Rússia não prevê aumentar o volume de fabricação dos mísseis “Topol M”

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Rússia não prevê incrementar o volume de fabricação dos mísseis “Topol M”( VIDEO), prejudicando a realização de programas sociais, informou o vice-primeiro-ministro do governo da Rússia , Serguei Ivanov.

“ Não precisamos de produzir 30 “ Topol-M” por ano. Pois, não estariam de sobra , mas em tal caso veríamos obrigados a reduzir programas sociais” , disse Ivanov , em discurso numa reunião desta sexta-feira (07) com os veteranos da Comissão Industrial Militar que está por cumprir 50 anos. Necessitamos de seis a sete sistemas de mísseis por ano”, disse Ivanov.

Mencionou entretanto que o país precisa alcançar a paridade nuclear com os Estados Unidos. “Os fracos não são amados nem ouvidos -são insultados; quando tivermos paridade eles falarão conosco de outro modo”, afirmou Ivanov.

O presidenciável russo falou ao Comissão sobre um belicoso conselho que teria recebido do ex-secretário da Defesa norte-americano Donald Rumsfeld, um dos principais articuladores da Doutrina Bush. “O mesmo Donald Rumsfeld, que passou a infância em Chicago, famosa pelos mafiosos, me disse: “eles ouvem melhor seus argumentos se, além de sorrir, você tiver um arma no bolso’.”
A paridade seria qualitativa e não quantitativa, segundo Ivanov.

Pravda. Ru

Por Lyuba Lulko

Rizzolo: O Topol é um míssil móvel de três estágios e uma única ogiva. Mede 29,5 metros de comprimento e 1,7 de diâmetro. Pesa mais de 1000 Kg e pode entregar a sua ogiva a um alcance máximo de 10,500 Km com uma precisão (CEP) de 900 metros. O fato de ser um míssil móvel aumenta sua taxa de sobrevivência e torna-o numa das armas mais temíveis do arsenal nuclear russo.

Este lançamento serviu com propósito de demonstrar ao mundo que a Rússia continua a ser uma potencia nuclear e que a operacionalidade das suas forças nucleares continua elevada, apesar do deficiente financiamento dos últimos anos, agora compensado com o incremento das verbas oriundas do aumento do preço do petróleo. Veja o Video no Texto

Tal pai, tal filho: Um tributo a Moshe e Yehudi Menuhin

Moshe Menuhin e seu filho Yehudi, o maior violinista do século passado, defenderam a igualdade e a justiça para os palestinos como premissa para a paz na região.

GRACE HALSELL*

Moshe Menuhin, um dos primeiros anti-sionistas, uma vez escreveu para mim, “judeus deveriam ser judeus – não nazistas”. Ele estava falando sobre a opressão israelense aos palestinos.

Sem dúvida Moshe Menuhin, com quem eu me correspondi por um período de 12 anos até sua morte, ficaria contente em saber que seu filho, um violinista famoso, tem a mesma firmeza ao se posicionar contra o sionismo. E de fato, Yehudi Menuhin tem, a meu ver, mostrado ainda mais coragem do que seu pai. Nesta era, o sionismo está infinitamente mais forte e mais perigoso do que quando Moshe Menuhin se expressou. E também, o pai foi um dos vários grandes filósofos liberais judeus anti-sionistas que alertaram contra o sionismo. Mas Yehudi Menuhin resiste virtualmente sozinho na sua causa anti-sionista, e isto é de fato verdade em seu terreno, a música.

Em 1971, eu tive a oportunidade de visitar Yehudi Menuhin depois de um concerto que ele deu com a orquestra sinfônica de Detroit. Eu fui até os bastidores com uma amiga. Dorothy Johnson, uma mulher rica e influente que apoiava a arte, principalmente a sinfônica de Detroit. Ela conheceu pessoalmente Yehudi Menuhin e sua esposa Diana, ex-atriz inglesa e dançarina de balé. Os dois, Menuhin e sua esposa foram acolhedores e gentis. Diana falava mais. Alta e atraente, ela foi aberta e franca se referindo ao poder dos sionistas para diminuir o número de concertos que o seu marido poderia dar. Diana Menuhin disse depois que isso ficou revelado, que Yehudi Menuhin sentiu haverem dois lados do conflito no Oriente Médio e que, especialmente depois de haver dado um concerto para beneficiar órfãos palestinos, seus agendamentos caíram dramaticamente.

Nessa época, eu achei difícil de entender como qualquer um cancelaria a performance do, talvez, maior violinista vivo porque ele não estaria dando a Israel seu apoio cego e total. Agora, ainda que um quarto de século mais tarde, eu percebo que, nos anos que se seguiram, pessoalmente não vi o nome de Menuhin listado como solista em qualquer sala de música dos Estados Unidos.

Menuhin, nascido em Nova Iorque, mudou-se para a Inglaterra se tornando um cidadão britânico em 1985. E a Inglaterra fez dele Lord Menuhin. Ele tem uma escola para músicos na Inglaterra e uma academia na suíça para jovens músicos talentosos, aos quais ele freqüentemente conduz, e ajudou a fundar uma série de festivais de música. Ele é detentor Prêmio da Paz Nehru e é embaixador da boa vontade pela UNESCO.

Yehudi Menuhin nasceu em 1916 de pais judeus russos que emigraram separadamente através da Palestina. Alarmado com o crescimento do sionismo militante, Moshe Menuhin deu voz ao sentimento de tantos judeus como Martin Buber, Judah L. Magnes, Albert Einstein e Hannah Arendt, todos os quais se identificaram como não sionistas mas como integrantes do judaísmo.

Moshe Menuhin expressou vários temas que o seu filho endossou de forma consistente:

Justiça para os árabes: “O ensinamento do judaísmo profético que eu recebi do meu avô” disse Moshe Menuhin, “não permite que eu me transforme em uma pessoa que odeia os árabes. Os judeus e árabes podem e devem se tornar bons vizinhos e colaborar conjuntamente em todos os sentidos. E assim que os árabes ganhem seu Estado político e liberdade (na Palestina) e, na medida em que o mundo se concentra cada vez mais na paz, justiça e ajuda mútua, as linhas de fronteira deixarão de ter qualquer significado”.

“Igualdade Absoluta”

Yehudi Menuhin, estava seguindo os passos do pai quando, dirigindo-se ao Knesset [parlamento israelense] na ocasião de recebimento da maior honraria israelense pelas suas realizações enquanto músico, declarou, em 1991: “Vocês devem amar se desejam ser amados, vocês devem confiar para serem confiáveis, servir para serem servidos”. Ele acrescentou que se os Palestinos possuírem um Estado separado ou se junto com os israelenses em um Estado Federado, uma coisa é certa: Entre palestinos e israelenses, “tem que haver reciprocidade absoluta, igualdade absoluta”.

Sem exclusividade: Logo cedo, Moshe Menuhin discursou contra a idéia de judeus exigindo Jerusalém como uma cidade exclusivamente judaica: “Os judeus no mundo nunca precisaram de Jerusalém para suas vidas espirituais”. Por 2000 anos, cada pai apontou a seu filho, “foi a diáspora que deu bens espirituais para aqueles poucos judeus que viveram em paz com os árabes na Palestina Árabe. Com a chegada da nova ordem mundial de natureza civilizada, tais demandas de influência sobre centros espirituais se tornaram arcaicas e fora de época. O melhor de todas as nações e raças pertence a toda a humanidade, e as fases negativas da evolução vai descartá-las como o lixo ‘espiritual’.”

Em uma entrevista de 1996, Yehudi Menuhin novamente ecoou os sentimentos de seu pai: “A idéia de Jerusalém como uma cidade exclusivamente judaica é impensável porque muitos grupos diferentes se sentem leais a ela, religiosa e politicamente, e todos que tentaram tratar Jerusalém como sua foram à ruína.”

Moshe Menuhin disse que deixou Israel por que viu que os sionistas estavam adorando não a Deus mas a seu próprio poder. E uma vez na América, disse que os judeus deste país deveriam antes de tudo ser americanos – não conferindo lealdade prioritariamente a uma terra estrangeira. Ele estava esperançoso de que isso passaria.

Em uma entrevista anterior neste ano, Yehudi Menuhin disse a um repórter da Reuters que se entristeceu pela renovação da guerra no Oriente Médio, “por que Israel precisa de amigos e a reação ao presente desencadeamento de matança indiscriminada não vai dar a Israel quaisquer amigos.”

Em uma bonita autobiografia, Viajem Inacabada, Yehudi Menuhin conta como ele começou a tocar violino quando tinha quatro anos de idade. O leitor pode imaginar um pequeno garoto com bermuda tendo a confiança de se apresentar diante de músicos distintos e de anunciar que eles deveriam lhe dar ouvidos. Ele estreou como violinista com apenas 7 anos de idade. Aos 13, já havia se apresentado em Paris, Londres, Nova Iorque e Berlim. Em Berlim, sua apresentação foi saudada pelo físico Albert Einstein.

Um repórter da Reuters, Roger Jeal escreveu, em Londres, que Yehudi Menuhin era, provavelmente, o músico mais bem pago do mundo “antes de estender sua atuação à condução e a lecionar.” Alguém poderia pensar se a mudança nas quantias que recebia – e na quantidade de concertos que tocava – não aconteceu porque ele cada vez mais acrescentava à apresentação de violino a fala sobre maior entendimento e justiça – não apenas para judeus – mas para toda a Humanidade.

Este ano, Yehudi Menuhin completou 80 anos. Eu o saúdo como um de meus grandes heróis. E me parece que o pai Moshe Menuhin teria muito orgulho de seu filho.

* Texto originalmente publicado pela revista Washington Report on Middle East Affairs
Hora do Povo

Rizzolo: A intelectualidade moderna judaica, entende que não há mais espaço para intolerância de ambas as partes. O fundamentalismo religioso árabe ou judaico é nocivo na construção de uma paz efetiva . Um Estado Palestino é essencial para o preenchimento dos espíritos de cooperação , igualdade, e justiça. Não podemos de forma alguma, esquecer as vitimas judaicas, fruto do anárquico fundamentalismo árabe, e tampouco podemos aceitar que o povo judeu seja massa de manobra dos EUA, instigando a luta por território, alimentando o poderio e a truculência militar israelense, com segundas intenções de cunho imperialista. A Ética judaica atual, caminha para o entendimento entre árabes e judeus. E tenho certeza que a paz reinará. Nada mais justo. Para finalizar, esse conceito pejorativo de ” sionismo” , tão usado pelas esquerdas, já esta ultrapassado. Hoje em Israel, o debate se foca na solução da questão, e não no acirramento acusatório entre as partes. Agora, que me perdoe o Moshe Menuhin, mas comparar judeus com nazistas, é uma comparação pouco lógica.

“Brigar com a Bolívia é sandice”, diz Dilma

“É uma sandice achar que o Brasil tem que brigar com a Bolívia”, afirmou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados. Segundo a ministra, a “questão geopolítica e o compromisso com a integração regional” são alguns dos motivos para que o Brasil continue fazendo acordos com o país vizinho.

A ministra afirmou que a Bolívia possui uma das maiores reservas de gás natural da América Latina. “A troco de quê o Brasil não vai investir e ajudar a explorar e desenvolver essas reservas?”, questionou Dilma, reiterando que o Brasil não tem motivos para deixar de investir na exploração do gás natural boliviano.

Dilma declarou que a questão da nacionalização das reservas de gás e petróleo na Bolívia, que fez com que as refinarias da Petrobrás fossem ocupadas pelo Exército é assunto “encerrado”. “Eles pagaram. Não temos mais o que queixar internacionalmente”, disse a ministra.

No dia 17, os presidentes Lula e Evo Morales assinaram um acordo que prevê investimentos de US$ 750 milhões a US$ 1 bilhão em novos campos de gás natural explorados pela Petrobrás na Bolívia. Os investimentos da estatal nos campos de San Antonio, San Alberto e Ingre aumentará a produção em 8 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Ficou acertada também a retomada dos estudos sobre a construção de um pólo de gás-químico em parceria entre a Petrobrás e a estatal boliviana YPFB.

Hora do Povo

Rizzolo: Transcrevo um artigo meu publicado na Agência Estado relacionado com a questão acima.

O bom senso e a crise energética

por Fernando Rizzolo*

O reconhecimento, por parte do governo brasileiro, como um “ato de soberania” o fato de o governo boliviano decretar a nacionalização de gás e petróleo em maio de 2006, foi sim uma atitude sensata. Ao relembrarmos aquele episódio, em maio de 2006, podemos inferir que governar é acima de tudo um ato de bom senso e diplomacia, algo que nem todos políticos e empresários possuem. Diria que existiu na crise da nacionalização dos hidrocarbonetos por parte de Evo Morales, uma oportunidade para vivenciarmos até que ponto a política externa brasileira pode ser contaminada por rompantes ideológicos, ou na pior das hipóteses, qual é o grau de inteligência emocional dos nossos governantes.

Ainda me lembro, quando da notícia da decisão de nacionalização, a incerteza gerada em relação ao abastecimento de gás no Brasil, o que prontamente foi sanado pelas declarações de Morales; na verdade, a maior preocupação de Lula, era garantir que o fornecimento de gás não fosse interrompido, apesar de as unidades de produção da estatal brasileira naquele país estarem ocupadas pelo Exército, assim como as das outras empresas estrangeiras do setor de gás e petróleo. Não faltaram políticos com baixa “inteligência emocional” ou pouco simpáticos à nacionalização promovida, que exteriorizaram suas “indignações” tentando promover de forma velada, uma intriga entre o Brasil e governo da Bolívia, como que se pudesse ter com a crise algum “ganho ideológico secundário”.

Talvez baseados em princípios do livre mercado e da “ética”, na época da nacionalização, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmava que a Bolívia “desrespeitou contratos” e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda imaculado, pedia “reação dura contra aquele desvario”. Sem contar alguns segmentos do empresariado mais exacerbados como a Abdib (Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base) que via “claro desrespeito” aos contratos firmados com cerca de 20 empresas internacionais que exploravam petróleo gás no país vizinho. E ainda cobravam em “tom militaresco” “firmeza” e “ação pronta” do governo Lula.

Passada a tempestade, verificamos que as medidas diplomáticas tomadas na época pelo governo, baseadas no bom senso foram acertadas, muito embora, temos pela frente, face ao desenvolvimento da economia, uma crise energética que poderia, sim, ser mais bem administrada com antecedência, o fato é que, excluindo a demanda das térmicas, o consumo de gás cresceu 5,9% nos oito primeiros meses do ano, enquanto a oferta caiu 1,2%. A Petrobras já promovia uma espécie de “racionamento branco”, no entanto, a seca rigorosa dos últimos meses evidenciou o desequilíbrio entre oferta e demanda.

Não há dúvida, que se as usinas hidrelétricas tivessem água em suficiência para produzir energia, as termelétricas não precisariam terem sido acionadas pelo ONS, o Operador Nacional de Sistema, contudo, no momento em que foi necessário ampliar a produção das usinas termoelétricas, a Petrobras reduziu o fornecimento, por medida de cautela, mas sempre mantendo uma quantidade de gás acima do contratado com as distribuidoras.

A retomada das negociações com a Bolívia com a possibilidade de novos investimentos, com uma nova e produtiva fase nas relações bilaterais, nos leva a refletir o quanto é importante a compreensão e o respeito no reconhecimento das políticas sociais implementadas por nossos vizinhos. A América Latina passa por um período de novos valores, de construção social baseada na soberania dos povos, e não há outra foram de reorganizarmos nossa economia sem que mantenhamos essa visão de cooperação e de diplomacia econômica, visando os interesses recíprocos.

Com a descoberta do campo de Tupi, na Bacia de Santos, na região do que se chama de pré-sal, não resta dúvidas que nos colocaremos como país exportador de petróleo; contudo, teremos esse petróleo à disposição somente em 2013, além disso, como se trata de uma tecnologia de extração cara, o custo do processamento será ainda analisado. O que não podemos deixar de observar, é que muito embora a noticia seja boa, estamos vivendo já um problema de energia em curto prazo; como dito anteriormente, o fato de que em períodos de seca as termoelétricas são obrigatoriamente acionadas, gera uma demanda de gás excessiva, e hoje, o gás é nosso problema. O que descobrimos no Campo de Tupi, é petróleo leve, de boa qualidade, mas não é gás que necessitamos a curto prazo.

Não resta dúvida, que a falta de visão, e as disputas internas nos Ministérios, procrastinaram decisões que já deveriam estar em pauta há um bom tempo, até porque, não podemos falar em desenvolvimento sem energia, seja ela qual for. Encontros e comunicados entre o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer, e representantes do governo – os quais não passaram despercebidos dos meios de comunicação – já eram reveladores dessas preocupações.

O resto são projeções, ufanismos, e conjecturas. Numa análise mais profunda podemos observar que o nosso desenvolvimento econômico e social, esta sim atrelado às tão compreensíveis aspirações de desenvolvimento e soberania dos nossos vizinhos, e é no exercício do entendimento e da “inteligência emocional política “que os povos da América Latina irão avançar no desenvolvimento. A descoberta veio ao encontro de um problema mais urgente, abafar a crise de energia que tem sim fundo político e técnico na falta de planejamento por parte do governo, que em parte está sendo compensado pela expedita diplomacia.

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3G: “competição” da Anatel é entregar tudo para monopólio

Leilão para a terceira geração de telefonia celular entregou o setor para as mesmas operadoras que já monopolizavam as telecomunicações

O leilão da terceira geração (3G) da telefonia celular, promovido pela Anatel, foi um caso de polícia. Depois do leilão, o sr. Sardenberg, presidente da Anatel, disse que a competição entre as “operadoras de telefonia celular” irá possibilitar preços mais baixos. As operadoras que monopolizavam a telefonia celular antes do leilão eram a Vivo, Tim, Telemig (todas da Telefónica), a Claro (AT&T) e a Oi (Telemar). Quem ganhou o leilão? A Vivo, Tim, Telemig, Claro e a Oi. Portanto, a competição aumentou muito…

CARTEL

Em suma, o leilão entregou mais um setor da telefonia ao cartel que já dominava os outros. É essa a competição do sr. Sardenberg: mais monopólio, inclusive nos setores que ainda não existem, como é o caso da 3G. E com as “operadoras” desembolsando apenas 10% do valor estabelecido, que já é ridículo. O resto será pago em seis suaves prestações.

Certamente, ter alguma presença do capital externo não seria um grande problema. Mas não é essa a posição da Anatel, e sim a de entregar todo o setor, inclusive aqueles onde ainda há presença nacional, ou poderia haver, ao monopólio externo.

Diante disso, só poderia ser esse o resultado. Leilões para que os monopólios externos se apossem completamente de setores do país não são para aumentar a competição ou para fomentar o “mercado” ou para dar dinheiro ao Estado. São para monopolizar mais, ou seja, para entregar mais setores e ceder mais terreno aos monopólios que já existem – até porque, não existem outros. São sempre os mesmos.

Vejamos os “competidores” maravilhosos do leilão da Anatel.

Comecemos pela Telefónica, um monopólio que somente é “de España” no nome. Além daquela batelada de fundos de pensão americanos, que servem para alavancar os picaretas que realmente mandam, o principal acionista da Telefónica é o JP Morgan-Chase, isto é, o banco dos Rockefellers e dos Morgans. O segundo é o BBVA, sigla que quer dizer “Banco Bilbao Vizcaya Argentaria”, mas que é hoje o maior banco regional do sul dos EUA, com sede no Texas. O terceiro é uma caixa de pensão de Barcelona, mas o quarto acionista da Telefónica é o Citigroup, maior banco dos EUA, fundado pelo irmão mais novo de John D. Rockefeller. Quanto ao quinto acionista, é o Capital Group, aquele mastodonte especulativo de Los Angeles, California, EUA, famoso pelas fraudes e golpes no chamado “mercado financeiro”.

PRÊMIO

Olhemos agora para a Claro. É engraçado que algumas pessoas, inclusive de boa vontade, considerem que ela pertence à Telmex, do sr. Carlos Slim. Acontece que a Telmex, antes estatal, não é de Slim. Este foi o intermediário entre a Southwestern Bell Corporation (SBC) e a quadrilha de Salinas de Gortari, na época presidente do México, hoje na marginalidade.

Como prêmio da intermediação, Slim tornou-se testa-de-ferro da SBC, ou seja, oficialmente, “sócio” na Telmex. Mas, o que é a Southwestern Bell Corporation? Simplesmente, o mais antigo dos nomes usados pela AT&T – há inúmeros outros. Mais do que engraçado, é cômico o sr. Slim ser apresentado como dono da AT&T da América Latina. Nem a Telmex é dele, mas da AT&T. Ou seja, não é ele que é o dono da AT&T, mas a AT&T que é dona dele. Foi assim que adquiriu a Embratel, até então nas mãos da MCI Worldcom, que, em falência, foi comprada pela Verizon, nome de fantasia da Bell Atlantic, outra das metamorfoses da AT&T, ligada aos Rockefellers – há inclusive uma “associação” oficial entre a AT&T e o Rockefeller Group Telecommunications.

Assim, o resultado do leilão da Anatel foi que duas companhias dos Rockefellers competirão ferozmente entre si. Não é nem coisa para inglês ver, é coisa de idiota mesmo. Quanto à Oi, espera o momento de ser engolida por uma delas – ou pelas duas.

É óbvio que não vai haver competição alguma. Muito menos os preços baixarem. Não é para isso que os monopólios existem.

Porém, há que se notar que, mesmo entre os monopólios, Sardenberg, tucano de velha cepa, resolveu beneficiar os piores, os mais predadores, os mais ladrões e os mais bandidos. Vejamos porquê.

Em julho deste ano a Telefónica recebeu a maior multa já imposta pela Comissão Européia (CE) na área de telecomunicações e a segunda (só a Microsoft, americana, é que conseguiu uma multa maior) da sua história: 151 milhões e 875 mil euros, por “prejudicar os consumidores espanhóis, os negócios hispânicos e a economia espanhola como um conjunto, e, por extensão a economia da Europa” (Neelie Koes, comissária da União Européia para a concorrência).

PREÇOS

O atentado à concorrência, ou seja, as práticas monopolistas, foram assim consideradas pela CE, que costuma ser bem leniente nessas questões: “O Executivo da Comunidade considerou que o ‘abuso’ da Telefónica, ‘por sua gravidade e duração’, mereciam uma ‘sanção severa’. (….) os consumidores espanhóis pagam pelo acesso à banda larga 20% mais que a média da UE, enquanto que seu índice de penetração é 20% inferior e seu crescimento é 30% mais baixo” (El Mundo, 04/07/2007 – grifo do original).

Entre os crimes da Telefónica capitulados pela CE estava o de derrubar a banda larga (ADSL) dos provedores que concorriam com o seu (o Terra) para quebrá-los. Ou seja, aproveitava-se do fato de ser um monopólio telefônico para criar um monopólio do seu provedor de Internet.

Antes disso, pelos preços extorsivos e ações desleais e ilegais contra concorrentes, a Telefónica já havia sido 10 vezes multada pela Justiça espanhola – a décima multa, mas não a última, foi de 57 milhões de euros (1,5% do faturamento da empresa na Espanha em 2004); dois anos antes, a mesma Telefónica havia recebido a maior multa da história da Comissão do Mercado de Telecomunicações da Espanha – 18 milhões de euros. E continua recebendo multas até hoje – só os processos novos de 2005 correspondiam a 793 milhões de euros (Europa Press, 18/11/2005).

Um dirigente de uma associação européia de internautas resumiu assim a postura da Telefónica: “ela prefere pagar as multas do que deixar de lucrar com as ilegalidades”.

Quanto à AT&T, não precisamos nos estender muito. Seu nome é tão sinônimo de monopólio e atentado à concorrência quanto o da Standard Oil. Quem se interessa por telecomunicações e ignora isso, simplesmente está na lua. Até o governo dos EUA e os republicanos acham isso, até porque o povo todo de lá sabe disso – e quer ver a AT&T pelas costas. Aliás, é por isso que ela opera com tantos nomes.

Foi a esses “competidores” que a Anatel entregou a terceira geração da telefonia celular. Nem mesmo um bandido mais civilizado entrou na roda. Então, leitor, o leilão da Anatel é ou não é um caso de polícia? Afinal, é a polícia que deve cuidar de bandidos.

CARLOS LOPES

Rizzolo: Ah! Mas esse leilão foi uma brinacadeira, não é ? Como diz o texto , as operadoras que monopolizavam a telefonia celular antes do leilão eram a Vivo, Tim, Telemig (todas da Telefónica), a Claro (AT&T) e a Oi (Telemar). Quem ganhou o leilão? A Vivo, Tim, Telemig, Claro e a Oi. Portanto, a competição aumentou muito. Essa questão do monopólio nessa área no Brasil esta ficando cada vez mais critica, o entreguismo é total, fica patente que não haverá a tão apregoada ” competição “. Só temos a lamentar .