Serra lidera pesquisas para eleições de 2010

A pesquisa CNT/Sensus divulgada hoje mostrou que o governador de São Paulo, José Serra, lidera as intenções de voto em todas as listas apresentadas aos entrevistados, tanto no primeiro turno como no segundo. Na primeira lista, Serra conta com 38,2% das intenções, seguido de Ciro Gomes (18,5%), Heloísa Helena (12,8%) e Dilma Rousseff (4,5%). Em outra lista, Dilma é substituída por Patrus Ananias. Serra, nesse caso, conta com 37,5% das intenções de voto; Ciro com 19,6%; Heloísa Helena com 13,9% e Patrus com 3,4%.

PUBLICIDADE

Quando o candidato do PT é Tarso Genro, Serra aparece com 37,3% das intenções; Ciro com 19%; Heloísa Helena com 13,3%; e Tarso com 4,9%. Em uma lista em que Serra não aparece, Ciro Gomes lidera com 25,8% das intenções, seguido por Heloísa Helena com 19,1%, Aécio Neves com 16,6% e Dilma Rousseff com 5,4%.

Apesar do desempenho fraco dos candidatos do PT nas simulações, o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, afirma que, se o nome for “palatável”, o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva provavelmente vai colocar o candidato no segundo turno. O mesmo raciocínio vale para candidatos de outros partidos da base aliada que venham a ser apoiados por Lula.

Nas simulações de segundo turno, Serra também vence em todas as listas apresentadas. Diante do candidato do PT, a folga do tucano é bem maior. Contra o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, Serra venceria por 59,1% contra 8%. Na disputa com Dilma Rousseff, venceria com 57,9%, ante 9,2% da ministra da Casa Civil. Já em um eventual embate contra Tarso Genro, Serra teria 57,5%, e o ministro da Justiça teria 10,1%. Serra só venceria com um placar mais apertado a disputa com Ciro Gomes, com 46,5%, enquanto o deputado cearense teria 25,5%.

A pesquisa também fez duas simulações considerando Aécio Neves no segundo turno, enfrentando Dilma Rousseff e Tarso Genro. O tucano vence nas duas simulações. Contra Dilma, ele teria 36,9%, ante 14,5% da ministra; e contra Tarso, 36,1%, ante 15,5% do petista.

Folha online

Rizzolo: Muito embora a popularidade de Lula continua alta, a possibilidade de um apoio seu a um candidato se acaso isso ocorresse hoje, não alcançaria Serra. Isso deve-se ao fato de que o tucano atualmente está muito à frente dos demais candidatos. Na verdade, existe muito tempo até 2010, tempo suficiente para melhorar ainda mais a economia, emprestando a Lula confiabilidade, e tempo suficiente para piorar o cenário econômico mudando totalmente o quadro eleitoral. Agora, Ciro Gomes, Dilma Rousseff , Heloísa Helena, com esse time precisa muito Lula e muito vigor na economia para ” dar conta” e levantar o prestígio desse pessoal. Outro dia um leitor me escreveu , Rizzolo porque vc está revoltado com o Lula ? e eu respondi. Simplesmente pelo fato de que Lula traiu o povo brasileiro. E veja bem, não é que Serra e Alckimn são bons, os outros é que são por demais ruins. Deu para entender, não é ?

“Copo d’água para quem tem sede é papo furado”, diz Ciro

Na quinta-feira (14/2), em uma audiência pública no Senado Federal sobre a transposição do Rio São Francisco, o deputado federal e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) assumiu que as populações difusas do semi-árido brasileiro não serão beneficiadas.

Ciro defendeu o projeto afirmando que há vazão suficiente no rio para se retirar o mínimo de 26m³/s previstos para a transposição, sem prejudicar nenhuma das funcionalidades do rio. Por outro lado, reconheceu que “essa conversa mole de ‘um copo d’água pra quem tem sede’, isso tudo é papo furado. Não é a redenção do Nordeste nem nada, mas resolve a questão da segurança do abastecimento humano e dessedentação animal para 12 milhões de pessoas na área de influência do projeto”, disse o deputado.

“Para chegar a 12 milhões de pessoas [até 2025], eles consideram cidades de médio e grande porte como Fortaleza, Mossoró, João Pessoa… cidades que não vivem situações alarmantes de seca. Quando falam de segurança hídrica, significa que a água vai para a onde ela já está concentrada, para os grandes reservatórios”, rebateu Luciano Silveira, da coordenação da Articulação do Semi-Árido (ASA), lembrando que, pela primeira vez, os defensores do projeto assumem que a população rural do Semi-Árido continuará excluída. “Isso corresponde à metade da população do Semi-Árido (10 milhões de habitantes). Fica evidente a incoerência do projeto, excluindo a população que mais sofre com a seca, que é também a que mais migra”, acrescentou.

Dom Luiz alerta que projeto é “anti-ético”

Em sua fala, a primeira da audiência, Dom Luiz Cappio, bispo de Barra/BA, mostrou que a transposição beneficiará os grandes produtores nordestinos, em detrimento da população sertaneja que não tem acesso à água. Ele comparou o projeto com alternativas propostas para a região como as obras do Atlas do Nordeste, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas, do próprio governo federal. Enquanto a transposição pretende atender 12 milhões de pessoas em 4 estados, o Atlas pode beneficiar 34 milhões de pessoas em 10 estados pela metade do custo. Ele reforçou que o projeto de transposição tem fins econômicos, como produção de frutas para exportação e criação de camarão em cativeiro.

O bispo reafirmou que o governo faz uma propaganda enganosa em torno da transposição. “O projeto é antiético, pois usa a boa-fé das pessoas. A população deveria ser prioridade, se fosse assim, seríamos a favor”, disse. Dom Luiz criticou a postura do governo em desconsiderar os impactos ambientais da transposição; os impactos sociais para 156 comunidades quilombolas, 34 povos indígenas e diversas comunidades ribeirinhas; além de ignorar a legislação brasileira, incluindo a Lei de Recursos Hídricos. “Água temos em abundância, o que nos falta é a democratização da água”, concluiu.

Nova audiência será marcada

Alguns senadores propuseram que um novo debate para maiores esclarecimentos ocorra no Senado. Além disso, uma comissão de senadores deve visitar o Rio São Francisco em julho. A intervenção de todos os participantes pode ser lida no site http://www.senado.gov.br/Agencia/verNoticia.aspx?codNoticia=71510&codAplicativo=2
“Hoje foi um dia de cidadania. Pena que está acontecendo depois das obras terem começado”, disse Dom Luiz ao agradecer a oportunidade. Em 2005, após o primeiro jejum do frei em protesto contra a transposição, Lula havia se comprometido a debater o projeto antes do início das obras. Ao encerrar a audiência, o bispo fez uma proposta ao plenário: “não seria mais interessante colocar o Exército a serviço da revitalização do São Francisco e de outras bacias, já que a revitalização é um consenso nacional?”.

A audiência, requerida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), durou mais de 6 horas, com a participação de vários oradores. O público acompanhou o debate na Tribuna de Honra e nas galerias do plenário. A audiência foi transmitida ao vivo para todo o Brasil pela TV Senado.

Contrários ao projeto falaram na tribuna: Dom Luiz Flávio Cappio, bispo de Barra (BA); Luciano Silveira, da coordenação da Articulação do Semi-Árido (ASA); Luciana Khoury, promotora de Justiça da Bahia e coordenadora da Promotoria de Justiça do Rio São Francisco; Apolo Heringer Lisboa, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e coordenador do projeto Manuelzão (UFMG); João Abner, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Henrique Cortez, ambientalista e coordenador do portal EcoDebate; Letícia Sabatella, Osmar Prado e Carlos Vereza, atores e integrantes do Movimento Humanos Direitos.

Ao chegar ao plenário, Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás, foi convidado pela presidência da mesa a se dirigir à tribuna. Breve e taxativo, o bispo enfatizou que essa discussão não diz respeito somente à água, mas ao modelo de desenvolvimento e à convivência com o Semi-Árido.

Defenderam a transposição: Geddel Vieira Lima, ministro da Integração Nacional; Ciro Gomes (PSB-CE), deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional; João Reis Santana Filho, secretário de Infra-Estrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional; Marcondes Gadelha (PSB-PA), deputado federal; Rômulo Macedo, gerente do Programa São Francisco, de responsabilidade do Consórcio Logos-Concremat; Paulo Canedo de Magalhães, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Dom Aldo Di Cillo Pagotto, arcebispo da Paraíba e presidente do Comitê Paraibano em Defesa da Integração de Bacias e de Transposição das Águas do Rio São Francisco.

A audiência foi realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), em conjunto com as Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE); de Serviços de Infra-Estrutura (CI); e de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).

Projeto de Transposição – O governo pretende construir canais de concreto a céu aberto que somam 720km, correspondendo aproximadamente à distância, por rodovia, entre Belo Horizonte e Brasília. Partindo de dois pontos de captação em Pernambuco, as águas do São Francisco percorreriam dois caminhos: o Eixo Norte (Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte) e o Eixo Leste (Pernambuco e Paraíba). O volume a ser retirado continuamente do rio para transposição, outorgado pela Agência Nacional de Águas, é 26,4m3/s. A estrutura projetada é para uma vazão máxima de 127m3/s.

por Renina Valejo (Cáritas Brasileira). Colaborou Marcy Picanço (Cimi).

Caritas Brasileira CNBB

Rizzolo: A transposição do rio São Francisco é uma obra do ponto de vista técnico pródiga, sem sentido, visando apenas os interesses dos poderosos. Em um artigo meu na revista Cáritas da CNBB, tento discorrer sobre esse tema. Na verdade, a transposição não passa de mais uma gastança excluindo os pobres promovida pelo governo, e árduamente defendida pelo Sr. presidente Luiz Inácio da Silva e por aqueles que se dizem pertencer a ” esquerda”.