A democracia venezuelana X a monarquia espanhola

Juan Carlos foi escolhido para ser rei da Espanha pelo ditador Francisco Franco — ainda em 1969 — e assumiu depois da morte do caudilho, em 1975. Ele não era o primeiro na linha de sucessão: o rei “de jure” da Espanha era seu pai, Juan, o duque de Barcelona. Mas Franco preferiu Juan Carlos, que era um “playboy” pouco experiente. Quando Juan Carlos assumiu, em 22 de novembro de 1975 (dois dias depois da morte de Franco), a monarquia não era legítima: para que se tornasse legítima, em 1977, seu pai, que fora preterido na sucessão espanhola, renunciou aos direitos ao trono. Em 1976, Juan Carlos deu início à transição democrática na Espanha. Os partidos foram legalizados, inclusive o Partido Comunista, e as primeiras eleições livres só ocorreram em 1977.

El Rey, entretanto, retomou esta semana durante a 17ª. Cúpula Ibero-Americana, no Chile, o estilo imperial e antidemocrático ao bradar: “Por qué no te callas?”, dirigindo-se ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. quando este chamava o ex-presidente de governo da Espanha José María Aznar de fascista. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse à imprensa: “Inventem alguma coisa para criticar o Chávez; agora, por falta de democracia não é. Esse homem passou por três referendos, já teve três eleições não sei para que, quatro plebiscitos. Ou seja, o que não falta é discussão.” É verdade que, por três vezes, durante quase uma década na Presidência da República, o venezuelano foi sufragado com folga. A mídia voltou-se contra Chávez, apoiando o “basta!” do Rei de Espanha, em uníssono.

José Luis Rodríguez Zapatero, atual primeiro-ministro da Espanha, ficou preocupado com o incidente diplomático e se propôs retomar as relações com o governo Chávez. É bom lembrar que o primeiro ato de Zapatero como primeiro-ministro foi retirar as tropas espanholas do Iraque e, enfrentando a fúria dos EUA, alinhou-se com governos anti-americanos como Chávez. Zapatero irritou o governo Bush ainda mais ao vender armas e equipamentos militares para a Venezuela. Miguel Angel Moratinos, ministro de relações exteriores, em duas ocasiões acusou Aznar de apoiar uma tentativa de golpe contra Chávez em 2002. Mas deve ter sido difícil para Zapatero ouvir Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, atacar a empresa espanhola Unión Fenosa, como “um bando de mafiosos usando táticas de gângsteres para extrair o máximo de lucro possível de nossos serviços privatizados”.Hugo Chávez também atacou as multinacionais espanholas, processos de privatização “corruptos” e acordos comerciais. “Comércio livre? Que nome equivocado. O que queremos é comércio justo”, disse o líder venezuelano.

Cinco dias após a explosão do rei Juan Carlos, Chávez declarou: –“O rei deveria pedir desculpas. Não fiz nada. Foi ele quem me atacou em um tom violento”. O presidente advertiu que os investimentos espanhóis não são “indispensáveis” à Venezuela. Chávez também anunciou na quarta-feira (14) que vai revisar as relações com a Espanha e ameaçou as empresas espanholas em uma entrevista pela televisão. Ele disse: “Vão ter de começar a prestar mais contas e vou ficar de olho nelas para ver o que estão fazendo aqui, todas as empresas espanholas que estejam na Venezuela”. De fato, “o Rei explodiu” como disse Chávez, mas muita coisa deverá ser revista após esta manifestação de intolerância antidemocrática perpetrada pelo monarca espanhol em fim de carreira.
Site do PC do B

Rizzolo: A direita brasileira não cansa de fazer um papel antidemocrático, e as vezes se porta de forma fascista ao apoiar correntes autoritárias e posicionamentos deploráveis como o do rei Juan Carlos. Como bem lembrou o presidente Lula, não há lugar mais democrático do que a Venezuela, a democracia participativa, onde os instrumentos e participação população ação efetivamente utilizados, levam a elite raivosa às raias do ridículo, e do contra-senso. Os adeptos ao autoritarismo, os que amam a democracia relativa, os que detestam a opinião do povo, os que entregam o Brasil às transnacionais, todos eles tentam rechaçar o governo de Hugo Chavez, por um único motivo: não suportam a verdadeira democracia. Para coroar o papel deplorável dos conservadores brasileiros, as lideranças da oposição de direita articulam o uso de uma comissão do Senado para tentar manifestar oficialmente repúdio do parlamento brasileiro ao governo Venezuelano. Mas o alvo principal dos oposicionistas de direita é o presidente Lula e sua política externa. A manobra terá como mote o recente e polêmico episódio envolvendo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o rei da Espanha, Juan Carlos, que será ”homenageado” no ato por ter mandado Chávez calar-se. O próximo a ser mandado calar a boca será Lula, e isso não deixaremos.

Todo crescimento acompanha enfrentamento

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Como é de conhecimento de todos, toda sexta-feira ( Shabbat) procuro ao estudar a Torah, nas porções semanais, relacionar os acontecimentos relatados nas passagens do Antigo Testamento, vivenciadas pelos nossos profetas, com aquilo que nos dias de hoje quer no plano espiritual ou material , ou ainda, no plano pessoal ou social, com o que passamos como experiência de vida, no momento. É impressionante, como sempre existe uma relação entre uma “Parashat”, ou passagem de um trecho do Antigo Testamento, da semana, com a nossa semana atual correspondente.

Minhas interpretações pessoais da Torah, me enchem de satisfação ao saber que posso compartilha-las com você , amigo ou amiga, independentemente de religião, vez que a Torah pertence a humanidade, e não só ao povo judeu, cabendo a nós interpretá-la, e usarmos como guia do nosso dia-a-dia. Tenho profundo respeito pelos cristãos, afinal compartilhamos dos mesmos ideais, e pelas demais religiões, que nos levam a um caminho de Luz, e como toda luz, ilumina ela a escuridão da tristeza, do abandono, da pobreza , da miséria, que tem na sua raiz a incompreensão daqueles que se dizem religiosos, ou ” defensores do povo”, mas não agem de forma pró ativa como parceiros de Deus na eliminação do sofrimento alheio. Uma das razões que me fizeram romper com o marxismo foi a de cunho religioso.

O nome da Parashat desta semana é Vayetsê, e começa com Yaacov (Jacó) fugindo de Esav (Esaú) e deixando a casa dos pais para viajar a Charan, onde ficará com seu tio Lavan (Labão). Ao passar a noite no local onde no futuro seria o Templo Sagrado, D’us aparece a Yaacov no sonho de uma escada descendo do céu até a terra, na qual anjos sobem e descem. Do topo da escada, D’us promete a Yaacov que seus descendentes herdarão a Terra de Israel.

Na sua chegada em Charan, após rolar uma imensa pedra da boca do poço da cidade para que os pastores do lugar pudessem dar água aos rebanhos, Yaacov encontra a filha de Lavan, Rachel, e concorda em trabalhar para seu pai por sete anos a fim de conseguir sua mão em casamento. Quando finalmente chega a noite do casamento, Lavan engana Yaacov, substituindo Rachel pela sua filha mais velha, Lea. Após esperar uma semana, Yaacov casa-se também com Rachel, mas não antes de ser forçado a cumprir mais sete anos de trabalho.

Nos anos que se seguem Rachel permanece estéril, enquanto Lea dá à luz a seis filhos e uma filha, e Bilá e Zilpá (as criadas de Rachel e Lea, respectivamente) cada uma tem dois filhos de Yaacov. Finalmente Rachel tem um filho, Yossef. Yaacov torna-se muito rico durante sua estadia com Lavan, amealhando um grande rebanho, mesmo enquanto Lavan continuamente tenta enganá-lo por todos os vinte anos de sua permanência.

Após aconselhar-se com suas esposas, Yaacov e a família fogem de Lavan, que o persegue e o enfrenta, aborrecido por Yaacov ter ido embora sem se despedir, e arrogantemente afirmando que Yaacov roubou seus ídolos. Após Lavan infrutiferamente procurar os ídolos (que Rachel escondeu, sem que Yaacov soubesse, para impedir o pai de adorá-los), Yaacov e Lavan entram em uma acalorada discussão. Finalmente assinam um acordo, prometendo permanecer em paz, e a porção se encerra quando eles se separam.

A viagem de Yaacov de Bersheva a Charan pode ser entendida como um modelo para a jornada da vida. Chega a hora, entretanto, quando o cordão umbilical é cortado e devemos enfrentar o mundo “real” com todos seus desafios e obstáculos. A palavra Charan está associada à palavra hebraica charon, que significa “raiva”. Desafios significam enfrentamentos, temos que desenvolver a capacidade de reflexão para distinguirmos quais os melhores caminhos a trilhar, de que forma iremos nos preparar para nos defendermos dos inimigos que irão surgir nesses novos caminhos nos enganando como Lavan, nos forçando a continuar seus escravos, nos fazendo trabalhar em dobro a seu favor.

O Brasil, está vivendo um momento em que o mundo nos enxerga como um país com inúmeras riquezas, minerais, as espreitas, o desejo de domínio internacional, é uma realidade, o Brasil é alvo de cobiça, por ter água, alimentos, e energia. Como bem disse o General de Exercito José Benedito de Barros Moreira . ” Temos que colocar um cadeado forte na nossa tranca ” , e eu complementaria dizendo que temos que nos preparar para um novo caminho a trilhar e estarmos prontos para eventuais enfrentamentos com os Lavans que sempre tiveram vocação imperialista.

Fernando Rizzolo