A filha do Faraó encontra Moisés no Nilo
Como de costume, todo Sábado procuro não escrever textos que não estejam relacionados com o Shabbat, e com o estudo da Tora. Sem ter a intenção de dar uma conotação pessoal religiosa ao que escrevo, me permito dirigir me a você, que acompanha minhas reflexões diariamente, e de uma forma humilde, compartilhar com o amigo(a) esses momentos de introspecção dos meus estudos no Shabbat, que se iniciam todas às sextas-feiras, quando me recolho duas horas antes da primeira estrela surgir no céu, numa Sinagoga ortodoxa que freqüento em São Paulo.
Como já disse anteriormente, tenho profundo respeito por todas as crenças, religiões, e acima de tudo sou um brasileiro patriota, amo meu país e o povo brasileiro, e tenho sim, uma grande satisfação espiritual em ao estudar a Parashá (Porção da Tora semanal) relacioná-la ao que vivemos nos dias atuais. Como é uma reflexão de estudo pessoal, baseada na introspecção, recomendo a todos que acompanhem no Antigo testamento (Torah ) os comentários aqui expostos, para que possamos ter uma semana de paz, e que através dos estudos judaicos, possamos compreender nossas vidas e encontrar formas de superar as adversidades na visão de Hashem (Deus), para que possamos construir um Brasil cada vez mais digno e com mais justiça social, que é a base do Judaísmo, do Cristianismo e de todas as religiões.
A Parashat desta semana que inicia o segundo livro da Torá, começa citando os nomes dos filhos de Yaacov enfatizando suas gerações por terem se conservado fiéis aos ensinamentos dos Patriarcas, apesar de habitarem no Egito, uma nação idólatra.
O faraó governa o Egito, esquecendo os benefícios que trouxe Yossef para o país, que o tornou rico e próspero. Leis cruéis que visavam o enfraquecimento do Povo de Israel através da aflição e sofrimento foram decretadas pelo seu impiedoso poder.
Duas parteiras judias, Shifrá e Puá negam-se a cumprir o plano do faraó de matar todo menino judeu recém-nascido, dispostas a sacrificar a própria vida. Foram recompensadas em sua descendência formada por cohanim, leviim e reis.
Nasce Moshê que é lançado por sua mãe nas águas do Rio Nilo para que sua vida fosse poupada. A filha do faraó, Batia, estende seu braço que alonga-se milagrosamente e salva o menino. Moshê sofre com o trabalho escravo do povo judeu e acaba matando um egípcio em um episódio onde este golpeava covardemente um judeu. Moshê foge para Midian e acaba conhecendo Yitrô e casa-se com sua filha, Tsipora.
D’us se revela para Moshê através do fogo na sarça ardente e lhe incumbe a missão de libertar o povo judeu do Egito. D’us promete a Moshê que estenderá Sua mão e ferirá o Egito e por haver ainda temor por parte de Moshê, D’us lhe mostra Seu poder através de milagres; transforma um bastão em cobra e novamente em bastão; a mão de Moshê fica com a doença de tsahará e torna a ficar sã, novamente.
Moshê, acompanhado de sua família, segue para o Egito a fim de salvar seu povo. Mas ao ver que tornou-se ainda maior a ira do faraó impondo mais intensamente sua crueldade sobre os judeus, Moshê clama a D’us que lhe responde que com mão forte ferirá todo o Egito.
Um dos fatos mais marcantes nessa Parashat é o papel das mulheres parteiras cujo nome era Shifrá e a outra Puá, elas resistiram e não obedereceram as ordens dos Faraó. Não há dúvida que num povo ou numa nação, as mulheres tem um papel essencial na formação ética. A pergunta que poderíamos fazer seria: Estaríamos nós, no Brasil, reconhecendo o papel da mulher na sociedade ? A fugura da mulher nessa Parashá é de suma importância, pois foi através delas que surgiu Moisés, que foi resgatado por uma outra mulher, a filha do Faraó, e que procurou quem o amamentasse, e o criou. Moisés é fruto do amor das mulheres pelos seus filhos, sejam eles de que etnia forem.
Outra questão desta Parashat, é a formação de um líder; Moises sempre foi uma pessoa indignada com as injustiças sofridas pelo povo judeu, muito embora criado com o Faraó , desde pequeno tinha em sua personalidade algo de libertador. Um líder geralmente vem do povo, e via de regra alguem pobre, que por indiganção, se lança em defesa dos oprimidos por amor ao seu povo. Temos um exemplo nos grandes líderes que do seio do povo vieram, como Gandhi, e até certo ponto o nosso presidente que foi pobre , veio do sertão e procura, à sua moda, é claro fazer justiça, como já disse mais um justiceiro que um socialista.
Moisés era uma figura cativante, tinha problemas com a dicção, mas falava com o coração, sua vida é marcada no ideal de libertação do povo judeu, libertação da escravidão decretada pelo Faraó. Quando pensamos em escravidão no Egito, temos que ter em mente quantos verdeiros Egitos existem dentro de nós mesmos. Temos que libertar os Egitos que habitam nossas vidas, e quantos os são, não é ? No Brasil temos que libertar o povo brasileiro da escravidão do servilismo, da subserviência, da exploração, e até agora os esboços de Moisés que surgiram, acabaram sempre sevindo mais aos Faraós do Brasil do que ao verdadeiro povo brasileiro.
Deus orientou Moisés na libertação do povo judeu, nos deu uma lição de que apenas com determinação e sofrimento é que vem a verdadeira libertação, e o lider, geralmente, vem do povo, do igual, não dos poderosos, não dos Faraós que impõe decretos injustos aos corações calejados de sofrimento. Eu diria que nessa Parashá existem duas figuras tem seu devido destaque: as mulheres, e o nosso líder maior , Moisés, aquele que conduziu o povo a se libertar. Agora precisamos nos nos inspiraramos em Moisés e de coração amar o povo brasileiro e libertá-lo, de plano dos falsos Moisés, e em seguida dos tiranos da exploração humana, ao mesmo tempo temos que nos preocupar com as condições das mulheres brasileiras, pobres, que na sua maioria criam de forma solitária seus filhos, e numa demonstração de amor vão em frente mesmo tendo um Estado mínimo muito aquem de sua dignidade.
Reflexão Judaica
Por que Moshê merecia converter-se no líder de Bnei Israel ?
Apesar de ter-se criado no Egito, Moshê se aproximou de seus irmãos e compartilhou de sua dor.
Quando viu que um escravo judeu era golpeado, quase assassinado pelo capataz egípcio, matou o egípcio para salvar seu irmão judeu, pois amava a todos de seu povo.
Mais tarde, Moshê viu um judeu a ponto de golpear outro; repreendeu o rashá (malvado), dizendo-lhe: “Como se atreve a golpear seu irmão?” Salvou-o, pois realmente se importava com cada um deles.
Ao chegar ao poço de Midian, Moshê viu que as filhas de Yitrô eram empurradas na água pelos pastores malvados. Essas moças foram resgatadas por Moshê que realmente se preocupava com todas as pessoas criadas por D’us.
E quando cuidou das ovelhas de Yitrô, um cordeiro sedento se aproximou em busca de água. Ao vê-lo, Moshê disse: “Sem dúvida, deves estar cansado”. Levou-o até o rebanho para pô-lo a salvo, pois realmente se preocupava com todas as criaturas de D’us.
D’us disse: “Moshê, porque te preocupas com todas as criaturas que fiz e tratas a todas tão bem, quero que sejas o pastor de meu povo, o líder do Povo de Israel.”
Fonte Beit Chabad
Shabbat Shalom
Fernando Rizzolo