Os pobres, sem saúde e assustados

Ainda me lembro quando a mídia pertencente a UDN (União dos Defensores do Neoliberalismo), uníssona, bradava com o fim da CPMF arregimentando a sociedade contra a contribuição que entendia eles, ” injusta”. De tudo fizeram em coro, para que R$ 40 bilhões de reais não fossem drenados para a saúde da população pobre, num Estado onde a saúde pública é ausente.

O desiderato foi alcançado. A prorrogação da CPMF foi derrocada, e os pobres mais uma vez ficaram no esquecimento. O governo, por sua vez, tenta recuperar o rombo causado pelos insensíveis, compensando as perdas com outros meios arrecadatórios. Mais uma vez a direita reage, e leva as medidas compensatórias à apreciação do provimento jurisdicional.

Mas de nada adianta os pobres ficarem vulneráveis em relação à Saúde Pública, se não há um agente conspirador. Ele surgiu, enfim. A Febre Amarela. A mídia preencheu seu espaço, de forma autocrática, alarmando a população quanto a um ” perigo eminente”; mostra em horário nobre, imensas filas de pobres assustados, com medo, temendo que a febre se alastre. Não bastou o Dr. Drauzio Varella dizer, ” calma”. O bombardeio midiático intenciona o pânico, o desepero, mimificando a crise a aérea, que desta feita, de certo modo, também voa, só que através dos mosquitos um deles já é nosso conhecido, o mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue. Nas matas, a febre amarela ocorre em macacos e os principais transmissores são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que picam preferencialmente esses primatas.

A nova versão do ” apagão aéreo” toma cor, com a nova versão travestida de “epidemia”. Antes os aviões, agora os mosquitos. A pergunta seria: Até quando, os poderoso meios de comunicação irão conspirar contra um presidente operário que hoje visita Cuba? Que tipo de democracia vivemos, onde o poder da mídia é quem determina quem deve governar, afagando os representantes de seus interesses, ou boicotado governos ditos “governos populares” legitimamente eleitos? No Brasil, quem dá a concessão para governar é a mídia. Ela determina quem é o “competente”, e conduz o povo, em horário nobre, a “comprar” seus objetivos políticos, e suas propostas, prestigiando apenas aqueles que na sua essência, defendem os interesses dos poderosos.

A Febre Amarela passa a ser a nova versão do “apagão aéreo”, vem do ar, do vôo, e em rima se assemelha com o “Cansei”, até porque, quando infectado os desvalidos ficam prostrados, cansados, e em outras filas, não bastasse crueldades já infligidas; as filas dos Hospitais Públicos, sucateados pelos neoliberais. Assim então, o cenário do pânico se amoldura, anunciado a cada dia a morte de um primata, levando os pobres, sem saúde ao medo da morte, anunciada em horário nobre. Aliás, não há loteria que acabe com a pobreza de espírito.

Fernando Rizzolo

Baltimore processa banco Wells Fargo por racismo

A prefeita Sheila Dixon e a Câmara de Vereadores da cidade de Baltimore, EUA, estão processando o banco Wells Fargo por discriminação racial na hora de determinar a taxa de juros em seus empréstimos. Segundo o processo judicial, o Wells Fargo aumentou a taxa de juros de cerca de três porcento acima da marca federal de referência, em 2006, para 65% aos seus clientes negros, em 2007. Para os clientes brancos o aumento foi de apenas 15%.

Autoridades municipais denunciam que os negros que procuram o banco estão sendo discriminados também na hora do refinanciamento das dívidas, pois o Wells Fargo exige maior garantia dos clientes negros do que dos brancos para fechar a negociação.

Como conseqüência, a discriminação está gerando um grande número de execuções hipotecárias por parte do Wells Fargo e a cidade também cobra na Justiça os danos sofridos pela diminuição de receita devido ao alto número de residências abandonadas. O município também denuncia que mais de dois terços das execuções da Wells Fargo ocorreram em vizinhanças de maioria negra.

A prefeita Sheila Dixon declarou em entrevista coletiva que “essa prática predatória e discriminatória está levando embora nossos recursos e nossos esforços de levar a cidade para o progresso”.

Baltimore também exige o dinheiro dos reparos aos danos causados pelo abandono das casas, como aumento de proteção policial e de bombeiros e aumento de custos nas reformas e reabilitações das casas vagas.

Segundo Suzanne Sangree, chefe do Departamento Jurídico de Baltimore, “essa onda de execuções hipotecárias em vizinhanças negras está ameaçando minar os tremendos avanços que nossa cidade realizou em desenvolver as áreas menos favorecidas e de levar o município adiante economicamente. O Wells Fargo poderia ter feito muita coisa, como outros bancos, para impedir essa crise de execuções que a cidade está vivendo agora”.

Hora do Povo

Rizzolo: Os banqueiros irresponsáveis, esteio da política republicana de Bush, quer recuperar o que perderam, açoitando a comunidade negra mais pobre e mais vulnerável. De nada adianta o poder público intervir na selva capitalista americana, sempre a elite branca republicana dos EUA, fazem com que os negros e latinos paguem a conta da sua própria ganância. As argumentações da prefeita Sheila Dixon e da Câmara de Vereadores da cidade de Baltimore, são legítimas e devem ser acolhidas. Isso é o neoliberalismo, a selva, a ganância, e o desprezo pelas minorias. Tem gente aqui que acha isso lindo, não é? Racismo é uma coisa abominável, todos somos iguais. Nascemos e morremos da mesma forma, a misericórdia de Deus é a mesma a qualquer etnia, qualquer povo.

Aqui os que acham que moradores das favelas valem menos, são os mesmos que empreendem a truculência da polícia nos morros. Se estivessem nos EUA, seriam banqueiros do Wells Fargo. As elites, no Brasil, não acreditam, no íntimo, na soberania do povo. As diferenças entre elas e o populacho é de tal a ordem que a sabem intransponível e insuperável, a não ser naquele prazo tão longo que, na frase de Keynes, estaremos todos mortos.”