O Petróleo, o Etanol, e a fome

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Por uma obra do destino, o neoliberalismo não conseguiu a tempo lançar mão da Petrobras, como ocorreu com a argentina YPF, que sucumbiu nas mãos de Carlos Menem e foi abocanhada pela espanhola Repsol. As perguntas que devemos fazer nesse momento político brasileiro, é de que forma a Petrobras, se confirmada a extensão e o potencial da reserva da Bacia de Santos, irá reverter essa receita ao povo brasileiro. Poderíamos também perguntar, de que maneira a União que detêm o monopólio do Petróleo, destinaria e drenaria os recursos em prol das demandas sociais, como hoje se convertem os recursos na Venezuela advindos da extração. Não há mais espaço para análises de desenvolvimento puramente industrial e tecnológico sem levar em conta que o objetivo da Estatal é o bem-estar público e não apenas o lucro.

Nesse esteio de raciocínio, poderíamos traçar uma análise num outro combustível gerador de energia, que de certo modo mais envolvido está com o trabalhador pobre, que é o Etanol. Não temos hoje uma regulamentação de que como a expansão dos canaviais, das usinas, das terras, serão ajustadas com as demandas e necessidades das condições de trabalho dos trabalhadores rurais, muitos dos quais trabalham em regime de semi escravidão. Na análise conjuntural entre as novas disponibilidades energéticas o ser humano deve ser priorizado se sobrepondo ao lucro, e à especulação internacional. Hoje o Brasil é visto como um centro de investimento puramente mercantil, e a proteção ideológica trabalhista ainda é frágil, haja vista, que comtemplamos ainda discussões como a Emenda 3 que visa criar a lei da selva nas relações trabalhistas.

É exatamente nesse momento em que a possibilidade do lucro atrai transnacionais e o capital, é que devemos nos lembrar o significado da arrecadação dos recursos nesse país. Quando o ex. secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, depôs na CPI dos Bancos, ele revelou números estarrecedores. Das 530 maiores empresas do país, metade não paga Imposto de Renda (IR). O mesmo ocorre com os bancos. Das 66 maiores instituições financeiras, 42% não recolhem IR. A Receita Federal tinha, na ocasião, R$ 115 bilhões a receber em impostos devidos pelas empresas que não foram pagos por causa do que Maciel chamou de “indústria de liminares”. No sistema financeiro, 34% dos débitos reconhecidos com a Receita Federal estavam com o pagamento suspenso por causa de liminares. Sem contar com as remessas de lucros e dividendos das empresas multinacionais que são isentas de Imposto de Renda.

O próprio mercado, na busca cega do lucro, rendeu sua homenagem à Petrobras: em dois dias as ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo tiveram alta de 16,44%. Seu valor internacional de mercado alcançou US$ 221,9 bilhões, ultrapassando gigantes como a Procter & Gamble, a Google, a Berkshire Hathaway e a Cisco Systems, e isso nos leva a refletir que desenho de desenvolvimento teremos ao povo brasileiro, e de que forma encontraremos mecanismos quer em relação ao Etanol, quer ao Petróleo, para levarmos as riquezas do solo brasileiro ao nosso povo, que pouco recebe, e que pouco se alimenta dos frutos dessa terra, face à miséria e o desalento que reina desde a época de Monteiro Lobato, em que as pessoas exclamavam pelas ruas, dizendo que o Petróleo era nosso !

Fernando Rizzolo

Rei não agüenta ouvir de Chávez que seu premiê apoiou o golpe

Embora nem sempre seja preciso enunciá-la por completo, Chávez só falou a verdade. Aznar é fascista mesmo e todo mundo sabe que só os embaixadores dos EUA e da Espanha prestigiaram, em 2002, a cerimônia de posse da efêmera junta civil-militar que rasgou a Constituição venezuelana, prendeu o presidente da República, fechou o Congresso, o Judiciário, mas borrou-se de medo ao dar de cara com o povo bolivariano nas ruas e fugiu para Miami. Porém, sua majestade achou que tinha o direito de mandar o presidente Chávez “calar a boca”. Tanto não tinha que quem acabou se retirando do plenário da 17ª Cúpula Ibero-Americana foi ele. Já a mídia golpista elogiou a atitude da peça viva de museu, que, em pleno século 21, responde pelo nome de Rei Juan Carlos. Tudo em nome da “democracia”, é lógico.

Países ibero-americanos defendem progresso com soberania e justiça

Chefes de Estado e de governo de 22 países reunidos de 8 a 10 últimos em Santiago do Chile na Cúpula Ibero-americana repeliram o embargo dos EUA a Cuba e defenderam um crescimento econômico independente e com justiça social

Após três dias de debates, os chefes de Estado e de Governo de 22 países aprovaram no sábado, dia 10, a Declaração de Santiago do Chile, um documento de 24 pontos com as resoluções da XVII Cúpula Ibero-americana, que estabelece os compromissos para garantir um crescimento econômico sustentado, independente e de inclusão social na região e repeliu o embargo dos EUA a Cuba.

Os líderes também assinaram um plano de ação e 10 comunicados anexos entre os quais se destacam a exigência de acabar com o embargo dos Estados Unidos contra Cuba por ser “uma política contrária ao direito internacional”, e o respaldo às aspirações da Argentina de recuperar as Ilhas Malvinas, ocupadas pela Inglaterra.

Os 19 países latino-americanos, mais Espanha, Portugal e Andorra, em outro comunicado especial condenaram o tratamento de aberta impunidade dispensados pelos EUA ao terrorista cubano-venezuelano, Luis Posada Carriles, responsável pela explosão de um avião cubano em 1976 sobre Barbados, em que morreram 73 pessoas.

O documento principal condensou os debates do encontro em que os dirigentes frisaram a necessidade de mudanças na política que levou os países a uma situação insustentável de miséria e o expressivo avanço imprimido pelos governos progressistas na região. “Não há como existir coesão entre nossas nações sem transformações profundas no estado em que vivem nossos povos”, sublinhou o presidente venezuelano, Hugo Chávez, com a concordância da maioria dos chefes de Estado. O texto aprovado enumera princípios gerais, e recolhe compromissos “para progredir e alcançar níveis crescentes de inclusão, justiça, proteção e assistência social e solidariedade”, além de avançar para a igualdade de direitos entre as mulheres e os homens, assim como acelerar a vigência de normas justas na previdência e seguridade social.

ACORDOS

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Bolívia, Evo Morales, realizaram uma bilateral para detalhar os acordos que estão sendo detalhados sobre novos investimentos da estatal Petrobrás no país irmão e que permitirão ampliar a exportação de gás. Lula também realizou o anúncio da recente descoberta de reservas de petróleo entre 5 e 8 bilhões de barris de óleo leve, segundo dados da Petrobrás. O presidente brasileiro declarou seu interesse de ingressar na OPEP, logo que o país se tornar exportador de petróleo, fato certo em poucos anos. “Obviamente, temos a intenção de participar no foro em que podem se decidir políticas para o mundo inteiro”, disse.

Evo encontrou-se com a anfitriã da reunião, a presidente chilena Michelle Bachelet, com uma pauta de 13 pontos. Destacaram o trabalho conjunto em busca da normalização das relações diplomáticas entre os dois países, rompidas há 29 anos, e avançaram na análise do pedido boliviano de uma saída ao oceano Pacífico. Desde a posse de Evo, ocorreram três encontros presidenciais, depois de anos de esfriamento das relações.

O presidente equatoriano, Rafael Correa, informou em sua mensagem radiofônica dos sábados, que foi transmitida desde Santiago, que a assinatura da criação do Banco do Sul se realizará no dia 10 de dezembro, como estava previsto, mas na Argentina, e não na Venezuela.

Correa acrescentou que os chefes de Estado da região acertaram que o documento seja assinado em Buenos Aires, no dia em que Cristina Fernández de Kirchner assumirá a presidência. O Banco será formado, em princípio, pelo Brasil, Venezuela, Argentina, Colômbia, Equador, Bolívia, e Paraguai.

“É um imenso passo na integração latino-americana e sobre tudo sul-americana para financiar nossos projetos de desenvolvimento, e acabar com os projetos a controle remoto como os que nos impunha o FMI e o Banco Mundial, que nos quebraram”, manifestou.

Correa, reforçado por declarações do presidente Hugo Chávez, convocou os países da região a que pensem em aplicar no Banco do Sul suas reservas monetárias, que hoje ficam nos Estados Unidos, e que somam na atualidade cerca de 450 bilhões de dólares.

JUAN CARLOS

No sábado, último dia da Cúpula Ibero-americana, durante a intervenção do presidente do governo espanhol, José Luis Zapatero, aconteceu a polêmica com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na qual acabou se envolvendo, de forma pouca diplomática, o rei espanhol Juan Carlos.

José Zapatero disse em seu pronunciamento que “um país nunca poderá avançar se busca justificações de que alguém de fora impede seu progresso”. O presidente venezuelano, diante dessa afirmação, pediu um aparte e fez algumas ponderações, levando em conta a história na América Latina e sua própria experiência. “Não se pode minimizar o impacto dos fatores externos”, contrapôs Chávez, se referindo à participação do governo dos Estados Unidos no golpe contra Salvador Allende, no Chile, e ao apoio de Aznar ao golpe no ano 2002, tramado pelos EUA em conluio com a oligarquia venezuelana. Para reforçar sua linha de raciocínio, de que existem forças externas que jogam contra o desenvolvimento soberano dos países, Chávez revelou no aparte a Zapatero dados sobre uma conversa que manteve com o então presidente do governo espanhol em julho de 1999. Aznar lhe dissera: “Venho te convidar para que te juntes ao nosso clube, você tem petróleo, deves te incorporar ao primeiro mundo, basta que você o decida, já que tens um forte apoio popular e político”.

“Mas eu tinha que deixar as relações com Cuba. Aznar me disse que não me convinha a amizade com Fidel Castro, um exemplo de dignidade, de luta, de resistência a um império”, contou Chávez. Prosseguindo, o chefe de governo venezuelano relatou: “E o que acontece com os países pobres, como Haiti, os da América Central ou da África?”, ao que Aznar respondeu: “Esses se ferraram”. “Esse é o rosto mais forte do fascismo e do racismo”, concluiu Chávez.

Zapatero retomou então a palavra para pedir “calma” a Chávez e exigir “respeito para com Aznar porque, embora seja uma pessoa com a qual compartilhe ideais”, ele tinha sido “eleito pelos espanhóis”, esquecendo que o neo-franquista ignorou olimpicamente a vontade desse povo, que se manifestou aos milhões nas ruas contra a presença de soldados espanhóis no Iraque, fato que se expressou na acachapante derrota que colheu nas urnas em 2004.

RESPEITO

Foi nesse momento, quando Chávez pediu o mesmo respeito para seu governo e seu povo, exigindo o fim da ingerência na política de seu país, que o rei, levantando o dedo, disse mal-humorado: “Por que você não se cala?”

O presidente Chávez reconheceu mais tarde que ele, naquele momento concentrado na troca de idéias com Zapatero, não escutou a frase do rei. “Teve sorte o senhor rei, que eu não o ouvisse”, disse, acrescentando que teria lhe respondido: “Se eu me calasse, gritariam até as pedras dos povos da América Latina, que estão dispostos a ser livres de todo colonialismo depois de 500 anos”, em referência uma conhecida passagem bíblica.

O rei espanhol acabou por retirar-se da reunião durante o discurso seguinte, o do presidente da Nicarágua (ver matéria ao lado), quando o líder sandinista fez duras críticas a empresas espanholas que “atuam no país como uma máfia e usam táticas de gangsters”.

Aí foi demais para o monarca. Juan Carlos levantou-se e saiu.

SUSANA SANTOS

Hora do Povo

Rizzolo: O ex. primeiro-ministro direitista da Espanha José María Aznar foi um especialista em dar maus conselhos, segundo Fidel Castro, Aznar foi um aliado dos EUA em genocídios e massacres, tinha se reunido com o presidente Bill Clinton em 13 de abril de 1999, num momento incerto da guerra contra Iugoslávia, e lhe expressou textualmente: “Se estamos numa guerra, façamo-la completamente, para ganhá-la toda e não só um pouco. Se precisamos persistir durante um mês, três meses, façamo-lo. Não entendo por que não bombardeamos ainda a rádio e a televisão sérvias”. Não há dúvida que o camarada Aznar não merece uma defesa tão veemente por parte do rei espanhol Juan Carlos e do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, mais conhecido como Bambi. Que conversa é essa? Juan Carlos é um reacionário especialista em opressão, que impõem a monarquia aos países catalães, e não abre o debate ao povo sobre essa imposição. Pequenos episódios revelam o conflito latente entre os espanhóis e seu rei. Já em 1981, quando do frustrado golpe contra o Parlamento Espanhol, o comportamento de sua majestade deixou dúvidas. Ele levou algumas horas antes de se definir pela legalidade democrática. Para muitos, o golpe chefiado por Millan del Bosch pretendia que todos os poderes fossem conferidos a Juan Carlos, em um franquismo coroado.

A defesa do rei denota seu caráter belicista e antidemocrático. A 17ª Cúpula Ibero-Americana, é espaço de discussão e de liberdade de expressão, contudo, a velha Europa colonialista, insiste em ” mandar calar a boca” dos líderes da América Latina, como que se quisessem nos colocar ” no nosso lugar “. O vice-presidente da Venezuela, Jorge Rodríguez, neste domingo, classificou como “vulgar e grosseira” a atitude. “Não pode vir ninguém com a grosseria e a vulgaridade de mandar o chefe do Estado venezuelano calar a boca, que não será calada por nada nem ninguém”. Como sempre digo, os que não gostam da democracia, gritam, mandam calar a boca, e não apreciam ouvir as verdades. Esses são os ” democratas “.

Europa e América Latina perdem mercado nos EUA

As mudanças macroeconômicas dos últimos meses já estão alterando o padrão de compras externas norte-americanas. Ao longo do ano de 2007 todas as regiões do mundo aumentaram suas exportações para os EUA, menos a América Latina. Nos últimos três meses, porém, os dados mostram que as importações norte-americanas estão caindo rapidamente em relação à zona do euro e, em menor intensidade, em relação a alguns países da Ásia, como o Japão. O grande ganhador desse cenário parece ser a China.

No terceiro trimestre, as importações norte-americanas vindas da zona do euro registraram quedas mensais: de US$ 24,1 bilhões, em julho, para US$ 23,2 bilhões em agosto e US$ 20 bilhões em setembro. No mesmo período, a China vendeu US$ 28,5 bilhões, US$ 28,4 e US$ 29,3 bilhões, de julho a setembro.

O déficit com a China cresceu 5,5% em setembro, para US$ 23,8 bilhões, o segundo maior já registrado. Neste ano, a China mandou mais produtos para os EUA do que o Canadá, maior parceiro comercial americano.

“Os europeus foram duramente afetados pela valorização de sua moeda”, disse Nigel Gault, economista-chefe para os EUA da Global Insight. Só neste ano, a moeda única européia acumula uma valorização superior a 11% ante o dólar. Isso tende a causar problemas para as empresas européias mais voltadas à exportação, reduzindo a competitividade de seus produtos.

As autoridades da União Européia aparentemente vêm acusando o golpe, voltando o foco para a China. Na semana passada, por exemplo, o comissário de Comércio, Peter Mandelson, reclamou da falta de valorização do yuan.

Mas não são só os europeus que perderam espaço. As vendas do Japão para o mercado americano mostram também um declínio do começo para o fim do trimestre: de US$ 12,8 bilhões para US$ 11,4 bilhões. A América do Sul também registrou uma tendência parecida. As exportações para os EUA ficaram entre US$ 11,3 bilhões e US$ 12,1 bilhões no terceiro trimestre, com baixa em setembro.

Projeção de perdas

Segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o Brasil perdeu para a China mais de US$ 1 bilhão em exportação para os EUA. A entidade estima que, em dez anos, o país pode perder para os chineses metade do que vende aos norte-americanos.

Para os EUA, entretanto, o mês de setembro não foi apenas de aumento do déficit comercial em relação aos chineses: o déficit comercial total diminuiu 0,6%, para US$ 56,4 bilhões, o nível mais baixo dos dois últimos anos. Após um déficit de US$ 56,804 bilhões em agosto, a maioria dos analistas esperava que o déficit comercial subisse em setembro para US$ 59,3 bilhões. Entre janeiro e setembro deste ano, os EUA registraram déficit comercial de US$ 527,5 bilhões, comparado aos US$ 581,6 bilhões do mesmo período de 2006.

Impulsionadas pela intensa desvalorização do dólar, as exportações dos EUA subiram 1,1% em setembro.

Fonte: Valor Econômico

Rizzolo:É claro que a política econômica é a responsável por isso, com o yuan desvalorizado fica realmente difícil para qualquer economia fazer frente à China. Com a valorização do Euro, a prejudicada Europa não exporta na quantidade devida, e na América Latina e mais precisamente ao Brasil, a política do BC impede que as nossas exportações se expandam. Não há dúvida que com os juros estratosféricos, a quantidade de especuladores no mercado, inundam de dólares a nossa economia, fazendo com que o dólar se valorize. Temos que urgentemente promover a queda dos juros, e de alguma forma intervir no câmbio, para que as nossas exportações progridam e recuperem segmentos que hoje vivem estrangulados face à valorização cambial.

Precisamos gerar 4 milhões de empregos por ano, e por mais que as entidades patronais, e sindicais insistam no erro da política econômica, a banca internacional quer ” segurar o país” auferindo lucros financeiros que de nada acrescentam à economia brasileira, vez que esse dinheiro não é injetado nos meios de produção. Assim subsidiamos indiretamente, empregos na China, e o pobre empresário brasileiro é mais uma vez esquecido, e como troféu recebe alguns “prêmios de consolação” como esses recursos que visam recompensar segmentos prejudicados pela valorização cambial. Uma vergonha !

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