Lula: “vamos garantir toda a energia que for necessária”
Presidente repeliu aqueles que alardeiam uma suposta crise energética e disse que “estamos investindo muito na produção de energia”
O presidente Lula repeliu na quarta-feira, em discurso na cerimônia de abertura do 5º Encontro Nacional do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural – Prominp, as previsões dos apologistas da crise no setor energético. “Este país hoje está sólido e não vai ter crise energética nenhuma”. “As indústrias podem crescer que nós garantimos toda a energia que for necessária”, frisou.
Sobre a “iminência da suposta crise”, alardeada diariamente por parte da mídia, ávida por atingir seu governo, Lula respondeu que “não falta, na verdade, é gente para botar defeito, o que não falta é gente para dizer: ‘não vai dar certo’”. “Mas podem ficar tranquilos, não vai faltar gás e nem energia neste país”, reafirmou.
GÁS
Sobre o fornecimento de gás para as distribuidoras do Rio de Janeiro e São Paulo, reduzidas na semana passada, Lula ironizou os alarmistas de plantão: “Aconteceu um probleminha de gás no Rio de Janeiro: ‘Ah, acabou a energia do mundo’”. “Não acabou, não. Este país já tem energia garantida até 2012”. “Vamos descobrir os gases que precisamos descobrir ou vamos comprar o gás que precisar comprar”, enfatizou.
Lula falou sobre a viagem à Bolívia do presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, para discutir a ampliação do fornecimento de gás para o Brasil. Ele mostrou também outras iniciativas do governo para garantir a energia que será “mais do que suficiente para o desenvolvimento do país”. “Estamos investindo muito na produção de energia. Estamos construindo Madeira. Estamos discutindo o projeto do gasoduto com a Venezuela”. “Estamos fazendo aquilo que precisa ser feito para garantir que o Brasil tenha tranqüilidade energética num futuro, eu diria, bastante longo”.
Reforçando as palavras do presidente da República, Sérgio Gabrielli, de volta da viagem à Bolívia onde acertou com as autoridades locais a ampliação dos investimentos na produção de gás, disse que a Petrobrás “não deixou e não vai vai deixar de fornecer o gás necessário para o país”. “A Petrobrás em nenhum momento deixou de abastecer as distribuidoras nos níveis contratuais”, declarou (ver matéria ampliada na página 2). A estatal vinha fornecendo gás para as distribuidoras numa quantidade acima do contratado. No momento em que foi necessário ampliar a produção das usinas termoelétricas, a Petrobrás reduziu o fornecimento, mas sempre mantendo uma quantidade de gás acima do contratado com as distribuidoras.
O presidente Lula convocou os empresários a ampliarem os seus investimentos e criticou os que só criticam sem “nada contribuir” para o desenvolvimento. “Parece que introjetaram na nossa cabeça uma doutrina de que é pecado confiarmos em nós, acreditarmos em nós”, destacou. “Os descrentes pareciam ser maioria no Brasil, porque houve um período no Brasil que, não sei porque cargas d’água, desde o final dos anos 80 começou um processo de se desacreditar no Brasil”. “Eu não acredito que seja possível, nenhum clube de futebol, nenhuma associação de bairro e muito menos um país ir para a frente se as pessoas daquele país não acreditam em si próprias”, disse.
“Ainda em 2002, quando falávamos da necessidade de revitalizar as indústrias brasileiras, sobretudo a indústria naval e a indústria de petróleo, com a construção de plataformas aqui, nós fomos achincalhados”, lembrou. “Hoje eu estou vendo a economia brasileira consolidada, a indústria brasileira se consolidando, se fortalecendo. É por isso que nós estamos hoje, eu pelo menos, com muita alegria, alguns com tristeza, porque eles torcem para que as coisas dêem errado”, ressaltou.
Ele aproveitou para rebater os que defendem que a Petrobrás deva pensar apenas nos lucros. “Se imaginarmos apenas o lucro entre a Petrobrás e outra empresa de petróleo do porte da Petrobrás, que pode comprar uma plataforma, em algum país, algumas centenas de dólares mais barata que a que nós fazemos aqui, se pensar assim, estaremos matematicamente pensando certo e politicamente pensando equivocadamente”, disse. “Temos que ver que a recuperação da indústria brasileira, para a indústria do petróleo, significa uma distribuição de riqueza a que a gente estava desacostumado, significa geração de milhares de empregos”, frisou.
“A Petrobrás”, disse Lula, “já poderia ter se transformado numa das maiores ou na maior empresa de petróleo do mundo. Ela não se transformou e não aproveitou outras décadas porque os seus dirigentes possivelmente pensaram pequeno”.
“A Petrobrás agora está descobrindo que ela pode competir, ela está descobrindo que os trabalhadores brasileiros podem produzir, até porque ninguém melhor do que a Petrobrás pode descobrir isso pela qualidade de excelência que é a sua mão-de-obra”.
DESCRENÇA
Continuando a crítica aos propagandistas do caos e do apagão, Lula disse que “não há espaço neste país para descrença”. “O Brasil vai muito bem. O Brasil não estaria nessa situação se não fosse bem gerenciado”, argumentou o presidente. “Este país não exportava porque asfixiava o mercado interno. Não crescia o mercado interno porque asfixiava as exportações. Hoje, tudo isso nós desmentimos. Pode crescer o mercado interno e pode crescer o mercado externo”, avaliou.
“Imagine”, disse Lula, “algum tempo atrás, se tivesse havido a crise imobiliária que teve nos Estados Unidos, quantas vezes o ministro da Fazenda e o ministro do Planejamento já teriam viajado para Nova Iorque ou para Washington para pedir dinheiro para o FMI?”.
Hora do Povo
Rizzolo: Uma das características da diplomacia brasileira no atual governo foi, sem dúvida, não ter dado “ouvidos” aqueles que queriam “medidas duras” contra Evo Morales quando da nacionalização dos hidrocarbonetos, em maio de 2006. Quantas bravatas foram proferidas, por aqueles que na ânsia de amaldiçoar as medidas protecionistas e justas em nome da soberania do povo boliviano, apregoavam que Lula deveria se indispor e ser “duro”. Ora, todos sabemos que não há como desrespeitar decisões de países vizinhos, e a via diplomática é a melhor opção. Não resta dúvida, que a crise energética, esta sendo exagerada, e justamente pela boa diplomacia, é que estamos reativando os investimentos na Bolívia, no sentido de nos precavermos em termo de energia no futuro. O que mais falta, na elite brasileira, é inteligência política emocional, o resto é besteira.