Os pobres do Semi-Árido, perto de Deus e esquecidos por Lula

A transposição do Rio São Francisco de longe passou a ser uma questão que visa a população pobre ribeirinha e sertaneja, desde setembro, a ASA Brasil, não produz mais uma cisterna no Semi – Árido brasileiro. O Programa ” Um milhão de Cisterna ” (PIMC) foi interrompido por falta de repasse de recursos do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o MDS, pressionado, por setores conservadores. Mas a questão central, é muito mais problemática, envolve a postura do governo Lula, servil aos poderosos, paliativa aos pobres, resignada e passiva aos interesses das empreiteiras, privatizando e concentrando nas mãos dos poucos de sempre as águas do Nordeste, dos grandes açudes, somadas às do rio São Francisco.

Não há como resolver o problema da água, se não priorizarmos a população pobre, e as cisternas, representa o caminho. Como afirma D. Demétrio Valentini, bispo de Jales e presidente da Cáritas brasileira, ” as cisternas não recolhem sós água, elas suscitam cidadania, elas acionam a participação. elas despertam capacidades, elas transformam as pessoas, elas motivam para a solidariedade, elas apostam no desenvolvimento do Semi-Árido”. Isso, é claro, não interessa aos donos das grandes monoculturas irrigadas, devoradoras de água, produtoras de frutas para exportação e de cana para fabricar etanol. É a eles e a alguns grupos industriais que a transposição se destina. Ao sertanejo, cada vez mais, oferecem a opção de se tornar bóia-fria.

O mais interessante da obra, é que a transposição não tem nada a ver com a seca. Tanto que os canais do eixo norte, por onde correriam 71% dos volumes transpostos, passariam longe dos sertões menos chuvosos e das áreas de mais elevado risco hídrico. E 87% dessas águas seriam para atividades econômicas altamente consumidoras de água, como a fruticultura irrigada, a criação de camarão e a siderurgia, voltadas para a exportação e com seríssimos impactos ambientais e sociais.

O mesmo tempo em que o governo se recusar a debater o assunto, a não ouvir os movimentos, a ignorar membros da Igreja Católica, e não negociar, afirma categoricamente aos empresários, e aos que golpearam a prorrogação da CPMF, que não os incomodará, aceitando passivamente, o rombo da CPMF, fazendo uso dos mecanismos de subordinação, propondo a não implementação de novos meios arrecadatórios, sinalizando que cumprirá à risca a receita neoliberal de ” cortar gastos “, enxugando o Estado, que já é mínimo, e ainda, para afagá-los de forma mais doce, promete uma reforma tributária “na forma e modelo que os golpistas determinam”. Essa atitute ao preterir os humildes, e não dialogar, conspurga os ideais pelos quais Lula fora eleito com 58 milhões de votos.

Para finalizar, há 14 ações que comprovam ilegalidades e irregularidades ainda não julgadas pelo Supremo Tribunal Federal. Mas o governo colocou o Exército para as obras iniciais, abusando do papel das Forças Armadas, militarizando a região. A decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, de Brasília, em 10/12 deste ano, obrigando a suspensão das obras, é mais uma evidência disso. Mas parece que desta feita, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a transposição do rio São Francisco, o Judiciário também virou as costas aos humildes. E os pobres, esses cada vez mais esquecidos por Lula, tendo como seus anjos, cristãos abenegados como o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio; ontem o governo sinalizou com a possibilidade de uma paralisação dos trabalhos por dois meses e a realização de debates públicos. É sempre bom lembrar o que consta no Livro de Jonas [Antigo Testamento],” Deus se arrepende e muda de opinião por causa do jejum do povo”. O jejum mexe com Deus.

Fernando Rizzolo

Mercosul e Israel uma parceria interessante

Estive a convite da FIESP e da Câmara Brasil – Israel de Comércio e Indústria para comemoração do primeiro Tratado de Livre Comércio (TLC) realizado com um país, fora do bloco econômico, e um país desenvolvido, Israel. A comemoração, na sede da Federação, contou com a presença do vice Primeiro-Ministro de Israel, Eliyahu Yashai. O acordo prevê a liberalização dos produtos em até 10 anos e abarca 95% do comércio do lado do Mercosul e 97% do lado de Israel. Na realidade, o Mercosul já tem TLC com Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela, mas esse será o primeiro com um país fora da América Latina.

O negociador argentino Eduardo Sigal, subsecretário de Integração Econômica e Mercosul, detalhou que 70% dos bens negociados entre os países do Mercosul e Israel terão alíquotas de importação zero em um prazo de quatro anos. O livre comércio envolverá 85% de todos os bens em oito anos, chegando a 99% em um prazo de dez anos. No ano passado, o comércio entre o Mercosul e Israel somou cerca de US$ 1,1 bilhão, com os negócios entre o Brasil e Israel respondendo por 65% desse total.

A expectativa é de que o acordo permita um aumento significativo do comércio entre o bloco e Israel, país de seis milhões de habitantes e PIB de US$ 128 bilhões. Do ponto de vista tecnológico, esse acordo significa um grande avanço para os países pertencentes ao Mercosul. Por outro lado, as questões efervescentes que circundam os debates sobre a entrada da Venezuela no Bloco, continuarão em pauta, até porque, Chavez troca afagos com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, um “anti-semita de carteirinha”. O camarada Mahmoud Ahmadinejad, insiste na velha iconografia nazista, em dizer que o holocausto foi uma ” invenção judaica “, e classifica Israel em seus rompantes de nazi-fascista, como um “um tumor canceroso que deve ser erradicado”.

Com todo o avanço social que a Venezuela promove, e eu sou testemunho disso, é inaceitável essa parceria nefasta da Venezuela de Chavez com o Irã, haja vista, declarações como estas, que merecem o repúdio de todos. Acredito que a entrada da Venezuela é de extrema importância para a integração da América Latina, agora, Chavez precisa colaborar, não há esquerda que agüente e aceite, relações de parceria com presidentes dotados de ideologias fundamentalistas estranhas, de cunho nazista. Só entusiastas bisonhos, dotados de letargia intelectual inseridos na esquerda chavista, são capazes de levar Chavez a compactuar com o camarada Ahmadinejad.

O problema principal na questão Venezuelana, não esta na falta de democracia, como dizem nossos Nobre Senadores, ceifadores de recursos aos carentes do Brasil, mas sim, em relação às más companhias de Chaves, isso sim me preocupa, isso sim vai ser politicamente explorado por aqueles que não querem a integração da América Latina. Aliás um motivo bem melhor e com melhor correlação de forças do que o fechamento da RTCV, esta aí a dica para a Fiesp.

Fernando Rizzolo