Desabafo de Zé Dirceu.
A revista Veja que está nas bancas publica matéria – “O ataque da corrupção” (só para assinantes) – criticando o requerimento que pede a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados para investigar a associação entre a TVA, empresa de televisão por assinatura do Grupo Abril, que edita VEJA, e o Grupo Telefônica, de origem espanhola. O requerimento, com 182 assinaturas, foi entregue à Mesa da Câmara pelo deputado Wladimir Costa (PMDB-AL). O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, vai decidir se instala ou não a CPI.
Sempre tão favorável às investigações quando se trata do governo federal ou de outras empresas, Veja diz que o objetivo do pedido de CPI é “intimidar não apenas a Abril, mas toda a imprensa independente do país. Ela tem as cores da vendeta, as formas da chantagem e, se seguir adiante, será um desperdício de tempo e dinheiro públicos, ademais de aprofundar o fosso que separa a sociedade brasileira de seus políticos no distante planeta Brasília”.
De acordo com o pedido de instalação da CPI, a operação entre a TVA – empresa do Grupo Abril – e a espanhola Telefônica “fere o interesse nacional, restringe a concorrência e agride o mercado nacional”.
A matéria da Veja, não sei por que cargas d’água – ou sei -, resolveu me caluniar mais uma vez. Primeiro, me chamando pelo chavão de “chefe de quadrilha”, quando é público e notório que sequer processado sou. Segundo, me atribuindo responsabilidade na instalação da CPI na Câmara dos Deputados, sem, como é usual nas suas matérias, apresentar nenhuma prova, indício ou evidência. A não ser a mesma de sempre: sou o “chefe”, logo sou responsável por tudo que acontece. Sem falar na bobagem de que estou sendo patrocinado por Carlos Slim, da Claro, para ser contra a Telefônica.
Vou processar a revista e a desafio a provar que uma só vez eu tenha me envolvido ou participado dessa tentativa de instalação de uma CPI. Aliás, criar CPIs se tornou uma banalidade. Como bem diz o reputado jurista Dalmo Dallari, por única e exclusiva responsabilidade da mídia, inclusive da Abril e da VEJA, que apóiam e apoiaram todas as CPIS contra o PT e o governo Lula, mesmo sem nenhum indício forte de irregularidade.
Agora a revista, que se considera intocável, é contra a instalação de uma CPI para investigar uma relação comercial, entende que existem outros órgãos para investigar, como a ANATEL, mas não cita o Ministério Público.
Outra coisa é dizer que uma CPI pode não ser o instrumento mais adequado nesse momento e que existem órgãos legalmente constituídos para investigar essa negociação entre a Abril e a Telefônica. Mas aí, estaríamos em outro país. Não no da Revista Veja.
A revista não teve esse mesmo comportamento quando da associação da Gamecorp com a Telemar, nesse caso considera que a investigação é legítima.
Ou seja, podem investigar tudo, menos a Abril. São lágrimas de crocodilo, tanto da revista, como dos políticos da oposição que também apoiaram todos pedidos de investigação e CPI no caso Gamecorp-Telemar.
Investigar uma empresa nada tem a ver com liberdade de imprensa. Ninguém está acima da lei e a Veja recorre a esse argumento para se livrar das investigações.
Na verdade, a pretexto de defender a liberdade de imprensa, o que estamos assistindo no Brasil é a libertinagem de setores da imprensa, sem regulação democrática, como existe em todos os países desenvolvidos, e sem concorrência. Parte da mídia abusa de seu poder e se esconde atrás da liberdade, quando atenta contra ela todos os dias. Ou será que a imprensa está acima da Lei e da Constituição e do Parlamento?
Independentemente do mérito das acusações constantes do pedido de instalação da CPI e que devem ser investigadas, a reação da Veja é inaceitável.
A verdade é que a liberdade de imprensa, que deve ser defendida e respeitada, está se transformando em salvo-conduto para todo tipo de ilegalidade e abuso da imprensa e para a consolidação do monopólio e da não-regulação. Tudo é censura. Até a regulação da Comissão de Valores Mobiliários, sobre as informações privilegiadas de jornalistas, o chamado inside information, como se jornalistas estivessem acima da lei para especular com ações e se beneficiar de informações privilegiadas.
Repito que não participei em nenhum momento desse pedido de CPI e desafio mais uma vez a revista e a Editora Abril a provar o contrário, mas não reconheço nenhuma autoridade moral ou política na revista Veja ou nos políticos de oposição para criticarem a iniciativa de constituir a CPI, que nada tem a ver e não ameaça a liberdade de imprensa. É uma CPI como qualquer outra.
do Site do Zé Dirceu
Rizzolo: Ah! Mas agora essa CPI aí a Famiglia Civita não quer, quer sim a Anatel, lógico, a “agência reguladora”, gente da casa, agora CPI e Ministério Público não. Precisamos dar um basta nessas mídias que a título de liberdade de imprensa atuam como se fossem verdadeiros partidos políticos, tentando golpe ao governo Lula, e na defesa dos interesses de Washington, menos no interesse do povo brasileiro. Promovem cusações sem base, como no caso do Renan, chamam Zé Dirceu de “chefe da quadrilha” também sem nenhuma base, influenciam membros do STF pressionando, insinuando que se o resultado do julgamento não for o esperado que atendam seus interesses , é suspeito, enfim, um elenco de posicionamentos que nos leva a um grande debate sobre o papel dessas concessões, e sobre o verdadeiro papel da mídia no Brasil, principalmente a libertinagem de setores da imprensa.
As multinacionais querem de qualquer forma controlar a mídia brasileira e Civita se serve como “laranja”. Depois se alçam como moralistas e denunciam sem provas um elenco de pessoas no que entender do grupo Abril, merecem serem acusadas sem provas, por crimes, apenas porque não satisfazem os interesses internacionais desse “grupo”. E tem gente que não vê a hora de chegar sábado pra ler a revista que a elite golpista elegeu como número 1. CPI neles !