Hugo Chávez: “dinheiro que está depositado nos bancos do Norte deve ser convertido em investimentos”

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou no domingo, em Buenos Aires, que o Banco do Sul é um instrumento de libertação e um “esforço de nossos países da América do Sul para derrotar a pobreza, a miséria, a marginalidade, o analfabetismo, para assegurar aos nossos povos educação, saúde, moradia e emprego digno”.

“Só unidos é que poderemos ser verdadeiramente independentes, verdadeiramente livres”, disse Chávez, acrescentando: “Sem igualdade não há pátria, sem igualdade não projeto de país, sem igualdade não há sociedades possíveis, nem de continente possível”.

Chávez defendeu que as reservas internacionais – “dinheiro que está depositado nos bancos do Norte” – sejam utilizadas em investimentos. “O Banco do Sul deve ser o primeiro passo para começar a trazer os capitais que são nossos, que são de nossos povos e convertê-los em investimentos, investimentos para o desenvolvimento, investimentos na luta contra a pobreza, contra a miséria”.

“Nós não somos párias, nem somos mendigos. E o presidente Kirchner demonstrou isso, graças ao povo argentino e à sua firme vontade, quando libertou a Argentina da dependência do Fundo Monetário Internacional”, ressaltou o presidente venezuelano.

Chávez concluiu dizendo que o Banco do Sul nasce de uma firme vontade política e enfatizou a unidade dos países sul-americanos. “Façamos realidade o Banco do Sul, façamos realidade a união energética do sul, façamos realidade a união, a Unasul, só assim seremos livres”.

Hora do Povo

Rizzolo: Leia uma pequena reflexão minha no artigo:

Banco do Sul um agente da integração

Muito embora os conservadores alegam que o Banco do Sul não passa de uma “invenção de Hugo Chavez”, e afirmam que o governo brasileiro esta sendo usado como massa de manobra nas más intenções dos seus idealizadores, o presidente Lula, nesse domingo, afirmou em seu discurso na Argentina, que o Banco do Sul servirá para financiar projetos na área de infra-estrutura, ciência e tecnologia, para reduzir a pobreza e as diferenças sociais e econômicas na região. Na verdade o Banco do Sul que será lançado no primeiro semestre de 2008, sera uma espécie de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da América do Sul, com recursos próprios para financiamento de desenvolvimento e integração.

Como se tivessem na contramão dos interesses da América Latina, os opositores da iniciativa, declaram que a “aventura do Banco do Sul” conta agora com a aquiescência de Guido Mantega, que como dizem, está menos refratário aos objetivos do Banco, o que certamente os irrita. No elenco de afirmações “vazias”, afirmam que o Brasil será manipulado pelo Conselho de Administração, pelos “discípulos de Hugo Chavez”, e que também beneficiará a Argentina que tem conseguido rolar sua dívida, graças ao apóio da Venezuela.

O que não dizem em nenhum momento, é que o Banco do Sul vem de encontro à criação de uma instituição financeira que irá contribuir para que os países latino-americanos rompam a dependência a mercados de capitais globalizados, incertos e altamente especulativos, propiciando a própria capacidade de reserva, a detenção de fuga de capitais e a inversão de recursos em forma consistente, com os direitos e as necessidades dos povos. Tenho dito que não podemos ficar à mercê das políticas perversas editadas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Observem que na própria Ásia , países que já sentiram de perto os efeitos de crises, estão estudando a formação de Fundo Monetário Asiático mais conhecido como a Iniciativa de Chiang Mai e começou basicamente pela criação de uma rede de acordos bilaterais de “swaps”, cuja finalidade é prover financiamento de balanços de pagamentos em situação de emergência. Os países participantes são a China, o Japão, a Coréia do Sul e os dez membros da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Indonésia, Tailândia, Malásia, Filipinas, entre outros).

O fracasso da rodada de Doha deixa cada vez mais claro que neste mundo de impérios globalizados, só tem vez os blocos coesos de interesses compartilhados. O Banco do Sul seria um amplificador vigoroso da voz e dos interesses latino-americanos, o que contraria interesses dos EUA que através do Brasil insistiram, desta feita, em não fazer do Banco do Sul um substituto do FMI, cuja política visa, na verdade, apenas os interesses do governo americano, haja vista o que ocorreu na gravíssima crise cambial e financeira asiática de 1997-98, que definitivamente mudou a percepção desses países. Houve descontentamento, e até revolta, com o modo como os EUA e o FMI abordaram a crise.

As recomendações de política econômica foram consideradas em grande parte medidas contraproducentes. Além disso, parece ter ficado evidente que os EUA estavam se valendo do Fundo e de outras instituições sediadas em Washington para promover o seu interesses nacionais. “O FMI tem feito mais para promover a agenda comercial e de investimento dos EUA na Coréia do que 30 anos de entendimentos comerciais bilaterais”, disse na época Lawrence Summers, então subsecretário do Tesouro do governo Clinton.

Fica claro, que para conseguir seu desiderato, o conservadorismo exulta e se delicia com a promoção de divergências via mídia e Congresso Nacional entre o Brasil e os países da América Latina, em especial à Venezuela, onde vêem a oportunidade de isolar o Brasil, deixando-o numa situação refratária a uma maior integração Latino Americana, para que talvez, finalmente, se sinta socorrido e alinhado aos interesses do EUA, até mesmo do ponto de vista militar, onde os investimentos das Forças Armadas são tímidos e precários frente a outros países da América Latina, e que certamente nos leva a uma reflexão, a uma pergunta. A quem isso serve?

Fernando Rizzolo

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