Os novos caminhos da mulher

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foto:Claudia Bonfiglioli

Era um dia como outro qualquer, por volta de 1976, acredito que muitos dos leitores nem sequer tinham nascido, eu ainda estudante de Direito observava, e natural era na minha idade, que o número de pensionatos femininos principalmente os de freiras, aumentavam na Capital paulista face à procura por parte das meninas do interior do Estado a ter um lugar para morar pois vinham para a nossa cidade, estudar, trabalhar e desenvolverem profissionalmente; naqueles idos o interior começava a se desenvolver também, porem aqui as oportunidades eram bem maiores.

Para os familiares das garotas, os pensionatos de freiras eram a garantia de que o cuidado de casa estava garantido. Uma observação, namorados jamais podiam adentrar, apenas uma campainha do lado de fora avisava a uma freira que o namorado tinha acabado de chegar, buscando-a para sair, e naquele instânte, a garota era avisada e informada do horário que deveria voltar. Velhos tempos…

A partir dos anos 80 o contingente feminino que se inseriu no mercado de trabalho aumento por demasia, as mulheres se tornaram médicas, engenheiras, advogadas, profissionais liberais, e muitas acabaram ingressando no mercado financeiro e outras áreas. Na política também não foi diferente, o papel decisivo na participação política da mulher quer no Brasil, como em outras partes do mundo aumentou, o diferencial feminino está no fato de que as mulheres são mais sensíveis no trato com as coisas da política e dos negócios, tem elas, a capacidade conciliadora mais aguçada, e possuem acima de tudo, mais ” inteligência emocional”.

Não é à toa que na área de responsabilidade social as mulheres dominam o setor, talvez em face à sensibilidade e a indignação em relação aos mais humildes e desprotegidos, façam das mulheres a alavanca para a determinação na luta pelos necessitados de toda a ordem. Mas o leitor deve se perguntar do porque desta reflexão sobre o papel da mulher na sociedade, e eu responderia de forma breve: nós homens, temos um mundo mais restrito no campo sócio político; cada vez mais o espírito de conciliação tão necessário nos negócios e na política nos impõe a sermos comedidos e conciliadores, e essa postura aos homens é mais rara e difícil de ser exercitada, já em relação às mulheres, isso é mais acessível, a mulher sempre foi mais condicionada a aceitar e tentar conciliar os problemas já desde o âmbito familiar, e isso faz a grande diferença, que a meu ver, leva as mulheres a serem destaques em muitas áreas onde outrora era apenas de domínio masculino.

Gostaria em meu nome e em nome da minha esposa Cláudia Bonfilglioli cumprimentar todas as mulheres do Brasil pelo seu papel no desenvolvimento do nosso País, e pela determinação em liderar e promover como verdadeiras guerreiras, a alegria e a sensatez que expressam pelo sorriso e pelo seu amor, no seu dia a dia, nos lares, no trabalho, nesse imenso Brasil; mesmo naqueles locais onde a tristeza insiste em ficar, a mulher como num gesto de mágica sai à luta trazendo consigo o olhar da esperança, da amizade, e da conciliação, que muito mais se assemelha ao olhar de uma criança, que tem a doçura no gesto e a força da determinação em fazer acontecer quem sabe, um dia melhor.

Dedico este artigo a minha esposa Claudia Bonfilgioli, presidente das Casas Hope, e a todas as mulheres do Brasil pelo Dia Internacional da Mulheres e em especial aquelas, que com carinho, são leitoras do meu Blog do Rizzolo

Fernando Rizzolo

Evasão escolar cresce entre beneficiados do Bolsa-Família

Abandono de estudo aumenta na maioria das 200 cidades dependentes do programa

LAGOA DOS GATOS (PE) – O mais importante programa social do governo Lula, o Bolsa-Família, atende hoje quase um quarto da população do País (45,8 milhões), mas não está conseguindo cumprir um de seus principais objetivos: fazer com que as crianças completem ao menos os oito anos do ensino fundamental. Cruzamento de informações feito pelo Estado, com dados dos Ministérios do Desenvolvimento Social e da Educação, revela que nos 200 municípios onde há mais famílias dependentes do Bolsa-Família a evasão escolar, contando os abandonos da 1ª a 8ª séries, cresceu entre 2002 e 2005. Em alguns casos, o número de crianças que deixam a escola mais do que dobrou. Em todas as cidades mais da metade é atendida pelo programa.

Confira os números do levantamento

O abandono escolar cresceu em 45,5% dos municípios (91) com mais atendimentos do Bolsa-Família. Em outros 18,5% (37 cidades) não houve piora ou melhora significativas – a variação foi de menos de 1 ponto porcentual para mais ou para menos. Juntos, a piora do abandono e a manutenção da péssima realidade escolar somam 64%. O ano de 2002 foi o último antes do início do Bolsa-Família, e 2005, o último com dados oficiais disponíveis.

Os 200 municípios expõem também um fenômeno político: uma melhora sensível no desempenho do candidato Luiz Inácio Lula da Silva entre os segundos turnos de 2002 e de 2006. Da eleição para a reeleição, o presidente aumentou os votos em todas as cidades com mais população atendida pelo Bolsa-Família, registrando, em alguns casos, votações fenomenais: os 3.408 votos de Araioses (MA), em 2002, por exemplo, viraram 12.958 votos na campanha da reeleição; os 2.996 votos de Girau do Ponciano (AL) subiram para 12.550 votos.

Acauã, uma das cidades-símbolo do programa Fome Zero, visitada por ministros no primeiro ano do governo Lula, tem 71,6% de suas famílias no Bolsa-Família. O abandono escolar subiu de 4,4% para 12%. Em 13 cidades, o índice passou de 20% de estudantes largando a escola, um número considerado assustador pelo próprio Ministério da Educação. Em Lagoa dos Gatos (PE), uma das cidades visitadas pela reportagem do Estado, o abandono passou de 8% para 17,6% em apenas três anos.

Explicações

O que aconteceu nessas cidades? Nem mesmo o governo consegue dizer exatamente. Mas uma das razões é clara: as famílias obrigam as crianças a ficar no programa até os 15 anos, quando ainda são beneficiadas. A partir dessa idade, muitas vezes é mais interessante ter o filho trabalhando.

O Bolsa-Família paga R$ 58 e mais R$ 18 por filho entre 0 e 15 anos para famílias com renda per capita de até R$ 60, desde que eles estejam na escola e haja acompanhamento de saúde para os menores de 6 anos. Depois que o filho completa 15 anos, automaticamente a família deixa de receber a parcela referente àquela criança e a renda diminui. “Quantas vezes não ouvimos de professores ‘aquela criança só está aqui por conta do Bolsa-Família’”, diz a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Almeida e Silva. “E é para isso que o programa serve. Ele estar dentro da escola já é uma grande garantia. O problema da evasão não se resolve somente com a escola. É preciso uma malha de ações sociais.” As causas da evasão, lembra, são várias e mais fortes entre os meninos mais velhos: ter de trabalhar, tomar conta de irmãos ou avós, repetência contínua, falta de transporte, entre outras.

Manter as crianças na escola até garantir pelo menos que concluam a 8ª série do ensino fundamental é uma das metas do Bolsa-Família. Seria uma forma de fazer a população mais pobre ter escolaridade melhor e um futuro menos incerto. Ao estabelecer 15 anos como limite para o pagamento, o programa deixa para trás boa parte dos meninos e meninas mais atrasados – na média, os estudantes pobres estão três anos abaixo da série em que deveriam estar.

No dia-a-dia das escolas, é essa a realidade que professores encontram. “Os meninos pequenos ficam na escola. Nos períodos da manhã e da tarde a evasão é baixíssima. Mas a partir dos 15 anos eles mudam para o turno da noite e acabam não voltando mais. Não têm estímulo para estudar”, conta Juliana do Nascimento, diretora da Escola Municipal Cordeiro Filho, em Lagoa dos Gatos.

Maria Luciene de Oliveira, diretora da Escola Estadual Ezequiel Bertino de Almeida, na cidade vizinha de Cupira (PE), tem a mesma experiência. “Não são as crianças pequenas, mas a partir da 5ª série. No período noturno, no ano passado, havia uma turma com 35 alunos, mas que, às vezes, tinha dois ou três alunos em sala de aula”, lembra. A escola ainda enfrenta outra dificuldade: a insistência dos pais em matricular filhos a partir dos 14 anos no noturno, apesar de a lei só permitir a partir dos 15 anos. “Alguns chegam a ameaçar tirar o filho da escola porque eles têm de trabalhar”, diz Maria Luciene.

Os dados nacionais confirmam a experiência das professoras. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que apenas 5% das crianças de 7 a 14 anos abandonam a escola. Entre 15 e 17 anos, essa evasão sobe para quase 20%. São quase 2 milhões de jovens que ficam sem escola, sem trabalho e sem futuro.

Agência Estado

Rizzolo: De forma alguma isso desqualifica o Bolsa Família, como insinua o texto, que é um programa de inclusão social educacional. Contudo, o que ocorre, é que a realidade brasileira é maior que a boa intenção do projetos. Ao completar 15 anos, os jovens valem mais no mercado de trabalho; precisam enfim, vender sua força de trabalho até para sustentar de forma melhor os irmãos que ainda participam do programa Bolsa Família. O que não foi complementado pelo governo Lula, foi a planificação posterior do programa, os seja, criar condições econômicas apropriadas a dar emprego e formação profissional a esse jovem de 15 anos, e isso só se consegue com uma política econômica voltada à produção, ao desenvolvimento da indústria nacional, e não a propostas de financeirzação da economia, onde os especuladores invadem o País com dólares, fazendo até com que a questão cambial se torne um problema aos exportadores, estrangulando ainda mais a economia e a nossa indústria nacional. O conceito econômico do BC, proposto por Meirelles sufoca a segunda parte do programa Bolsa Família, e explica muito sobre o desalento dos jovens de 15 anos, já não mais beneficiados pelo Bolsa Família.