principal operador do mensalão.

O advogado Marcelo Leonardo, que defende Valério e sua ex-funcionária Simone Vasconcelos, acusou o Ministério Público de “banalizar” as acusações de formação de quadrilha (que aparece contra 24 dos 40 acusados na denúncia do procurador-geral) e de lavagem de dinheiro (contra 34 denunciados do mensalão). “Estamos diante do supremo abuso do poder de denunciar”, criticou o advogado, citando um debate sobre denúncias do Ministério Público ocorrido há uma semana em sessão do próprio STF.

Ele disse ainda que grande parte das provas foi obtida de forma ilícita. Segundo ele, há dados bancários obtidos pelo Ministério Público diretamente com os bancos, sem autorização judicial. Ele reclama ainda que algumas das provas utilizadas pela acusação são provenientes de material colhido pela CPMI dos Correios depois de vazamento de documentos para a imprensa, o que invalidaria a prova, já que essas informações tinham caráter sigiloso, que foi quebrado.

O advogado José Roberto Leal de Carvalho, que defende o ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken, fez duras críticas ao procurador-geral da República. “Desgraçadamente (a técnica do procurador-geral), se fosse praticada por advogado, seria alvo de processo disciplinar. Na denúncia foram pinçados trechos de depoimentos. Isso é leviandade”, afirmou.

Carvalho disse ainda que “houve a deturpação da prova para apontar a autoria de Luiz Gushiken nos quatro crimes de peculato de que foi acusado”.

Ao criticar o pedido do procurador ao Supremo para que seja aberta ação penal contra os acusados, os advogados optaram por fazer defesas individuais de seus clientes, sem defender em conjunto os acusados. Foi o caso, por exemplo, de Sérgio Badaró que afirmou ser “um equívoco” do procurador considerar Sílvio Pereira “uma estrela de primeira grandeza do PT”. “O Sílvio foi colocado no núcleo central do esquema, mas ele nunca participou de uma campanha do presidente Lula, nunca indicou ninguém para cargo. Ele aparece como quadrilheiro porque em determinado momento ocupou cargo de secretário geral do PT”, observou Badaró.

Já Arnaldo Malheiros, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, argumentou que nunca foi provada a existência de esquema de pagamento mensal de recursos a parlamentares em troca de voto favorável a propostas do governo. Disse ainda que os recursos do Fundo Visanet – do qual o Banco do Brasil é um dos acionistas – não são públicos. “Não existe dinheiro público no caso”, afirmou Malheiros, ao observar que Delúbio Soares não teve participação nas transações de repasse de recursos do Visanet para empresas de publicidade SMPB e DNA Propaganda, de propriedade de Marcos Valério.

Antonio Fernando de Souza permaneceu impassível durante a apresentação das defesas orais pelos advogados. Ora mexia no computador que tinha a sua frente, ora esboçava um sorriso irônico diante das reclamações contra a acusação apresentada contra os 40 políticos, empresários e assessores.

Pressão da mídia

A apreciação pelo STF das denúncias apresentadas pelo procurador fizeram o chamado “escândalo do mensalão” reocupar os espaços nobres do noticiário político. Existe uma evidente pressão da grande imprensa para que a cobertura enviesada destas sessões do STF sirva de combustível apara reavivar o clima de caça às bruxas instalado durante a crise política de 2005-2006.

O próprio STF percebeu esta manobra da mídia e alertou, através de nota à imprensa, que “a tentativa de antecipar o voto dos ministros é especulação gratuita, sem base em fatos reais”. A nota diz ainda que “ao longo de toda sua história, o Supremo Tribunal Federal tem se notabilizado pela independência de seus integrantes, cujas decisões são baseadas no livre convencimento a respeito dos fatos e na aplicação do direito”.

Mas a corporação midiática resolveu não engolir o “grito de independência” dos magistrados e tratou de responder, de forma subliminar, ao STF. A Folha Online, por exemplo, usando maliciosamente uma reportagem publicada pelo jornal argentino Página 12, deixou claro a estratégia da mídia ao dizer que o que estava em jogo neste julgamento é a “imagem do judiciário”. Ou seja, a oposição midiática não vacilará em apontar seu dedo acusador para os integrantes do STF no caso das denúncias, especialmente contra os petistas, serem rejeitadas pelos ministros do Supremo.

Desinteresse

Esta é a derradeira chance que a oposição midiática tem de fragilizar o governo Lula, já que a dita “opinião pública” parece não se impressionar mais facilmente com o discurso acusatório da imprensa.

A ausência de mobilização oposicionista durante a sessão de ontem do STF é um sinal disso. Enquanto o procurador-Geral da República reiterava suas acusações panfletárias contra o que chamou de “quadrilha dos 40”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrava com o movimento social das mulheres do campo e fazia um aplaudido discurso para os “pobres” da nação.

Na mais alta corte do país, apenas uma estudante protestava do lado de fora. Solitária, ela empunhava uma faixa de “basta” para os fotógrafos e cinegrafistas. Um grupo de três médicas do Rio de Janeiro que fazia turismo em frente ao prédio do STF, rodeado por jornalistas, confessava não ter idéia do que se passava lá dentro.

No interior da bela construção de Oscar Niemeyer, o plenário não estava lotado e o público se restringia a advogados, estudantes de direito e jornalistas.

A classe política também passou ao largo do julgamento. No cafezinho dos deputados, lugar privativo aos parlamentares e à imprensa, a televisão ligada transmitia o amistoso Brasil x Argélia. Somente dois políticos marcaram presença no STF: os deputados Antônio Carlos Pannunzio (SP), líder do PSDB, e Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da extinta CPI dos Correios.

“Eles não estão julgando nada ainda. Só estão lendo coisas”, afirmou o deputado Silvio Costa (PMN), resumindo o desinteresse. O Supremo só deve decidir se acata ou recusa a denúncia do Ministério Público na próxima sexta-feira.

Tranquilo no plenário da Casa, um deputado do Democratas, membro da CPI que investigou o caso à época, revelou, na condição do anonimato, o nível de preocupação com o julgamento.

“Mensalão? Estamos mais preocupados em resolver a crise interna da oposição que cuidar desse assunto. Lula foi reeleito. Teria sentido fazer algo? Talvez sim, mas não fizemos.”

Site do PC do B

Rizzolo:No desespero e numa posição ditatorial e antidemocrática diante de um julgamento estritamente técnico, a mídia nacional de Washington, quer de toda forma interferir na decisão do Judiciário já alertando sobre uma possível “imagem maculada do Judiciário” caso o mesmo se demonstre contra seus interesses.O próprio STF percebeu esta manobra da mídia e alertou, através de nota à imprensa, que “a tentativa de antecipar o voto dos ministros é especulação gratuita, sem base em fatos reais”. A nota diz ainda que “ao longo de toda sua história, o Supremo Tribunal Federal tem se notabilizado pela independência de seus integrantes, cujas decisões são baseadas no livre convencimento a respeito dos fatos e na aplicação do direito”.

Do ponto de vista jurídico, a denúncia na base em que foi elaborada, com um forte esteio político, mas sem preencher os requisitos essenciais de uma exordial, não deve prosperar, até porque no seu caráter inepta, não tipifica os crime de forma a atribuir a cada réu sua correspondência, na verdade, a denúncia deveria detalhar que crime foi cometido, quem o cometeu e que provas sustentam a acusação,o que vemos, é uma denúncia vaga, baseada em testemunhas temerárias, e provas sem sustentação.

Contudo, não podemos nos esquecer do conteúdo político, da pressão da mídia, e, muito embora o Judiciário se sinta independente, existe uma possibilidade da denúncia ser recebida. Aí, é claro, inicia a Ação Penal, e então, os réus irão poder exercer o princípio do contraditório no decorrer da ação penal; que com certeza muitos provarão sua inocência. Agora, o que me deixa perplexo, e que me causa espécie, é a brutal interferência da mídia, desta feita utilizando o Judiciário como instrumento de vingança, atiçando, e fazendo de uma peça inepta se panfleto político. Uma vergonha.

Lula diz que prefere fazer política para os pobres

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que governa para 190 milhões de brasileiros, mas que não tem vergonha de dizer que prefere fazer políticas para a parte mais pobre da população.

”Antes era fácil ganhar eleição com voto dos probres e depois governar para os ricos. E eu digo todo o dia que sou presidente de 190 milhões, mas não tenho vergonha de dizer que minha preferência é fazer política para parte mais pobre da população brasileira”, afirmou o presidente.

Lula disse que o governo tem de ter políticas públicas para que as pessoas tenham emprego. ”Nós temos consciência que já fizemos, mas temos de fazer muito mais”.

A Polícia Militar estimou que cerca de 30 mil pessoas estavam da Marcha das Margaridas na Esplanada dos Ministérios. Por volta das 12h, as manifestantes voltaram ao Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, no centro, para a assembléia final do movimento.

Entre as reivindicações do movimento estão o combate à pobreza, à fome e à violência sexista. De acordo com a coordenadora de Mulheres, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro, esses são problemas muito antigos e não é admissível que as mulheres ainda sejam as mais atingidas.

Carmen afirmou que Lula ”já sabe das reivindicações” e que o movimento só está em Brasília para reafirmá-las. No documento que as manifestantes entregaram ao governo constam reivindicações de direitos previdenciários, acesso à água, à terra, à segurança alimentar e à igualdade de gênero. Lula elogiou a consitência do programa e disse que é quase um plano de governo.

A Marcha das Margaridas recebeu esse nome em memória de Margarida Maria Alves, líder sindical assassinada em 1983, a mando de fazendeiros de Alagoa Grande (PB). Até hoje ninguém foi punido.

A marcha é organizada pela Contag e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e conta com a parceria do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MTR-NE), Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Movimento de Mulheres da Amazônia (MMA), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Rede de Mulheres Rurais da América Latina e do Caribe (Redelac) e Coordenação das Organizações dos Produtores Familiares do Mercosul (Cooprofam).

Com informações da Agência Brasil

Rizzolo: Lula sabe das reivindicações populares e tem feito muito para os menos favorecidos, contudo, ainda é pouco, poderia muito mais, se tivesse sim correlação de forças, primeiro, a política econômica ainda dominada pelo “Consenso de Washington” os donos do cofre, não admitem um Brasil próspero, gerando emprego, querem sim por enquanto, o “Brasil Cassino”, o Brasil da especulação financeira, onde o dinheiro é estimulado a ser aplicado na especulação e não na produção. Enquanto o governo estiver atrelado a essa gente, banqueiros, capital internacional, amantes de Adam Smith, o Brasil não crescerá e continuaremos apenas dar a Bolsa Família que é essencial, mas numa segunda fase precisamos sim gerar empregos, contudo, Meirelles não está tão interessado nisso, agora então com esse pretexto da crise, os especuladores devem estar festejando. Uma pena !