Ao assumir lugar de Fidel, Raul acena com mudanças

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A Assembléia Nacional de Cuba reuniu-se, neste domingo (24), para “eleger” o “novo” presidente da ilha. Eleição, como sempre, sui generis. Nada de novo no front cubano. O candidato era único e conhecido. Confirmou-se no comando o general Raul Castro, 76, que já respondia pelos negócios de Cuba há nove meses, desde que Fidel, seu irmão mais velho, recolhera-se ao estaleiro.

De novo, apenas uma promessa. Ou, por outra, dois acenos. Raul prometeu “eliminar proibições” e rever o tamanho da máquina estatal cubana, tornando-a “mais eficiente.” Que proibições serão revogadas? Ele não disse. Qual será, doravante, o tamanho do Estado? Tampouco informou.

Sabe-se, por meios de vagas impressões e sentimentos dispersos, que a Cuba de Raul Castro caminha para uma transição de modelo. O que não se sabe é para onde transitará a ilha.

Diz-se que o irmão de Fidel é fã do modelo chinês, que mistura abertura econômica e fechamento político. A dissidência exilada em Miami espera pouco, mas pede muito: “Raul governa Cuba junto a Fidel há 49 anos. Não vemos nada de novo, somente a continuidade do regime”, diz, por exemplo, Janisset Rivero, do Diretório Democrático Cubano.

“As mudanças em Cuba somente vamos ver quando liberarem os presos políticos, quando forem legalizados os partidos políticos e forem convocadas eleições livres, não esta farsa eleitoral que fazem, e quando forem democratizados os meios de comunicação”, acrescenta Rivero.

O primeiro mandatário estrangeiro a felicitar o “novo” presidente cubano foi Hugo Chávez. Se depender do presidente venezuelano, Raul Castro deslizará rumo à mesmice: “Raúl sempre esteve ali, praticamente invisível, mas trabalhando o mais possível, fiel à revolução, ao povo cubano e fiel até a medula ao seu irmão mais velho, Fidel Castro.”

Blog do Josias/ Folha online

Rizzolo: Na verdade a mudança vai ocorrer mais do ponto de vista formal, não no conteúdo político; a idéia de uma dinamização do Estado, tornando-o menor e mais produtivo é essencial, até porque isso nunca foi feito. Num primeiro passo, acredito que Cuba seguirá um tipo de socialismo de mercado nos moldes da China, onde o poder centralizador continuará durante um bom tempo determinando as condutas econômicas. Chavez tem contribuído com petróleo barato, mas pouco pode interferir em questões primordiais como a suspensão do embargo americano.

Fica patente que se um governo democrático for eleito nos EUA, e quando digo democrático, neste caso me refiro a Barak Obama, que em suas declarações se diz a favor da suspensão desse imbecil embargo, a situação irá melhorara; os EUA tem interesse nos 11 milhões de consumidores cubanos.

O regime cubano, no meu entender, terá um dia uma democracia participativa, até por influência de outros países parceiros como a Venezuela. Contudo, na essência do pensamento político cubano ainda existem elementos pouco ambientados a liberdade de expressão, ao exercício do pensar, efeitos do anacronismo stalinista que imperou na ilha ceifando as idéias da intelectualidade. Talvez aquilo que os apreciadores da Lei de Imprensa pretendam um dia aqui impor, a mão pesada da Justiça para aqueles que se expressam contrários aos seus interesses.

Jobim propõe conselho de Defesa sul-americano

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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, propôs ao governo argentino a criação do Conselho Sul-americano de Defesa, que contaria com a participação de todos os países da região.
O objetivo, disse Jobim, é a definição de um mesmo discurso sobre defesa em fóruns internacionais e a construção de um “parque industrial” comum neste setor.

“Essa indústria seria privada, mas com nichos para a presença estatal. Não se pode pensar nenhum avanço tecnológico das Forças Armadas da América do Sul sem que se tenha, no próprio continente, a capacitação dos insumos necessários (para esta área)”, afirmou.

“Por exemplo, num submarino de propulsão nuclear, o combustível tem que ser brasileiro. Se não, não faz sentido”.

Armas

Jobim ressaltou que esta indústria conjunta incluiria a produção de armas para as Forças Armadas e outros tipos de insumos para o setor de defesa. ”

Não se justifica que para se mobilizar as Forças Armadas de um país seja necessário depender de insumo de estrangeiros”, declarou.

Em Buenos Aires, Jobim se reuniu com a ministra da Defesa da Argentina, Nilda Garré, e com os chefes das Forças Armadas que, segundo ele, apoiaram a iniciativa da criação do conselho de defesa.

Jobim contou que deve se reunir no mês que vem com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para discutir a proposta, a mesma que levará até junho a todos os países da América do Sul.

Quando perguntado se este conselho representaria uma espécie de OTAN da região, ele discordou.

“OTAN não, não tem sentido. Essa é uma solução antiga, do pós-guerra”.

Comitiva de Lula

Jobim esteve em Buenos Aires como integrante da comitiva do presidente Lula. Na sexta-feira, autoridades brasileiras assinaram 17 acordos com o governo argentino, entre eles o que prevê o enriquecimento conjunto de urânio para fins pacíficos.

Sobre o tratado na área nuclear, o ministro comentou ter conversado sobre a criação de uma empresa e de um reator binacional.

“Seria reator para a propulsão de um submarino e também para energia, importante para o continente”.

Não é a primeira vez que o ministro propõe a criação de um submarino nuclear.

Jobim disse que no caso do acordo entre a Argentina e a Embraer ficou decidido que ele está condicionado à compra de aviões da empresa brasileira por parte do governo da presidente Cristina Kirchner.

A Embraer ofereceria manutenção e compraria peças da empresa argentina Área Material de Córdoba (AMC), mas desde que a Argentina confirme a compra de seus aviões.

BBC Brasil

Rizzolo: Tenho afirmado exaustivamente neste Blog, que a empreitada de compra de armamento vinculada a uma “transferência de tecnologia” é uma ilusão que chega às raias da infantilidade. Sou Advogado, não sou do ramo, mas qualquer militar, e os que já conversei inclusive do meu rol de amizades, confirmam; jamais empresas internacionais vão transferir tecnologia militar. Outro dia jantando na casa de amigos com um Brigadeiro que participou de projetos vinculados à indústria bélica brasileira em São José dos Campos, me disse categoricamente o que sempre afirmo : se não investirmos na capacitação tecnológica do nosso corpo técnico, formando profissionais altamente qualificados, até para absorver tecnologia, jamais teremos uma indústria bélica. A ” receita do bolo” vinda no manual de instrução, de presente pela compra dos equipamentos, é uma ilusão infantilóide. A China, e outros países asiáticos, investiram na capacitação profissional, até para saberem copiar projetos; mesmo a Argentina durante certa época investiu muito no desenvolvimento nuclear, na capacitação tecnológica de seus técnicos.

Talvez agora, Jobim tenha chegado a conclusão que unir esforços nesse sentido junto aos países da América Latina seja uma saída. Não é uma má idéia, mas o importante é deixar de acreditar em “conto de carochinha”, e que algum País venda seu submarino nuclear transferindo a tecnologia de fabricação do mesmo passo a passo. Isso é uma besteira. Vão é morrer de rir de nós, pobres brasileiros.