As taxas de juros e a crise americana

Antigamente dizia-se que “quando os EUA tosse, o mundo fica doente “, indubitavelmente, a irresponsável crise dos subprimes nos EUA, afetará de uma forma ou de outra a economia mundial. Muitos são os sinais de uma recessão na América, contudo, o panorama econômico mundial tende a estar menos descompensado, face ao desenvolvimento dos mercados da China e da Índia. Até mesmo a Rússia, vive um período de prosperidade face ao preço do petróleo. A origem da crise americana, é a desregulamentação do setor financeiro dos EUA, cujos bancos a seu bel prazer, criaram veículos tão complexos e deliberadamente obscuros – todos concebidos para gerar lucro em cada operação de ” swap” ( troca de indexadores), que perderam há tempos a referência do valor real dos papéis. Fica claro, que a velha Lei de Mercado de Capitais, criada na época de Roosevelt para regulamentar as atividades dos bancos deveria ser reeditada.

O receituário para que se possa ” blindar ” a economia, são vários, e partem de diferentes opiniões, muitas delas ortodoxas e conservadoras. Mas o principal problema é desvendar o que ocorre na economia brasileira hoje, e termos a visão e a sensibilidade, para analisarmos os movimentos econômicos de outros países. Com efeito, um dos problemas da nossa economia, é a taxa de juros, que ainda é extremamente elevada, muito embora tenha declinado.

Outra questão preocupante, é o crescimento das Despesas Correntes da União, cujo aumento não se deve aos gastos com o social ou pessoal, e sim com as despesas com juros e encargos da dívida. A dívida pública federal interna, em valores reais, foi multiplicada por sete, entre 1995 e 2006, e claro, são remuneradas com as taxas estratosféricas de juros, aplicado no “Cassino Brasil”. Aliás, esse fator produz sim, um aumento da carga tributária, fazendo com que promova-se, superavit primários elevadíssimos. O governo central tem hoje um superávit primário em 12 meses de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) que poderia ser deduzido dos investimentos federais previstos no Projeto Piloto de Investimentos (PPI). Com isso, a meta de superávit do governo central para este ano seria de 1,7% do PIB.

Na verdade, os juros nesse patamar, impedem a exportação face ao câmbio hiper valorizado, alem disso, de nada adianta políticas de viabilidade setorial, para suprir as dificuldades de exportação de manufaturados. Temos que impulsionar o mercado interno, declinando as taxas de juros, aumentando as exportações, e por conseqüência, isso faria com que o câmbio pare de se valorizar gradativamente. Hoje o que nos sustenta em termos de câmbio, são os altos preços das commodities, mas isso não é saudável.

Não podemos ser apenas produtores de matérias-primas, precisamos deslanchar as exportações de manufaturados, e isso, evidentemente, tem muito a ver com taxas de juros e cambio. Fica patente que a autonomia do Banco Central é extremamente prejudicial, vez que engessa o poder decisório do Executivo, que já há muito tempo sabe o quanto perverso é, o patamar das taxas ditadas pelo pessoal do Copom sob a batuta de Meirelles. Mas não tem correlação de forças para intervir.

Fernando Rizzolo

França e Brasil saúdam e EUA reconhece o esforço de Hugo Chávez para liberar Consuelo e Clara Rojas

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que “a França se alegra profundamente” com a libertação das reféns e prometeu redobrar os esforços para conseguir que a guerrilha entregue a franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002 na mesma ocasião que Clara Rojas. “Queremos que estes esforços voltem a ser realizados para Ingrid e para o resto dos reféns”, afirmou.

O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, declarou que a libertação das duas reféns “é um êxito da mediação de Chávez”.

O governo brasileiro, por meio do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, declarou “estar satisfeito, porque se cumpriu o essencial: o êxito na operação humanitária, que pode abrir espaço para que outros entendimentos possam acontecer”.

Até o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Tom Casey, reconheceu o esforço de Chávez: “Damos as boas-vindas aos bons ofícios de qualquer pessoa, incluindo o presidente Chávez e qualquer outro que possa ajudar na libertação dos reféns em poder das FARC”, disse à imprensa.

O Ministério de Assuntos Exteriores espanhol divulgou um comunicado no qual parabeniza todos os que participaram das duas libertações, e, especialmente, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O presidente do Equador, Rafael Correa, também felicitou em seu programa de rádio o chefe de Estado venezuelano por sua mediação no processo de libertação das reféns: “A libertação foi resultado das gestões do presidente Chávez e felizmente conseguiu culminar com total êxito. Tomara que em breve as FARC libertem muito mais reféns de forma incondicional”, ressaltou Correa.

O governo suíço também agradeceu ao presidente Hugo Chávez, “por sua colaboração que permitiu este resultado feliz. E, ao mesmo tempo, cumprimenta este gesto das FARC”, indica um comunicado do Ministério de Assuntos Exteriores.

A Secretaria de Relações Exteriores do México também felicitou em comunicado os Governos da Colômbia e Venezuela, assim como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, pela bem-sucedida libertação das duas mulheres.
Hora do Povo

Rizzolo: Não resta a menor dúvida que o esforço foi válido e proveitoso, contudo, entendo que Chavez não deveria ir alem da sua contribuição, tomando a questão das Farc como uma bandeira, até porque, como já disse em um artigo meu, isso atrapalha o seu Socialismo do Século 21. Leia. Chavez atrapalhando o Socialismo do Século 21

“Alternativa à CPMF é reduzir superávit e taxar especulador”

Centrais Sindicais decidem unificar ações para barrar açodamento da oposição contra os direitos sociais e os servidores públicos

Os dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT) decidiram, na quinta-feira, dia 10, realizar ações conjuntas em defesa dos recursos das áreas sociais, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da manutenção dos acordos firmados com os servidores públicos – garantindo os reajustes salariais e a realização de concursos para novas contratações.

A decisão das centrais é uma resposta às pressões da mídia, do DEM e do PSDB, e a ameaças de setores vacilantes do próprio governo, de que cortes seriam necessários após a não-aprovação da CPMF. O fim desta contribuição criou um rombo de R$ 40 bilhões no Orçamento da União.

SUPERÁVIT

“Cortes? Só no superávit primário e na especulação”, foram taxativos os sindicalistas, para quem o Estado tem o papel de alavancar o desenvolvimento, não podendo abrir mão de recursos fundamentais para o atendimento de necessidades básicas da população brasileira. As centrais acordaram mobilizar a sociedade e reapresentar ao governo e ao Congresso Nacional sua proposta de reforma tributária, formatada durante a Jornada pelo Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho.

“Esta ação unitária é decisiva para fazer frente à campanha depreciativa e de desinformação feita pela mídia, que quer impor sua pauta contra o projeto político em curso, o que provocaria um retrocesso”, declarou o 1º tesoureiro da CUT e representante da Central na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Antonio Carlos Spis. “Não vamos admitir em hipótese alguma a retirada de recursos das áreas sociais. A redução do superávit primário é a melhor alternativa, assim como maior taxação dos especuladores”, acrescentou Spis.

Segundo o secretário-geral da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Carlos Alberto Pereira, “há uma tentativa clara da direita e da mídia de prensar o governo para que sejam feitos cortes nos direitos sociais, se prejudique o salário mínimo e os servidores públicos, a fim de trazer ônus para o campo popular nas próximas eleições”. “Achamos que o PAC tem que ser mantido, os programas sociais têm que ser mantidos, os acordos sacramentados têm que ser mantidos. O governo ainda não definiu, está havendo discussão e os trabalhadores vão dar sua opinião. O que estamos debatendo é que a questão central é o superávit primário, que o próprio FMI reconhece que está alto demais. Outra questão é o investimento externo na Bolsa, que não pode continuar isento de IOF. No próximo dia 21, vamos nos manifestar, anunciando formas concretas de mobilização para garantir estas conquistas”, declarou Pereira.

O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna), defendeu que é necessário manter o mesmo espírito da Jornada pelo Desenvolvimento, “onde nos somamos para fazer um projeto de ação, um documento unitário para avançar”. “Agora, é preciso elencar questões de interesse da classe trabalhadora, como a reforma tributária e a defesa do serviço público, lutando na mesma trincheira para vencermos novamente”, sublinhou.

De acordo com a secretária de Política Sindical da CUT, Rosane Silva, “é fundamental a pressão desde a base para garantirmos políticas que pesem sobre os impostos diretos que taxem os ricos, como a constituição de uma nova estrutura da Tabela de Imposto de Renda e o aumento do hoje inexpressivo Imposto Territorial Rural – ITR. Exigimos também o aumento da taxação sobre a herança e a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, conforme já previsto na Constituição Federal de 1988”.

MOBILIZAÇÃO

As centrais definiram que na próxima segunda-feira, dia 21, conjuntamente com a mobilização em defesa dos recursos sociais, será anunciada uma ação de envergadura pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário e para garantir a representação dos trabalhadores nos Conselhos de Administração das empresas – já anunciada pelo presidente Lula no encontro com os sindicalistas após a Marcha, em dezembro. Também será constituído um Grupo de Trabalho das centrais para começar a formatar a regulamentação das Convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que tratam respectivamente do direito à negociação coletiva no serviço público e da coibição à demissão imotivada. As centrais vão agendar uma reunião com o ministro Luiz Dulci, secretário geral da Presidência, e Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego, para agilizar estes encaminhamentos.

Para o dirigente da NCST, Luiz Gonçalves, a mobilização deve ser a mais ampla possível, unificando o conjunto da base das centrais e “demonstrando que o movimento sindical brasileiro está unido, defendendo os recursos para as áreas sociais, estratégicos para o desenvolvimento”.

Membro da executiva da CTB, Carlos Rogério de Carvalho Nunes denunciou que “a mesma mídia defensora do projeto neoliberal de Fernando Henrique, que quebrou o Estado e inviabilizou seu papel de indutor do desenvolvimento, agora quer inviabilizar o governo, engrossando a campanha para que acordos com o funcionalismo sejam descumpridos”.

Representando a UGT, Paulo Pirassol também destacou o papel da “ação unitária das centrais sindicais para que os trabalhadores brasileiros continuem tendo resultados positivos e crescentes”.

LEONARDO SEVERO
Hora do Povo

Rizzolo: Muito bem, se deve haver corte que seja na redução do superávit primário, não nos avanços sociais. Na verdade, a direita exige que cortes sejam feitos em programas sociais, por dois motivos: Primeiro porque no entender dessa elite, o pobre nada vale, segundo porque, entendem eles, que poderá haver um ” ganho secundário” eleitoral se nada for direcionado ao social. Procuram sim, de toda forma atrapalhar o PAC, mas não falam e não desejam mexer no superávit primário cujo próprio FMI reconhece que esta por demais alto. Também não mencionam o fato de que os investimentos externos na bolsa, são totalmente isentos de IOF. Essa é a direita conservadora, ou melhor, a imensa letargia intelectual que prospera naqueles que querem um ” socialismo de direita”, para Inglês ver.

Condor: Juiz italiano atropela soberania brasileira e acoberta torturadores da CIA

O juiz italiano Luisann Figliola resolveu emitir, há alguma semanas, uma ordem de prisão para 140 pessoas residentes na América do Sul, sob acusação de envolvimento na morte de militantes políticos durante as ditaduras implantadas no Cone Sul, na década de 70. As ordens de prisão seriam pela participação dessas pessoas na chamada “Operação Condor”. Entre os acusados estão 13 brasileiros, alguns já mortos, que, segundo os italianos, teriam entregue à repressão argentina militantes portenhos e cidadãos italianos que acabaram sendo assassinados.

Além de representar um evidente atropelo à soberania e à política interna do Brasil, e dos demais países do continente, a intromissão italiana peca também por uma omissão no mínimo estranha. É de conhecimento quase geral que a “Operação Condor” foi montada e supervisionada diretamente pelos Estados Unidos. A CIA teve participação ativa durante todo o processo de sua implantação. Vários instrutores americanos desembarcaram na região com a missão de ministrar aulas de tortura e ensinar métodos de assassinato de lideranças políticas. Era evidente o interesse americano em eliminar os “obstáculos” que resistiam a aceitar sua dominação política econômica sobre a região.

No entanto, apesar destes fatos serem de amplo conhecimento, nenhum americano aparece na lista do juiz Luisann. Nenhum dos instrutores que ensinaram refinadas técnicas de tortura, está sendo processado pelos italianos. Por que será? Nenhum integrante da CIA, ninguém do Pentágono está sendo molestado pelo zeloso juiz italiano.

É pouco provável que esse juiz não saiba que foram os EUA que implantaram quase todas as ditaduras na região. É menos provável ainda que ele não saibam do papel americano na “Operação Condor”. Portanto, o que parece mesmo é que esse juiz está sem outras coisas mais importantes para fazer e decidiu aparecer, às custas do Brasil e da América do Sul. Mas, se eles não têm, o Brasil tem coisas mais sérias com que ficar remoendo seu passado. Como dizia Caxias, patrono do nosso Exército: “maldição eterna aos que tentarem trazer de volta as nossas dissenções passadas”.

Hora do Povo

Rizzolo: Como já disse anteriormente, essa questão é inapropriada, e realmente não vai ao cerne da Operação Condor. Responsabilizar apenas os países da América Latina, sem eximir os verdadeiros atores dessa operação é no mínimo circense. Agora, o que não podemos aceitar é que setores militares brasileiros acabem se exacerbando numa causa que é passada, a qual, nós aqui já resolvemos com a Lei da Anistia. Ponto final. Esse juiz deve estar querendo comer brachola a nossas custas.