A educação liberta

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Isaac abençoando Jacó

A porção semanal do Antigo testamento desta semana chama-se Toldot, inicia-se com Yitschac (Isaac) e Rivca (Rebeca) rezando a D’us por um filho. Finalmente Rivca concebe, e após uma gravidez difícil dá à luz gêmeos – Essav (Esaú) e Yaacov (Jacó). Suas diferenças de personalidade logo se tornam aparentes, quando Essav se volta às caçadas, enquanto Yaacov é puro e ingênuo, passando o tempo no estudo de Torá.

Voltando de uma expedição de caça, exausto e faminto, Essav encontra Yaacov preparando uma panela de sopa de lentilhas. Yaacov concorda em dar ao irmão mais velho uma porção do pote de sopa, em troca de seu direito à primogenitura, e o acordo é completado.

Em face a uma terrível escassez, D’us diz a Yitschac para permanecer na Terra de Israel, ao invés de descer ao Egito como seu pai Avraham o fizera anos antes, por isso Yitschac e sua família se estabelecem em G’rar, (a terra dos filisteus, que fica dentro das fronteiras de Israel). D’us reafirma a Yitschac que seus descendentes irão tornar-se uma grande nação, tão numerosa quanto as estrelas do céu.

Após conseguir incrível sucesso financeiro, Yitschac entra em contínuo desentendimento com o rei Avimelech sobre os poços que Yitschac cavara novamente. Entretanto, finalmente chegam a um acordo, e o tratado que foi assinado entre Avimelech e Avraham é reconfirmado.

Muitos anos mais tarde, Yitschac decide abençoar Essav como primogênito. A uma ordem de Rivca, Yaacov se disfarça como se fosse seu irmão mais velho e recebe a bênção do primogênito (que por direito lhe pertence). A porção termina com Yaacov fugindo da ira de Essav por “roubar” sua bênção e escapa para Charan para ficar com o irmão de sua mãe, Lavan, onde encontrará uma esposa.

O que podemos deduzir desta Parashat? Observem que nos dois irmãos gêmeos havia diferenças na personalidade, Essav era voltado às caçadas, enquanto Yaacov era puro e ingênuo, passando o tempo no estudo da Torá, ao mesmo tempo em que era protegido e querido pela sua mãe, já Essav era rude, mas agia, transformava, e no fundo Yitschac entendeu que a benção deveria ser dada a Essav e não a Yaacov. Por
que? Muito embora Essav era ruim como pessoa, não possuidor de um bom caráter, transformava, tinha uma atitude pró-ativa, mas por não se ater aos estudos desvirtuou-se, contudo a inteligência e a perspicácia de Yaacov o superou e com auxílio de sua mãe acabou “roubando” a benção de seu pai.

Podemos concluir que sempre existe o bem e o mal, se estivermos bem informados, com uma boa educação, com uma intelectualidade aprimorada, vencemos as adversidades que a vida nos impõe. Um país só se constrói com bases sólidas na educação, no conhecimento. A Internet é um poderoso instrumento de distribuição de informação, e como tudo na vida, existe os que a usam com propósitos de Essav, e outros com a finalidade de Yaacov. A condução de uma política pública educacional nos bairros pobres, nas favelas, na periferia, faz permear os conceitos de dedicação ao estudo tão necessário aos nossos jovens.

No Brasil durante muitos anos a elite impediu que os mais pobres tivessem acesso à educação, através dos poucos recursos que disponibilizavam ao Estado. Talvez vestígios de quatro séculos de escravidão e menos de um século de liberdade. Escravos não estudavam, apenas trabalhavam, e o resultado disso vê hoje quando por falta da atuação no campo educacional do Poder Público, muitos jovens se tornam discípulos de Essav, repetindo uma história antiga.

Fernando Rizzolo

Chávez convida Lula a exportar petróleo a países pobres

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Em discurso na 17ª Cúpula Ibero-Americana, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, propôs nesta sexta-feira (9) que Brasil e Venezuela se unam para vender petróleo até 70% mais barato para países pobres. “Lula, agora que você é magnata petroleiro, que o Brasil tem tanto petróleo, te proponho que nos juntemos nestes mecanismos de cooperação com os países que não têm petróleo, com os países que não têm possibilidade de pagar US$ 100 o barril”, disse Chávez ao o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O petróleo tem enfrentado altas nos últimos tempos, chegando a ser comercializado por US$ 100 o barril. “Não podemos vender petróleo aos países mais pobres a US$ 100. E não só aos mais pobres”, acrescentou. Chávez sugeriu ainda que que os dois países criem uma criem uma PetroAmazônia, a exemplo da Petroandina – aliança entre as estatais energéticas da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

Na quinta-feira, a Petrobras anunciou que novas reservas de petróleo e gás na Bacia de Santos aumentarão em cerca de 50% o potencial do país. Segundo o presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, o Brasil passará a ser um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo, com um nível equivalente ao de países como Venezuela e Nigéria.

Chávez citou como exemplo de cooperação seu próprio país, que fornece petróleo à Argentina em troca de tratores, maquinário e “vacas prenhas que produzem muito leite”. No caso do Uruguai, a Venezuela recebe softwares e também “vacas que os uruguaios dizem ser melhores que as argentinas”. “Para mim são igualitas”, brincou o presidente venezuelano.

Em outro momento do discurso, comentando o tema central da cúpula deste ano, a coesão social, o presidente venezuelano mencionou as recém-descobertas jazidas brasileiras: “Um caminho pode ser muito coeso de pedras, de asfalto ou desse petróleo que o Lula acaba de conseguir lá no Brasil. Agora o Brasil poderá ingressar na Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)”.

Resposta

Sobre as propostas de Chávez, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, declarou que a Petrobras deve estudar a fundo o que fazer com as novas reservas de petróleo da Bacia de Santos. “Vamos examinar”, declarou Garcia. “São coisas que a empresa (Petrobrás) tem que ter autonomia de operação, é ela que vai decidir.”

Garcia, no entanto, apóia a idéia de pensar no desenvolvimento regional de forma conjunta. “Temos que utilizar esses mecanismos nacionais, nossa riqueza em matéria de energia, a riqueza da Venezuela, a da Bolívia em matéria de gás, e também a de outros países, para encontrar uma solução comum”, afirmou. “Nossa idéia é associar o desenvolvimento do Brasil ao de outros países da região.”

Da redação, com agências
Site do PC do B

Rizzolo: A imprensa golpista insinua de forma jocosa as propostas de Chavez em relação às reservas recém descobertas no Brasil. Na realidade, a Petrobras como empresa Estatal, tem por objetivo, não só o lucro a seus acionistas, mas, sim, cumprir o papel social de bem público. As pessoas, de tão embebidas pelo neoliberalismo, esquecem que, a finalidade do bem público, é promover bem-estar àqueles que compõem a nação. Quando Chavez faz a proposta solidária, a faz com o intuito de unir a América Latina nos termos da ALBA, onde a solidariedade está acima do lucro, um conceito diferente do Mercosul.

Talvez Lula ainda não tem absorvido conceitos solidários de desenvolvimento, e por isso, esta de certo modo reticente. Estive na Venezuela e o que mais ouvi em relação à América Latina foi à palavra solidariedade. Temos que refletir e repensar o papel de uma empresa Estatal na sociedade. A transferência de 70% do capital da Petrobras para mãos privadas e estrangeiras foi processada como um papel qualquer de Bolsa, “um fato para nos orgulharmos”, dizia a publicidade na época. Esses papéis estão custodiados em sua maioria no City Bank, que atua como gestor dos Fundos de Pensão, principalmente americanos. O governo brasileiro mantém o controle legal da empresa por meio das ações ordinárias, o planejamento internacional imposto ao País inseriu mais uma nova figura de ação estratégica, às Agências Reguladoras, que passaram a atuar, não mais em consonância com o Estado brasileiro e sim, com o capital internacional globalizado. Essa é a Petrobras de hoje, o lucro acima de tudo. Uma vergonha, não é?

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Meirelles defende ‘lucro justo’ dos banqueiros cevados pelo juro alto

“É importante mencionar que os lucros dos bancos estão menores relativamente às grandes empresas”, disse o presidente do BC na Câmara

Com a explanação e as “respostas” do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, na audiência pública na Câmara dos Deputados, dia 30, ficamos sabendo que os resultados alcançados pela economia brasileira se deram em função dos juros estratosféricos. O aumento do PIB, as exportações, a recuperação do salário mínimo, a expansão dos investimentos e do crédito consignado, a desoneração da indústria da construção civil foram devidamente capitalizadas como resultantes da política monetária. Só faltou creditar ao Banco Central a decisão do presidente Lula em destravar a economia.

O fato de o Banco Central não ter nada a ver com essas medidas não tem a menor importância. O essencial é que as “ações normativas de caráter preventivo e prudencial”, disse Meirelles, “estão contribuindo para o crescimento de nossa economia”. Prudencial porque “o BC tem uma ação preventiva e não reativa”. Isso para justificar os juros altos – como interromper o processo de queda da Selic na última reunião do Copom – para prevenir um hipotético descontrole inflacionário lá na frente, já que “os méritos das decisões tomadas atualmente deverão ser avaliadas no segundo semestre de 2008 e em 2009”.

Além de tomar para si os méritos de outros, o que chamou a atenção foi o esforço para fugir das perguntas feitas pelos parlamentares. Ao questionamento do deputado Renato Mollins (PP-RS), por exemplo, sobre a influência dos juros altos e da isenção de pagamento de IR aos especuladores com títulos públicos na sobrevalorização cambial, respondeu que a referida isenção não era de alçada do BC e que encaminharia às autoridades fazendárias as reivindicações feitas pelos deputados sobre o tema. Os juros altos, certamente não tem nada a ver sobre o assunto.

Sobre o fato do aumento das reservas internacionais estarem provocando um endividamento maior – emissão de títulos vinculados à Selic (atualmente em 11,25% ao ano) para compra de dólares que compõem as reservas, enquanto estas são aplicadas em títulos norte-americanos que pagam 4,5% ao ano – a resposta foi um primor e, sem exagero, tropeçando nas palavras . “O custo de captação interna é maior do que o custo [???], é verdade. Agora, o ganho se dá não só sobre essa parcela, mas sobre a parcela geral. Por exemplo, a reserva é cerca de 160 bilhões de dólares, a dívida do governo como um todo é mais de 1 trilhão de dólares. Então, o que acontece, o benefício é sobre a dívida como um todo”. Nem Rolando Lero seria capaz dessa clareza.

CRIME

Pergunta do deputado João Leão (PP-BA): “Quando o sr. vai chamar os universitários? Quando digo universitários é a Polícia Federal, porque os juros no Brasil hoje é crime. Onde está a lei de usura, que padrão tem o Banco Central de limite de juro máximo, existe ou não existe, ou vamos ter que votar um projeto de uma agência que regule os bancos?”, ao que Meirelles retrucou que limite de juros “é uma questão legislativa. Taxas de juros não são tabeladas no Brasil”. E recomendou que em caso de “comportamento abusivo” dos bancos as pessoas devem reclamar ao bispo, quer dizer, ao Procon.

“Existe um aumento da lucratividade dos bancos. Os bancos têm tido resultados bons, mas os das empresas são bem maiores. Os ganhos da massa salarial estão muito forte. Em resumo: todo o país vai bem. É importante mencionar que os lucros dos bancos estão menores relativamente às grandes empresas, comparado com o passado”, disse Meirelles, sentenciando a seguir: “A melhor maneira de assegurar o melhor serviço ao consumidor e os lucros adequados, justos, nem excessivos, nem insuficientes, é competição, transparência”. Só que o processo de concentração/desnacionalização do setor bancário – sob os auspícios do BC desde os tempos do Proer e do Proes – é exatamente o que impede a competição. Basta ver o nível do spread e as tarifas extorsivas. É risível, pra dizer o mínimo, alguém acreditar que transparência é que vai garantir o “lucro justo” dos bancos, os maiores beneficiários dos juros escorchantes vigentes no país.

Por isso, nada mais adequadas do que a pergunta e a fundamentação do deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE): “O presidente poderia nos citar qual é a literatura, quais são as teses acadêmicas, quais são as resoluções internacionais que afirmam, justificam e defendem que o papel primário do Tesouro Nacional é financiar a acumulação privada na esfera financeira?”, indagou o parlamentar pernambucano.

Para o deputado, “quando se fala dos impactos fiscais das políticas monetária, creditícia e cambial sempre os aspectos negativos são justificados sobre conjunto dos outros fatores. 2005: o Programa de Desenvolvimento da Educação Infantil teve o orçamento aprovado pelo Congresso em R$ 16.629.600, mas só foram executados naquele exercício R$ 2.580.000, certamente como conseqüência das restrições fiscais, do contingenciamento e da meta do superávit primário. Para o Desenvolvimento do Ensino Médio foram previstos R$ 369.292.700, mas só foram executados R$ 196.000.000. Em 2006, para Educação na Primeira Infância: R$ 27.900.000; só foram executados R$ 1.700.000. Desenvolvimento do Ensino Médio: R$ 107.000.000; só foram executados R$ 39.000.000. Em 2007, Desenvolvimento do Ensino Médio, dados de outubro do Siafi: R$ 162.870.000; Só foram executados R$ 21.547.000. Educação na Primeira Infância, aprovado na lei orçamentária R$ 132.000.000 e executados R$ 261.000”.

Citando dados de relatórios do Tesouro Nacional de 2002, concluiu dizendo “que o montante de títulos cujos vencimentos eram de 12 anos, de agosto a agosto de 2003, chegou a R$ 240,41 bilhões, saltou em 2003 para R$ 393,230 bilhões, chegando em 2007 a R$ 902,750 bilhões nos três primeiros anos de vencimento desse estoque. Quero dizer que nós temos questões primárias, não de natureza do superávit ou de gestão das contas, mas de natureza conceitual. Nós continuamos tratando o Tesouro Nacional em primeiro lugar como fonte de financiamento da acumulação de quem já tem excedente no país”.

Respondendo sobre o impacto nos juros, na dívida pública e no emprego uma eventual não aprovação da CPMF, Meirelles asseverou que “se eliminarmos uma receita, teríamos que eliminar uma fonte importante de despesas”. Poderia se pensar que o corte de despesas se daria nos juros. Mas, vaticinou o presidente do BC: “Teremos o crescimento da dívida pública e o crescimento dos juros” – juros esses, como se sabe, o remédio para todos os males, até a um suposto boicote às verbas da saúde e de programas sociais.

VALDO ALBUQUERQUE
Hora do Povo

Rizzolo:A mais difícil tarefa do Advogado é defender o indefensável. Não resta a menor dúvida que o camarada Meirelles dribla as respostas, inverte as argumentações, dá um conteúdo numérico para emprestar legitimidade ao que fala, mas na verdade, nada justifica os juros estratosféricos a não ser “empacar” a economia a mando dos especuladores que vêem no Brasil um maravilhoso Cassino. Ao invés de prestigiarmos a produção, a indústria nacional, estamos a pretexto dos velhos inimigos como a inflação, a demanda, segurados pelo BC e em última instancia pelo COPOM, que pra mim é um tipo de Febraban. Enquanto isso, os lucros dos bancos explodem, e nos resta apenas ouvir explicações na defesa do indefensável. É a roupagem de socialista no palanque, com o servilismo ao capital. Já não vejo diferença entre o PT de Lula e o PSDB, e vou mais longe, até acredito que muitos Tucanos, não iriam tão longe nessa promiscuidade político financeiro, ou banqueira, como quiserem.