Decisão da PF de vetar entrada em Salvador ocorreu após reunião com o Ministério das Relações Exteriores
João Domingos e Rodrigo Pereira
A repatriação de sete espanhóis impedidos de entrar no Brasil, na noite de anteontem, após desembarcarem no Aeroporto Internacional de Salvador, na Bahia, já faz parte da resposta brasileira à Espanha – que deportou anteontem 20 brasileiros . Também na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ao chanceler Celso Amorim, que está na República Dominicana, para solicitar que o Brasil “não agisse como se fosse vingança, mas agisse dentro do princípio da reciprocidade”.
O grupo de espanhóis repatriado foi barrado por não apresentar documentação de permanência necessária nem dinheiro para subsistência, dois dos itens alegados pelo governo espanhol para reter brasileiros. A ação da Polícia Federal ocorreu depois de uma reunião entre os agentes da força de segurança e representantes do Ministério das Relações Exteriores. Pela reciprocidade, os espanhóis terão de apresentar o bilhete da passagem aérea de volta ao seu país.
O Itamaraty não informou se haverá outras ações semelhantes. Mas, de acordo com uma autoridade do setor, o Brasil vai aguardar os próximos dias para ver como o governo espanhol agirá em relação a brasileiros que chegarem a Madri. Se continuar a onda de detenção por critérios considerados duvidosos e sem justificativas, a PF deverá ser novamente acionada para exigir documentação completa dos espanhóis. Os que não a tiverem poderão ser repatriados.
“Adotamos o rigor que deveria existir há muito tempo. O que aconteceu com nossos estudantes na Espanha é reprovável. A determinação é examinar bem a documentação e, se tiver qualquer dúvida, mandá-los de volta para a Espanha”, disse o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal de São Paulo, Amaury Portugal.
Um dos sinais da reciprocidade no tratamento com os espanhóis estava no fato de o chefe do Setor da Imigração da Delegacia do Aeroporto Internacional de Guarulhos (Deain), delegado Marcelo Ivo de Carvalho, acompanhar pessoalmente o desembarque de vôos da Iberia e da TAM vindos da Espanha no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, ontem à noite.
O presidente Lula disse ontem que o problema dos brasileiros impedidos de entrar na Espanha “obviamente está ligado à questão eleitoral”. “Os partidos mais conservadores têm uma vontade de quase proibir que os pobres de outros países adentrem nos seus, sem lembrar que um dia nós recebemos os pobres dos países deles.” Lula pretende conversar com o primeiro-ministro vencedor da eleição de domingo. E disse que a única coisa que ele quer é reciprocidade.
O subsecretário das Comunidades Brasileiras no Exterior, embaixador Oto Agripino Maia, negou que a recusa do ingresso de espanhóis na Bahia seja o início do princípio de reciprocidade.
Estadão
Rizzolo: É engraçado, quando é para participarem das concorrências nas privatizações, investirem no Brasil, com a facilidade das remessas de lucros e dividendos, comprarem Bancos Estaduais a preço abaixo do valor como ocorreu com o Banespa, aí o Brasil e os brasileiros são ótimos. Agora, quando o Brasileirinho ” telecoteco” faz uma viagem à Espanha a turismo ou a estudo, levando dólares inclusive, é maltratado, humilhado, e deportado. Essas atitudes do governo brasileiro são inócuas e infantis, caso perdure a crise, a melhor forma é uma retaliação comercial, aí sim, vão sentir no bolso perder um mercado consumidor de 180 milhões de consumidores.