Emergentes poderão ser novo centro de poder, diz Soros

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O megainvestidor húngaro naturalizado americano, George Soros afirmou nesta quarta-feira que não acredita que crise que atinge a economia americana provocará uma recessão global e que o centro de poder e influência poderá ser transferido dos Estados Unidos para o mundo em desenvolvimento.
Em entrevista à BBC, Soros disse que será “muito difícil” evitar uma recessão nos Estados Unidos.

“Não acredito que haverá uma recessão mundial. O que poderá ocorrer é uma transferência significativa do centro de poder e influência em direção ao mundo emergente e à China, em particular”, disse o bilionário americano.

Soros disse ainda que apoiar a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de cortar a taxa de juros para 3,5%, uma redução de 0,75 ponto percentual, reaquecendo os mercados nesta terça-feira.

“É preciso resgatar os mercados. Do contrário, teremos uma depressão, como aconteceu nos anos 30”, afirmou.

Regulamentação

Na avaliação do investidor, a situação da economia atual mostra que os Estados Unidos não poderão continuar consumindo mais do que produzem.

“A expansão do crédito que permitiu os Estados Unidos a consumirem bem mais do que produzem foi capaz de engolir as reservas de todo o mundo. Este é um processo que está chegando ao fim”.

Soros ainda defendeu uma maior regulamentação do mercado.

“Desde 1980, em vez de impor regulamentações ou restrições, os governos têm confiado demais nos mercados. Em outras situações, eles já tiveram de intervir para resgatá-los, então têm de estar cientes de que os mercados não podem funcionar sempre sob suas próprias regras”, disse.

BBC Brasil

Rizzolo: O mais importante aspecto desta entrevista é que finalmente um especulador como Soros reconhece a necessidade da regulamentação do mercado. Isto serve como paradigma, para que os amantes do neoliberalismo desenfreado pensem duas vezes antes de apregoarem a total livre iniciativa. Pensem ou ouçam um especulador do calibre de Soros. Aliás, para acabar com essa orgia financeira é fundamental prender o chofer não o automóvel. Isso que dá ” confiar na ação reguladora dos mercados “.

A verdade não é uma virtude ?

Com a finalidade de dar transparência ao PAC ( Programa de Aceletação do Crescimento), o governo omitiu e maquiou os resultados do PAC. Na verdade, na área de energia elétrica o governo decidiu ignorar os atrasos em obras como as da usina nuclear de Angra 3 e das hidrelétricas de Belo Monte (PA) e Ribeiro Gonçalves (PI). Entre os projetos de gás natural, não foi considerado o atraso no gasoduto Campinas-Rio. Faltou falar a verdade?

Não entenderam como atraso, as obras da usina nuclear de Angra 3, obra que poderá agregar 1.350 MW (megawatts) ao sistema elétrico se for concluída. No ano passado o cronograma era para que a obra ficasse pronta em dezembro de 2013. Agora, o novo prazo é 31 de maio de 2014. Enfim em todos as questões relativas às obras do Programa de Aceleração do Crescimento no tocante a prazo, o governo procura mais uma vez não dar a devida explicação lógica. É claro que, contra fatos não há argumentos, e melhor seria, até para se redimir dos espúrios acordos com intuito de mercadejar cargos em troca de opoio político, que o governo, de uma vez por todas, fizesse uso da sinceridade.

Determinado momento prevalece os interesses da elite e do agro negócio, como na transposição do São Francisco, em outro momento abandona a ética e parte para acordos ” estranhos” com o PMDB, loteando Ministérios, em outra, admite a afirma peremptoriamente que não haverá crise energética, em outro então, afirma que não haverá aumento de impostos. Ora, afinal aonde está a ética e a sinceridade? Sempre defendi o governo Lula, até porque avanços existem em função da implementação dos programas sociais, mas o que me leva à indignação, é a falta de sinceridade política que transborda os níveis da ética. Será necessário não dizer a verdade para se ter um ganho político? Será tão importante mercadejar cargos para ter-se a chamada ” governabilidade? Isso é a democracia? Não, definitivamente, acredito que não.

Não aceito como premissa, usar o pobre povo brasileiro com promessas eleitoreiras, levando um partido como o PT ao poder, para depois de forma dissimulada servir às elites selecionadas, por que na questão energética e outras onde a sinceridade é escassa como a chuva, o prejudicado será o povo com o possível desemprego face a impossibilidade do desenvolvimento da indústria; até porque não há consumo sem energia em todos os sentidos. Entendo que o governo deveria fazer uma reflexão é, decididamente, não mais iludir a população deixando de assumir a responsabilidade sobre os projetos que andam a passos lentos, enquanto a politicalha se justifica com o pretexto de ” avanços e as necessárias correlações de força “.

Fernando Rizzolo

A preocupação é maior do que o corte de juros

Uma das características da atual crise americana que se iniciou com a questão dos ” subprimes”, é o fator confiança. A profundidade da eventual recessão americana é que o mercado se questiona. A obscuridade do problema face aos mercados globalizados, leva os investidores a uma análise, a meu, ver perfunctória da realidade, que pode ser maior ou menor do que tende a aparentar.

O mercado teme que a medida emergencial do banco central americano (BC) de cortar os juros básicos no país em 0,75 ponto porcentual, para 3,5% ao ano, não seja suficiente para estimular o sentimento em meio aos temores crescentes de recessão nos EUA e o tombo das bolsas européias e asiáticas nos últimos dois dias.

Não resta a menor dúvida que o problema é grave na medida em que difícil é mensurar ou quantificar a extensão da questão econômica americana. Além disso é importante salientar que a China possui uma boa quantidade dos chamados ” títulos podres” e que de certa forma também sera afetada pela crise.

Quando o Fed concretizou as apostas do mercado, deixou transparecer sua preocupação com a saúde da economia norte-americana. “O comitê tomou esta ação à luz do cenário de enfraquecimento econômico e aumento dos riscos de baixa para o crescimento”, disse o Comitê de Mercado Aberto do Fed, em comunicado. Isso fez com que o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York abrisse o pregão em forte queda, ontem.

Na Europa, o comissário para Assuntos Econômicos e Monetários da União Européia, Joaquin Almunia, declarou que retração dos EUA não deve atingir diretamente o crescimento da zona do euro. Ele admitiu que a queda nas bolsas européias ontem mostrara “que os mercados estão considerando a possibilidade de uma desaceleração mais pronunciada, possivelmente, uma recessão, nos EUA”. Entretanto, disse, a UE não está tão vulnerável quanto no passado. “No passado, nossas economias eram mais dependentes da dos EUA”, disse Almunia.

No Brasil poderá haver um impacto sobre o preço das commodities, devido ao esperado enfraquecimento da economia global, e isso não seria nada bom face ao fato da nossa economia não deter uma produção de manufaturados estruturada, sendo vulnerável e dependente dos preços das mesmas, contudo, o que mais afetaria seria as exportações, o que seria compensado exatamente com investimentos de estrangeiros e brasileiros que estão interessados no aquecido mercado consumidor doméstico, que cresce a taxa superior a 10%. A primeira amostra disso deu-se ontem, após acumular perdas de quase 16%, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ganhou força e descolou das Bolsas americanas, sua principal referência externa. Vamos ver no que vai dar daqui para frente.

Fernando Rizzolo

IEDI: “a última coisa que o BC deveria fazer é elevar os juros”

Incentivar o mercado interno é a melhor política a ser adotada diante da crise dos Estados Unidos

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou na segunda-feira com uma queda de 6,6%, em 53.709 pontos, mesmo dia em que também foram registradas expressivas quedas nas bolsas européias e asiáticas. O pano de fundo, obviamente, é a grave crise em que se encontra a economia norte-americana. Como a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, os defensores dos juros altos já saíram defendendo a elevação da taxa básica de juros para supostamente enfrentar possíveis turbulências externas.

Além dos analistas da mídia antidemocrática, o boletim Focus – que o BC divulga semanalmente com uma pesquisa com representantes do sistema financeiro e que serve de parâmetro para as decisões do Copom – aumentou sua projeção da taxa Selic para 11,25%, contra 11,13% feita anteriormente. O presidente do BC, Henrique Meirelles, sinalizou que poderá adotar medidas preventivas, que têm se traduzido nos juros siderais ao longo anos. “Não temos ilusão de que o Brasil está imune à crise, mas entendemos que estamos mais preparados”, disse.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em sua análise intitulada ”A crise e os mecanismos de defesa da economia brasileira”, defende que o país está em condições de se proteger contra efeitos negativos de crises provenientes do exterior. O primeiro fator está no fato de que nos últimos anos a economia brasileira “apoiou-se muito mais no mercado interno do que no mercado externo, o que reduz o impacto de uma retração de volumes e preços de exportações devido à retração da economia mundial”. É isso, diz o Iedi, que “torna maior o alcance de políticas de incentivo ao mercado interno através do crédito, por exemplo, que poderão ser adotadas caso o quadro internacional se agrave e ameace levar à retração a economia doméstica”.

MENOS JUROS

Ampliar o crédito para fortalecer o mercado interno significa ter que reduzir os juros, como, aliás, defende o Instituto: “A última coisa que o Banco Central deveria fazer no presente momento da economia nacional e internacional seria elevar a taxa de juros”. Até porque, ao contrário do pretexto usado por Meirelles, não “serviria para o controle da inflação”.

RESERVAS

Outro fator de defesa da economia brasileira destacado pelo Iedi são as reservas internacionais – US$ 185,024 bilhões até o dia 18 -, “conseqüência dos saldos comerciais elevados que o país gerou desde 2003”. Essas reservas poderão ser usadas pelo governo, argumenta o Iedi, “para defender o real e evitar fortes e bruscas desvalorizações originadas de um colapso de capitais internacionais para o país, caso isso venha a ocorrer. Isso neutralizará possíveis riscos de reaceleração inflacionária, evitando que o Banco Central eleve a taxa de juros o que provocaria uma retração econômica”.

Nesse aspecto, cabe destacar a política adotada pelo governo Lula em diversificar o comércio exterior brasileiro, em especial a de fortalecimento do Mercosul. Assim, de um saldo negativo de US$ 999.243 no comércio com os países do bloco em 2003, o Brasil saltou para um superávit de US$ 5,723 bilhões no ano passado.

Para o Iedi, tanto o incentivo do mercado interno, através de crédito, quanto a utilização das reservas para uma eventual defesa do real, “se bem manejados pela política econômica, assegurarão um crescimento razoável em 2008, mesmo levando-se em conta as adversidades externas. O governo não deve hesitar em usar esses mecanismos para a defesa da economia real”.

O Iedi considera que a turbulência ocorrida nas bolsas no sistema financeiro ocorrida no dia 21 “não reflete de fato nenhum evento novo. Sua causa última são os problemas da economia americana originados da crise do mercado de crédito imobiliário desse país. A maior instabilidade foi detonada pelo impacto negativo dos enormes prejuízos acumulados pelas instituições financeiras, sediadas principalmente nos EUA, que agora, seis meses após o início da crise, vieram a público com a divulgação dos resultados do último trimestre de 2007”.

VALDO ALBUQUERQUE

Rizzolo: Ao analisarmos as declarações do Meirelles, observamos que desde já ensaia um aumento das taxas de juros, o que seria uma atitude deplorável. Temos um mercado interno aquecido mas que não justifica uma aumento das taxas de juros, muito pelo contrário, devemos sim aumentar o mercado interno para que possamos blindar ainda mais nossa economia através de crédito. Ademais, com as taxas de juros altas, atraímos especuladores que inundam o mercado com dólares mantendo o real valorizado, e por conseqüência uma dificultando as exportações.

Quanto a utilização das reservas para uma eventual defesa do real, acredito ser um instrumento a ser usado numa situação emergencial, com isso, evitaríamos fortes e bruscas desvalorizações originadas de um colapso de capitais internacionais para o país. É na realidade um instrumento de controle cambial. Isso neutralizará possíveis riscos de reacelerarão inflacionária, evitando que o Banco Central eleve a taxa de juros o que provocaria uma retração econômica.

Mortalidade infantil cai quase pela metade no país, diz ONU

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O Brasil conseguiu reduzir quase pela metade a taxa de mortalidade infantil entre 1990 e 2006, de 46,9 por 1 mil para 24,9 por 1 mil nascidos vivos, mas continuam muito grandes as disparidades entre as diversas regiões do País e entre diferentes grupos étnicos e raciais.

No índice de mortalidade inferior a cinco anos, o avanço foi ainda maior, de 57 por 1 mil nascidos vivos em 1990 para 20 por 1 mil nascidos vivos em 2006. Com isso, o Brasil passou de 86º para 113º lugar no ranking da mortalidade na infância (os primeiros lugares são ocupados pela mortalidade mais elevada) num total de 194 países.

Os dados são do relatório Situação Mundial da Infância 2008 – Sobrevivência Infantil, divulgado nesta terça-feira pela Unicef, agência das Nações Unidas para a infância, e referem-se a mortes de crianças com menos de um ano.

“O Brasil avançou mais do que a média mundial, o grande problema é a disparidade tanto entre as diferentes regiões como grupos étnicos”, afirmou a representante da Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier. “O Brasil está no caminho certo, mas não saiu do túnel ainda”, disse ela.

Metas do Milênio

Com estes dados, o Brasil caminha para alcançar a meta número quatro dos Objetivos do Milênio, que prevê a redução da taxa de mortalidade pela metade até 2015. A meta do País é reduzir a mortalidade de crianças com menos de 5 anos para 18. “Agora entra a parte mais difícil, que é a redução não pelo fator técnico para pelo fator humano”, afirmou. “Agora vamos ver se o compromisso (do governo) do Brasil é total”, diz ela.

Para isso, afirma Marie-Pierre, é preciso aumentar o investimento em programas de acompanhamento do recém-nascido e aumentar o número de crianças entre 4 e 6 anos de idade com acesso à escola. Enquanto a média nacional é de 24,9 mortes com menos de 1 ano para cada 1 mil crianças nascidas vivas, no Nordeste este número é de 36,9 por 1 mil.

O lado positivo, diz a representante da Unicef, é que a região foi a que mais avançou entre 1990 e 2006, reduzindo um pouco a desigualdade em relação a outras regiões. O relatório da Unicef mostra ainda que as crianças pobres têm mais do que o dobro de chance de morrer, comparadas às crianças de famílias mais ricas.

A taxa de mortalidade para a população indígena é de 48,5 por mil nascidos vivos (138% maior do que para a população branca), enquanto para a população negra é de 27,9 por mil (37% maior do que para a população branca). A taxa para a população branca é de 20,3 por 1 mil nascidos vivos.

Das 11,5 milhões de crianças com menos de 6 anos no Brasil, 56% vivem na pobreza, em famílias com renda per capita de menos de meio salário mínimo. Desse total, 4,7 milhões estão em famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, o que corresponde a 10,2% do total de beneficiários do programa.

Causas

Cerca de 66% das mortes ocorrem no primeiro mês de vida, e 51% na primeira semana. As principais causas de morte na primeira semana de vida estão relacionados ao nascimento prematuro, asfixia durante o parto e infecções. Para Marie-Pierre, este dado mostra que os programas pré-natais precisam continuar até os primeiros meses de vida do bebê.

A região Nordeste tem a maior taxa de mortalidade neonatal precoce do País, com 15,3 por 1 mil nascidos vivos. Os Estados de Alagoas e Paraíba têm as taxas mais altas, de 17,4 e 16,9 por 1 mil nascidos vivos, respectivamente.

“Para se manter a queda na taxa de mortalidade infantil será necessário o trabalho intenso que resulte numa maior cobertura e melhoria do pré-natal, assistência ao parto e pós-parto, que se traduz em melhor qualidade dos serviços de saúde, melhores condições hospitalares e melhoria na condição socioeconômica das populações mais carentes”, afirma o relatório.

“Se não forem fomentadas no País políticas públicas com esses objetivos, corre-se o risco de uma estagnação na taxa de mortalidade”, diz o documento, que alerta ainda para o fato de que é possível haver uma subnotificação dos óbitos infantis nas regiões Norte e Nordeste.

O progresso obtido até agora, destaca o relatório, foi conseguido com programas de atenção à saúde da criança, em questões como segurança alimentar e nutricional, saneamento básico, vacinação e atenção à saúde da família.

Mães

Se mostra melhora na sobrevivência das crianças, o relatório também aponta uma piora nas condições de vida das mães. A mortalidade materna aumentou 2,1% no Brasil entre 2000 e 2005, passando de 52,3 mulheres por 100 mil nascidos vivos para 53,4 por 1 mil nascidos vivos.

O estudo também mostra que a idade das mães continua diminuindo. O número de bebês nascidos de mães com menos de 15 anos aumentou, na média brasileira, de 6,9 por 1 mil nascidos vivos em 1994 para 8,8 mil por 1 mil em 2005, um crescimento de 28,6%.

O aumento ocorreu em todas as regiões. Em 1994, foram 18 mil bebês nascidos de crianças e adolescentes menores de 15 anos; em 2005, foram 27 mil.

Fonte: BBC Brasil

Rizzolo: Esse é um dado importantíssimo, contudo, há muito ainda que se fazer para que consigamos a meta em reduzir a mortalidade de crianças com menos de 5 anos para 18. Fica patente, que os programas sociais de inclusão contribuíram sobremaneira para atingir os resultados. O problema da saúde pública, ainda é pouco discutido no Brasil, vez que engloba desde saneamento básico, até a formação suficiente de mão-de-obra na área da saúde, investimentos em hospitais de referência, e acima de tudo dar oportunidade a imensa população pobre de se alimentar. Essa visão é que infelizmente falta nos políticos da direita brasileira, que de tudo fazem para conspirar contra o desenvolvimento social. Haja vista o comportamento em relação à prorrogação da CPMF. Uma vergonha num país pobre como o nosso. Não esqueci naõ, viu !