Ex-agente da CIA: “decisão de torturar vem da Casa Branca”

Em entrevista à rede de TV norte-americana ABC John Kiriakou confirmou que a decisão de torturar um prisioneiro “é uma política feita na Casa Branca em combinação com a Agência Nacional de Segurança e o Departamento de Justiça”

O ex-agente da CIA John Kiriakou, que chefiou a operação de captura de Abu Zubaidah, um dos dois presos cujos vídeos da tortura foram destruídos, afirmou em entrevista à rede de TV norte-americana ABC que a ordem de tortura partiu da Casa Branca. “A coisa não funciona assim: um agente acorda pela manhã, meio em dúvida, e decide que vai aplicar uma técnica intensificada [tortura] num prisioneiro. Essa é uma política feita na Casa Branca, em combinação com a Agência Nacional de Segurança e o Departamento de Justiça”, revelou. A tardia admissão, pelo governo Bush, de que centenas de horas de vídeos com a tortura do prisioneiro Zubaidah foram des-truídas, está causando um vendaval político em Washington. Na entrevista, o ex-agente confirmou que o preso foi torturado, inclusive através do “water-bording” (afogamento). O vazamento da queima de arquivo, através das páginas do “New York Times”, ocorreu, curiosamente, uma semana após as principais 16 agências de espionagem dos EUA terem desmentido em uníssono Bush sobre o “iminente perigo nuclear do Irã”.

RUMSFELD

A declaração de Kiria-kou – de que a ordem veio de cima, “da Casa Branca” – não chega a ser uma surpresa. Afinal, durante o período mais crítico, para o governo Bush, do escândalo de Abu Graib, ficou patente que o secretário do Pentágono, Donald Rums-feld, acompanhava passo a passo, inclusive com instruções e recomendações de próprio punho, a tortura dos “alvos” tidos como mais importantes. E fazia isso, porque essa era a política oficial do governo dos EUA, intensamente discutida entre ele, Cheney e Bush, e consagrada basicamente em dois pontos. O primeiro: o desconhecimento das Convenções de Guerra de Genebra e a negação da condição de presos de guerra aos cativos. O segundo, os memorandos do Departamento de Justiça oficializando a tortura. Política mantida mesmo após o escândalo de Abu Graib.

Como disse adiante Kiriakou, a tortura é orientada a partir de cima “passo a passo”, até mesmo nos “passos mínimos”. O que é confirmado em outros dados. Como o de que o comandante geral das tropas no Iraque, na época o general Ricardo Sanchez, foi consultado e aprovou vários “cronogramas” de tortura. Também não é nenhuma novidade que o general Miller, chefe do campo de concentração de Guantánamo, e depois, o enviado especial de Bush ao Iraque, funcionava como uma espécie de diretor-geral do serviço de tortura dos campos de concentração norte-americanos.

VÍDEOS

Diante da situação criada com a revelação de que os vídeos da tortura foram queimados, a tática do governo Bush tem sido de lançar a responsabilidade sobre o capo das operações clandestinas da CIA de então, um certo José Rodri-guez Jr. Nessa versão, Rodriguez teria passado por cima do diretor-geral da CIA na época, Porter Goss, e até de supostos pareceres contrários da Casa Branca, do Departamento de Justiça e do Congresso. Isso, “para proteger” os agentes terceirizados de “retaliações da Al Qaeda”, apesar do agente Kiriakou não parecer achar isso provável, já que foi à TV dar entrevistas.

Então, quem é que está, realmente, necessitando de proteção a ponto de mandar destruir, no registro do “New York Times”, “centenas de horas de vídeos” gravados com tortura? Não é a ralé que executou o “serviço” quem tem a autoridade para mandar Rodriguez passar por cima até, supostamente, da Casa Branca. Quem tem tal autoridade são os mandantes, ou seja, W. Bush e Richard Cheney. Se mostradas ao mundo essas cenas de tortura, a conclusão pertinente seria que W. Bush e Cheney – os mandantes – são criminosos de guerra, torturadores. Ou, como disse uma dessas “fontes” das quais o NYT é tão íntimo, as cenas causariam “grande comoção”. Uma coisa é ouvir falar da tortura; outra, vê-la “ao vivo e a cores”. Que o diga Abu Graib. Acionado judicialmente, ou por requerimento dos parlamentares, o governo Bush negou sempre a existência dos vídeos que agora confessou ter destruído.

Segundo Kiriakou, que foi agente da CIA durante 14 anos e operou no Paquistão de 1998 a 2002, a tortura em Zubaidah foi cometida por “comandos aposentados contratados pela CIA”. Blackwater? Baleado na operação de captura, o paquistanês chegou a estar em coma; o interrogatório começou já no hospital, mas nessa fase, na qual Kiriakou participou, não houve tortura segundo ele. Depois, o norte-americano voltou a Washington, para outras missões, mas seguiu acompanhando o caso. Zubaidah, de acordo com jornais dos EUA, havia sido levado clandestinamente para uma prisão secreta da CIA na Polônia. Foi ali que ele foi submetido ao “water-boarding”. No dia seguinte, conforme Kiriakou, Zubaidah contou aos torturadores que havia sido “visitado na cela por Alá”, que o havia orientado “a colaborar”.

XÍCARA DE CHÁ

Pela narração, parece que os torturadores levaram a sério. E a partir daí, para evitar a tortura, Zubaidah falou pelos cotovelos qualquer coisa que ele percebia que era aquilo que seus algozes queriam ouvir, como contou aos seus advogados depois que foi levado para Guantánamo, no final do ano passado. A CIA alega que foi a partir de Zubaidah que teria chegado aos “masterminds” dos ataques ao navio de guerra USS Cole, no Iêmen, e do 11 de Setembro, respectivamente Abd al-Rahim al-Nashiri e “KSM” – Khalid Sheik Mohamed. Este teria batido o recorde de demora para falar no “water-boarding”: dois minutos. Mas desde que começou, bastava uma xícara de chá para falar. Arrumou uma fábula atrás da outra para entreter seus “inter-rogadores”, só faltando confessar o assassinato de Papai Noel. (Talvez tenha confessado e ainda não fomos informados). Está também em Guantánamo atualmente. Quanto ao ex-agente Kiriakou, registre-se que sua entrevista não é propriamente uma denúncia da CIA ou negação cabal da tortura, embora chegue à admissão de que “waterboarding” é tortura.

ANTONIO PIMENTA

Hora do Povo

Rizzolo: Muito embora, a Casa Branca afirme que os Estados Unidos não praticam tortura, silenciou sobre o escândalo dos vídeos de interrogatórios destruídos pela CIA. “O que posso dizer é que todos os interrogatórios foram legais e que sempre prestamos contas ao Congresso dos Estados Unidos”, disse a porta-voz Dana Perino. “Os Estados Unidos não praticam tortura”, afirmou. O ex-agente da CIA John Kiriakou confirmou que, durante interrogatórios de supostos membros da rede terrorista Al Qaeda, foi aplicada a “técnica do afogamento”. O que mais dizer ? Alegar que essa técnica era necessária ? Aonde esta os princípios de Direitos Humanos tão apregoados pelos EUA ? A verdade é que hoje os EUA vivem uma crise de ética, de moral, e de valores jamais vivenciados pelo povo americano. Essa é a democracia republicana. Uma beleza , não ?

Cristina denuncia EUA “operação lixo” dos EUA contra Argentina

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A recém-empossada presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, qualificou nesta quinta-feira (13) como uma “operação lixo” as alegações do governo dos Estados Unidos, sobre suposto financiamento ilegal venezuelano à sua campanha eleitoral. “São operações lixo, que mostram como alguns concebem a política internacional”, disparou Cristina, para quem a Casa Branca deseja “países empregados”.

“Mais que países amigos, querem países empregados e subordinados”, avaliou a presidente. “Com essa forma de operar a política regional, quero dizer a eles que não vão conseguir resultados. Esta presidente pode ser mulher mas não vai se deixar pressionar, disse Cristina durante um ato na Casa Rosada (sede do governo). O discurso duro e incisivo, embora sem citar os Estados Unidos pelo nome, foi visto como estréia do estilo da presidente, que tomou posse nesta segunda-feira após vencer no primeiro turno a eleição presidencial.

Indicação tragicômica

“Há lixões da política internacional que, mais que indicar crescimento ou desenvolvimento, indicam tragicomicamente a involução do desenvolvimento das relações internacionais”, disse ainda Cristina. A cerimônia em que as declarações foram feitas destinava-se justamente a lançar um plano de erradicação e limpeza de lixões na área de Matanza-Riachuelo.

As afirmações foram uma resposta à detenção de quatro indivíduos em Miami, EUA, acusadas de pressionar o empresário venezuelano Antonini Wilson para que ele não revelasse o destino dos US$ 800 mil com que tentou entrar na Argentina. O episódio foi explorado durante a campanha eleitoral pela oposição conservadora, que denunciou um suposto financiamento ilegal da campanha de Cristina por forças ligadas ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hoje o principal alvo sul-americano dos ataques de Washington.

Relações com a Venezuela

Depois das detenções em Miami, o Departamento de Justiça dos EUA divulgou um comunicado dando apoio à versão eleitoral. Segundo os textos, o dinheiro, conforme os detidos, destinava-se à campanha de um candidato presidencial, não identificado.

Cristina foi igualmente explícita ao reafirmar a relação da Argentina com a Venezuela de Hugo Chávez. “Vou continuar afirmando nossa relação de amizade com nossos países latino-americanos e também com a Venezuela. Vou continuar afirmando a necessidade de aprofundar e ampliar o Mercosul”, avisou.

Site do PC do B

Rizzolo: Na verdade, não há nada que prove esse nexo causal, entre o dinheiro encontrado, e a relação desse dinheiro com o governo Venezuelano, ademais, Wilson é cidadão americano, não precisamos dizer mais nada. Ao que tudo indica, o governo dos EUA ainda não está devidamente satisfeito com a popularidade de Chavez, mesmo tendo ele perdido o referendo . As relações entre os EUA e a Argentina, podem esquentar com o temperamento de Cristina, que já de plano, reivindicou as Malvinas à Inglaterra, e como todos nós sabemos, EUA e Inglaterra andam de mãos dadas. No meu entender isso é uma forma de desmoralizar o governo Chavez e de Cristina , uma ação para desmoralizar ambos, no atacado.

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