Justiça Social, uma expressão de religiosidade ?

Escrevo essa pequena reflexão Sábado, bem cedo, portanto segundo o Judaísmo ainda no “Shabbat”. Para que desconhece, a cada semana, na religião judaica, discute-se uma “passagem” ou uma porção do Antigo Testamento que se denomina “Parashat”, na realidade, é uma subdiivsão da Tora, são partes, sendo que cada uma tem um nome.

O que me impressionou na Parashat desta semana, cujo nome é “Vayierá” é um conteúdo de discussão antigo e atual, fala-se da bondade imensurável de Abraão quando junto a Sara na casa em que moravam, as disponibilidades das tendas estavam abertas nos quatro lados da casa, dando assim, a possibilidade a quem passasse, de ser atendido e hospedado, como gesto de bondade ao pobre e faminto forasteiro; perto da sua casa estavam as cidades de Sodoma e Gamorra cidades essas que reinavam a iniqüidade, principalmente a social. Era-se proibido dar alimentos aos pobres, existia sim um decreto, a parte de as todas outras maldades, era virtude não se consternar com os pobres, e mais, quem se atrevesse a alimentá-los de acordo com o decreto, era condenado à morte. Segundo a Tora, Abraão foi visitado por três anjos, que abençoaram sua bondade, e a partir aí, no desenrolar da narrativa, se observa, conceitos de justiça social, moralidade, e outros aspectos tão pertinentes as nossas vidas.

Interessante que, na referida narrativa, observamos a discussão de Abraão com Deus quando soube que as cidades perversas, onde as injustiças sociais ocorriam, seriam destruídas; argumentava ele com Deus, se por acaso seria o Todo Poderoso capaz de destruir a cidade mesmo sabendo que havia uma pequena quantidade de pessoas de bem. Deus disse não. Ou seja, existe no conceito religioso, a questão da hospitalidade, e de que, mesmo que determinado povo, ou região esteja cheio de marginais, bandidos, sempre existem pessoas boas, e que a intervenção em seu favor deve sempre se prevalecer. Outra é a forma como a injustiça social predominava nos tempos biblicos, a elite da época nessas cidades proibiam a ajuda aos pobres, entendiam que as riquezas não deveriam ser compartilhadas com os demais, e quando souberam que a filha de um camarada chamado Lot alimentou e ajudou alguns pobres, foi literalmente morta por ataques de abelhas.

Como não sou religioso, e essa é a versão judaica não muito aprofundada que conheço e que foi prédica do meu Rabino, me atenho apenas aos conceitos éticos. O que me salta aos olhos, é que a injustiça social, e a egocentrismo, está presente na humanidade desde os relatos bíblicos, existe sim uma luta interna entre aqueles que não concedem o que é seu em favor dos outros, dos desvalidos, e aqueles que de alguma forma lutam para fazer Justiça Social, e jamais se conformam em ver seu semelhante em aflição social.

O que falarmos sobre a questão dos morros no Rio de Janeiro? O que falarmos sobre a postura de pessoas advindas da elite, que não aceitam a pobreza e que culpam os moradores das favelas pelo seu trágico destino, como o governador do Rio de Janeiro, alegando que o número de bandidos se deve a falta de controle de natalidade ? Não seria isso total insensibilidade ? Como chegar a uma conclusão desta inocentando o Estado que todos sabem foi omisso em relação aos pobres imerso nas políticas neoliberais ? Como culpá-los, e justificar um fuzil apontado em direção à miséria ? Abrãao não faria o papel daqueles que tanto lutam pela questão humanitária de Justiça Social, ao discutir com Deus essa questão ? E por final. Como entender a idéia de que Deus acabou e liquidou as cidades em face à política imoral e principalmente em relação aos injustos conceitos de justiça social de seus dirigentes que desprezavam os desvalidos?

É claro que quando misturamos conceitos religiosos com sociais, as margens para interpretações são muitas, mas o interessante da visão judaica do contexto biblico, é a preocupação com os pobres. Talvez no inconsciente coletivo judaico essas histórias tenham levado a um número elevado de judeus militantes socialistas no mundo, não podemos conceber, um mundo onde a negação às oportunidades seja aplaudida, o conceito cristão dá ainda mais ênfase à bondade e a justiça entre os homens, muito embora, a Igreja Católica, há muito deixou de se preocupar com os pobres, a própria Teologia da Libertação foi desprezada pelo Vaticano, um ato muito triste no meu entender.

Ainda me lembro, quando certa vez, na Sinagoga, quando um amigo meu, neto de um grande ativista comunista chamado Leôncio Basbaum se referiu ao seu avô, ao olhar aquele grande número de judeus rezando, dizia ele , olhando para o livro de rezas, ” Meu avô, judeu militante comunista, nunca foi a uma Sinagoga, e concluiu, dizendo: Eh !, ” Existem muitas formas de se expressar a religiosidade, e a forma que ele encontrou foi se engajar no Partido Comunista, lutando pelos mais pobres “; isso naquela hora soou para mim como uma prece, fiz uma rápida reflexão sobre a opção religiosa das pessoas via luta social, tão nobre quanto uma oração, tão nobre quanto ir à Sinagoga ou Igreja ou ouvir um culto. Fiquei olhando para o livro de reza, ouvindo o ” Chazan ” ( cantor da Sinagoga” ) e pensando, Leôncio Basbaum foi grande religioso.

Fernando Rizzolo

Parceria aeroespacial Brasil e China deixa EUA em pânico

O governo dos Estados Unidos está pressionando o Brasil na tentativa de inviabilizar a parceria aeroespacial com a China. Além do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – que está sendo pressionado para não lançar o satélite Amazônia-1 (100% nacional) a bordo de um foguete chinês em 2010 –, empresas brasileiras que participam da construção do satélite sino-brasileiro CBERS estão sofrendo sanções e impedimentos para importar peças dos EUA, mesmo em projetos que não tem qualquer relação com o desenvolvimento de satélites. Por sua vez, empresários norte-americanos estão sendo ameaçados de prisão e multas milionárias caso realizem negócios com o Brasil.

É o caso da Opto, sediada em São Carlos (SP), que está montando a câmera do CBERS-3. A empresa do interior paulista foi impedida de comprar um componente da norte-americana IR, cancelando um contrato de US$ 45 mil e atrasando em seis meses o projeto. “O departamento jurídico disse ao nosso contato lá que, se ele exportasse, poderia pegar nove anos de cadeia e multa de US$ 1 milhão”, denunciou Mario Stefani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Opto.

O diretor da Opto relatou ainda que a empresa teve um software voltado para instrumentos ópticos médicos travado remotamente a partir dos EUA, em pleno uso, sob a justificativa de que o equipamento também poderia ser usado em satélites. “A empresa viu no nosso site que nós trabalhamos no CBERS e seus advogados mandaram bloquear o programa”, completou Stefani. Outra empresa que está sendo impedida de importar componentes dos EUA para o CBERS é a Mectron, de São José dos Campos (SP).

O diretor do programa CBERS, Ricardo Cartaxo, informou que o Brasil está buscando novos fornecedores para não comprometer os cronogramas de lançamento. “Um lote de componentes está sendo comprado agora. Fizemos a escolha dos fornecedores alternativos e vamos manter o cronograma”.

O programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) foi assinado em 1988, sendo que o primeiro satélite foi lançado em 1999. Já foram colocados em órbita mais dois satélites no âmbito deste programa. O CBERS-2 foi lançado em outubro de 2003 e o CBERS-2B foi lançado no último dia 19 de setembro e está em fase de testes.

A parceria com a China possibilitou ao Brasil o ingresso no restrito grupo de países que detém a tecnologia do sensoriamento remoto.
Hora do Povo

Rizzolo:Quando digo que precisamos desenvolver a indústria nacional em todos os setores, é em face a essa “canalhice” mercadológica, e de sonegação de informação por parte dos EUA. Precisamos de parceiros como a China, Rússia, que na realidade entendem o sentido “lato” da palavra parceria, e não dominação. Imaginem ficarmos na situação que estamos hoje, em relação aos componentes para manutenção da nossa força tecnológica operacional militar, totalmente nas mãos dos EUA. A qualquer momento, não se enganem, irão boicotar peças sobressalentes para aviões e equipamentos de toda ordem. A Venezuela procurou parceria na área militar com a Rússia, face a esses problemas com os EUA, e o Brasil precisa fazer o mesmo, alias já estamos fazendo, na verdade, com a China, mas o boicote já começou, precisamos nos preparar, e termos o mínimo de senso patriótico para enxergar de longe o que vai nos suceder. Como dizem os budistas, ” atenção plena ” !