Segundo J. Barbosa, reverenciar autoridade é indício “o bastante” para crime de mando

Relator criou “prova mínima” para condenar sem provas

Se assim fosse, Cristo seria chefe de quadrilha

Barbosa admitiu que denúncia do procurador era frágil, mas embarcou nela assim mesmo

Algumas considerações feitas pelo ministro Joaquim Barbosa, designado para relator no STF da peça apresentada pelo procurador Souza contra José Dirceu e outros, são algo estranhas, seja do ponto de vista lógico – seja do ponto de vista especificamente jurídico.

Nos deteremos aqui na sua argumentação sobre o ex-ministro José Dirceu. Disse o ministro Barbosa: “Admito que há realmente uma prova mínima de que ele era o mentor e o comandante supremo da trama, em que outros personagens faziam o papel de meros auxiliares. E isso, a meu ver, merece ser investigado”.

O que o ministro denomina “prova mínima”? Por que essa necessidade de minimizar ele mesmo a prova que diz existir? Se existe prova, ela não é máxima nem mínima. É prova. Ou, dizendo de outra forma, ela é, simplesmente, uma prova, seja máxima, mínima ou média. No entanto, o ministro sentiu que era necessário qualificar de “mínima” àquilo que chama de prova. E, mais, diz que isso é algo que “admite”, ou seja, é forçado a admitir.

Por que essa admissão era tão importante em seu argumento pela aceitação da acusação a Dirceu por formação de quadrilha? O motivo nos parece óbvio: simplesmente porque ninguém é capaz de ver essa prova. Logo, se ninguém é capaz de ver, nem os ministros do Supremo, nem o próprio Barbosa, a razão dessa cegueira é porque ela é “mínima”. Assim, a falta de prova pode se transformar na existência de prova. Desde que “mínima”, a prova existe, apesar de ninguém vê-la. E, se ninguém a vê, é exatamente porque seu tamanho é mínimo.

Dirceu não estava na presidência do PT, não estava exercendo seu mandato de deputado e não existe um único documento nem um único testemunho – nem o de Roberto Jefferson, se nos atermos aos fatos e não à presepada – que o ligue a nada do que ocorreu ou, mesmo, do que foi inventado. Nem ao chamado “mensalão”, cuja existência não foi provada, nem às demarches de caixa 2 na eleição de 2004. Mesmo o procurador Souza foi incapaz de arguir alguma prova contra Dirceu.

ADJETIVOS

A argumentação de Barbosa é, portanto, parecida com a daqueles médicos que décadas atrás admitiram o diagnóstico de “deficiência cerebral mínima” para casos em que não conseguiam detectar uma deficiência cerebral… Porém, depois de minimizar a sua própria “prova”, diz também o ministro: “Está suficientemente demonstrado na denúncia que Dirceu seria o mentor, chefe incontestável do grupo, a pessoa a quem todos os demais prestavam deferência. Para mim, é o bastante”.

No primeiro trecho, o ministro afirma que “a prova é mínima”, tão “mínima” que ele, apesar dos adjetivos ofensivos a quem não foi condenado (“mentor”, “comandante supremo da trama”) nem mesmo diz que Dirceu tem que ser julgado, mas apenas “investigado” – como se ele não estivesse sendo investigado já há dois anos, diariamente, por CPIs, pela PF, pelo MP e pela mídia mais sem limites, sem que se ache nenhuma prova.

Portanto, nesse trecho, apesar dos adjetivos impróprios a um juiz – pois significam um julgamento antecipado, quando o mérito da questão ainda não está em pauta – o ministro não parece seguro da culpabilidade de Dirceu, tanto assim que pede que ele seja “investigado”, até porque “a prova é mínima”. Já no segundo trecho, Barbosa parece mais seguro de que Dirceu é culpado do que um carioca está seguro de que o Cristo Redentor fica em cima do Corcovado. Como resolver essa discrepância?

É mais fácil do que parece, amigo leitor. Reparemos que no último trecho Barbosa revelou qual a “prova mínima” que tem contra Dirceu: a “deferência” – ou, em outras transcrições, “reverência”, o que dá no mesmo – com que o ministro da Casa Civil era tratado pelas outras pessoas. Essa é a “prova mínima”. Tanto é ela, e só pode ser ela, que, em seguida, ele enfatiza: “para mim, é o bastante”. Ou seja, isso é tudo o que ele tem e fez com que concluísse que Dirceu era o “comandante supremo”, “mentor”, etc. Não são necessárias mais provas, nem ele as procurou ou acha necessário procurá-las. A inexistente prova “mínima” transformou-se, de repente, em prova absoluta. É o bastante, diz o ministro: a deferência com que Dirceu era tratado é a prova de que ele é culpado de formar uma quadrilha, de que ele pintou e bordou, de que fez tudo o que, precisamente, não está provado que fez.

RESPEITO

Deferência, segundo o Houaiss, é a “atitude de respeito e consideração, geralmente em relação a um superior ou a pessoa mais velha”. Se respeito, deferência ou reverência fossem prova do que diz o ministro, Jesus Cristo seria o “comandante supremo” de uma quadrilha. Dirceu era ministro da Casa Civil. Ou seja, uma autoridade governamental. É óbvio que as demais pessoas, inclusive as citadas no processo, o tratavam com deferência, com respeito, porque assim devem ser tratadas as autoridades. Ou será que elas devem ser tratadas com desrespeito, como a imprensa marrom as trata?

Se fosse bastante a deferência – adequada ao cargo e à pessoa – para condenar alguém como “mentor”, “chefe”, “comandante supremo” de uma quadrilha, estaríamos mal. E a deferência para com os ministros do Supremo, como ficaria? Seria adequado que todos seguissem o exemplo de certa mídia e tratassem os ministros como se fossem delinquentes em potencial ou em ação? É evidente que não: essa mídia delinquente é que não pode continuar a tratar o STF com esse desrespeito.

Mas, segundo Barbosa, não é preciso mais do que constatar a deferência com que Dirceu era tratado para condená-lo – e por antecipação, antes de ser julgado. Ou, nas suas próprias palavras: “para mim, é o bastante”. Não é preciso, a seu ver, mais do que isso.

Houve época – estamos nos referindo à República Velha, o período anterior à Revolução de 30 – em que a Justiça brasileira esteve submetida a interesses estranhos à sua finalidade. Foi nessa época que o patrono dos advogados, Ruy Barbosa, em um de seus artigos mais conhecidos, “O Justo e a Justiça Política”, escreveu: “Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de Estado, interesse supremo, como quer que te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! (….) não há salvação para o juiz covarde”.

Hoje, graças aos céus – e ao povo brasileiro – ficaram para trás os tempos em que a Justiça estava submetida ao poder político reacionário, em que era instrumento da opressão sobre o povo brasileiro. Certamente, a imprensa anti-brasileira e corrupta quer fazer hoje o papel que a oligarquia fez na República Velha. Mas isso não acontecerá, ou a Justiça passaria a ser o território da injustiça.

O ministro Joaquim Barbosa não teria sido proposto pelo presidente Lula para a investidura no tribunal máximo do país, se não tivesse qualidades de magistrado. Já Ruy, vítima da injustiça política, jamais foi ministro do Supremo Tribunal Federal. Mas as palavras que mencionamos serviram de guia para vários dos luminares dessa casa de Justiça – e continuarão servindo.

CARLOS LOPES

Hora do Povo

Rizzolo: Não há dúvida que, como já disse anteriormente a denúncia apresentada era “vazia ” do ponto de vista probatório, as acusações são genéricas, e na realidade, se fosse Zé Dirceu, uma pessoa comum, essa denúncia jamais seria recebida. Mas para justificá-la há necessidade de fundamentá-la e aí, vemos que a inclinação e a formulação da argumentação que daria embasamento ao recebimento da denúncia, faz com que J.Barbosa se apegue em questões como “prova mínima” e fator “deferência ” que poderíamos tipificar num abstrato ” temor referência” que é uma ficção jurídica uma tanto absurda no caso em pauta. O que foi apresentado são apenas declarações de terceiros e fatos não comprovados, episódios dos quais supostamente Zé Dirceu teria participado, mas nada de concreto.

A verdade é que o STF se submeteu infelizmente a pressões da mídia, e isso o próprio o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), em conversa telefônica na noite de anteontem, reconheceu e reclamou de suposta interferência da imprensa no resultado do julgamento que decidiu pela abertura de ação penal contra os 40 acusados de envolvimento no mensalão. “A imprensa acuou o Supremo”, avaliou Lewandowski para um interlocutor de nome “Marcelo”. “Todo mundo votou com a faca no pescoço”.Ainda segundo ele, “a tendência era amaciar para o Dirceu”. Depois negou , e disse que não foi bem assim, que não disse bem isso. Ora, isso nos leva a pensar que, se for verdade, estamos diante de uma verdadeira ditadura midiática, seria impressionante o poder de intimidação dessa mídia golpista. Isso é democracia ? Um ministro do supremo desabafa que sofreu verdadeira “coação moral”, depois diz que não foi bem assim. Afinal, aonde estamos ? a que ponto chegamos, a que nível de insegurança jurídica estamos expostos.

Já disse várias vezes que temos que rever essas questões de concessões e abrirmos esse debate para a sociedade. Como Advogado jamais devemos constestar uma decisão judicial, contudo, a partir de declarações comos estas, a OAB deveria se manifestar.

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Teórico da tortura, ministro pede para deixar Bush antes que governo acabe

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Bush perde o ministro da tortura, do grampo e da fraude eleitoral

Gonzales foi o porta-voz de Bush para a propaganda de que a tortura era imprescindível ao Estado fascista pós 11/9, e de que o “presidente” podia torturar quem quisesse enquanto “comandante-em-chefe”

Em mais um lance do desmanche do governo Bush, seu ministro da Tortura, do Grampo e da fraude de eleições, Alberto Gonzales, anunciou sua renúncia. Há duas semanas, outro “baluarte” da “era Bush”, seu guru Karl Rove, havia fugido da Casa Branca, antes que saísse de camburão. Mais do que a típica fuga dos ratos quando o navio afunda, a renúncia do fiel Gonzales, além de tentar proteger a ele próprio, visa tentar afastar do chefe W. Bush o foco das investigações sobre quem mandou demitir nove promotores que não aceitaram fazer parte do esquema da fraude na reeleição de 2004. De acordo com o “Washington Post”, Bush costumava chamar a Gonzales de “mi abogado”.

Gonzales integrava o círculo mais íntimo de malfeitores reunidos por W. Bush, para quem exerceu o cargo de conselheiro jurídico quando este era governador do Texas. No cargo redigiu memorandos e mais memorandos pró pena de morte de negros e latinos e nunca recomendou clemência para um condenado que fosse. Iniciou-se como advogado num grande escritório de Houston, que atendia a Halliburton e a Enron; progrediu e até virou sócio. Ainda segundo o WP, “em 1996 ele ajudou o então governador do Texas Bush a evitar um julgamento em que este poderia ser forçado a revelar uma incriminação 20 anos antes por dirigir embriagado”. Foi depois nomeado secretário de Estado do Texas e, mais tarde, para a Suprema Corte do estado.

Levado para Washington após o golpe de estado sancionado pela Suprema Corte em 2000, em que o povo dos EUA e Albert Gore foram esbulhados, rapidamente ele se adaptou ao novo papel. Tornou-se, pelo menos oficialmente, o “teórico” da tortura, assinando como conselheiro jurídico da Casa Branca pareceres em que Bush se tornaria acima das Convenções de Guerra de Genebra e das leis internacionais, “reinterpretando-as”, e abrindo o caminho para o que depois se tornou escândalo em Abu Graib, Guantánamo, Bagram e em cada uma das prisões secretas mantidas pela CIA mundo afora.

DEMISSÕES

No segundo mandato de Bush, ele foi escalado para ministro da Justiça, em substituição a John Ashcroft, um dos mentores do “Ato (In) Patriótico”, que acabara se torrando com seu fervor pelo estado policial. Na nova função, Gonzales fez entusiásticas defesas do grampo, amplo e geral, movido por Bush contra a população norte-americana com a ajuda das grandes operadoras de telecomunicações e dos vôos secretos da CIA. Gonzales estava, ainda, metido em tudo o que fedia em Washington, como o Plamegate. Mas a operação que puxou o tapete sob seus pés foi a demissão de nove promotores – sete em um só dia. Uma pequena parte do enorme mecanismo de fraude eleitoral que manteve em 2004 W. Bush na Casa Branca.

Aguardando-o no esgoto dos desembarcados do governo de Bush, já estavam o ex-chefão do Pentágono, Donald “Vamos-Ser-Recebidos-com-Flores” Rumsfeld; o ex-operador-chefe de conspiratas do vice Cheney, Libby “Omertá” Lambreta; o sabotador da ONU John Bolton; o general Colin Powell; e o já citado Rove.

Um latino, Gonzales foi ministro de um governo caracterizado pela perseguição dos imigrantes – a maioria deles, latinos como Gonzales. Mas, acima de tudo, foi o porta-voz oficial do governo de W. Bush para a propaganda de que a tortura era imprescindível ao Estado policial criado a partir de 11 de Setembro, e de que o “presidente” podia torturar quem, como e quando quisesse enquanto “comandante-em-chefe”. Segundo os memorandos de Gonzales, o chefe Bush estaria acima do código penal, da constituição dos EUA e das leis internacionais, na sua condição de “comandante-em-chefe” durante a “guerra ao terror” que lançara.

Nos últimos cinqüenta anos, seguidos governos dos EUA haviam promovido, mandado ensinar e torturado em massa, sem jamais admitir isso oficialmente. Mas, brandindo o 11 de Setembro, o governo de W. Bush simplesmente tornou a tortura uma doutrina oficial dos EUA. Bastava uma declaração considerando alguém como “inimigo combatente” e pronto: podia ser seqüestrado, mantido sem acusação por anos, sem acesso à família e advogado, e torturado. Principalmente torturado, que é para isso que servem os campos de concentração e as prisões secretas montadas pela CIA e pelo Pentágono.

CONVENÇÕES

Gonzales foi uma das peças-chave na “redefinição” da tortura. Em um memorando de janeiro de 2002, Gonzales “concluiu” que a proteção do artigo III das Convenções de Genebra estava “obsoleta” e era “inadequada” para lidar com os “inimigos combatentes” capturados – como eles chamavam os resistentes afegãos. Cinicamente, o texto levantava argumentos pró e contra, como se tratasse efetivamente de um debate jurídico, até definir que W. Bush e a CIA podiam fazer o quisessem contra os seqüestrados. O “parecer” também concluía que o próprio Bush é que decidiria como é que os princípios das convenções de Genebra deveriam ser aplicados, além de considerar imprecisas as definições de Genebra condenando os “ultrajes à dignidade pessoal” e “tratamento desumano”.

Em agosto de 2002, atendendo à orientação recebida da Casa Branca, por intermédio de Gonzales, Jay Baybee, então como chefe do “Office of Legal Counsel” (correspondente à Advocacia Geral da União), emitiu um documento para autorizar que a gestapo de Bush cometesse o que antes era tido como “atos cruéis, desumanos e degradantes”, e isentando os torturadores de qualquer responsabilidade criminal. Segundo o documento, para “ser tortura” os atos praticados “têm de ser de uma natureza extrema” e o interrogador teria de ter “intenção de causar dano”.

O que estava em “consulta” era, como explicitava o memorando, “os padrões de conduta sob a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos e Punições Cruéis, Desumanas e degradantes, tal como implementado nas seções 2340-2340-A do título 18 do Código Penal dos EUA”. “Certos atos podem ser cruéis, desumanos e degradantes, mas ainda assim não produzir dor e sofrimento para ser enquadrada na proibição contra a tortura da Seção 2340-A”, considerava a excrescência. Tortura, só com dor física “equivalente em intensidade à dor que acompanha sérios ferimentos físicos, falência de órgãos, parada de função corporal, ou mesmo morte” e, para que “a dor ou sofrimento mental chegue à tortura, deve causar dano psicológico significante, e de significativa duração, por exemplo, meses ou mesmo anos”.

“INCONSTITUCIONAL”

Talvez a mais esclarecedora passagem do citado memorando seja o parágrafo que diz que “a seção 2340-A [do Código Penal dos EUA] pode ser inconstitucional se aplicada a interrogatórios feitos de conformidade com os poderes do comandante-em-chefe” [isto é, Bush]. E, “nas atuais circunstâncias a proibição da seção 2340-A [isto é, a proibição da tortura] pode ser barrada porque representaria um infração da autoridade do presidente para conduzir a guerra. A necessidade de autodefesa pode justificar métodos de interrogatórios que podem violar a seção 2340-A”.

Antes da queda de Gonzales, boa parte de seus memorandos já havia ido para o lixo, graças à Resistência iraquiana, aos escândalos de Abu Graib e de Guantánamo e às mobilizações do povo norte-americano.

ANTONIO PIMENTA

Hora do Povo

Rizzolo: O camarada Gonzales, já vai tarde, como ministro participou ativamente de tudo que era mais espúrio na política racista e belicista de Bush, é claro, que ao perceber que a popularidade de Bush esta indo cada vez pior, e por estar envolvido também nas fraudes eleitorais, resolveu sair antes que o governo acabe. Um fervoroso defensor da tortura como medida de legitima contra a “guerra ao terrorismo”, desenvolveu aspectos “jurídicos” de interpretações nazistas para e legitimar atos de horror e desrespeito aos direito humanos. É impressionante a que ponto chegou os EUA, na realidade, é o desespero de uma política capitalista falida que vê na força o único meio de se manter e tentar prosperar a custa do desrespeito aos demais países que pretendem subjugar. Depois se dizem democratas. Uma verdadeira piada. É um verdadeiro Estado terrorista, como diz Noam Chomsky !

UGT propõe a Lula mudanças no FGTS

Central sindical vai apresentar ao presidente propostas de alteração no rendimento de juros ao trabalhador transformando a aplicação em recebíveis

O presidente da União Geral dos Trabalhadores – UGT, Ricardo Patah, solicitou audiência com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para apresentar propostas de mudanças na Lei 8.036/90 que regulamenta o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. A audiência, que ainda será confirmada pelo Gabinete da Presidência, está sendo agendada para os próximos dias 3 ou 5 de setembro.

Para Patah, a sociedade merece uma explicação sobre o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto FGTS Fácil, que revelou perdas ao patrimônio dos trabalhadores estimadas em R$ 46 bilhões. “O dinheiro do trabalhador deve ser administrado de outra forma, visto que atualmente a correção monetária do Fundo está abaixo da inflação. Não podemos aceitar a justificativa de que a correção das contas obedece ao disposto na Lei”, afirma o presidente da UGT.

A UGT quer que seja repassada aos trabalhadores parte dos juros cobrados pela Caixa Econômica Federal nas linhas de crédito oferecidas à população com os recursos do Fundo de Garantia. Atualmente, como gestora do FGTS, a Caixa cobra do trabalhador, independentemente de ele ter ou não conta vinculada, juros de 8,16% ao ano nos financiamentos. Percentual muito acima do índice da TR registrado em 2006 de 2,0377%. Patah disse que vai levar ao presidente uma alternativa da UGT para o problema. A proposta é mudar a forma de aplicação, transformando a aplicação em recebíveis imobiliários garantidos pela Caixa. “A Caixa Econômica Federal deverá ser a avalista das operações e o Fundo participará dos empréstimos comprando os créditos. Com isso a taxa paga ao fundo será de empréstimo e não de captação, como hoje, que beneficia apenas a burocracia da Caixa”, disse Patah.

Outra proposta da UGT é a mudança no sistema de representação dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS. Atualmente o Conselho é formado por oito representantes do Governo Federal, quatro representantes dos trabalhadores e quatro representantes dos empregadores, o que segundo Patah contribui para que as decisões não beneficiem o trabalhador: “O problema é que a representação no Conselho não é paritária, apesar de o dinheiro ser do trabalhador. É justo que os trabalhadores tenham um peso maior nas decisões, e essa posição será levada ao presidente Lula”, concluiu.

Durante a audiência o presidente da UGT também deverá abordar assuntos como o regulamento de funcionamento

Site da UGT

Rizzolo: Num ambiente de consenso e unidade, as centrais sindicais — CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CGTB (Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil) — debateram a sua agenda com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), nesse mês de agosto. Na oportunidade, entregaram a Chinaglia um documento que propõe uma “jornada pelo desenvolvimento, com distribuição de renda e valorização do trabalho”, quem tem como referência a AGENDA DOS TRABALHADORES PELO DESENVOLVIMENTO, documento que apresenta diretrizes, políticas e ações para promover mudanças substantivas na realidade atual, permitindo a integração positiva entre crescimento econômico e desenvolvimento. A Agenda está organizada em quatro âmbitos problemáticos: A desigualdade e concentração de renda; desemprego e mercado de trabalho; A capacidade do Estado em promover desenvolvimento; A democracia e a participação social. As mudanças sugeridas por Path no FGTS, são interessantes principalmente no que diz respeito a mudança no sistema de representação dos trabalhadores no Conselho Curador do FGTS.

Lula diz que reeleição foi resposta às acusações de corrupção

Brasília, 29 ago (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que a resposta à tentativa da oposição de vinculá-lo ao escândalo do mensalão foi a reeleição com 61% dos votos.

“Eles (a oposição) tentaram me atingir, e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado”, declarou.

Depois de um ato realizado no Palácio do Planalto, Lula comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de processar 40 acusados de envolvimento com o esquema, que supostamente funcionou entre 2003 e 2005.

Lula disse que a aceitação das denúncias contra três ex-ministros de seu Governo não é mais que uma prova de que “as instituições estão funcionando” e de que “a democracia está solidificada”.

O presidente ressaltou que a decisão do STF “não condena nem absolve ninguém”, e negou que todo o Governo “esteja no banco dos réus”, como afirma a oposição.

Lula insistiu em que, agora que os processos estão abertos, é necessário deixar a Justiça atuar. “Quem tiver culpa, pagará o preço, e quem não tiver será inocentado”.

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é um dos processados e responderá por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Além disso, serão julgados por corrupção o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Folha online

Rizzolo: A dissociação da figura de Lula com os envolvidos no mensalão já existe há muito tempo, é claro que na época das eleições para preesidente as denúncias de corrupção já pairavam no ar, contudo ao povo, ao eleitor, que vê na figura de Lula a esperança , isso pouco importou e a resposta foi a reeleição. Na realidade a questão agora esta na apreciação do mérito das denúncias recebidas pelo STF, a sinceridade é a melhor arma contra a idéia da própria mídia golpista de explorar o assunto em detrimento à imagem de Lula. Isso pouco importa em face à dissociação da imagem feita a tempo.

OTAN, Afeganistão e ópio

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A OTAN está no Afeganistão há seis anos: diz que controla o país, que está a funcionar maravilhosamente. Logicamente, então, haverá uma ligação entre a OTAN e o gigantesco salto na produção de ópio? Será pela mesma razão que os terroristas do UÇK (que controlaram o tráfico de heroína na Europa através da Turquia) foram recebidos como heróis na Capitol Hill?

OTAN está no Afeganistão há seis anos. Será apesar desta presença, ou por causa dela, que a produção de ópio tem aumentado, de acordo com o relatório recente da ONU, para 8.400 toneladas por ano, um incremento de 34 por cento a escala nacional?

É curioso também que a imprensa ocidental agora justifica a campanha no Afeganistão, afirmando que parte do processo tem a ver com a redução no tráfico do ópio – quando foram precisamente os Taleban que tinham reduzido esse flagelo, e quando a produção tem aumentado tanto sob a égide da OTAN.

De acordo com o Director da Agência da ONU para Drogas e Crime, António Maria Costa, a situação no Afeganistão hoje é parecida com aquela da China há um século atrás.

Vemos agora o desastre espectacular da política da OTAN e seu mestre, Washington, no Afeganistão: depois de criar um monstro (os Mujaheddin, contra o governo progressista socialista, que depois de transformaram nos Taleban) e depois de substituí-lo com outro monstro, um governo composto por narco-traficantes e senhores de guerra, inteiramente desadequados como governantes, agora falam da “tolerância de corrupção” do Governo de Hamid Karzai.

E entretanto, toneladas de heroína inundam as ruas das cidades da Rússia, e do resto da Europa. Foi esse parte do Grande Plano?

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

Rizzolo: Existem informações que o Afeganistão já não exporta ópio bruto, mas diretamente heroína, refinada é grave, sabemos que o governo do Mulá Omar, em novembro de 2000, época do cultivo da papoula, flor da qual é extraído o ópio, baniu seu plantio, o decreto de cunho religioso cortou a produção de ópio de 3.100 toneladas para “virtualmente nada” na primeira metade de 2001, é claro que o governo americano para “manter o sistema” faz uso desses mafiosos, que na realidade passam a ser lacaios de uma causa beligerante. A OTAN e sua presença há seis anos tem contribuido para essa produção em escala. Bela democracia e liberdade e grande plano , hein !