O ministro da Defesa, Nelson Jobim, propôs ao governo argentino a criação do Conselho Sul-americano de Defesa, que contaria com a participação de todos os países da região.
O objetivo, disse Jobim, é a definição de um mesmo discurso sobre defesa em fóruns internacionais e a construção de um “parque industrial” comum neste setor.
“Essa indústria seria privada, mas com nichos para a presença estatal. Não se pode pensar nenhum avanço tecnológico das Forças Armadas da América do Sul sem que se tenha, no próprio continente, a capacitação dos insumos necessários (para esta área)”, afirmou.
“Por exemplo, num submarino de propulsão nuclear, o combustível tem que ser brasileiro. Se não, não faz sentido”.
Armas
Jobim ressaltou que esta indústria conjunta incluiria a produção de armas para as Forças Armadas e outros tipos de insumos para o setor de defesa. ”
Não se justifica que para se mobilizar as Forças Armadas de um país seja necessário depender de insumo de estrangeiros”, declarou.
Em Buenos Aires, Jobim se reuniu com a ministra da Defesa da Argentina, Nilda Garré, e com os chefes das Forças Armadas que, segundo ele, apoiaram a iniciativa da criação do conselho de defesa.
Jobim contou que deve se reunir no mês que vem com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para discutir a proposta, a mesma que levará até junho a todos os países da América do Sul.
Quando perguntado se este conselho representaria uma espécie de OTAN da região, ele discordou.
“OTAN não, não tem sentido. Essa é uma solução antiga, do pós-guerra”.
Comitiva de Lula
Jobim esteve em Buenos Aires como integrante da comitiva do presidente Lula. Na sexta-feira, autoridades brasileiras assinaram 17 acordos com o governo argentino, entre eles o que prevê o enriquecimento conjunto de urânio para fins pacíficos.
Sobre o tratado na área nuclear, o ministro comentou ter conversado sobre a criação de uma empresa e de um reator binacional.
“Seria reator para a propulsão de um submarino e também para energia, importante para o continente”.
Não é a primeira vez que o ministro propõe a criação de um submarino nuclear.
Jobim disse que no caso do acordo entre a Argentina e a Embraer ficou decidido que ele está condicionado à compra de aviões da empresa brasileira por parte do governo da presidente Cristina Kirchner.
A Embraer ofereceria manutenção e compraria peças da empresa argentina Área Material de Córdoba (AMC), mas desde que a Argentina confirme a compra de seus aviões.
BBC Brasil
Rizzolo: Tenho afirmado exaustivamente neste Blog, que a empreitada de compra de armamento vinculada a uma “transferência de tecnologia” é uma ilusão que chega às raias da infantilidade. Sou Advogado, não sou do ramo, mas qualquer militar, e os que já conversei inclusive do meu rol de amizades, confirmam; jamais empresas internacionais vão transferir tecnologia militar. Outro dia jantando na casa de amigos com um Brigadeiro que participou de projetos vinculados à indústria bélica brasileira em São José dos Campos, me disse categoricamente o que sempre afirmo : se não investirmos na capacitação tecnológica do nosso corpo técnico, formando profissionais altamente qualificados, até para absorver tecnologia, jamais teremos uma indústria bélica. A ” receita do bolo” vinda no manual de instrução, de presente pela compra dos equipamentos, é uma ilusão infantilóide. A China, e outros países asiáticos, investiram na capacitação profissional, até para saberem copiar projetos; mesmo a Argentina durante certa época investiu muito no desenvolvimento nuclear, na capacitação tecnológica de seus técnicos.
Talvez agora, Jobim tenha chegado a conclusão que unir esforços nesse sentido junto aos países da América Latina seja uma saída. Não é uma má idéia, mas o importante é deixar de acreditar em “conto de carochinha”, e que algum País venda seu submarino nuclear transferindo a tecnologia de fabricação do mesmo passo a passo. Isso é uma besteira. Vão é morrer de rir de nós, pobres brasileiros.
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