Agências gastaram R$ 1 milhão com cartões do governo em 2007

As agências reguladoras do governo federal gastaram mais de R$ 1 milhão nos cartões de crédito corporativos do governo em 2007, conforme revela reportagem publicada na edição desta quarta-feira na Folha. [versão só para assinantes do jornal].

Segundo o relato dos jornalistas Humberto Medina, da Folha de S. Paulo, e Lorenna Rodrigues, da Folha Online, a maior parte dos gastos ocorreu em lojas de material de construção, papelarias, postos de gasolina, supermercados ou por meio de saques em dinheiro.

Na última semana, Matilde Ribeiro anunciou a saída da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial após ser acusada de usar irregularmente o cartão corporativo do governo. Em 2007, as despesas de Matilde com o cartão corporativo somaram R$ 171 mil. Desse total, ela gastou R$ 110 mil com o aluguel de carros e mais de R$ 5.000 em restaurantes, além de ter feito compra em um free shop.

No sábado (2), outro ministro, Orlando Silva (Esportes), anunciou que devolverá cerca de R$ 30 mil por gastos indevidos em seu cartão. Esse seria o valor equivalente ao que foi gasto com o cartão corporativo desde que ele assumiu o ministério, em março de 2006.

Silva é o terceiro da lista de ministros que mais gastaram com cartão corporativo no ano passado. O ministro da Pesca, Altemir Gregolin, também está sob suspeita. A fatura do cartão dele registra o pagamento de uma conta de R$ 512,60 de um almoço com uma comitiva chinesa em uma churrascaria de Brasília.

Recordistas

Os recordistas de gastos são a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), com R$ 287,9 mil e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), com R$ 243,8 mil.

As duas, segundo a reportagem, foram as únicas a superar, cada uma, R$ 200 mil em gastos.

O texto mostra ainda que a evolução do gasto é gradual desde o ano de 2005, quando as agências gastaram R$ 824,5 mil nos cartões corporativos. Em 2006 foram R$ 1,137 milhão (incremento de 37,9%) e em 2007, R$ 1,157 milhão (novo aporte, desta vez de 1,7% em relação a 2006).

Folha online

Rizzolo: Numa tentativa espúria, o Palácio do Planalto vai acelerar as discussões sobre a partilha de cargos no setor elétrico para terminar a semana sem nenhuma pendência com o PMDB, para que de forma conivente a base aliada abafe uma eventual CPI. Isso é Ético? Primeiro tiram do ar o portal com os dados dos gastos da presidência, depois fazem manobras para dissuadir uma reação da oposição como uma CPI, no intuito de esconder as falcatruas. É muito triste ver a que ponto chegou o governo petista, um governo que eu pessoalmente apoiei, acreditando como os 58 milhões de eleitores que haveria uma tempestade de esperança ao pobre povo brasileiro. O pior é ver quase toda a esquerda se desmoralizando dia a dia no seu apoio à corrupção petista. Como diz Dom Cappio, ” Lula se foi há muito tempo, quem governa agora é Luis Inácio da Silva”. Não resta a menor dúvida que o caso é sério e merece um CPI, para adentrarmos em documentos sigilosos que de “ofício” o governo não disponibilizará.

Devastação rima com gestão

Muito tem se falado no problema do índice de desmatamento na Amazônia, que saltou 107% na comparação de junho/setembro com o mesmo período de 2006. Não há dúvida que o preço das commodities contribuiu para esse efeito, bem como os programas de financiamento, a juros subsidiados, do Banco da Amazônia, do PRONAF e do FNO. A partir do estudo realizado pelos Amigos da Terra – Amazônia, constatou-se que é, nessa região, que se encontra, hoje, 94% do crescimento do número de cabeças registrado no país entre 2003 e 2006. Um número extremamente alto.

Numa análise realista, podemos inferir que o problema se torna mais complexo, na medida em que temos que manter o desenvolvimento da agricultura familiar e do agronégócio, e para tanto, contamos com os já existentes projetos de infra-estrutura em rodovias, investimentos de peso no binômio ” energia e asfalto”, alem das hidrovias que eliminarão barreiras para essa atividade naquela região e da sua transformação em via de acesso a mercados internacionais de produtos de outras regiões. Encontrar um denominador comum, entre o desenvolvimento representado na infra-estrutura e nos incentivos ao pequeno agricultor e ao agronegócio, e um equilíbrio sustentável no manejo das áreas ambientais, é o atual desafio do Ministério do Meio Ambiente.

O Brasil só poderá ser um grande exportador de produtos oriundos da agricultura, se desenvolvermos condições que irão contribuir para uma melhor competitividade no mercado externo, ademais, a agricultura e pecuária tem um peso importante para o equilíbrio da balança comercial. Mas é necessário equacionar o problema de forma regional, um exemplo é a região do semi árido, que necessita de políticas que resgatem e dêem alternativas de manejo de solo e água de encontro às necessidades das populações, com projetos simples, como as cisternas, que foram abandonadas pelo governo federal, que optou pela transposição do Rio São Francisco, privilegiando apenas o agronegócio. Como então equacionar o desenvolvimento, do pequeno agricultor e do agronegócio com a tão importante questão ambiental?

Na verdade, o governo se mostra perdido entre os dados sobre desmatamento, e demonstra incapacidade em gerenciar o problema. Ora se apressa em medidas de contenção, suspendendo o crédito concedido para os agricultores e pecuaristas dos municípios mais afetados pelo desmatamento, transformando os pobres e pequenos agricultores familiares, inseridos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, sustentáculos da reforma agrária petista em culpados e vilões pelo desmatamento. Logo após decide sobre o recadastramento de 80 mil propriedades numa área que totaliza 100 milhões de hactares. Um despropósito, não seria muito dizer, que o último recadastramento foi um fracasso, alem de ter representado um custo altíssimo a cada proprietário.

A grande questão da devastação, é que não há como deter o desenvolvimento, e de nada adianta de forma indiscriminada culpar exclusivamente o agronegócio e os pequenos agricultores pelo problema ambiental. O que falta é gestão em fiscalização. As empreitadas no sentido de rigorosamente se fiscalizar e acompanhar de perto as atividades dos agricultores pecuaristas e madeireiros não existem, e se existem são ineficazes, até porque o desmatamento na região é feito, sim, de forma clandestina e velada.

A promessa de enviar apenas 780 homens da Polícia Federal, Força nacional, de Segurança Pública, e Polícia Rodoviária Federal para combater os crimes ambientais, denota a pura incapacidade de gestão, face ao tamanho da área comprometida. O próprio Ibama conta apenas com três fiscais para cobrir uma área de 92 mil kms quadrados, por aí pode-se ter uma idéia da falta de eficiência, e do purismo no discurso da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Isto posto, o combate a devastação se faz não com contenção e recursos aos projetos de desenvolvimento, mas com um aumento substancial na fiscalização, proporcional à área que esta sobre vulnerabilidade ambiental. O famoso alarde que o presidente criticou, já deveria ter sido dado dentro dos ministérios envolvidos na questão, na implementação de uma severa e eficaz fiscalização, não com 780 homens e três inspetores do Ibama, isso nada significa. O problema passa pela falta de gestão, que infelizmente rima com a palavra devastação.

Fernando Rizzolo