Os militares e os crimes da ditadura

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República lança nesta quarta-feira (29) o livro Direito à Memória e à Verdade. Com 500 páginas, relata 339 crimes de morte da ditadura militar (1964-1985), casos de tortura, estupro, degola, ocultação de cadáveres. Pela primeira vez, 12 anos depois da lei 9.140, uma publicação com a chancela do Estado assume a responsabilidade por eles. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, presenciará o lançamento, assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os militares silenciam. Na mídia, colunistas mencionam reações de “irritação”, pois “a história foi contada apenas por uma das partes envolvidas” – os que resistiam à ditadura. Não esclarecem se as fontes que se irritam em off são da ativa ou da reserva.

Os fatos retratados no livro pertencem à história do Brasil. Uma outra geração militar, sem vínculo com os crimes da ditadura, compõe as Forças Armadas da atualidade. Seu pensamento estratégico, suas preocupações e desafios, até sua origem e laços sociais são outros. Tem uma posição patriótica de defesa do Brasil e da Amazônia e não alinhamento com grandes potências. Nâo vêem, e não têm, razões para carregar nas costas os cadáveres de uma ditadura de três ou quatro décadas atrás.

Em algum momento, os segmentos mais lúcidos dessa nova geração verde-oliva passarão do silêncio (que já é de alguma forma um avanço) para a proclamação de que nada têm a ver com a ditadura ou seus crimes, como têm demonstrado nos 22 anos pós-ditatoriais. Será uma prova de descortino patriótico. E será um gesto de entendimento com o Brasil.

Sim, pois o Brasil e os brasileiros, com as exceções desprezíveis de praxe, já chegaram a um veredito sobre os “anos de chumbo”. Distinguem com nitidez quem foram os heróis e quem os vilões, as vítimas e os carrascos. Neste país – ao contrario, felizmente, do que ocorre por exemplo no Chile, Argentina ou Uruguai – isso é matéria vencida. Do ponto de vista político, a defesa da ditadura está confinada a um representante, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), cuja solidão entre grotesca e ridícula ninguém leva a sério.

Os militares que perpetraram os crimes da ditadura, em nome do anticomunismo e da lógica da Guerra Fria, pertencem a um passado que cabe à História julgar. E que a História julgou.

Resta ao país a angústia de não saber até hoje onde ocultaram os restos de muitas das suas vítimas, e de não ter acesso à documentação até hoje escamoteada, referente à ação dos órgãos repressivos do regime militar. Aqui, a renitência embora passiva e inconfessa tem se mostrado tenaz – até porque são os homens que atuaram na repressão ditatorial que saberiam dizer onde ocultaram os cadáveres e onde estão os documentos. Mas também ela acabará vencida, ainda que tarde.

A cerimônia de quarta-feira no Palácio do Planalto é um passo neste sentido. Os brasileiros do século 21, militares e paisanos, têm mais o que fazer, e não é pouco. Seu interesse pelos anos tenebrosos de 1964-1985 reside em aprender com eles, para que nunca se repitam.
Site do PC do B

Rizzolo: A pretexto de alguns setores militares mais antigos sentirem certa “irritação” com os dados do livro Direito à Memória e à Verdade, não devemos considerar essas manifestações como sendo a da intelectualidade militar dos dias de hoje. O tempo passou e os jovens militares estão de frente a um outro Brasil, evidentemente, não é agradável rever uma parte negra da história do Brasil, contudo, ela esta aí, e acredito que os militares de hoje em dia entendem o que passou sem nenhuma culpa, até porque muitos nem tinham nascido. Vamos olhar para frente e a intelectualidade militar moderna precisa participar de forma democrática do desenvolvimento do país, isso é o que vale, o resto é passado, que tem que ser contado!

Brasil não deve copiar a Ásia, diz Conceição Tavares

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A relação centro/periferia mudou e o Brasil não é mais a periferia preferencial do capitalismo – agora esse papel é ocupado pela Ásia. Apesar disso, o futuro do Brasil não é se tornar asiático e os países centrais ainda têm interesse no país como o centro de custos mais importante da América Latina, destacou a economista Maria da Conceição Tavares, durante aula inaugural do curso de desenvolvimento econômico, promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado.

Para ela, no entanto, o que vai definir se o Brasil se tornará uma “fortaleza de expansão dos Estados Unidos” é o que virá como resultado dos processos de desnacionalização e internacionalização das nossas empresas.

Na análise da economista, o Brasil está protegido contra uma turbulência forte e mesmo uma recessão dos Estados Unidos, devido ao que denominou “lado bom do conservadorismo do Banco Central”. Para Conceição, a única coisa boa que o Banco Central fez não foi elevar a taxa de juros, “mas subir as reservas e diminuir a dívida externa”.

Ela destacou, porém, que a economia brasileira ainda tem o passivo de curto prazo das empresas e não dispõe de controle de capitais para se proteger de uma fuga de capitais. Raciocina, no entanto, que se houver uma crise muito forte, os capitais não terão para onde fugir, apesar de terem, recentemente, corrido para os títulos americanos. “Se houver uma depressão mundial vamos todos para o ‘beleléu’, inclusive a China.”

Potencial brasileiro

Ao discorrer sobre a economia brasileira, Conceição considerou que em princípio, o potencial de crescimento do Brasil é hoje maior que o da maioria dos países da América Latina e África. “Agora, não é maior que o da Ásia, que ainda está no ciclo da industrialização pesada.” Entretanto, ela não vê nenhuma vantagem em comparar o país com os Tigres Asiáticos. “Espero que o país não vire um asiático na pobreza e que nossas metrópoles não se pareçam com as da Índia, que pode crescer o quanto quiser, mas suas grandes cidades continuarão sendo o inferno em vida.” A economista avalia que ser asiático, americano ou europeu não é uma característica que dure para sempre no mundo globalizado.

O Brasil entrou numa trajetória de crescimento a partir de 2006 e ela acredita que o país vive agora o desafio de continuar nesta estrada. Porém, para ser bem-sucedido no desenho de um modelo econômico sustentável, o governo Lula terá que recompor o tripé de desenvolvimento sustentado pela aliança do Estado, do capital estrangeiro e do capital nacional, que vigorou nos anos JK e Geisel.

Para ela, o grande desafio do país é acabar com o gargalo da infra-estrutura. “O PAC está rastejando, mas a ministra (da Casa Civil, Dilma Rousseff) demonstra uma grande paciência para restaurar o tripé do desenvolvimento desmantelado no governo Fernando Henrique Cardoso.

Papel do Estado

Na visão de Conceição Tavares, o problema mais complexo do país, na área da infra-estrutura, é o setor elétrico. “Foi a privatização mais porca de todas.” Para ela, ninguém está de acordo com o modelo elétrico do país. “A ministra Dilma acertou como pode este modelo, que era uma colcha de retalhos e acabou no apagão.”

A economista lembrou que o Brasil teve sua industrialização promovida por Getúlio Vargas, que em seus dois governos não recebeu nenhum apoio do capital estrangeiro. Na era JK foi desenvolvido o Plano de Metas e, nos anos 70 e 80, o país conseguiu se equilibrar por conta de uma administração da economia que visava salvar os bancos e as empresas tocada por Delfim Neto e Reis Velloso, o que garantiu que o parque industrial brasileiro não fosse arrasado, como aconteceu com a Argentina e o Chile na crise da dívida.

“O Estado brasileiro sempre foi forte”, lembrou Conceição Tavares. “Só tivemos neoliberalismo no governo Dutra, um período rápido na gestão Campos-Bulhões e, infelizmente nos oito anos do Fernando Henrique Cardoso, quando levamos uma desarrumação brutal do capitalismo, mas que não chegou a destruir nada significativo da nossa indústria, só nossos sonhos de um Brasil independente”, acrescentou.

Fonte: Valor Econômico
Site do PC do B

Rizzolo: Em alguns pontos dá pra concordar, principalmente na questão da energia, da infra-estrutura do setor elétrico, que está interligado ao aumento da produção industrial, contudo a análise de que foi bom “diminuir a divida externa”, não concordo, não sou economista, mas saldar a dívida da forma que está sendo feito, sacrificando o povo brasileiro para fazer superávit primário, e jamais questionar o valor real da dívida, nem pensar em audita-la, só pra conferir, aí eu não concordo, devemos pagar negociando ou não, mas devemos saber se estamos pagando aquilo que devemos. Não deveríamos auditar essa dívida? Vai pagando assim? Ademais o que fizemos é trocar o mito do fim da divida externa com a reciclagem da dívida interna. Admitindo-se uma taxa de juros de 14% ao ano, e um estoque de NDFs de US$ 70 bilhões, podemos estimar que os ganhos anuais dos estrangeiros seriam de quase US$ 10 bilhões, ou seja, cerca de 70% das atuais remessas de juros da dívida externa brasileira! Ora, está claro que a “dívida interna” não passa de uma reciclagem do clássico mecanismo da dívida externa.

Além dessas, há muitas possibilidades de outras operações financeiras realizadas diretamente por investidores e bancos estrangeiros que, diante da total liberalização financeira, podem adquirir títulos da dívida interna brasileira, ou aplicar em fundos de investimento no Brasil. Por isso, não se pode dizer que a dívida interna é uma dívida para com os brasileiros.
Enquanto o governo brasileiro divulga a falácia de que a dívida externa “acabou”, e que não há mais dependência ou vulnerabilidade externa, os investidores estrangeiros, por meio de operações virtuais, continuam colocando o governo de joelhos. Um bom exemplo disso é o que ocorreu em maio deste ano. Em resumo, falar a verdade nua e crua, ninguém fala, a parte do discurso que eu gostei foi a de que devemos prestigiar a indústria nacional, desmantelada desde o governo JK, o resto é ficar em cima do muro.

Charge de Bira para “A Charge Online”

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Site do PC do B

Multidão em Los Angeles condena a política de terror da Casa Branca contra os imigrantes

Milhares de manifestantes ocuparam as ruas da cidade de Los Angeles no sábado 25, em solidariedade à imigrante mexicana Elvira Arellano, deportada na semana passada e exigindo uma reforma da política migratória dos EUA que ponha fim à “política de terror” contra os imigrantes sem documentos.

A manifestação foi organizada pela coalizão “Todos somos Elvira e Saulito”, que é integrada por mais de 30 organizações e exigiu o fim das prisões e deportações, que qualificou como uma “política de terror” contra os imigrantes.

Elvira foi detida enquanto buscava refúgio em igrejas de Los Angeles, depois de ter permanecido refugiada com seu filho Saul, de 8 anos, nascidos nos EUA, na Igreja Metodista de Chicago para evitar a deportação. Após sua detenção, foi imediatamente deportada para Tijuana no México.

“Elvira e seu filho precisam de nós. Ela sofreu uma violenta e brutal deportação onde foram violadas normas internacionais”, afirmou Javier Rodríguez um dos dirigentes da coalizão.

Angélica Salas, dirigente da Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes de Los Angeles, reconheceu o valor de Elvira ao enfrentar as leis migratórias injustas dos EUA.

Com a intenção de expor a problemática dos imigrantes nos EUA, o sacerdote Luis Angel Nieto apresentou a proposta de preparar um percurso de Elvira pela América Latina. “As pessoas têm que saber que não estamos vivendo no paraíso e ao mesmo tempo expor o simbolismo de Elvira, que é um ataque contra milhares de famílias que tem sido separadas”.

O imigrante Jesus Suárez del Villar, cujo filho era um imigrante ilegal e morreu na guerra do Iraque, denunciou que “quando querem que ingressem no exército para lutar contra inimigos que não te fizeram nada, não há nenhum entrave, mas quando há 3 milhões de pais não legalizados com filhos nascidos nos EUA, que são deportados”.

ANDRÉ SANTANA
Hora do Povo

Rizzolo: A política belicista e racista de Bush tem tido forte reação nos meios populares americanos e principalmente nos imigrantes ilegais. A desumanidade na tratativa, a violação dos direitos humanos na forma de captura desses imigrantes tem sido denunciada por organismos e movimentos de defesa nos EUA. Não bastasse a idéia do muro, a discrimanção com quase 3 milhões de pessoas que buscam uma oportunidade nos EUA deve ser rechaçada. Muitos que morrem em combate em invasões que não tem o cunho de legitimidade,como no Iraque, são latinos, filhos de imigrantes ilegais, ou imigrantes que se propõe a morrer muitas vezes para obter um green card. A história de Elvira e Salito é mais uma que entra para o triste elenco das atrocidades cometidas por esse Estado de caráter terrorista como bem diz o ativista americano Noam Chomsky.

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“Mídia tem por objetivo se sobrepor aos demais poderes”

Três títulos e uma sentença

No artigo publicado pela Agência Carta Maior, Gilson Caroni aponta que violação de missivas dos ministros do STF revela natureza autoritária do “jornalismo de ilações e invenções, obra de manipulação contextual e de acusação sem apuração” praticado pelos monopólios de mídia

GILSON CARONI FILHO*

A divulgação da correspondência eletrônica em que dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aparecem trocando impressões sobre seus votos não é apenas anticonstitucional como definiu o ministro da Defesa, Nélson Jobim. Vai além. É muito mais que um procedimento “ilegal e chocante” como afirmou Cezar Brito, presidente da OAB. Revela a natureza do episódio que mobilizou a opinião pública entre 2005 e 2006 e, por tabela, desnuda o jornalismo como prática social autoritária.

O julgamento que decidirá se aceita ou não a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra 40 acusados de envolvimento com o nunca comprovado esquema do “mensalão” tem, como ponto nevrálgico, a legitimação da narrativa jornalística construída em oficinas de poucas famílias.

XEQUE

Bem mais que as 14 mil páginas resultantes de investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, estão em xeque a imprensa e seu poder de agenda. Voltam à ribalta os arrazoados de seus Torquemadas, repletos de incongruências, adjetivações fáceis e contorcionismos de estilo. Ressurge uma sucessão de relatos que nunca comportaram o princípio do contraditório. Em suma, o que os ministros da mais alta Corte do país têm em mãos é, acima de tudo, produto de um jornalismo de ilações e invenções, obra de manipulação contextual e de acusação sem apuração. Uma farsa que espera legitimação jurídica. Ou melhor, uma força que pretende legislar, submetendo o Judiciário aos mesmos constrangimentos impostos ao Executivo e ao Legislativo.

PARTIDO MÍDIA

Simplificação grosseira que dispensa provas concretas, o “mensalão” é axioma caro ao Partido Mídia. Como instância que tem por objetivo se sobrepor ao demais poderes, nada espera do STF que não seja a homologação de suas teses. Precisa de apoio logístico para prosseguir o trabalho, até agora sem sucesso, de erosão simbólica do governo Lula. Nem que para isso leve de roldão instituições caras ao Estado Democrático de Direito.

Lembremos que a violação da privacidade dos magistrados não deve ser vista como “um excesso”. Longe disso. É o desdobramento lógico de uma prática jornalística que, entre outras coisas, divulga, ao arrepio da lei, informações de inquérito sob segredo de justiça. Ou, como escreveu, recentemente, Ali Kamel, justificando o comportamento açodado da TV Globo na cobertura do acidente com o avião da TAM; “vai testando hipóteses, até montar um quebra-cabeças que está longe do fim”.

O que ele não explicou, nem poderia, é como a mídia formula as hipóteses para teste. Quem se der ao trabalho de ler jornais ou assistir ao noticiário televisivo nos dias do julgamento, verá como o furor acusatório não tem qualquer compromisso com justiça ou estabilidade institucional.

A pressão sobre os ministros começou na véspera. Os grandes jornais, sem exceção, colocaram o Supremo contra a parede. O editorial do Globo (22/08/2007) foi categórico: “não faltam subsídios para os magistrados fundamentarem sua decisão. Além do acervo da CPI dos Correios, novas provas foram anexadas pelo procurador Antônio Fernando de Souza para fundamentar a convicção de que entre o PT e políticos de legendas aliadas -PTB, PP, PL ( hoje, PR) e PMDB – funcionava a tal “ organização criminosa”. Perfeito. Com um texto desse calibre é necessário ler a denúncia? Ainda mais quando parte substancial dela proveio de artigos e colunas da mesma fonte.

Talvez tenha vindo do ministro Eros Grau, a declaração mais significativa sobre o papel da mídia no processo. Para o juiz “condenam-se pessoas mesmo antes da apuração dos fatos. Nunca me detive em indagações a respeito das causas dos linchamentos consumados em um tribunal dirigido sob a premissa de que todos são culpados até que se prove o contrário. Talvez seja assim porque muitos sentem necessidade de punir a si próprios por serem o que são”. E para não deixar dúvidas sobre o alvo de sua crítica, concluiu destacando que “a imprensa livre é indispensável à democracia, mas reporto-me a desvios cuja substancialidade não pode ser negada”.

SENTENÇA

Na edição de 24/08, o jornal carioca continua em marcha batida. A dobra superior da primeira página é um primor editorial. A manchete e demais títulos se articulam dentro da lógica férrea do que está em jogo: “Mensalão deve ter hoje os seus primeiros réus. Voto combinado provoca polêmica. Lula negocia vaga no STF com o PMDB”. Uma capa que deve ser debatida à exaustão em faculdades de jornalismo. Três títulos e uma sentença. Na página 10, o senador Pedro Simon, vestal das vestais, não deixa qualquer dúvida quanto à autonomia dos membros do STF: “na conversa entre eles, há observações preocupantes que sugerem combinação de votos. Em todo o caso o país está de olho neles”. O que o “franciscano” senador preferiu ignorar foi que sua exegese era baseada em troca de correspondência obtida por meios anticonstitucionais, ilegais e chocantes. Tudo muito peculiar.

*é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e do Observatório da Imprensa

Hora do Povo
Rizzolo:A pressão política para que a peça exordial ( denúncia ) fosse recebida pelo STJ, e seja dado o inicio da Ação Penal é uma coisa impressionante. A determinação da elite, da mídia comprometida com interesses internacionais, quer de qualquer forma transformar no que é técnico, no que é processual, em análise política, e julgamento político, e olha, a pressão foi tanta, que não há como conceber que não houve cocnotação política , para que o circo começasse, e os culpados comecem a exercer o contraditório, ou direito de defesa, contando a Procuradoria Geral da República com “ Assistentes de Acusação Midiáticos “. É claro que o ministro Eros Grau declarou-se surprrendido e mostrou irritação. ”Nunca vi isso antes nesse Tribunal. Nem a imprensa entrar e interceptar correspondência nem esse tipo de diálogo”, em outras palavras , nunca a imprensa foi tão atrevida e tão sedenda de vingança, desta feita utilizado o Judiciário como instrumento.

Acho essa atitude, uma intromissão descabida, uma verdadeira ditadura midiática, e uma prova que a democracia no Brasil, sempre passa pela família Marinho e outras, até no Judiciário a bisbilhotice, a título de “furo jornalístico” ocorre. É a mídia que pediu o “clamor público” na condenação antecipada. É, um dia temos que rever essas concessões, essas famílias, esses ducados mandando no Brasil e agora querendo se impor ao Judiciário, denota uma falta de respeito, e uma falta de segurança jurídica que não tem tamanho. O próprio Presidente da OAB Federal criticou a utilização de grampos ambientais em escritórios de advocacia, violando a lei do sigilo profissional. “Não será surpresa se, em breve, começarem a colocar grampos nos confessionários católicos para violar o segredo religioso da confissão”, diz o presidente da OAB. E conclui: “Não podemos cair num Estado de bisbilhotagem, cujo desdobramento inevitável é o Estado Policial, ambos incompatíveis não apenas com o Estado democrático de Direito, mas com os próprios fundamentos da civilização”, dou plena razão

Para Inácio Arruda, processos no STF não abalam o governo Lula

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O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) avaliou, nesta terça-feira (28), que as denúncias acatadas pelo Supremo Tribunal Federal contra petistas como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoíno, são ”pesadas” e vão exigir ”um grande trabalho dos réus para provarem sua inocência”.

Todas as 40 pessoas denunciadas pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, de participar do suposto esquema de compra de votos em troca de apoio político conhecido como ”mensalão” irão responder processos penais. Entre eles estão o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o ex-presidente do PT e atual deputado federal José Genoino e o ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira.

O parlamentar não quis entrar no mérito das acusações, mas afirmou estar convicto de que esse quadro de processos abertos contra petistas de peso e que fizeram parte do governo federal como José Dirceu, por exemplo, não causará abalos à imagem nem ao governo do presidente Lula.

”Hoje isso está muito distante da imagem do governo, mas, de toda sorte, essas questões suscitadas toda hora mexem com figuras do governo e a periferia do governo fica, digamos assim, agitada. Acho que o próprio Lula, o governo do Lula… já está bem à frente de tudo isso. É com se tivesse largado tudo isso pra trás e tivesse cuidando de uma coisa muito mais importante pro País, que é a questão do desenvolvimento”, expôs Inácio.

Para o senador, na realidade ”o que mais incomoda a elite brasileira não são as denúncias formuladas contra o governo de Lula nem contra gente ligada a ele, mas o fato de que ele, um simples torneiro mecânico, vem conseguindo promover o desenvolvimento”. Conforme o parlamentar, agora, com as denúncias formuladas, caberá aos acusados apresentar defesa.

Mídia satisfeita

O jornalista Mino Carta, editor da revista CartaCapital, comentou que a decisão do STF satisfaz o desejo da mídia de acuar o governo. ”Até quando irá o processo não se sabe, mas o que já aconteceu levará os patrões da mídia a abrir garrafas de Don Perignon e Cristal. Eles podem, e, quem sabe, sirvam alguns flutes aos seus sabujos mais chegados. Será para eles uma noite muito alegre. De minha parte, tomaria, houvesse razões, champagne Salon. Tenho razões apenas para insistir em um ponto: continua muito difícil provar o mensalão, enquanto não seria, e provavelmente não será, acrescentar um capítulo à longa história conhecida como Caixa Dois, protagonizada há décadas por políticos e empresários”, diz Mino Carta.
Quem também usou a blogosfera para comentar a decisão do STF foi o ex-ministro José Dirceu, que agora terá que responder aos processo abertos contra ele no Supremo.

Em seu blog, Dirceu afirma que é importante compreender que todo esse processo é uma disputa política. ”Para além das denúncias e das acusações de caixa dois e do chamado mensalão, o que está em jogo não é apenas minha vida política e minha história, mas o projeto político que o PT e o presidente Lula representam. Os que desconhecem essa elementar realidade não aprenderam com a recente história do nosso país e não percebem as tentativas da oposição conservadora e da elite de inviabilizar o Governo Lula a todo custo”, diz .

”O conservadorismo brasileiro não absorveu e jamais aceitará que a agenda dos movimentos sociais traga para o Estado brasileiro a determinação política de corrigir assimetrias intoleráveis que o privilégio secular de uma minoria impõe à maioria dos homens, mulheres, jovens e crianças deste país.”, afirma Dirceu.
Site do PC do B

Rizzolo:Existem dois aspectos distintos dessa questão, o primeiro é o desconhecimento processual da população que a priori é levada através da mídia a pensar que os acusados já foram condenados; é difícil fazer entende ro leigo que o recebimento de uma da denúncia da Procuradoria da Geral da República, que é Ministério Público Federal, pelo STF, inicia-se um processo em que os acusados podem ser absolvidos. De patente má fé, a mídia explora esse desconhecimento processual e coloca os denunciados como já julgados, com sentença transitada em julgado. O próprio ministro do STF, Marco Aurélio Mello, em entrevista ao site Terra, sobre o recebimento da denúncia do procurador-geral da República: “Eu acredito que haverá um campo muito largo para a atuação dos representantes dos acusados, os advogados. E ontem nós concluímos uma apreciação a partir de simples indícios. Nós não assentamos a culpa de quem quer que seja, nós assentamos que haveria considerando os fatos narrados. Eles devem ser agora provados pelo Ministério Público. Havia materialidade quanto aos crimes e indícios da autoria. E foi o que nós proclamamos. Agora estará sob os ombros do Ministério Público a prova da procedência das imputações das acusações” .

Outro aspecto da questão á a imagem do Presidente Lula que de certa forma, também é claro com o apoio da mídia transforma os vínculos dos denunciados com o governo do PT, tudo, é claro com o intuito de desqualificar um governo que faz um desenvolvimento para o social.

O povo por mais distante que esteja dos entendimentos processuais acaba sendo vítima da imprensa que vê no oportunismo processual uma forma de golpe branco. Entendo que isso nos leva a uma reflexão maior sobre o verdadeiro papel da imprensa no Brasil, onde por trás de concessões se portam como partidos políticos de direita, porque a elite jamais aceitará ter perdido a eleição para um metalúrgico, e a esquerda deve ficar atenta para que o espaço político seja preservado frente a mídia deletéria.