Ao comentar a decisão do Congresso Nacional da Venezuela de reformar a Constituição para aperfeiçoar o sistema democrático naquele país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na segunda-feira que “Chávez está fazendo aquilo que entende que deve fazer na Venezuela”. “Penso”, prosseguiu, “que cada um tem de tomar conta daquilo que é seu, dar palpites nas coisas que são suas”. O presidente referia-se à adoção da reeleição ilimitada pelos venezuelanos.
“É engraçado, porque eu já vi Margareth Thatcher ser tantas vezes reeleita primeira-ministra (da Grã-Bretanha), o Helmuth Kohl ficar (no poder) por tanto tempo (na Alemanha). Nunca vi ninguém perguntar se vários mandatos sucessivos eram ruins”, lembrou Lula, após participar da entrega de prêmio sobre aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Já sobre o caso da re-reeleição no Brasil, Lula disse que não apóia a proposta e que a antecipação dessa discussão só interessa à oposição. “Acho que o PT tem que tomar uma decisão sobre essa proposta levantada dentro do Congresso. Não tem sentido. Só interessa discutir eleição agora à oposição”, disse Lula. “O governo está com menos de um ano de seu segundo mandato. O Brasil está funcionando bem, por que deveríamos arrumar sarna para nos coçar discutindo reeleição?”, questionou.
SAÚDE
Lula afirmou ainda que está “convencido de que a responsabilidade dos senadores vai fazer com que a CPMF seja aprovada, até porque já foi feito um acordo e a questão da saúde vai levar uma boa parte do dinheiro”.
Em seu programa semanal “Café com o Presidente”, Lula falou sobre os avanços alcançados na área da saúde. Ele salientou que nos próximos quatro anos o orçamento da saúde passa dos atuais R$ 44 bilhões para R$ 72 bilhões. “Eu acredito que dá para a gente dizer que nós estamos caminhando para dar à saúde a seriedade que ela precisa receber do governo”, disse. Em companhia no ministro da Saúde, José Gomes Temporão, Lula anunciou que o PAC do setor “vai levar saúde para as escolas públicas. Vamos fazer aquilo que nós chamamos de medicina preventiva nas crianças brasileiras”.
Ele comemorou a regulamentação da Emenda 29 e frisou que ela “fará com que cada ente federativo cumpra com as suas obrigações de gastar o dinheiro necessário para resolver o problema da saúde”. “No Brasil, embora por lei os estados tenham que gastar 12% do seu orçamento com a saúde, na verdade, temos estados gastando 4%, temos estados gastando 6%, ou seja, apenas dez estados gastam aquilo que manda a Constituição, 17 não gastam”, apontou o presidente.
Hora do Povo
Rizzolo: É difícil contrapor a opinião da mídia golpista em relação à política interna da Venezuela, como ponderou o presidente Lula, cabe aos venezuelanos decidir os desígnios do seu país e não a imprensa brasileira sedenta e ávida ao prestar servilismo as EUA pontuando a questão das reformas constitucionais venezuelanas, de forma a desqualificá-la. Como poderia alguém contestar uma reforma constitucional que fora aprovada no Congresso venezuelano na forma mais democrática possível, e que ainda será ratificada por um referendo nacional popular ? Em que parte do planeta existe tanta participação democrática legítima ? Será isso que tanto incomoda aqueles que tem no fundo vocação autoritária ? Existiria lógica na postura daqueles que acusam Chavez ? A resposta é não. Os conservadores brasileiros nunca foram democratas. Jamais aceitaram que o povo tivesse a oportunidade de se manifestar diretamente, todas as questões forçosamente passam pelos representantes da elite no Congresso, no Senado, estamos hoje vivendo uma democracia de mentira, onde os representantes do povo, além de corruptos, muitos são lacaios do capital e dos poderosos que insistem em escravizar o povo brasileiro com suas manipulações visando única e exclusivamente seus interesses e principalmente daqueles que os financiam.