Lula: Brasil quer voltar a fabricar armas

MADRI, 16 Set 2007 (AFP) – O Brasil quer aperfeiçoar sua capacidade de fabricar armas, e é por isso que está comprando material militar, declarou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao jornal espanhol El Pais, publicada neste domingo.

Lula chegou na noite de sexta-feira à Espanha para uma visita oficial, mas os assuntos principais de sua agenda no país serão discutidos na segunda-feira.

“Nos anos 70, tínhamos usinas modernas que fabricavam blindados. Mas elas foram destruídas. O Brasil deve voltar a ter tudo o que tinha e recomeçar a construir suas usinas de material de guerra”, declarou Lula.

O Brasil vem multiplicando suas iniciativas para reforçar sua potência militar, modernizando seus submarinos, fabricando mísseis com a África do Sul, comprando aviões usados, ou ainda relançando seu programa nuclear.

O presidente brasileiro, no entanto, desmentiu que este reforço (o Brasil pretende aumentar 50% seus gastos militares no próximo ano) tenha alguma relação com as compras de armas realizadas por um de seus vizinhos, a Venezuela.

Lula disse ainda que o “orçamento militar do Brasil é pequeno”, ressaltando que há duas vezes mais militares na reserva do que na ativa.

Folha online

Rizzolo: Quem acompanha o Blog conhece minha defesa intransigente em relação a essa questão; o Brasil precisa urgentemente, desenvolver sua indústria nacional bélica, temos projetos arrojados como o Submarino Nuclear e outros, mas precisamos voltar a ter um parque industrial bélico do tamanho e à altura da nossa extensão territorial. Podemos adquirir tecnologia para fabricação em alguns segmentos dessa área, e fornecedores para isso não falta.

O Brasil perdeu sua indústria bélica, já tivemos uma Engesa, fornecíamos armamento para Arábia Saudita, e outros países árabes, tudo foi sucateado, precisamos reequipar e desenvolver nossa indústria militar, para que enfim possamos ter as Forças Armadas como disse anteriormente, à altura da nossa extensão territorial; para isso o governo precisa traçar uma política consistente no reaparelhamento militar, e se preocupar menos em fazer superávit primário, alem disso, tenho dito sempre que o Brasil precisa da criação de um Fundo de Reaparelhamento das Forças Armadas como forma de evitar a interrupção do fluxo financeiro das FFAA com a reativação da IMBEL.

Como bem diz o Almirante Moura Neto, “Assim como no passado, o Brasil requer uma Marinha adequadamente dimensionada e equipada, apta a executar efetivamente o seu dever, como e quando for demandado pela vontade nacional, e não é só a Marinha são todas as Forças. Para tal, é necessário alocar os recursos e meios indispensáveis para que possa atuar na vigilância e proteção de nossos interesses e soberania”, Acho que está na hora, não ?

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Reflexões sobre a internacionalização

O primeiro passo para aumentar a competitividade do Brasil no mercado global exige o esforço da humildade

A PRODUÇÃO de flores nas margens do rio São Francisco ou uma cirurgia parece ter pouca relação com o crescimento da globalização. Entretanto pequenos empreendedores do Nordeste estão transformando a matriz econômica de municípios ao exportar flores tropicais. Na área médica, vemos o aumento da concorrência mundial em determinadas intervenções, movido pelo duo preço e qualidade de serviços. Apesar das barreiras comerciais e de outros aspectos limitantes da internacionalização, cada vez é mais difícil encontrar um setor no país que não seja influenciado por movimentos internacionais.

Gostaria, então, de convidar o leitor para uma reflexão sobre o impacto da globalização na vida das pessoas e das empresas. Esse fenômeno teve início com a evolução da área logística, que resultou em menores custos de transporte, estimulando o comércio. Logo depois, veio a globalização de processos produtivos, decorrente do maior acesso ao conhecimento e às novas tecnologias.

Hoje em dia, também vivemos o fenômeno da globalização da força de trabalho, o que deverá crescer nos próximos anos. Isso leva a expressivas mudanças comportamentais. À medida que as organizações precisam ter patamares internacionais de eficiência, nos quais o custo é um fator primordial, passa-se a requerer profissionais mais capacitados, com níveis de educação diferenciados.

Diante desse desafio, muitas empresas também passaram a adotar uma atitude diferente em relação às demais organizações. Isso porque a globalização ampliou a possibilidade de empresas brasileiras compararem-se com outras -os chamados benchmarks internacionais- e aplicarem as melhores práticas em seu dia-a-dia. Esse comportamento, aos poucos, passa a integrar-se aos governos, cuja ineficiência na gestão de recursos impacta diretamente na capacidade de competir das companhias brasileiras. Entretanto o impacto da globalização, pela sua extrema complexidade, não é devidamente percebido e debatido pelas lideranças políticas, empresariais, acadêmicas e sindicais.

Conseqüentemente, há uma redução das oportunidades de inserção de um número maior de empresas no mercado global e de inclusão de novas gerações no mercado de trabalho. Isso é reflexo de uma soma de fatores: instituições ainda em fase de consolidação, carga tributária elevada, custos com a burocracia excessiva, baixos níveis de educação e ineficiência da infra-estrutura logística.

O primeiro passo para aumentar a competitividade do Brasil no mercado global requer um esforço individual de cada um de nós: humildade. É isso mesmo. É preciso ter humildade para, antes de tudo, avaliar suas próprias práticas e enxergar os pontos a serem aprimorados nesse ambiente mutante, internacionalizado e cada vez mais complexo.

JORGE GERDAU JOHANNPETER, 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.

Folha online

Rizzolo: À parte a questão da “humildade” e de outros fatores elencados por Gerdau como, instituições ainda em fase de consolidação, carga tributária elevada, custos com a burocracia excessiva, baixos níveis de educação e ineficiência da infra-estrutura logística, o Brasil precisa se posicionar como um país com um mercado consumidor de 190 milhões de pessoas. De nada adianta estarmos preparados, se as barreiras protecionistas instituídas pelos países ricos insistem em nos barrar. Não há como ser competitivos sem concessões recíprocas, não podemos nos colocar em condição subserviente em relação a países que “querem tudo para eles” e fecham suas portas de certa forma até “patriótica” inviabilizando acordos pautados de reciprocidades.

Como o que ocorreu na Rodada de Doha, onde os setores industrial e agroindustrial brasileiros não aceitaram a pouca disposição demonstrada pelos Estados Unidos e pela União Européia, acordos equilibrados é que faltam, temos que pensar que possuimos um mercado interno grande e “barganhar” e até mesmo vincular a presença do capital internacional no Brasil, nessas negociações.

Os EUA e a União Européia são governos fracos, em final de mandato, sem apoio eleitoral em seus países. Uma Europa sem liderança e sem política comum, a não ser defender com unhas e dentes essa política fracassada de subsídios agrícolas. De nossa parte devemos tirar todas as lições, continuar negociando, mas cuidar do Brasil e do Mercosul, da integração da América do Sul, do nosso mercado interno, aprofundando nossa política de desenvolvimento e nossa política industrial e de inovação.

Não podemos culpar e jogar sobre as nossas costas, o fato de não estarmos incluídos de forma globalizada na economia mundial, unicamente pela carga tributária, pela burocracia, enfim, contra fatos não há argumentos, precisamos sim estar mais competitivos, mas antes de tudo temos que negociar e usar o potencial do nosso grande mercado interno, onde as multinacionais aqui faturam alto, e ainda fazem remessas de lucros vultuosas; só para se ter uma idéia, em maio, o Banco Central registrou a entrada de US$ 501 milhões referentes ao chamado investimento direto estrangeiro, ao mesmo tempo em que as transnacionais instaladas no país enviaram US$ 2,632 bilhões para suas matrizes no exterior a título de lucros e dividendos. Esses dados são relativos à questão da produção, não englobando os capitais meramente especulativos, atraídos pelos juros altos.

O fato das remessas de lucros terem superado em mais de cinco vezes a entrada dos festejados “investimentos” diretos demonstra, mais uma vez, que a brutal desnacionalização a que foi submetida à economia brasileira tem proporcionado a transferência de fabulosos recursos para o exterior. Será que isso não dá para negociar o protecionismo dos países de origem dessas empresas? Precisamos de humildade sim, para reconhecer que ainda não soubermos nos impor. E aprender com eles, a saber gerenciar os interesses da nação e do povo brasileiro, este sim seria um ponto a ser aprimorado.

Para Lula, ‘não há impunidade no caso Renan’

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (15), em Madri, que a votação do Congresso que absolveu o senador Renan Calheiros “não foi impunidade”. Segundo Lula, a votação ainda demonstrou que, “depois do (ex-presidente Fernando) Collor, o Brasil tem instituições sólidas para julgar”.

Em uma conversa com os jornalistas que acompanham a visita de Estado à Espanha, Lula comentou que não teme ter a imagem prejudicada por qualquer acusação de apoio pessoal ou do governo ao senador. “O povo me conhece bem. Se tem alguém que me conhece no Brasil é o povo brasileiro”, afirmou.

O presidente avaliou a credibilidade da imprensa no caso: “O que foi publicado na imprensa como verdade vai ser visto como verdade. O que for mentira também. Haverá o dia em que as coisas vão ficar claras para todo mundo”. Lula respondeu que, como presidente, não julga ninguém. “Não sou juiz. Estou dizendo há três meses que Renan é o presidente do Senado.”

Ele enfatizou, no entanto, o direito do senador de rebater as críticas. “Deus queira que o Brasil seja um país com regras que dêem às pessoas o direito de se defender. Qualquer cidadão que comete um erro tem que saber que há mecanismos para julgá-lo. E é importante que as pessoas acusadas tenham o direito de se defender”.

Na opinião de Lula, o Senado tomou a decisão que achou melhor para a instituição. O presidente disse que ainda não falou com Renan — mas que está disposto a uma conversa assim que voltar a Brasília. “Chego lá pela meia-noite de segunda-feira. Quando ele quiser, é só me ligar que vou recebê-lo como sempre.”

Sobre as críticas da oposição, acusando o governo de apoiar a absolvição do senador, o presidente disse que já esperava essa reação. “Se dependesse da oposição, eu não governaria o país”, lembrou

O presidente não teme a ameaça dos partidos contrários ao governo de votar contra a CPMF e a Reforma Tributária como retaliação ao caso Renan. “Quem vai votar contra a CPMF quer que o país não funcione. Eu acho que vai ser aprovada. Não tem um governante que possa prescindir hoje da CPMF”.

Lula reconheceu que ele mesmo foi contra a cobrança da taxa quando era da oposição, mas teve que mudar de idéia quando assumiu o governo. “Eu fui à bancada do PT reclamar da CPMF. Mas não sou um poste, sou um ser humano. Você não governa com principismo. Quando você está no governo, você governa. Os empresários estao ganhando muito dinheiro no Brasil”, afirmou.

Na segunda-feira (17), o presidente se encontra com grandes empresários espanhóis para atrair investimentos e parcerias para o Brasil. Lula fará uma apresentação sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Da redação, com agências

Site do PC do B

Rizzolo: Não há dúvida que o processo de apreciação do caso Renan pelo Senado foi, claro, legítimo, e se por bem o Senado entendeu que não há provas, não há o que se questionar, e se a votação foi secreta, foi sim em face ao regimento, que também é legitimo. Não é a mídia nem aqueles que querem conspirar contra o governo que vão decidir, estes se dizem democratas, mas quando um órgão legitimo como o Senado decide algo que não lhes agrada, aí acabou a democracia, aí o Senado não é digno. Isso é o jogo dos golpistas e não daqueles que querem a estabilidade democrática. Quanto aos que querem o fim da CPMF já, ou se fazem de desentendidos, ou querem ceifar o desenvolvimento social do país. Tudo já foi explicado aos “insistentes da contramão” que não há como acabar com a CPMF de uma vez há uma sugestão de não incidi-lo no credito. Mas olha, como diz o Lula, os empresários estão nadando em lucros, haja vista os lucros dos bancos e resultados das indústrias. Então ser patriota no momento é não atrapalhar!