Hillary Clinton apresenta projeto de saúde pública para os EUA

Hillary Clinton apresenta projeto de saúde pública para os EUA

WASHINGTON, 17 Set 2007 (AFP) – A pré-candidata presidencial democrata e ex-primeira-dama Hillary Clinton apresentou nesta segunda-feira um esperado plano de saúde pública, gerando imediatamente críticas de seus adversários.

“Aqui, nos Estados Unidos, tem gente que morre por não obter a atenção que necessitava quando ficou doente”, disse Hillary Clinton ao apresentar a iniciativa, que implica que cada americano deverá ter uma apólice de seguro de saúde.

“Acho que todos, cada homem, mulher ou criança, devem ter uma atenção médica de qualidade e acessível nos Estados Unidos”, disse.

O anúncio, realizado no estado de Iowa, teve um viés simbólico, dado que Hillary Clinton promoveu sem êxito uma reforma no sistema de saúde americano durante o governo de seu marido Bill.

O anúncio provocou a crítica imediata do pré-candidato republicano e ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que emitiu um comunicado chamando o projeto como “Hillarycare” e o classificando como “Medicina socializada”.

O plano de Hillary Clinton provocará um aumento dos impostos e fará com que os americanos sofram com as demoras que já padecem os pacientes do Canadá ou Grã-Bretanha, afirmou a crítica de Giuliani.
Folha online

Rizzolo: Uma famosa dirigente do setor norte-americano Gloria La Riva denunciou que mais de 80 milhões de pessoas carecem de seguro de saúde no país. Nesse exemplo de país, prevalece o modelo de assistência privada à saúde. Os planos privados cobrem a população norte-americana que está com emprego registrado, mas, mesmo assim, tem piorado tanto nos últimos anos que em regiões inteiras do país, o seguro saúde é só pró-forma, segundo a dirigente, “Hoje, existem mais cidadãos sem cobertura de saúde do que em qualquer momento posterior aos anos 60, e outros milhões de pessoas descobrem, ao adoecer, que seus seguros deixam muito a desejar”, assinalou.

Como disse o cineasta Michael Moore, nos Estados Unidos “o setor de seguros pratica uma fraude sistemática para otimizar os lucros de seus acionistas, negando cobertura aos pacientes, a pesar de que eles não têm alternativas”. A sindicalista revelou que o país mais rico do mundo só possui 135 hospitais públicos. “Pouco tempo atrás fechou suas portas o único centro deste tipo existente em Washington por falta de verbas”, relatou.

E o pior, a impressa americana não dá destaque a esses problemas, vez que a maioria que sofre, são negros e latinos, e como já disse várias vezes, as grandes redes de televisão e os jornais são porta-vozes das multinacionais. Eles não falam dos assuntos que interessam à população, falam o que interessa ao Império. É o belo exemplo de liberdade de imprensa, a democrata Hillary Clinton é mais progressista e vai tentar se eleita dar uma vertente social, mas a direitosa reacionária americana já vem com os discurso que o Tucanato adora “provocará um aumento dos impostos e fará com que os americanos sofram com as demoras que já padecem os pacientes do Canadá ou Grã-Bretanha, afirmou a crítica de Giuliani”, um Alckmin americano. Qualquer semelhança com discursos do PSDB é mera coincidência! (risos…).

Para Banco Mundial, Bolsa-Família é modelo a ser copiado

O programa Bolsa-Família, benefício do governo federal que já é recebido por quase 46 milhões de brasileiros, é visto como modelo pelo Banco Mundial, um dos financiadores do projeto e patrocinador de sua expansão por vários países. Ao contrário do que dizem alguns críticos, o Bird se baseia em diversas pesquisas para provar que seu uso não desestimula o trabalho e a ascensão social das classes sociais mais pobres.

“Pelo contrário”, afirma Bénédicte de la Brière, responsável pelo acompanhamento do programa na instituição. “O trabalho adulto não é impactado pela transferência de renda. Inclusive, às vezes, alguns adultos trabalham mais porque têm essa garantia de renda básica que permite assumir um pouco mais de riscos em suas ocupações”, diz.

Em entrevista ao site Terra Magazine, Bénédicte fala sobre erros e acertos do Bolsa-Família, do combate a desvios de recursos e da expansão internacional do programa, da África a Nova York.

Há alguns dias o Banco Mundial se referiu ao Bolsa-Família como “uma revolução silenciosa”. O programa é considerado modelo?

O Bolsa Família é herdeiro de uma longa tradição de programas de renda condicionada no Brasil, que começou com programas municipais e que foram expandidos no começo dos anos 2000, com o Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação. Nesses anos de aperfeiçoamento, o Brasil acumulou uma grande experiência de gestão. Definitivamente, o programa está se tornando uma referência na América Latina e em outras regiões.

Ouve-se falar muito de desvios no Bolsa-Família, de pequenas cidades onde as pessoas beneficiadas são ligadas a políticos ou participam de esquemas de compra de votos. Até que ponto o programa chega a quem efetivamente precisa dele e de que forma essa eficácia é aferida?

É verdade que há registros freqüentes de desvios na mídia. Mas, quando você analisa os dados de pesquisas domiciliares, como a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), você se dá conta de que o Bolsa-Família é o programa mais bem focalizados na região. Do total de recursos, 80% chegam aos 40% mais pobres, o que está na média dos programas mais eficazes, e o programa tem uma cobertura universal no nível de municípios.

Essa é a melhor maneira de verificar, as pesquisas são de alta qualidade, independentes, do IBGE, que tem cobertura nacional. Existe uma grande diferença entre a percepção de desvios, que é muito importante, e a ocorrência de desvios, que está no nível do que se espera para os programas mais eficazes.

Quero ressaltar que esses erros acontecem em todos os programas. E existe um balanço muito delicado para um gestor, entre tratar de controlar esses erros muito frontalmente, o que é muito caro, e entregar mais recursos para pessoas necessitadas, talvez com um maior grau de erro.

E como controlar os desvios?

O governo brasileiro tem tomado várias atitudes para reduzir esses desvios. Quando o programa começou, ele herdou o cadastro único que havia sido desenvolvido para o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação. Juntou os cadastros dos diferentes programas e, em 2006, fez um recadastramento geral de toda a população beneficiária, o que gerou uma grande limpeza da base de dados. Também a cada mês a base do cadastro único está sendo batida com a da RAIS, que tem informações dos trabalhadores do setor formal, além de bases de óbitos e outras. Uma série de checagens da qualidade da informação.

Por outro lado, o governo está aprimorando todo um sistema de controle, desde estruturas de controle social no nível dos municípios até as instâncias de controle federal, como as auditorias da CGU (Controladoria Geral da União). Outra fonte de controle na qual o Brasil está bastante forte é o funcionamento do número de telefone 0800, no qual as pessoas podem denunciar irregularidades. O processo de acompanhamento dessas queixas tem melhorado bastante. É um processo de aprendizagem contínua, porque você consegue controlar certo tipo de erro ou de fraude e vão aparecendo outros. Mas a gestão do programa está muito atualizada nas técnicas que utiliza para poder resolver essas questões.

Os críticos do Bolsa Família dizem que o programa cria uma geração de pessoas dependentes da ajuda do Estado. Já os entusiastas afirmam que, graças à essa ajuda do Estado, essas pessoas – ou seus filhos – conseguirão alcançar uma inserção no mercado de trabalho e se livrar da miséria. Quem tem razão neste debate?

Outra vez, é uma questão de percepção contra evidências. Você sempre vai encontrar alguém que diga “eu tenho Bolsa Família, não vou trabalhar mais”, mas isso não é um fenômeno corroborado pelas estatísticas. Todos os programas de transferência condicionada de renda recebem essa crítica de assistencialismo e geração de dependência. Nos programas que têm feito avaliações rigorosas, inclusive o Bolsa Família, esse efeito nunca é comprovado. A única diminuição de oferta de trabalho que acontece é a de trabalho infantil.

O trabalho adulto não é impactado pela transferência de renda. Inclusive, às vezes, alguns adultos trabalham mais porque têm essa garantia de renda básica que permite assumir um pouco mais de riscos em suas ocupações. Avaliações de impacto feitas em 2005 não mostraram diferenças de comportamento dos adultos em relação a ofertas de trabalho entre os que participavam e os que não participavam do Bolsa Família.

É uma inquietude motivada, em parte, pela novidade de entregar dinheiro às famílias pobres. Mas nunca se provou, nas avaliações rigorosas que foram feitas no México, na Colômbia, na Nicarágua, no Equador… No México temos avaliações de longo prazo, porque o programa já tem dez anos de existência. O que se mostrou é que as famílias, quando têm certeza do benefício, economizam e investem até 25% em micro-empreendimentos, em criação de aves, em máquinas de costura etc.

Os beneficiários do programa têm de atender a determinadas condições, como colocar os filhos na escola, freqüentar postos de saúde etc. A fiscalização do atendimento dessas condições é eficaz?

Um pouco como a fiscalização da focalização, ela sofreu um processo de aprimoramento muito forte. É preciso lembrar que o Bolsa Família resultou da fusão de quatro programas, e um dos grandes desafios foi harmonizar os sistemas de informação. O monitoramento das condicionalidades de educação está bastante alto. Há mais desafios para monitorar as condicionalidades de saúde, mas é muito mais complicado. Quero enfatizar que o programa aprende fazendo, que tem inovado muitíssimo desde 2003, aprimorando não só os sistemas de informações mas também a consciência dos gestores sociais e dos beneficiários.

Quantos programas são abertamente inspirados no Bolsa-Família?

Em 1997, quando a idéia dos programas de transferência de renda começou a ganhar força, havia três países no mundo com essa experiência: Bangladesh, México e Brasil. Agora quase todos os países da América Latina têm um programa desses. Há muito interesse de países africanos, incluindo África do Sul, Quênia e Etiópia. Há programas na Turquia, no Camboja, no Paquistão, em vários países do sul da Ásia. E Nova York está começando um que se inspira explicitamente no programa brasileiro e no programa mexicano. Egito, Indonésia, África do Sul, Gana e outros países africanos mandaram representantes ao Brasil para conhecer o programa.

Em dez ou 15 anos teremos menos brasileiros atendidos pelo programa?

Isso depende muito de fatores que não têm nada a ver com o programa, como o crescimento econômico mundial, a situação macroeconômica.
Esses programas visam a resolver a pobreza de hoje e quebrar o círculo vicioso da pobreza através do investimento no capital humano das crianças, através da educação, da saúde. Na medida em que esses programas amadurecem, eles tomam outros desafios, entre eles a inserção econômica dos beneficiários. O termo porta de saída não é muito feliz, o mais correto é fomentar a entrada dessas pessoas para a cidadania.

Um dos ativos que as pessoas pobres têm é a sua mão de obra. Por isso há uma ênfase grande nessa segunda geração de programas em potencializar esse ativos das pessoas. Ou seja, fomentar a educação dos jovens, para que passem do nível básico, fomentar o capital humano dos adultos, através da alfabetização e da formação profissional e técnica. Uma vez consolidada a arquitetura básica dos programas eles podem buscar acelerar a inserção dessas famílias no ciclo econômica da sociedade.

Site do Pc do B

Rizzolo: A Bolsa Família é maior programa de transferência de renda em termos de aplicabilidade, na verdade, é um programa como medida de urgência, não podemos esperar que a geração de emprego seja a responsável imediata na alimentação de 45 milhões de pessoas que vítima na miséria, são crianças, idosos, trabalhadores, que se analisarmos seus bisavós já sofriam de anemia, de subnutrição e outros males.

Do ponto de vista ético, moral, a Bolsa Família vem a socorro dessa população. A elite egoísta argumenta que isso é uma “fabrica de vagabundos”, e que “precisamos ensina-los a pescar” uma frase que eles adoram, contudo esquecem que o Banco Central e os representantes do capital internacional via COPOM, não estão dispostos a fazer o Brasil crescer, quando com toda a crise os EUA falam em diminuir os juros, o FED e seu comitê o FOMC discutem se reduzem os juros em 0,25%, ou mesmo se mantém a taxa básica sem alterações, eles estão em 5,25%; aqui, fala-se em aumentar os juros, em engrandecer o “Cassino Brasil”, para que mais e mais especuladores venham aqui jogar e ganhar com os juros estratosféricos a custa da estagnação da economia e da miséria do povo brasileiro.

E argumentos para isso não faltam é sempre aquela velha história da inflação, e outros fantasmas. “Ensinar a pescar”, acho que isso não é nem uma coisa cristã, não é, é maldade mesmo.

CPMF gera menos distorções na economia que outros tributos

Impostos são uma necessidade antiga, cuja discussão, sabe-se, presta-se à hipocrisia. Uma das sentenças mais conhecidas da antiguidade foi a resposta de Jesus a uma “pegadinha” sobre impostos, registrada pelo apóstolo Mateus, segundo a qual se deve dar a César (o Estado) o que é de César, e não misturar as coisas.
Por Joaquim Levy*

A impopularidade dos impostos atravessa a história. Carlos VII e Luis XI, por exemplo, criaram um sistema de impostos na França muito condenado pela Revolução de 1789, mas que foi a base do crescimento do país por 300 anos. O principal desses impostos “talha” começou como temporário e continua existindo até hoje na forma de imposto de renda. Por outro lado, vários impostos criados pela Revolução, como aquele sobre as janelas, não tiveram sorte. Victor Hugo tem uma página memorável contra este imposto, a qual termina dizendo que Deus nos deu o ar de graça, mas o Estado queria cobrar por ele, fazendo as pessoas morarem em casas escuras e fechadas. Curiosamente, dizem que o mesmo imposto na Inglaterra incentivou a proliferação de janelas nas mansões, como mostra de status (com se diz no Rio, “há controvérsia” mas, dependendo das alíquotas, pode ser).

A emoção literária nem sempre é a melhor conselheira sobre impostos. A análise econômica mais das vezes é indispensável para se evitarem descaminhos. Nesse sentido, deve-se evitar que a renovação da CPMF – um tributo cobrado toda vez que um recurso sai de uma conta bancária – seja abafada por generalidades, preconceitos ou mesmo oportunismo.

A CPMF é hoje um dos tributos que gera menor distorção na economia. Além de sua arrecadação ser transparente, verificável e barata, ela alcança agentes que escapam de outros impostos, aumentando a eqüidade do sistema como um todo. Como um cuidadoso estudo do Banco Mundial conclui, “apesar do encanto e popularidade de opiniões afirmando que a CPMF é um mecanismo de tributação muito oneroso à sociedade, até agora a pesquisa empírica tem falhado em dar suporte a essa conjectura”. De fato, as referências acadêmicas mais usadas nos debates são um encadeado de citações sobre conjecturas ou modelos com falhas lógicas ou saltos apriorísticos na implementação.

A CPMF se converteu basicamente em um tributo sobre compras e vendas que usem os bancos. Ela pode encarecer um pouco o custo de produção das empresas, mas pode-se demonstrar que o impacto é menor daquele que viria de outros impostos, talvez com a exceção de um imposto ideal sobre o valor agregado. O efeito da CPMF é parecido com o da tarifa cobrada pelos bancos sobre o talão de cheques, ou da taxa cobrada pelas administradoras de cartões sobre as lojas.

É claro que há restaurantes que não aceitam cartão de crédito e pessoas que deixam de usar o cheque, ou o caixa automático, porque têm que pagar pela operação. Mas, a questão é se a CPMF, que incide sobre esses serviços, os encarece a tal ponto que altere o comportamento das pessoas de forma prejudicial à economia. Não há indicação disso. Primeiro porque ela não é cara em relação ao custo dessas operações. Segundo, porque simplesmente não se viu desintermediação bancária desde 1998, quando a CPMF se estabilizou.

Quando foi instituída, a CPMF foi muito criticada porque poderia distorcer o investimento. Por exemplo, se o investidor pagar 0,38% cada vez que for trocar de aplicação, a alocação de capital na economia poderia ser prejudicada, pois a contribuição seria alta em relação ao rendimento dos títulos. Mas, a partir de 2004, os ajustes de carteira saíram do alcance da CPMF, com a criação da Conta Investimento. Essa conta também derrubou o argumento de que a CPMF encarece a dívida pública.

Um outro argumento comum contra a CPMF é que ele encarece o crédito. Se um empréstimo for renovado, por exemplo, semanalmente, a taxa de juros seria acrescida de “50 CPMFs” ao ano – o que equivaleria a juros adicionais de uns 25%. Com a taxa básica de juros em 18% ao ano e o spread bancário típico acima de 50% ao ano, esse impacto talvez fosse de segunda ordem. Mas, com a queda dos juros, vale a pena olhar com atenção para o problema, dimensionando-o com cuidado.

Deve-se ter claro, antes de se formular uma política para a CPMF no crédito, que os empréstimos de curtíssimo prazo geralmente atendem mais às despesas imprevisíveis do que ao total das despesas de giro. Há que se distinguir entre a freqüência com que a empresa tem que fazer pagamentos e receber recursos, e a freqüência com que recursos ociosos ou em falta devem transitar da conta corrente da empresa para o banco e vice-versa. Esta última é que determina o custo econômico da CPMF no crédito. Tecnicalidades à parte, essa é a discussão importante no momento.

Finalmente, a defesa da CPMF como um “bom” imposto não deve ser confundida com complacência em relação à crescente carga tributária, mesmo que a tendência dos gastos do governo tenha a ver com a sua capacidade de arrecadação. A tese de Ronald Reagan de que simplesmente cortar impostos acaba com o gasto não foi confirmada nem sequer nos Estados Unidos. Ela resultou em crescimento da dívida, juros altos e uma quase crise financeira, que foi evitada porque o presidente Bush (41º) renegou seus compromissos e aumentou os impostos em 1991. Segurar o gasto – especialmente o corrente – depende de uma decisão política que envolve mais que a renovação de uma contribuição eficiente. Esse tema deve ser tratado com máxima seriedade e sem hipocrisia.

Não tenhamos dúvidas: a discussão do gasto público e de assuntos como concorrência é crucial para o país, afetando o crescimento, os preços e a justiça social. Como se sabe, Robin Hood não era contra os capitalistas (que não existiam ainda). Ele era contra se asfixiar os que produziam, penalizando-os com altos impostos e regras voltadas principalmente para a auto-preservação de corporações sustentadas pelos impostos. O que Robin Hood, assim como a maioria de nós, queria, era um Estado que estimulasse a criação de riqueza, o comércio e a iniciativa.

* Joaquim Levy é ex-secretário do Tesouro Nacional e secretário de Fazenda do Rio.
Site do PC do B

Rizzolo: A título de enriquecer o já tão rico e bem escrito texto de Joaquim Levy, transcrevo na íentegra um artigo meu publicado na Agência Estado, (só para assinantes) sobre a questão da CPMF do dia 12 de setembro de 2007.

A quem interessa o fim da CPMF?
por Fernando Rizzolo*

A cobrança da CPMF gera uma arrecadação de cerca de R$ 37 bilhões por ano, sendo destinados constitucionalmente cerca de R$ 15 bilhões para a saúde, R$ 8 bilhões para o Fundo da Pobreza (que, segundo o ministro, paga parte da Bolsa Família), R$ 8 bilhões para a Previdência e o restante para utilização do governo, fica patente que os que não tem interesse no social, ou os que entendem que sua utilização no desenvolvimento social é “dinheiro jogado fora”, são os mesmos que atacam o governo Lula, e tem com santo padroeiro Adam Smith.

O famoso privatista FHC, sempre foi a favor da CPMF agora é contra, a CPMF a quem tanto defendeu, mas atualmente ele não quer, e não é de se estranhar o fato e o receio, vez que o “homem que fala a fala do povo” (Lula) como ele mesmo diz FHC, pode vir a utilizá-la e gastá-la em projetos que agradem a massa que não é letrada, pode ser que o homem que fala e gesticula os modos do povo faça da CPMF uma espécie de transferência de renda promovendo desenvolvimento social, isso ele não quer. É simples

Podemos paulatinamente reduzir a CPMF, mas não no momento de implementação de medidas de interesse social que dependem do tributo, até porque, se o Congresso não prorrogar a CPMF, “vai gerar descontrole fiscal” já que a arrecadação do tributo equivale a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ao invés de reduzir a CPMF poderíamos como diz o Mantega, pensar sim na desoneração da folha de pagamentos. No fundo, os que são contra, são contra a aplicação social do tributo e não na essência do fato gerador. Só pra terminar na Inglaterra, uns países ricos, que não há mais necessidade de tanta intervenção Estatal, a carga tributária é de 37%, ora, no Brasil um país onde existem 45 milhões de pessoas que vivem da Bolsa Família, por que não tem o que comer, a nossa carga tributária é de 40 %, e os representantes da elite acham a carga um absurdo, é sim um absurdo, mas para o pequeno e médio empresário nacional esse sim precisa ser contemplado, vez que a carga para esse segmento é proporcionalmente maior.

Hoje a carga tributária no Brasil é enorme, principalmente ao pequeno e médio empresário. É bem verdade que proporcionalmente ela é muito maior ao pequeno empresário, até porque para as empresas multinacionais, as que tem estrutura isso não representa muito em face à remessa de lucros. Precisamos pensar no médio empresário, no empresário nacional, esse tímido na sua própria casa. Quanto ao inicio da discussão da proposta de reforma tributaria, já negociada com Estados e Municípios, a criação do IVA é de grande valia, facilita a arrecadação e acabaria com essa barganha que é a guerra fiscal, em suma simplificaria e condensaria tudo num só imposto, um imposto agregado.

Como insisto, temos que defender nossa indústria, e reduzir os juros mais rapidamente, desonerar de impostos os investimentos e o setor produtivo, até porque a arrecadação está crescendo e muito. Passar, por exemplo, a cobrar a contribuição previdenciária do faturamento e não da folha de pagamento o que é mais justo, vamos desonerar a pequena empresa, que geralmente é nacional, aliás, hoje o empresário nacional de pequeno e médio porte é um tímido em sua própria casa, o mercado brasileiro.

*Advogado Criminalista e Coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil.

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Charge de Samuca para o Diário de Pernambuco

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Serra lidera sondagem para eleição presidencial

O governador paulista José Serra (PSDB) é, neste momento, o candidato presidencial preferido do eleitorado brasileiro entre seis nomes apresentados aos eleitores na pesquisa Estado/Ipsos. Ele alcançou 34% das citações, contra 12% do deputado Ciro Gomes (PSB), 10% do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) e 8% da ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT).

A pesquisa não computou a influência no pleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que não poderá concorrer em 2010, mas será um importante eleitor. “Quando Lula apoiar alguém, esse candidato vai crescer”, assegurou Alberto Carlos Almeida, diretor da Ipsos Public Affairs. A pesquisa teve, ainda, os nomes do prefeito carioca César Maia (DEM), que teve 3%, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), que ficou com 1%. Almeida considerou que a ampla preferência por Serra manifestada pelo eleitorado da Região Sul repete um sentimento crítico a Lula e ao PT que já tinha se revelado em 2006. Segundo o diretor da Ipsos, Serra teve porcentual mais baixo no Sudeste porque dividiu preferências com Aécio.

Para Almeida, o índice alcançado por Ciro demonstra que o deputado cearense mantém o recall obtido nas eleições de 1998 (quando obteve 11% dos votos) e 2002 (quando chegou aos 12%). Ele afirmou que um candidato petista poderá almejar, em 2010, mais que os 8% de Marta Suplicy, já que as pesquisas revelam que o PT tem uma faixa de simpatia que varia entre 20% e 25% do eleitorado.

Serra liderou em todas as regiões brasileiras. A maior vantagem foi no Sul – que tem 15% do eleitorado brasileiro -, onde despontou com 45%, contra 9% de Ciro e 6% de Marta. No Nordeste (27% do eleitorado), reduto de Lula, Serra alcançou 37%, contra 18% de Ciro (que tem forte prestígio na região), 5% de Maia e 1% de Aécio.

No Sudeste, que abriga 44% do eleitorado e onde se situa o estado que governa, Serra tem um desempenho relativamente modesto, com 31%, contra 17% de Aécio e 11% de Marta. Almeida, no entanto, destaca que a soma dos dois tucanos é muito expressiva, quase chegando à maioria absoluta. No Norte/Centro-Oeste, com 14% do eleitorado, Serra teve seu pior desempenho, 26%, contra 14% de Ciro e 9% de Aécio. Nas duas regiões, o desempenho do tucano ficou abaixo da expectativa, diz Almeida.

Transferência de voto

A pesquisa, segundo Almeida, ainda não registra indícios da transferência de prestígio de Lula para algum de seus possíveis candidatos. A primeira evidência disso é que até aqui o PT está longe de ter um nome hegemônico. A segunda é que até aqui Lula não fez nenhum movimento público para credenciar um possível sucessor.

A terceira é que o perfil da votação obtida por ele, na eleição de 2006, não é reproduzido na pesquisa por seus potenciais aliados. Na faixa que reúne os analfabetos e o grupamento que cursou até a 4ª série do ensino básico, na qual Lula imperou em 2006, Serra teve 30%, contra 12% de Ciro e 8% de Marta.

A pesquisa Estado/Ipsos fez 1.000 entrevistas entre os dias 22 e 31 de agosto, em 70 cidades, com margem de erro de 3 pontos porcentuais.

Fonte: Agência Estado

Rizzolo: Serra precisa se distanciar da ala reacionária e direitista do Tucanato, bom mesmo era ele pegar a “sacola e ir embora do PSDB”, originalmente Serra tem um passado histórico de luta, mas acabou se desvirtuado muito em face ao apoio maciço da elite conservadora ao partido, o governador tenta se posar de social-democrata, ou mais à esquerda, mas não engana, na realidade seu secretariado é todo da direita, suas decisões e posturas políticas são extremamente conservadoras. Agora, bom mesmo é ele ficar longe do Alckmin e do Aécio que é sujeito que tem pinta de moço, moderno, namorador, gestor publico ortodoxo, articulador político, hábil negociador, líder tucano de alta plumagem e por aí vai. Do outro, o político autoritário, perseguidor implacável dos movimentos sociais e da imprensa livre, privatista, homem do markentig político, neoconservador e envolvido em questões não muito confessáveis. Alckmistas sonham nessa união, Alckmin e Aécio, para derrotar Serra.

Bom seria o Serra fazer um “flashback” dos ideais que outrora povoaram suas idéias, e o compromisso expresso no olhar vibrante que tinha ainda quando jovem. Ainda há tempo, quem sabe, às vezes é melhor ficar só do que mal acompanhado, ou mudar de partido. Provavelmente ele deve pensar nisso quando sente saudade da sua militância política de esquerda toda noite antes de dormir.