Lula vai a Cuba com US$ 500 mi em linhas de crédito na bagagem

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o poder em 2003, houve grande expectativa em Havana quanto ao aprofundamento das relações comerciais entre os dois países. Pouco ou quase nada se concretizou do que foi acertado na festiva viagem de 2003. Nesta segunda-feira (14) à noite, quase cinco anos depois, o presidente brasileiro volta a Cuba, desta vez com acordos concretos a serem firmados, cujas cifras ultrapassam os US$ 500 milhões.

Já está acertado um pacote, no valor de US$ 623 milhões, para o financiamento de infra-estrutura viária e rodoviária, no qual a empreiteira brasileira Norberto Odebrecht é a principal interessada. Para a indústria químico-farmacêutica estão previstos outros US$ 50 milhões, além de US$ 45,6 milhões de investimentos na área de infra-estrutura hoteleira. Outros US$ 100 milhões são previstos em acordos na área de alimentos. As negociações devem se estender até a chegada de Lula. Os acordos serão anunciados em Havana, nesta terça-feira.

No fim de semana, brasileiros e cubanos ainda discutiam pormenores da participação da Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas no Golfo do México, um antigo sonho de Fidel que se transformou em novela, mas também deve chegar ao final com a visita de Lula. Politicamente, apenas uma das medidas a serem anunciadas pode caracterizar o sucesso da viagem: a decretação do fim do teto de financiamento imposto aos agentes de crédito em relação a Cuba, outra herança dos tempos da Guerra Fria.

A medida e os acordos a serem anunciados por Lula colocam efetivamente o Brasil na relação dos países que desafiam o embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba, como fazem Canadá, Holanda, Espanha e, é claro, a Venezuela de Hugo Chávez. Até chegar a esse ponto, o governo do PT e o Partido Comunista Cubano (PCC) percorreram um longo caminho, no qual se construíram relações políticas e afetivas que não tiveram uma correspondência na magnitude esperada pelos cubanos.

Economia cubana

A recuperação econômica de Cuba começou a partir de 1994. Em 2005 e 2006, o Produto Interno do país (PIB) cresceu, respectivamente, 8,6% e 10,15% (estimativa). Mas não se pode dizer que o Brasil teve nessa recuperação o papel “consistente” que era esperado pelos cubanos.

A mudança de guarda na embaixada brasileira em Havana, com a saída de Tilden Santiago e a entrada do experiente embaixador Bernardo Pericás, deu outro dinamismo às relações bilaterais. Os cubanos consideram Pericás mais ativo, alguém realmente do ramo da diplomacia, e avaliam que a burocracia já não emperra tanto quanto antes. O intercâmbio comercial ainda é muito pequeno quando comparado às expectativas que se criaram, mas vem aumentando: segundo dados compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2006 o fluxo comercial foi de US$ 375,4 milhões, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. A balança pende a favor do Brasil: as exportações brasileiras cresceram 40%, atingindo US$ 343,9 milhões, enquanto as importações diminuíram 19%, para US$ 31,6 milhões, no mesmo período.

A pauta comercial entre Brasil e Cuba, ainda de acordo com o perfil econômico traçado pela CNI, é bastante concentrado. “Os principais itens das exportações brasileiras são materiais elétricos e eletrônicos (20,8%) e açúcar (14%). Na pauta de importações brasileiras provenientes de Cuba, produtos químicos representam 81,4%.” A ilha de Fidel hoje governada pelo irmão Raul é o 52º destino das exportações brasileiras, e Cuba se coloca como o 79º fornecedor do Brasil. Nas exportações de Cuba, em 2006, a Holanda foi o principal mercado (28% do total), seguida de Canadá (18%), Venezuela (10,7%), China (8,9%) e Espanha (5,4%). Entre os importadores de produtos cubanos, destacaram-se Venezuela (23,5%), China (16,7%), Espanha (9%), Estados Unidos (5,1%) e Canadá (3,6%).

Equilíbrio

O interesse cubano é equilibrar a balança com o Brasil. O dos empresários brasileiros, a segurança jurídica. O grupo Votorantim, por exemplo, está atento às reservas de níquel cubano, mas ainda analisa a extensão da abertura cubana ao investimento estrangeiro. De acordo com o Palácio do Planalto, o Brasil deve incrementar a exportação de alimentos para Cuba e financiar projetos industriais, químico-farmacêuticos, agroindustriais e de infra-estrutura. A renovação da frota de veículos cubana, que remonta aos anos 80, é uma oportunidade. A montadora Marcopolo demonstra interesse no setor de veículos para transporte público.

Na viagem de Lula será discutida a remodelação da infra-estrutura hoteleira do país – o setor de serviços, notadamente os segmentos de turismo e saúde, responde por 71,2% da composição do PIB cubano (a indústria, com 24,8%, está num distante segundo lugar). Chegou a ser anunciada extra-oficialmente a concessão de uma linha de crédito de U$ 400 milhões do BNDES. A mesma quantia, aliás, prometida na viagem oficial de Lula em 2003 e que não saiu do papel.

Fonte: Valor Econômico

Rizzolo: É de suma importância a relação comercial entre o Brasil e Cuba. Com a vigem de Lula, o Brasil poderá incrementar a exportação de alimentos para Cuba e financiar projetos industriais, químico-farmacêuticos, agroindustriais e de infra-estrutura, alem disso, irá alavancar o desenvolvimento de empresas nacionais, como a empreiteira brasileira Norberto Odebrecht . A diversificação dos mercados internacionais, é relevante e torna nossa economia menos vulnerável a crises irresponsáveis como a dos EUA.

Não é possível, que por um “capricho” dos “EUA Republicano”, Cuba possa sofrer um embargo comercial durante tantos anos; punindo dessa forma o povo cubano por ter uma opção ideológica diferente dos imperialistas. Achou a palavra imperialista fora de moda ? Pense bem na atual política americana republicana, e se encontrar uma palavra melhor me avise.

Na realidade não se trata de desafiar o governo americano, mas apenas ser solidário ao povo da Ilha. Aliás esse embargo é de maldade descabida. Mas os democratas vem aí. Com a ajuda de Hashem ( Deus ).

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A recessão nos EUA e seus reflexos no Brasil

Agora não são somente os críticos do desastroso governo Bush que alertam. Até os economistas ortodoxos, ligados aos círculos financeiros, prevêem que os EUA entrarão em recessão em 2008. Numa enquete publicada ontem, a agência de notícias Bloomberg constatou que a maioria dos analistas avalia que o PIB ianque sofrera retratação já neste primeiro trimestre. Goldman Sachs, Merrill Lynch e Morgan Stanley, poderosos grupos financeiros, também temem o pior, apesar das nuances nas análises entre os mais e os menos pessimistas – sem que haja nenhum otimista.

Motivos para temores não faltam, já que a situação da economia ianque é grave. Ela é totalmente parasitária, endividada, e está enferma há tempos. A crise imobiliária, no ano passado, foi apenas a ponta do iceberg, levando ao despejo milhares de pessoas. O dólar continua derretendo no mundo, abalando um dos pilares do império. O desemprego volta a bater recordes, atingindo 5% da população economicamente ativa em dezembro. As compras do Natal passado foram as piores dos últimos anos. O pessimismo toma conta dos estadunidenses!

Diante deste cenário sombrio, que aterroriza os donos do capital, quais os reflexos no restante do mundo? É certo que, mesmo combalida, a economia ianque ainda ocupa posição de destaque no planeta, funcionando como uma locomotiva. Caso entre realmente em recessão, toda a economia mundial será atingida – inclusive a brasileira. Um dos efeitos será a redução das importações, principalmente das dependentes commodities. Também poderá haver fuga de capitais, inclusive de investimentos diretos, e quebradeira de poderosas multinacionais.

Neste rumo, não cabe o excessivo otimismo de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, para quem o país está preparado para enfrentar as conseqüências da recessão nos EUA. “O Brasil está muito bem colocado hoje dentro do cenário internacional”. Melhor seria que os responsáveis pela política econômica já se debruçassem sobre medidas de defesa da economia nacional, como a adoção de mecanismos de controle do fluxo de capitais.

É certo que o Brasil hoje está menos vulnerável aos humores externos. Até setores críticos da política macroeconômica do governo reconhecem este avanço. O economista Paulo Nogueira Batista Jr., por exemplo, não acredita que a retração nos EUA paralisará o crescimento brasileiro. “A recessão americana teria que ser muito forte para produzir esse efeito… A menos que se instaure um cenário externo caótico, a economia brasileira continuará crescente. Mesmo que os EUA entrem em recessão”. De qualquer forma, é bom se prevenir!

Site do PC do B

Rizzolo: Repetindo um comentário anterior, tenho sempre dito que não há melhor forma de blindar a economia brasileira mantendo um mercado interno forte e aquecido. Infelizmente, a autonomia do Banco Central, em dissonância com o Executivo, que desenvolvimentista, impõe a Cartilha neoliberal, mantendo as taxas de juros a nível estratosféricos, impedindo o desenvolvimento de um mercado consumidor interno ainda maior. A expansão do mercado interno e a diversificação do mercado exterior oferecem cada vez mais ” blindagem ” a economia brasileira. Os juros no patamar em que estão apenas beneficiam os especuladores, a taxa de juros básica é usada para o pagamento dos títulos da divida pública aos grupos financeiros, um absurdo.