O discurso de Lula e o ano de 2007

Foi difícil, mas depois de muito trânsito chego ao Guarujá, litoral de São Paulo; estarei por aqui alguns dias, do alto do prédio, ligo meu computador e como num filme de muitas cenas me passa o Brasil que vivemos no ano de 2007. Nos jornais, o discurso de Lula, leio a íntegra e concordo com muita coisa, o Brasil cresceu, um crescimento estima-se, quase 5% maior em relação à 2006, a esquerda já não pode mais falar sobre o FMI, o Brasil nada deve, nem tampouco ao Clube de Paris. Desde a posse de Lula em 2003, 20 milhões de brasileiros migraram das classes D e E da população para a C. É muita gente. Continuam pobres, mas já não são miseráveis. O brasileiro compra, nunca se vendeu tanto a chamada linha branca.

O discurso da direita, se desmoraliza, a argumentação de que o crescimento se deve a fatores externos, perde o fôlego com a crise do ” subprime” nos EUA. Não, o Brasil cresce independentemente de crises externas, e isso é muito salutar. Ainda diziam que Lula era um homem de sorte face à economia mundial, pura falácia, procurem outro argumento. Contudo, uma coisa não me agrada, aliás nada me agrada, nem o bem estar dos petistas vendidos, nem a incompetência da direita nas suas pueris argumentações vazias, e sem compromisso, o que me incomoda, é o fato de que Lula esta mais para um justiceiro do que para um socialista.

As alianças com o poder econômico, o colúio com o grande capital que ” sacou” através de Lula que a manipulação do pobre é valida quando se oferece uma Bolsa Família e consente-se os lucros abusivos dos bancos e do capital internacional. Descobriram que atraves do indispensável e urgencial, como o Bolsa Família, pode-se cooptar eleitores, para que se perpetue a miséria. O programa Bolsa Família é essencial, porem a segunada fase não virá, ou seja, o desenvolvimento da economia gerando 4 milhões de empregos por ano, isso esta nas mãos do Banco Central que é por aberração no Brasil ” autônomo e manipulado pelos banqueiros.

Temos que fazer uma reflexão, crescer assim em parceria com o capital é bom ? Estamos em direção à inclusão social de fato ? Nâo será tudo isso uma manobra eleitoreira, esvaziando a esquerda ? Tenho para mim, que estamos observando um crescimento artificial. A coluna vertebral do Estado continua enfraquecida, as privatizações tão combatidas estão em pauta no jogo de interesses com as grandes empreiteiras. A direita perde tempo com bobagens e não propõe nada, a ao ser a cartilha rasgada do neoliberalismo falido, e o governo Lula, tem por esteio os bancos, as empreiteiras e as multinacionais.

O empresário brasileiro acompanha o crescimento mas não ” abocanha” o principal, paga proporcionalmente mais tributto, sente mais a carga tributária, e é um tímido na sua própria casa, um mercado de 190 milhões de consumidores. As Forças Armadas sucateadas e esquecidas, o que se ve são apenas conjucturas, intenções, mas política pública de soberania , nada. É lógico, não interessa um Brasil soberano. Dom Cappio disse que Lula sobrevive sua popularidade com esmola. Não chegaria a tanto, mas que a Bolsa Família tornou-se instrumento de domínio dos banqueiros e dos poderosos, não resta a menor dúvida.

Para finalizar diria que a única certeza para o Brasil é um Estado forte, uma coluna vertebral de um Estado provedor aos pobres , inclusivo, e que pouca relação tenha com o capital e os interesses internacionais. E cuidado, não é um discurso antigo, retrógado, como dizem aqueles que querem perpetuar a miséria do povo brasileiro, é um discurso atualizadíssimo, vejamos a Europa, em que todos os países tem sim um Estado muito forte atendendo e suprindo as necessidades da população, basta ir lá e conferir. Mas como aqui é o quintal dos EUA, falar em Estado forte é feio né ? Falar em hospital Público é atraso, né ? Lula falou do Brasil, e disse que está tudo bem, e eu liguei o computador direto das Pitangueiras e disse que não está nada bom, até porque os pobres continuam desamparados, e mais uma vez, como disse Dom Cappio, Lula morreu, quem está no poder é Luis Inácio.

Fernando Rizzolo