Comparato: venda da Vale foi uma ‘grossa ilegalidade’

“Ao abandonar em 1997 o controle da Companhia Vale do Rio Doce ao capital privado por um preço quase 30 vezes abaixo do valor patrimonial da empresa e sem apresentar nenhuma justificativa de interesse público, o governo federal cometeu uma grossa ilegalidade e um clamoroso desmando político”, denunciou Fábio Konder Comparato, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da OAB.

Comparato explicou que “em direito privado, são anuláveis por lesão os contratos em que uma das partes, sob premente necessidade ou por inexperiência, obriga-se a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (Código Civil, art. 157). A hipótese pode até configurar o crime de usura real, quando essa desproporção de valores dá a um dos contratantes lucro patrimonial ‘que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida’ (lei nº 1.521, de 1951, art. 4º, b). A lei penal acrescenta que são co-autores do crime ‘os procuradores, mandatários ou mediadores que intervieram na operação’”.

Como destacou Comparato, “o edital de alienação do controle da Companhia Vale do Rio Doce se limitou a declarar que a desestatização da empresa ‘enquadra-se nos objetivos do PND (Plano Nacional de Desestatização)’. Nem uma palavra a mais. Fora do edital, o governo federal adiantou duas justificativas: a necessidade de reduzir o endividamento público e a carência de recursos financeiros estatais para investimento na companhia. Ambas as explicações revelaram-se falsas. O endividamento do Estado, que no começo do governo Fernando Henrique era de R$ 60 bilhões, havia decuplicado ao término do segundo mandato presidencial. Por sua vez, o BNDES, dispondo de recursos públicos, financiou a desestatização da companhia e continua até hoje a lhe fazer vultosos empréstimos”.

“Mas a entrega de mão beijada da Vale ao capital privado”, continuou Fábio Comparato, “foi também um desmando político colossal nesta era de globalização. O Estado desfez-se da maior exportadora mundial de minério de ferro exatamente no momento em que a China iniciava seu avanço espetacular na produção de aço. Hoje, a China absorve da Vale, isto é, de uma companhia privada, e não do Estado brasileiro, quase 30% da produção desse minério. Além disso, a companhia, que possuía o mais completo mapa geológico do nosso território, já era, ao ser alienada, concessionária da exploração de quase 1 bilhão de toneladas de cobre, de 678 milhões de toneladas de bauxita, além da lavra de dois minérios de alto valor estratégico: o nióbio e o tungstênio. Esse trunfo político considerável foi literalmente jogado fora”.

Até o próximo dia 9 em todo o país prossegue o plebiscito popular que questiona a entrega da Vale. Intitulada “A Vale é Nossa”, a campanha é organizada por movimentos sociais, organizações sindicais e pastorais da Igreja. “Nesta Semana da Pátria realiza-se, em todo o território nacional, por iniciativa dos movimentos populares, um plebiscito para que o povo possa, enfim, dizer não a esse crime de lesa-pátria”, conclui Comparato.
Hora do Povo

Rizzolo:O Prof. Fábio Konder Comparato, professor titular aposentado da Faculdade de Direito da USP, e presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia do Conselho Federal da OAB, é uma das figuras mais nobres da Advocacia, é um defensor da democracia participativa, e das causas em favor do povo brasileiro. É claro que do ponto de vista jurídico estamos diante de um crime de lesa pátria que “salta aos olhos”, não houve uma justificação plausível para que a venda tivesse legitimidade por parte do Poder Público, apenas declararam que o desmonte se “legitimaria” em face aos objetivos do Plano Nacional de Desestatização. Ora, à parte desse fundamento “vazio”, fora do edital as justificativas eram de cunho neoliberal como reduzir endividamento público e falta de recursos estatais para investir na Companhia. E tem mais, a Vale explora minérios, bens da natureza, que é de todo o povo brasileiro, nada mais justo do que o lucro desses bens naturais regressarem ao povo brasileiro. Os R$ 14 bilhões que ela está ganhando por ano não podem ir para os acionistas, têm que ir para o povo. Infelizmente fizeram de tudo para justificar de forma espúria a venda de uma empresa do povo brasileiro, e que no futuro deverá retornar ao Estado, como medida de Justiça.

Chávez media acordo entre Uribe e Farc para pacificar a Colômbia

Chávez encontra Uribe e busca acordo das FARC com governo da Colômbia

No Palácio Presidencial na cidade de Bogotá, Hugo Chávez e Álvaro Uribe, presidentes da Venezuela e da Colômbia, mantiveram um encontro que teve como objetivo avançar nas gestões para conseguir um acordo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC. Na reunião, no sábado, dia 1° de setembro, Chávez foi oficialmente nomeado como mediador para auxiliar nas negociações que incluem a troca de aproximadamente 45 políticos, militares e policiais detidos pelas FARC por 400 guerrilheiros presos.

“Conseguir a paz na Colômbia é um passo decisivo na integração do nosso continente. Eu venho com toda minha alma, com toda minha fé posta em poder contribuir na troca humanitária, na busca da paz que é paz para todos, e nisso os dois países teremos sempre um papel imenso que jogar. Venezuela e Colômbia são uma só, filhas de Bolívar”, afirmou o presidente Hugo Chávez.

Uribe ressaltou que a relação construída pelos dois governos “é estimulada pela história próxima de nossos países e pela franqueza, sinceridade e amizade do presidente Hugo Chávez”.

Sob o pretexto de combate ao narcotráfico, o país limítrofe da Venezuela sofre uma aberta ingerência dos Estados Unidos. O Pentágono implantou bases militares e tropas por conta do mal denominado ‘Plano Colômbia’.

Sobre os resultados das conversas, o líder bolivariano assinalou que sente plena confiança de parte do mandatário colombiano para agilizar as gestões pertinentes e ter condições de mediar entre ambos os pólos.

Também destacou o primeiro sinal da direção das FARC, produzido horas antes de chegar a Bogotá, e disse que isso mostra “um bom começo”. Manifestou que confia em que o emissário proposto pela organização em armas para iniciar os diálogos em território venezuelano, será alguém, “do secretariado, que tenha capacidade de tomar decisões” para abonar o caminho para uma saída da crise. “Tomara seja Marulanda” acrescentou, se referindo ao histórico líder guerrilheiro.

Em entrevista ao jornal mexicano La Jornada, o dirigente das FARC, Raúl Reyes, destacou que “o encontro entre Chávez e Marulanda é factível, mas devemos organizá-lo, não é simples”. A organização guerrilheira foi formada 43 anos atrás, em 1964.

Hora do Povo

Rizzolo: Temos que encontrar uma saída para que a América Latina viva de forma harmoniosa, e Hugo Chavez se propõe ao dialogo como intermdiador entre as Farc e o governo Uribe. Todos nós sabemos que Álvaro Uribe, esta cercado de elementos que querem o confronto e não o entendimento, o próprio chanceler colombiano, Fernando Araújo, durante sua passagem pelo Brasil nesta semana, conseguiu demonstrar que o presidente Alvaro Uribe não representa o que há de mais reacionário em seu país. Essa referência pertence a ele próprio, Araújo disse com todas as letras que só vê o uso da força contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como solução para o conflito em seu país. De qualquer forma Hugo Chavez tenta direcionar ao diálogo e isso é muito proveitoso.

Em conversação telefônica ocorrida na segunda-feira, dia 3, o presidente Luis Inácio Lula da Silva expressou a Hugo Chávez seu apoio às gestões em busca de um acordo humanitário para conseguir a libertação dos guerrilheiros colombianos presos e de políticos, efetivos militares e policiais retidos pelas FARC, como ponto de partida para a construção de caminhos para a paz nesse país.

De acordo com jornal HP, Lula ofereceu a Chávez toda a colaboração política e diplomática em sua delicada tarefa. O sucesso da mediação venezuelana “se reveste de uma estratégica importância para o Brasil, cujas fronteiras têm sido objeto de freqüentes problemas derivados do Conflito interno da nação irmã”, afirma nota emitida pelo Ministério da Comunicação e Informação – Minci.

No telefonema, “que foi muito amistoso e durou cerca de 40 minutos, os dois chefes de Estado acertaram se reunir em Manaus, capital da Amazônia brasileira, na quinta-feira, dia 20 de setembro para tratar da agenda bilateral, acordos e outros assuntos de interesse comum”, informou o Minci.

Nesse encontro, se discutirá o intercambio econômico-comercial e a questão energética, em cujo contexto o presidente Lula manifestou ao líder venezuelano especial interesse em imprimir maiores avanços no projeto do gasoduto sul-americano sob o enfoque da integração da América Latina e da dinâmica da política internacional, comunicou o documento do ministério.

“Nada que nos aconteça pode nos esmorecer”

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No 3º Congresso do PT, o presidente Lula disse que as mudanças no país “incomodam muita gente” e conclamou: “vamos à luta”

O presidente Lula empolgou as cerca de 3 mil lideranças políticas e delegados presentes ao 3º Congresso do Partido dos Trabalhadores ao defender em seu discurso, no sábado, que o partido tem uma grande tradição de lutas e está promovendo uma “transformação histórica no país e nada que nos aconteça pode nos esmorecer”. “O PT”, disse Lula , “chega ao seu terceiro congresso, aos 27 anos, de uma existência que marcou não só a história social e política do Brasil como de toda a América Latina”. “Nosso partido tem uma história intimamente ligada à luta dos trabalhadores e de amplos segmentos de nosso país por uma sociedade politicamente mais democrática, economicamente mais igualitária e socialmente mais justa”, afirmou.

MARCA

“O PT precisa ficar muito atento e cada vez mais combativo”, prosseguiu. “Ganharmos as eleições num país desse tamanho e fazermos as políticas sociais que estamos fazendo não é uma coisa simples. Isso incomoda muita gente. Antigamente cada centavo que eles davam aos pobres eles contabilizavam como gastos e nós, orgulhosamente, dizemos que quando fazemos isso estamos investindo na conquista da cidadania, na conquista da democracia”.

“Muita gente fica incomodada. E nós temos que ficar tranqüilos, serenos, sempre de bom humor. Porque o resultado do nosso governo será uma marca histórica da sociedade brasileira, eu não tenho dúvida disso”, assinalou. “Mas é preciso que a gente fique alerta porque eles não vão nos deixar nadar em águas tranquilas o tempo inteiro. É preciso se preparar para os tsunamis que virão”, alertou Lula.

O presidente ressaltou que sua trajetória política “é inseparável da trajetória do PT”. “Vocês me fizeram viver momentos de intensa e imensa alegria e emoção”, disse. “O gesto que vocês fizeram na crise de 2005, quando o partido convocou o eleições e 320 mil militantes foram às urnas dizer aos nossos críticos que “estamos mais vivos do que nunca” e que ganharíamos as eleições em 2006, foi decisivo”. “E foi exatamente isso o que aconteceu”. “Quando, durante a crise de 2005, a CUT levantou a cabeça e, junto com outros movimentos, disseram: ‘mexeu com Lula mexeu comigo’, a coisa mudou de figura”, lembrou.

“Eu precisava fazer esse alerta porque os adversários são incansáveis, apesar de alguns estarem cansados”, brincou. “Os nossos senadores, deputados federais, deputados estaduais precisam aprender uma lição: que a gente não pode ficar abalado cada vez que sai uma manchete contra o nosso partido”, alertou. “Até porque eles estão criticando não os nossos defeitos, mas exatamente as nossas qualidades”, acrescentou.

“Encontramos um país que enfrentava gravíssimos constrangimentos. Não me refiro somente a problemas conjunturais como ameaças de um novo surto inflacionário, a fragilidade de nossa inserção no mundo e o sucateamento do Estado. Os problemas eram mais graves. Eram estruturais. O país estava profundamente vulnerável face à desordem econômica internacional”, assinalou.

“Nossas universidades, a despeito da qualidade de seus cientistas e intelectuais, vivia um momento amargo. As políticas públicas sofriam com o persistente desmonte e privatização do Estado. Multiplicavam-se as demandas dos mais variados setores sociais relegados ao mais profundo abandono. A auto-estima dos brasileiros se encontrava em seu mais baixo nível. O país sofria os efeitos do que Celso Furtado chamou de construção interrompida”, acrescentou.

“Domamos a inflação que, de novo nos ameaçava, controlamos a ameaça de uma nova crise cambial, diminuímos lenta, mas seguramente, os juros que inibiam nossa atividade econômica, estimulamos como nunca o mercado externo, sem prejuízo do mercado interno, retomamos o crescimento de forma sustentada. Não o fizemos, como dizem alguns, mantendo a política econômica anterior, mas, ao contrário, fizemos justamente o que não havia sido feito. Se tivéssemos prosseguido naquele caminho recessivo e perdulário o Brasil certamente teria quebrado”, enfatizou.

Ele comemorou a criação de 1,2 milhão de empregos com carteira assinada nos primeiros seis meses do ano. “O Fome Zero, principalmente o seu carro chefe, o Bolsa Família, produziu a mais ampla transferência de renda que o país já viu. Não só produziu uma ampla proteção social de mais de 40 milhões de pessoas como permitiu aumentar o consumo criando um amplo mercado de massas que sempre foi um dos objetivos programáticos históricos de nosso partido”, argumentou o presidente. “Hoje”, prosseguiu, “esse consumo interno é o principal motor do nosso crescimento. Isso desmonta a tese elitista de que nossos programas sociais, especialmente o Bolsa Família, são medidas assistencialistas ou populistas”. “Quem assim pensa nunca passou fome ou só conhece a pobreza através dos livros. Quem pensa assim não compreende que o Bolsa Família não é favor, é um direito do povo pobre desse país”, rebateu.

“Foi preciso fazermos a reconstrução do Estado. Colocar os bancos públicos a serviço do desenvolvimento do pais. A privatização e a atrofia do Estado brasileiro impediam o funcionamento de nossas políticas públicas. Contrariamente ao que afirmam os conservadores, faltavam funcionários para a saúde a educação, para o controle do desmatamento de nossas florestas e para outras atividades”, denunciou Lula, lembrando que em seu projeto de “transformação produtiva” vai investir R$ 504 bilhões com o PAC.

Lula defendeu a continuidade do projeto de desenvolvimento. “Esses 8 anos de nosso governo não podem ser um intervalo progressista entre governos conservadores”, ressaltou. “Como tenho dito, passarei a faixa presidencial a meu sucessor em janeiro de 2011, mas lutarei para que o futuro presidente seja alguém identificado com o nosso projeto, capaz de dar continuidade e profundidade à obra que nós iniciamos”. “Nosso projeto inclui uma ampla coalizão de partidos. Temos que trabalhar para ampliá-la ainda mais. Para isso, o PT deve se manter unido”, salientou. “Se tivermos paciência e sabedoria política, teremos, junto com o nosso povo, muitas outras vitórias”, acrescentou.

Lula criticou o preconceito de certos setores da sociedade. “E muito fácil para aqueles que tomam uísque, achar que estamos gastando dinheiro com os pobres. Mas, o que estamos fazendo é investir no futuro do país”. “Nossa prioridade é colocar comida na mesa do povo, porque sem o povo não haverá nação”, afirmou.

Lula defendeu os dirigentes do PT que vão ser processados pelo STF. “Ate agora nenhum deles foi inocentado ou culpado”, disse. “Até agora tem um processo. Eles terão tempo para se defender e provar sua inocência. Aqueles que não cometeram erros serão absolvidos”, afirmou.

“Mas, o importante é que nada que nos aconteça, processados ou não, pode nos esmorecer”. “A vida é muito curta. Não temos o direito de nos sentir derrotados. Nenhum petista tem que sentir vergonha de defender um companheiro”, completou Lula.

REVOLUCIONÁRIOS

“O que é importante e é sagrado nisso, é que numa luta de um partido político com a tradição como o nosso, uma luta como essa, não se faz sem dor e sem ferimentos. Nós já perdemos tanta gente. Perdemos pessoas que morreram antes do PT para consolidar a democracia. Jovens que um dia levantaram a cabeça para conquistar a democracia nesse país”. “Perdemos velhos revolucionários como Apolônio de Carvalho, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Betinho, Henfil; já perdemos Mariguela, já perdemos Margarida Alves, por isso, vamos prosseguir nesta luta. A luta sempre continua”, concluiu.

SÉRGIO CRUZ
Hora do Povo

Rizzolo: Não resta a menor dúvida que a criação de 1,2 milhão de empregos com carteira assinada nos primeiros seis meses do ano, foi um grande feito do governo Lula. A Bolsa Família, que a elite gosta de dizer “que é coisa de vagabundo”, enquanto saboreia um wiskye 12 anos, é essencial, e como bem disse Lula, os que são contra, conhecem a pobreza só através dos livros, a Bolsa Família foi um grande avanço em direção ao combate à fome e a miséria. Sempre digo que investimento não é só no material, mas o principal investimento é no social, nas pessoas, no combate à fome, na saúde, como diria Noam Chomsky, temos que optar entre o lucro ou as pessoas, é claro que as teorias neoliberais que preconizam o “mercado” como regulador a tudo atribuindo a ele o poder mágico da justiça social, fracassaram e quem as defende é no mínimo mal intencionado e tem como seu santo padroeiro Adam Smith; num país faminto como o nosso onde 45 milhões de pessoas vivem e desprendem seus organismos de anemias profundas através da alimentação que a Bolsa Família proporciona, não pode depender de mercado, são crianças, idosos, que tem o direito de se alimentar adequadamente, e a intervenção do Estado é primordial. Sabemos que antes de tudo programas como este são acima de tudo de saúde pública, e necessários ao desenvolvimento do Brasil.

Com Aécio, PSDB é “potencial favorito” em 2010, diz Ciro

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse hoje em Belo Horizonte que, se o governador José Serra (SP) abrir mão da sua eventual candidatura presidencial para o governador Aécio Neves (MG), o PSDB se torna “potencial favorito”.

Esse é o cenário em que Ciro vê o PSDB como favorito. “O inverso não é verdade [Aécio abrir mão para Serra], na minha avaliação. O Aécio sai com 70%, 75% [da preferência do eleitorado] de Minas, entra bem no Rio, entra bem no Norte e muito bem no Nordeste, por ser mineiro.”

Indagado se Serra teria mais dificuldades, disse: “Nós conhecemos, o Serra é intragável”.

O ex-ministro de Lula disse ainda que o governador de São Paulo faz “esforço” para se mostrar mais próximo da esquerda. “Mas nós da esquerda não nos enganamos.”

Para Ciro, embora um presidente não consiga transferir voto, só Lula poderia atenuar o suposto favoritismo tucano.

“O que pode compensar esse favoritismo potencial é o presidente Lula estar na data [das eleições], e não hoje, pilotando um incontrastável sucesso. Nesse caso, ele será um eleitor muito importante que vai atenuar o eventual favoritismo do outro lado.”

Apesar de montar esse cenário, Ciro considera “equivoco” uma candidatura posta desde já, embora diga ser possível cogitar nomes, no que inclui o seu. “Pode cogitar, mas não pode deixar essa cogitação tomar conta da minha cabeça”, afirmou ele.
Folha online

Rizzolo: Ciro tem razão, o governador Serra tenta se posar de social-democrata, ou mais à esquerda, mas não engana, na realidade seu secretariado é todo da direita, suas decisões e posturas políticas são extremamente conservadoras, haja vista o apoio que ele tem em São Paulo, a capital mais reacionária do Brasil, o PSDB teve todas as oportunidades de estar ao lado do povo brasileiro, perdeu todas; contudo, se eclodir uma ala à esquerda dentro do PSDB, mas esquerda de verdade, humanizando-o, as chances seriam melhores e de certa forma haveria uma neutralização do apoio de Lula a seu candidato. Vejo muito pouco disso no momento atual, e duvido no futuro.

Aécio, com aprência de moço bom , é no fundo, ultraconservador, prova disso é sua visita à Colômbia. Mas qual a finalidade da viagem de Aécio Neves à Colômbia? Primeiro, sinaliza para o governo norte americano e para os financiadores internacionais que a política desenvolvida na Colômbia, em contraposição à esquerda Latina Americana, é melhor opção para a região. Neste sentido, o pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves se apresenta como o opositor implacável da esquerda e dos movimentos sociais e adota uma posição clara de adesão às teses conservadoras de Bush / Uribe. Quem sabe se ele se achegar ao PMDB poderá ser catequizado, e se tornar mais palatável ao eleitorado de centro-esquerda, mas vai ter que mudar muito, viu !

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Nova Orleans repudia descaso de Bush no 2° ano do Katrina

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Passados dois anos, partes inteiras de Nova Orleans estão como ficaram após a tormenta. Desapareceram 100 mil empregos; só metade das escolas reabriu e apenas um dos sete hospitais gerais da cidade funciona no nível de antes da passagem do Katrina

Na data de dois anos da devastação de Nova Orleans, pelo furacão Katrina e pela incúria do governo Bush, uma multidão percorreu as ruas de Nova Orleans para denunciar o abandono a que a cidade está relegada e para exigir que a reconstrução seja completada, e seu povo socorrido. Às 9h38 da manhã – a hora exata do rompimento dos diques que selou a destruição da cidade pela inundação – o prefeito Ray Nagin fez soar os sinos em cerimônia no cemitério da cidade. Mais de 1.400 moradores de Nova Orleans morreram na inundação. De bicão, Bush apareceu na cidade para reincidir na demagogia e tentar esconder sua responsabilidade na tragédia, enquanto as verbas federais prometidas para a reconstrução não aparecem, chegam a conta-gotas ou são malbaratadas em projetos de duvidosa eficácia. Os manifestantes marcharam pela Lower Ninth Ward, uma área predominantemente habitada por famílias negras, que foi arrasada e assim permanece até hoje. Cartazes chamavam Bush de “mentiroso” e “esquecido”, enquanto centenas de pessoas o repudiavam na avenida St. Claude. O prefeito convocou o povo de Nova Orleans, e todos os norte-americanos, a não esquecerem o que ocorreu. “Foi o momento quando a realidade com que nos estamos lidando agora nesta cidade teve início, nos chocou, e chocou o mundo”. Como destacou um escritor em 2005, o ocorrido em Nova Orleans, com a parte mais pobre, e negra, de sua população, deixada à própria sorte durante dias, com a cidade arrasada e inundada, sem luz, alimentos, remédios ou serviços públicos, era equivalente “a abandonar os feridos no campo de batalha”.

SEM DEFESA

Se houvesse no próximo ano outro furacão com a intensidade inicial do Katrina – escala 3, Nova Orleans voltaria a ser inundada e destroçada, porque as obras de reparação e fortalecimento dos diques e canais estão inteiramente atrasadas e, segundo o Corpo de Engenharia encarregado da obra, só deverão ficar prontas em 2011, na melhor das hipóteses. Isso mesmo, e para um furacão de intensidade 3; bem menos letal que a intensidade 5 apresentada pelo Katrina no auge da passagem por Nova Orleans. Um dos principais motivos é o atraso na liberação dos recursos. Aliás, a falta de recursos havia sido um dos fatores decisivos para o colapso do sistema de diques, porque o governo Bush havia em 2005 cortado em 44% a verba de manutenção dos diques, parando pela primeira vez em 37 anos as obras de reforço; a verba para prevenção de inundação havia caído 80% e o sistema de planejamento para abrigar cidadãos e evacuar refugiados havia sido dizimado. A obra deverá custar US$ 14 bilhões.

Veja-se que as obras são para supostamente dar conta de um furacão que seria o mais grave em 100 (“1-em-100”) no período de um século, enquanto o próprio corpo de Engenharia reconhece que a intensidade do Katrina no momento na destruição de Nova Orleans o faz o mais violento entre 396 furacões (“1-em-396”) no decorrer de um século. Em suma, de acordo com o plano de Bush de reforço dos diques, os moradores devem rezar para que o próximo furacão não ultrapasse essa intensidade 3. (E também para que, como já foi dito, espere até o ano 2011).

Segundo o “New York Times”, os remendos já feitos, ao custo de US$ 1 bilhão, permitiriam mais 15 cm de altura de água, mas o próprio jornal informa que essa diferença não evitaria muitas casas de serem novamente inundadas, como no caso que cita, da moradora, Leah Pratcher. Assim como ela, por toda parte moradores registraram a marca da inundação em suas casas. “A mensagem simples proporcionada por esses dados”, assinala o jornal, “é que enquanto partes da cidade estão substancialmente mais seguras, outras mudaram pouco. Nova Orleans permanece um lugar muito arriscado de se viver”. As obras, acrescenta, fortaleceram quilômetros de diques, “mas nem sempre nos lugares onde o povo mora”. Foram erguidas “paredes contra ruptura no lado leste do canal principal, mas deixaram o lado oeste, que ficou no caminho do furacão Katrina, mais baixo e assim mais vulnerável. Não foram fechados os canais frequentemente descritos como funis para a inundação da cidade”.

DISCRIMINAÇÃO

A seguir o “NY” esclarece aos leitores quais são, entre os moradores de Nova Orleans, aqueles que o governo Bush considera que devam ser preferencialmente protegidos de nova tragédia: “as comportas agora protegem bairros prósperos como Lakeview”. Assim, reconhece, “o trabalho mais bem sucedido, a construção de enormes comportas para interromper os canais que como dedos trazem tanta inundação para a cidade, tiveram um efeito divisor”. O efeito, admite, é a instigação de “velhos ressentimentos” e o que o jornal chama de “teorias conspiratórias” – “embora as autoridades do Corpo de Engenharia digam que não há favoritismo”.

Passados dois anos, a situação de Nova Orleans permanece dramática. Como denunciou o ex-senador John Edwards, “se o governo Bush fosse um governo decente e honesto, partes inteiras da cidade não estariam exatamente como ficaram após atingidas pela tormenta”. Bairros estão em destroços e inúmeros postos de comércio continuam fechados. Desapareceram 100 mil empregos. Apenas um dos sete hospitais gerais da cidade está operando no seu nível pré-Katrina; mais dois estão parcialmente abertos e quatro continuam fechados – um deles, o hospital universitário. Só em um dos condados, 30% dos médicos foi embora. O número de leitos hospitalares encolheu de dois – terços. A taxa de mortalidade aumentou agudamente. Só metade das escolas reabriu. Outros serviços básicos, como creches e bibliotecas, sofreram redução de 50%. O sistema de transporte só conta com 69 dos 368 ônibus que operavam antes do furacão. Foram destruídas 77 mil residências que eram alugadas, e agora o valor dos aluguéis dobrou ou triplicou. O crime está desenfreado, enquanto a polícia opera a partir de trailers.

DEMOLIÇÃO

O governo Bush planeja demolir quatro dos maiores conjuntos habitacionais da cidade, derrubando 3 mil apartamentos onde viviam famílias de baixa renda, isto é, em geral negras, para pôr nas novas construções a classe média. Só haveria dinheiro para reconstruir 1 mil residências para os habitantes prévios desses quatro conjuntos. 40% da população de Nova Orleans não teve como retornar. A situação dos refugiados internos de Bush não é muito diferente dos que estão de volta. Só em Houston, no Texas, um-terço é de velhos ou inválidos; um-terço está sem emprego, e o restante se vira com empregos de baixos salários. Mais de 30 mil famílias norte-americanas – a maioria de Nova Orleans – estão espalhadas pelo país em improvisados apartamentos pagos pela defesa civil, e outras 13 mil famílias estão vivendo precariamente em trailers em parques “onde a fome é tão prevalecente que se formam filas sempre que o caminhão da distribuição de cupons de alimentos aparece”. Há dois anos Bush mantém seus campos de refugiados.

ANTONIO PIMENTA

Hora do Povo

Rizzolo:O descaso do governo racista Bush é impressionante, é claro, que se fosse a tragédia numa área onde a maioria fosse branca, os desejos da população já teriam sido atendidos. Na verdade, “salta aos olhos” a discriminação do governo Bush, a falta de respeito e a desconsideração após dois anos a da tragédia demonstram o quanto nada representa a população negra nos EUA, agora, para invadir países com pretextos idiotas, esse governo republicano racista tem dinheiro de sobra, também não faltam recursos para investidas internacionais através da CIA desestabilizando governos que não são do interesse do império. Tudo leva na direção da segregação e da pouca vontade na proteção das minorias, como a decisão da Suprema Corte prejudicando políticas que há 50 anos visam o desenvolvimento da população negra americana.

A Suprema Corte dos EUA trouxe de volta a segregação às escolas dos EUA declarando “inconstitucional”, nos termos da “Gangue dos Cinco”, o sistema de cotas e outros mecanismos para integração racial e superação, pelas crianças negras, da herança perversa da escravidão e depois da segregação legal no país. A assim chamada “Gangue” é integrada pelos juízes nomeados por Bush pai e Bush filho, mais um remanescente de Reagan, e é encabeçada pelo atual presidente da corte, John Roberts. Imaginem que bela democracia, hein ! De acordo com os racistas, os programas de dessegregação é que são “racistas” e “violam os direitos constitucionais”. Em sua longa defesa dos programas de dessegregação, o juiz Stephen Breyer denunciou a traição à histórica sentença da Suprema Corte, de 1954, o caso “Brown v Secretaria de Educação (do Kansas), que tornou ilegal a segregação racial nas escolas dos EUA. Esse e o governo republicano dos EUA, e ainda tem gente no Brasil que acha os EUA, o máximo !