Sob a batuta daqueles que não querem o desenvolvimento do povo brasileiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros Selic em 11,25% ao ano. Numa nota à imprensa divulgada ontem dia 5 pela assessoria de imprensa do BC, diz apenas que “avaliando a conjuntura macroeconômica e o cenário prospectivo para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,25% ao ano, sem viés”. De nada adianta as indignações, as propostas de uma revisão econômica, as argumentações no sentido de que o país necessita criar 4 milhões de empregos por ano, a insensibilidade é total; na verdade o grande problema esta na autonomia do Banco Central, um artifício que leva o país, e por conseqüência, a economia, ser orquestrada pelos agiotas internacionais.
Pode parecer pouco atual, mas me dou ao direito de mencionar expressões “esquerdistas”, como dizem os neoliberais, ou antiquadas, como assim repetem os amantes de Adam Smith, que aliás, já me chamaram até de ” judeu comunista “,o que não é verdade, mas não há outra forma de se justificar essa imposição e a arrogância de pouca explicação na contenção dessa taxa de juros estratosférica. Esse ” colegiado ” do Copom, é composto pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração. Da forma em que a carruagem anda, o Brasil jamais vai conseguir eliminar a desigualdade apenas com programas de transferência de renda.
O país precisa de políticas de crescimento econômico sustentado, com maiores investimentos públicos em saúde, educação, habitação e infra-estrutura. Como sempre digo, programas de transferência de renda são na realidade de cunho emergenciais, mas logo, numa segunda etapa, precisamos gerar empregos, desenvolvimento, implementação de políticas sociais mais agressivas, e nas amarras dos detentores da política econômica residentes em Washington, jamais poderemos crescer com vigor.
Na educação, por exemplo, apenas 35% dos jovens na faixa etária de 15 a 17 anos estão matriculados no ensino médio. Se quisermos chegar ao patamar do Chile, por exemplo, que tem 85% dos seus jovens matriculados no ensino médio, nós precisaríamos incorporar 4,8 milhões de jovens. Caberia uma reflexão do porque na insistência desse pessoal em ” amarrar nossa economia, através dos juros ” ;acredito que apenas iriamos compreende-la na visão da especulação, do lucro fácil, dos altos ganhos auferidos no Cassino Brasil, e o pior, tudo justificado em nome da inflação, do descontrole, ou seja das velhas vazias argumentações já por todos conhecidas.
Não fosse o vigor da economia brasileira, onde muito embora, com o açoite da política econômica de juros altos do BC, impedindo um maior desenvolvimento da economia na geração de emprego, visando os interesses internacionais, não estaríamos constatando o fato do maior crescimento no emprego formal no país desde 2003 (4% em média ao ano). Ao que tudo indica, muitos são os fatores que impedem o desenvolvimento do povo brasileiro, desde a falta de patriotismo na aceitação do óbvio como no caso da prorrogação da CPMF, até a desvinculação do Banco Central que hoje esta nas mãos de representantes do capital internacional especulativo, dinheiro que na verdade, não passa pela produção de bens, não gera riqueza e apenas beneficia aqueles pouco se importam com o bem-estar do povo. Só o governo Lula que ainda não percebeu.
Fernando Rizzolo