“Veja” manipula as opiniões de militares para defender tortura

Diz o boletim das estagiárias da CIA que “a cúpula do Exército autorizou os pesquisadores a entrar nos quartéis e questionar qualquer militar”, para responder um questionário no qual se encontra a seguinte pergunta: “O Congresso dos Estados Unidos estuda a aprovação de leis que permitem o uso de métodos não ortodoxos para obter informações cruciais. Desde que haja amparo legal, o senhor acha que se pode fazer uso de métodos não ortodoxos?”

A pergunta se baseia em duas premissas falsas, para obter um “sim” como resposta, de modo a poder apresentar a maioria dos militares brasileiros como partidários do emprego da tortura contra o “tráfico”, o “crime organizado” e “ameaças à segurança nacional”.

O Congresso dos EUA não só não estuda a aprovação de leis que permitam a tortura como tem denunciado de forma cada vez mais intensa o seu uso ilegal pela CIA e pelo poder Executivo.

Ademais, a suposta aprovação de uma lei pró-torturas nos EUA, que forneceria autorização expressa para que militares americanos, quando capturados, fossem igualmente torturados, não implicaria em qualquer mudança da Constituição brasileira diante da qual a tortura é crime hediondo, particularmente se exercida pelo Estado.

O Brasil, ainda que “Veja” não se conforme, é um país soberano e civilizado, razão pela qual mais dia menos dia não só os torturadores mas também os pregadores de tortura estarão devidamente atrás das grades. É só uma questão de tempo.

Jornal Hora do Povo

Rizzolo: Em primeiro lugar, nos dias de hoje, a grande maioria dos militares brasileiros, não pertencem à geração dos torturadores da ditadura militar que fora instalada no Brasil a partir de 1964, ditadura essa, já publicamente declarada por autoridades americanas, financiada na época pelo governo dos EUA. Em segundo lugar, insinuar que a intelectualidade militar brasileira, é a favor da tortura, como meio lícito de obtenção de provas, é um absurdo que depõe contra o espírito patriótico das nossas Forças Armadas. Os militares brasileiros, tenho certeza, estão hoje engajados em construir um Brasil melhor, mais justo e soberano, na defesa dos interesses do povo brasileiro, aliás uma tendência dos militares na América Latina, não é ?

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Ganhar sim, pagar impostos não

Os argumentos vazios sobre as inconveniências da CPMF, os gritos sobre a alta carga tributária brasileira, palavras de ordem contra a ineficiência, tudo isso faz parte do elenco argumentativo daqueles que não querem de forma alguma entender que imposto é transferência de renda ao mais pobre, e portanto, mais consumo, mais emprego, mais desenvolvimento, menos miséria.

Estudo do secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, entregue foi aos senadores, lança mão de um conceito novo de carga tributária, no qual exclui as transferências de renda. De acordo com os argumentos, descontadas as transferências, a receita líquida do governo federal ficou praticamente estável desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, passando de 11,4% do PIB no final de 2002 para 11,3% nos 12 meses encerrados em setembro de 2007.

Na realidade a carga tributária liquida é o que importa , ou seja, descontados todos os retornos diretos de impostos à sociedade, como o Bolsa-Família, aposentadorias e subsídios fiscais, entre outros – subiu de 17,9% do PIB em 2002 para 19,7% do PIB em 2007. O que implicaria que toda a arrecadação adicional obtida , foi sim devolvida para o setor privado na forma de transferência de renda. Não podemos ignorar que essa transferência de renda significou ao setor privado mais lucro , não houve maior arrecadação da sociedade, houve transferência de renda de um grupo para outro.

Contudo, ao que parece, existe um problema político empresarial , que envolve os mais primários instintos de egoísmo, e desprezo, pela população pobre, que necessita dos investimentos públicos vinculados com a receita da CPMF. Provavelmente por ser um imposto de difícil sonegação os defensores da CPMF não apreciam muito o tributo. Ademais, como pouco se importam com os pobres, acham a carga tributaria de 37 % do PIB elevadíssima, e se esquecem que na Inglaterra, um país onde nem há tanta necessidade de uma intervenção estatal é na ordem de 38 %.

Não há como pensarmos num Brasil justo. sem arrecadação, não mais podemos conceber um ” Estado Raquítico ” como afirma Márcio Pochmann. Com certeza existirá um plano B , sim, e aqueles que apenas numa visão egoista querem lucrar sem compartilhar, com afirmou o Dr. Jatene com o dedo em riste, terão que pagar de outras formas; o que não podemos aceitar é a manutenção do povo brasileiro na miséria, por interesses de uma minoria interessada em ganhar, sim, pagar impostos não.

Fernando Rizzolo

O reequipamento das Forças Armadas e a Venezuela

O mais interessante na discussão sobre o reequipamento das Forças Armadas no Brasil, é que setores conservadores na ânsia de desqualificar Chavez, e na orientação da teoria conspiratória, se apropriam de uma questão de soberania, que já deveria ter sido sanada há muito tempo pelos governos neoliberais, e descarregam a essência da necessidade na reestruturação das Forças Armadas na Venezuela. Ora, o que a Venezuela está fazendo, nada mais é do que já deveríamos ter feito, e não há, de forma alguma, nexo causal, como querem insinuar os conspiradores de plantão.

Pelos planos em reestudo nas três Forças no Brasil, o reaparelhamento pode ter investimentos de R$ 15,71 bilhões. Seriam R$ 3,61 bilhões para a Marinha, em 10 anos – R$ 1 bilhão só para o programa nuclear, montante a ratear ao longo dos próximos 8 anos. Outros R$ 6,7 bilhões para o Exército, em até 14 anos, e mais R$ 5,4 bilhões para a Aeronáutica, em um período um pouco menor, de 6 anos, por causa do grau de demanda tecnológica da Força e da exigência imposta pelo sucateamento atual.

A Venezuela como o Brasil, assim como os demais países da América Latina, devem estar do ponto de vista militar, à altura para uma eventual resposta imperialista quer ela americana, ou não. Quando digo imperialista me refiro a países como os EUA que de forma contumaz usam a força para implementar sua política externa. Afirmar que Chavez, pretende afrontar o Brasil, ou, intimidar países vizinhos, é no mínimo uma visão esquizofrênica de ganho secundário neoliberal.

O caráter pueril persecutório , desses profetas do belicismo, denota que estão sim a serviço daqueles que querem mobilizar a opinião pública, fazendo o jogo de Washington. Pura besteira, pura infantilidade. Precisamos reequipar nossas Forças Armadas na defesa da nossa soberania, sem acusar os nossos vizinhos e usa-los como pretexto, se hoje precisamos adequar nosso potencial bélico, é porque os neoliberais destruíram nosso parque industrial militar, que um dia já foi respeitado e grande fornecedor dos países árabes. Destruíram a pedido de quem?

Fernando Rizzolo

Mercosul e Israel podem ter acordo de livre-comércio em 2008

O primeiro acordo de livre comércio do Mercosul com um país de fora da América Latina pode ser com Israel, no começo de 2008. É o que tentarão fazer as delegações do bloco e do pequeno país do Oriente Médio, na rodada de negociações que começa nesta segunda-feira (26), em Genebra. “É um acordo próximo da conclusão, embora não se possa garantir que será firmado nessa rodada”, disse o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, Evandro Didonet.

Segundo participantes das discussões e integrantes do setor privado com interesse no acordo, há ainda obstáculos, como a resistência de Israel em dar tratamento preferencial para exportações do Paraguai e Uruguai, sócios menores do Mercosul, e dificuldades entre Israel e Argentina em torno do comércio de herbicidas para agricultura. Mas a disposição dos parceiros em firmar o acordo já revela, porém, que foi afastada a idéia de fazer o acordo com Israel seguir o mesmo ritmo das negociações com países árabes, um dos principais fatores de atraso nas discussões.

Até meados deste ano, os diplomatas dos países do Mercosul tentaram fazer avançar em conjunto os dois acordos, com Israel e com os árabes reunidos no Conselho de Cooperação do Golfo. A forte oposição da indústria petroquímica brasileira e a decisão dos árabes de priorizarem as negociações com a União Européia, mais avançadas, descolaram as duas negociações e a discussão com Israel está reduzida a poucos pontos e detalhes de texto, que podem ser resolvidos nesta rodada em Genebra – ainda que o Itamaraty não queira criar expectativas.

As negociações com Israel já motivaram protestos de organizações não-governamentais e partidos de esquerda, que acusam os governos do Mercosul de legitimar, com o acordo, a ação de Israel no Oriente Médio, com colônias em territórios reclamados pelos palestinos, que receberiam do governo israelense tratamento discriminatório.

A reafirmação do caráter pragmático das negociações e o empenho para não desagradar os parceiros no mundo árabe era a principal razão para evitar um acordo em separado. O setor privado brasileiro apóia as negociações, embora grande parte dos empresários, inclusive na direção da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), acredite que, se o acordo for alcançado ele terá um efeito mais simbólico que prático.

Relação com o Brasil

A balança comercial entre Brasil e Israel está em pouco mais de US$ 700 milhões, com forte superávit para os israelenses. O país tem importações da ordem de US$ 50 bilhões, porém, principalmente alimentos, pedras preciosas, petróleo, celulares, motores de automóveis e outros manufaturados. O Brasil exporta a Israel em torno de US$ 300 milhões anuais, principalmente carne congelada, tubos de cobre e produtos agrícolas, e compra cerca de US$ 400 milhões, principalmente insumos para agricultura.

As autoridades israelenses argumentam, com os acordos de cooperação econômica que firmaram com o Egito e um mais amplo com a Jordânia, que o tratado de livre comércio com o Mercosul não tem potencial de envenenar a relação entre o bloco e os países árabes. O acordo é negociado desde 2005, quando os países do bloco e Israel firmaram um acordo-quadro sobre comércio. Até hoje, porém, esse acordo-quadro não foi votado no Congresso brasileiro.

A perspectiva de concluir o acordo de livre comércio entre Mercosul e Israel ocorre na mesma semana em que o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, participa, como representante do Brasil, das negociações de paz entre israelenses e palestinos convocadas pelo governo dos EUA para a cidade de Annapolis – nas quais os brasileiros serão os únicos participantes da América Latina. Em uma demonstração de que os laços comerciais têm independência em relação à agenda política, Amorim deve reafirmar, em Annapolis, o apoio à devolução de territórios tomados por Israel aos palestinos, e oferecerá ajuda técnica e humanitária, como a prestada ao Haiti e Guiné Bissau por Brasil, Índia e África do Sul.

Fonte: Valor Econômico

Rizzolo: O acordo de livre comércio do Mercosul com Israel é extremamente vantajoso para ambas as partes. Israel possui tecnologia principalmente na área bélica, ademais, os problemas e conflitos entre os países árabes parece que estão caminhando para uma solução. Não é possível imaginar o povo palestino sem um Estado. No tocante a problemas com a esquerda, não acredito que possam haver, vez que só não entende quem não quer enxergar os esforços e boa vontade de Israel em resolve-los, prova disso são as negociações de paz entre israelenses e palestinos convocadas pelo governo dos EUA para a cidade de Annapolis – nas quais os brasileiros serão os únicos participantes da América Latina. Vamos torcer.

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