“FHC assinou cédulas sem ser ministro”, revela Itamar

Depois de um silêncio monástico, o ex-presidente Itamar Franco fala abertamente sobre os anos em que governou o Brasil. E diz muito. Revela, por exemplo, aquilo que ele próprio afirma ter sido um erro grave e que se relaciona ao também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem chancelou como sucessor. “Ele já não era mais ministro (da Fazenda) e, mesmo assim, assinou cédulas (de Real). É a primeira vez que estou revelando.

Isso é grave porque só poderia ter assinado a cédula o ministro Ricupero (Rubens Ricupero, que substituiu FHC de março a setembro de 1994, durante a implementação do Plano Real)”, afirma em mais uma da série de entrevistas com ex-presidentes que vem sendo publicada por este jornal, e inaugurada com o depoimento de Fernando Henrique Cardoso. “Ele sabia que sem o autógrafo, sem ele na cédula do Real, não ganharia ( a eleição)”, reforça.

Além de afirmar que se arrepende de ter escolhido FHC como candidato a presidente, minimiza o papel do sucessor na condução do Plano Real ao mesmo tempo em que reivindica para si a condição de protagonista no lançamento da moeda. Também se mostra indignado pelo fato de os tucanos afirmarem que são os pais da lei que criou os genéricos. Sobre o episódio, relata o que conversou com Jamil Haddad, ex-ministro da Saúde durante sua gestão. “Ninguém me escuta, Jamil. Não sou mais nada. Você, como presidente do PSB, é uma autoridade e poderá afirmar que nós criamos a lei dos genéricos”, lamenta Itamar.

Gazeta Mercantil

Rizzolo: O ex. presidente Itamar Franco costuma guardar o ódio no “freezer”, o estranho é só agora ele resolver contar e ” abrir o coração” amaldiçoando FHC, falando em ilegalidade. Itamar é acima de tudo uma pessoa vaidosa, tem seus méritos, é claro (ressuscitou o Fusca, por exemplo…). Agora, nessa altura do campeonato trazer à baila coisas que ele mesmo na condição política em que estava poderia ter resolvido, não leva a nada. A intenção aí é desqualificar FHC, nem precisa, existem outras más posturas do FHC bem piores do que esta. É lógico que FHC quis capitalizar para si o Real, e daí, se houve falta de legitimidade para a assinatura e Itamar sabia, foi no mínimo conivente. Ponto final.

Ministros do PT irrigam entidades ligadas ao partido em SC

A Secretaria Especial da Aqüicultura e da Pesca (Seap) também repassou recursos, por meio de convênios, para entidades dirigidas por membros do PT em Santa Catarina, revela matéria de Leila Suwwan publicada pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal). O titular da pasta, ministro Altemir Gregolin, e o ex José Fritsch, são filiados ao partido.

As verbas abasteceram duas associações presididas por um candidato petista no período pré-eleitoral de 2004. Outra entidade, dirigida por petistas, já teve como seu endereço oficial o escritório do ex-deputado Mauro Passos (PT-SC), autor de emendas orçamentárias que financiaram os convênios.

A partir de dados da Controladoria Geral da União, a Folha analisou os R$ 17 milhões repassados em convênios desde 2003 para o Estado. A Seap, pasta com status ministerial criada por Luiz Inácio Lula da Silva, abriga petistas catarinenses da Articulação de Esquerda, corrente que surge nas ligações verificadas nos convênios.

O suposto esquema de favorecimento em SC segue o exemplo de casos já revelados envolvendo os ministérios do Trabalho e do Esporte e entidades ligadas ao PDT e ao PC do B.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é investigado na Comissão de Ética Pública por denúncias de favorecimento de ONGs ligadas ao PDT –partido que presidia e do qual deixou a presidência na semana passada.

No caso do Ministério do Esporte, R$ 14 milhões teriam sido direcionados a projetos de ONGs dirigidas por integrantes do PC do B (Partido Comunista do Brasil), sigla à qual é filiado o ministro da pasta, Orlando Silva.

Outro lado

À Folha, a Secretaria da Aqüicultura e Pesca afirma que não há preocupação com a influência de ligações político-partidárias nos convênios que firmou em Santa Catarina porque esse “não é um critério utilizado”.

A secretaria considera satisfatório o trabalho desempenhado pela Colônia de Pescadores, pela Casa Familiar do Mar e pela Famasc (federação de maricultores) e informou que as prestações de contas não foram enviadas ou estão “sob análise”.
Folha online

Rizzolo: Olha, realmente o conceito de ética do Partido dos Trabalhadores está totalmente distorcido, e isso, ao que parece, é diretamente proporcional à popularidade do presidente Lula, ou seja, o PT se torna inimputável do ponto de vista moral e até jurídico, por estar ligado a figura do Lula. Como nada alcança o presidente, a probidade administrativa tem pouca relevância aos olhos do governo petista. Irrigar recursos através de entidades ligadas ao partido é amoral, e denota uma constante na administração petista. Acho isso uma pena, construir um País sem base ética, sem retidão administrativa, é caminhar para trás; Lula é um bom orador, fala o dialeto das massas, contudo isto não basta, a medida em que o povo brasileiro se desenvolve culturalmente, a percepção do amoral irá aflorar, e o futuro julgará o passado.

A comunidade judaica se amplia na Alemanha, apesar das divergências

Shelley Emling
Em Berlim

Seis décadas passadas, o legado da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto continua moldando a vida dos judeus que vivem na Alemanha.

Quando veio abaixo o Muro de Berlim, em 1989, a população judaica se mantinha em uns poucos 23 mil, em geral sobreviventes da era da guerra e de seus descendentes.

Mas em uma reviravolta que poucos acreditavam ser possível, a Alemanha se vangloria atualmente de ter a população judaica de expansão mais rápida na Europa.

Como muitos refugiados judeus, os pais de Lala Susskind foram transferidos da Polônia para um campo de pessoas desalojadas na Alemanha Oriental em 1947, quando Lala era um bebê.

Durante anos, ela disse, seus pais se mantiveram “sentados sobre malas prontas” – um sentimento popular entre os judeus que permaneceram no país que no passado tramou seu extermínio. Mas, segundo ela, as malas acabaram tornando-se grandes demais para simplesmente pegá-las e ir embora.

“Quando eu era criança, e fiquei sabendo sobre o Holocausto, não conseguia compreender como nós ficávamos na terra dos assassinos,” ela disse. “Perguntei ao meu pai por que ele não foi embora, mas meus pais não falavam comigo a respeito do passado e era assim que as coisas eram.”

Hoje em dia, Susskind é presidente da Comunidade Judaica de Berlim e aproveita a vida como parte de uma população revitalizada que contempla uma extraordinária mudança de perspectivas.

Entre 1991 e 2005, cerca de 220.000 judeus da antiga União Soviética migraram para a Alemanha depois da reunificação e do colapso do comunismo.

Mas o afluxo criou tensões entre os judeus estabelecidos que falavam alemão e os recém-chegados que falavam russo, e, em geral, tinham pouca consideração pelos rituais e tradições judaicas.

“Os que chegavam não davam a mesma importância central ao papel do Holocausto em suas vidas como os que haviam crescido lá,” disse Deidre Berger, diretora da agência de Berlim do American Jewish Committee, que completa seu décimo aniversário aqui no dia 11 de março. “Eles cresceram sob o espírito russo de vitória sobre os nazistas, portanto têm uma auto-imagem muito diferente”.

“A verdadeira questão é saber: para qual tipo de pessoa os judeus estabelecidos na Alemanha vão transferir a influência quando partirem?”, ela afirma.
Sergei Lagodinsky, vice-porta-voz do parlamento da Comunidade Judaica de Berlim, migrou do sul da Rússia para a Alemanha em 1993.

Ele disse que a segurança econômica influiu, assim como um crescente anti-semitismo e a instabilidade política em geral na Rússia.

Lagodinsky concorda que os judeus da era soviética tendem a encarar o Holocausto de uma forma diferente.

“Ele está enquadrado em um contexto do qual faz parte a Grande Vitória Patriótica, ou a Segunda Grande Guerra”, diz. “Os judeus soviéticos se situam como vitoriosos – e não vítimas – do Holocausto.”

Apesar das diferenças entre os integrantes da comunidade judaica, é uma estranha reviravolta histórica o fato de o mesmo país que Adolf Hitler queria livre de judeus possuir agora a maior população de judeus da Europa Ocidental, depois da França e da Grã-Bretanha.

Atualmente a Alemanha abriga 89 sinagogas junto de um número cada vez maior de escolas judaicas, livrarias, cemitérios, clubes sociais e restaurantes kosher. Um popular jornal judaico é impresso tanto na Alemanha como na Rússia.

Antes que os nazistas assumissem o poder, cerca de 600 mil judeus viviam na Alemanha, mas no final da Segunda Guerra Mundial restaram apenas 15 mil.

Os judeus que ficaram se indagavam se era certo estar lá e muitos acharam que não, disse Stephan Kramer, secretário geral do Conselho Central de Judeus na Alemanha, a organização nacional que agrega os grupos judaicos. “Na verdade, nosso conselho foi criado em 1950 para ajudar os judeus a se reinstalar e depois partir.”

A flexibilização das normas de imigração e o lançamento de programas de restabelecimento – em parte como compensação pelo Holocausto – provocaram um afluxo de judeus da antiga União Soviética, em sua maior parte em busca de prosperidade e sustento.

Uma Berlim estimulante e barata também atraiu vários milhares de israelenses expatriados e centenas de judeus americanos nos últimos anos.

O American Jewish Council vai marcar seu décimo aniversário no dia 11 de março dando as boas vindas a dezenas de líderes judaicos tanto de dentro como de fora da Alemanha para uma comemoração de dois dias.

“Quero tomar conhecimento em primeira mão do renascimento da vida judaica na Alemanha, o desafio do anti-semitismo que os judeus ainda enfrentam em muitos lugares na Europa, e das prioridades da Europa em relação a Israel e ao Oriente Médio,” disse Lauren Grien de Atlanta, membro do conselho de curadores do capítulo de Atlanta do American Jewish Committee. “Será uma viagem muito reveladora e interessante.”

A transformação da vida judaica ocorre ao mesmo tempo em que a Alemanha define seu papel no atual esforço global para celebrar o Holocausto que matou 6 milhões de judeus.

Nos últimos dez anos, uma variedade de memorais surgiu na Alemanha, incluindo o memorial do Holocausto, do tamanho de um campo de futebol que foi aberto em Berlim em maio de 2005.

Mas Kramer disse que o significado de tais memoriais em geral não é absorvido pelos recém-chegados da Rússia.

Kramer e outros judeus estabelecidos dizem que muitos dos que vieram da antiga União Soviética não vão à sinagoga ou mantém uma casa kosher. Muitos dos homens não são circuncidados, e muitas das mulheres não levam seus filhos às escolas judaicas.

Na verdade, muitos imigrantes não são nem mesmo considerados como verdadeiramente judeus pelos judeus já instalados.

Jeffrey Peck, professor da Georgetown University e autor do livro “Being Jewish in the New Germany” (em tradução livre, “Sendo Judeu na Nova Alemanha”) disse que cerca de 80% dos recém-chegados não são judeus, segundo as leis da religião. Segundo a halakha, ou a lei religiosa, apenas um convertido ou uma criança nascida de uma mãe judia é judeu.

Mesmo assim, ele diz que eles representam o futuro do Judaísmo na Alemanha.

“Muitos dos judeus russos sentem que a comunidade oficial não lhes dá as boas vindas,” ele disse. Peck afirma que a comunidade judaica deveria flexibilizar sua definição de “ser judeu”, para não correr o risco de afastar ainda mais os recém-chegados.

Peck afirma que a geração mais jovem de imigrantes está fazendo um esforço para se integrar, mesmo que não seja muito religiosa.

Um otimista Berger disse que a geração mais jovem poderia uma dia contribuir para o perfil da comunidade judaica, assim que se estabelecer em sua vida profissional.

“Acredito que haverá um nível diferente de autoconfiança judaica no futuro que será boa para a comunidade”, disse.

Tradução: Claudia Dall’Antonia

Cox Newspapers

Rizzolo: A Alemanha muito embora tenha sido um palco de horror para os judeus, sempre teve na essência de sua cultura, a influência judaica. Não é por menos que a palavra ” askenazi” em hebraico, significa alemão; já os sefaradis ( judeus de origem árabe, espanhol, italiano, franceses) possuem uma pequena diferença no ritual ou na liturgia. A maioria que habita hoje a Alemanha são askenazis, ou seja, judeus da Europa Oriental. Acho muito bom esse resgate judaico na Alemanha, aliás, o ídiche, nada mais é do que uma variante da língua alemã.

Certa vez li um comentário de Arafat, numa ocasião após o líder palestino ter tomado ciência de que alguns países europeus tinham reconhecido o Estado de Israel, dizia ele: ” os judeus deveriam todos, siar de Israel e ir para a Alemanha pois lá é o País deles, da cultura judaica “. O líder palestino era um especialista em falar coisas sem nexo, e foi um atraso em termos de avanço nas negociações entre árabes e judeus, na época em que viveu. Hoje, em termos de declarações imbecis ninguem ganha de Olmert, alguns ainda questionam se ele é realmente judeu….

Charge de Iotti, hoje no Zero Hora (RS)

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Espanha: socialistas vencem eleições e Zapatero é reeleito

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) anunciou neste domingo (9) a vitória nas eleições gerais do país. “O PSOE venceu as eleições. É uma grande vitória”, afirmou José Blanco, secretário do partido, que confirmou que o premier José Luis Rodríguez Zapatero continuará a governar pela “mudança e pelo progresso”.

Com 89% dos votos apurados, os socialistas obtêm 167 cadeiras e os populares, 155, o que significa, em relação ao pleito anterior, que o Partido Popular conquistou sete assentos a mais. Nas eleições de 2004, a legenda elegeu 148 deputados.

A vitória supõe “o triunfo do diálogo, o respeito à pluralidade e a negativa a uma estratégia política baseada na crispação e deslealdade”, enfatizou Blanco.

Ainda são aguardados os votos de outras regiões espanholas, como a região de Madri, onde o PP possui relativa maioria, e onde foram apuradas apenas 55,14% das urnas. Em contrapartida, em Ansaluzia, o PSOE ratificou sua maioria absoluta, com a vitória do governante regional Manuel Chávez, pela sexta vez consecutiva.

Oposição reconhece derrota

O conservador Partido Popular (PP) reconheceu sua derrota e parabenizou os socialistas “pelo que parece uma vitória clara, vencida por meios lícitos”.

O diretor nacional da campanha do PP, Pío García Escudero, destacou ainda, em entrevista coletiva, “o grande resultado” obtido por seu partido, “com um grande aumento no percentual de votos e de cadeiras, provavelmente maior que em 2004, o que nos causa uma enorme satisfação”.

Vítimas do ETA

Durante o festejo, os partidários do PSOE não deixaram de lembrar a memória do ex-vereador socialista Isaías Carrasco, morto na última sexta aos 42 anos na localidade basca de Mondragón por um suposto membro do ETA.

“Isaías deveria estar vivendo este momento hoje”, afirmou Zapatero diante das mais de 2.000 pessoas concentradas em frente à sede do PSOE, em Madri.

Zapatero lembrou ainda os equatorianos Carlos Alonso Palate e Diego Armando Estacio, mortos por uma bomba do ETA que explodiu no dia 30 de dezembro de 2006 no aeroporto de Barajas, e os policiais civis Raúl Centeno e Fernado Trapero, também assassinados pela organização armada em 1º de dezembro do ano passado no sudoeste da França.

“Eles vivem em nossa memória”, disse Zapatero, que fez um breve discurso de menos de dez minutos. Ele destacou a alta taxa de participação nas eleições, e agradeceu “de coração” àqueles que com seu voto “deram uma clara vitória ao Partido Socialista”, enquanto, a multidão repetia: “Zapatero, você não está sozinho”.

Pouco depois do fechamento das urnas, centenas de pessoas já se concentravam em frente à sede do Partido Socialista em Madri. “Governarei com mão firme e com a mão estendida (…), governarei para todos, mas pensando antes que ninguém naqueles que não tem de tudo”, declarou Zapatero, que depois de deixar a sacada do prédio voltou acompanhado da mulher, Sonsoles Espinosa, além de artistas e dirigentes socialistas.

Secretário-geral do PSOE desde o ano 2000, Zapatero, de 47 anos, chegou a La Moncloa, sede do executivo espanhol, em abril de 2004, após vencer de forma inesperada as eleições de 14 de março daquele ano, três dias depois dos atentados islâmicos contra quatro trens suburbanos madrilenhos que deixaram 191 mortos.

Da redação, com agências
Site do PC do B

Rizzolo: Muito embora a Espanha tem enfrentado uma crise econômica, essa vitória demonstra que os espanhóis estão dispostos a enfrentar alguns desafios cerrando fileira com o governo socialista. Os desafios em pauta são a desaceleração da economia que deverá crescer por volta de 3% este ano, a questão da emigração, que acabou sendo um tema tórrido durante a campanha; hoje a Espanha tem 4,5 milhões de imigrantes, ou seja, 10% da população, esse número há dez anos atrás era de 1,6% da população. Outro tema a ser enfrentado é o do terrorismo associado ao grupo basco ETA, que provavelmente deverá ser o maior problema. Zapatero já havia iniciado um diálogo com o grupo mas foi interrompido a partir de um atentado a bomba no aeroporto de Barajas, no fim de 2006.