Crescimento do país continua limitado pela alta de juros

No ano passado, o lançamento do PAC e a boa performance de alguns dos principais indicadores macroeconômicos da economia brasileira – tais como superávit comercial ao redor de US$ 40 bilhões, reservas cambiais acumuladas próximas a US$ 185 bilhões, taxa de desemprego de 9,3%, estimativas de um crescimento do PIB em torno de 5,2% e taxa de inflação, IPCA de 4,46% – fizeram com que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles e os analistas econômicos passassem a vislumbrar um ciclo de crescimento econômico sustentado para o Brasil.

Por Fernando Ferrari Filho*

A despeito do atual otimismo acerca das expectativas de um crescimento pujante e consistente da economia brasileira para os próximos anos, em nosso ponto de vista, enquanto a economia brasileira continuar apresentando elevadas taxas de juros, taxa de câmbio valorizada e desequilíbrios fiscais, o que resulta em taxas de investimento deprimidas – atualmente, a relação formação bruta de capital fixo/PIB é da ordem de 19,5% -, é pouco provável que tenhamos um cenário monetário-cambial-fiscal propício para assegurar o tão esperado crescimento econômico sustentável do país. Se acrescentarmos ao referido cenário as perspectivas tanto de arrefecimento da economia mundial, face à crise imobiliária da economia norte-americana, quanto de racionamento energético, tudo leva a crer que há um excesso de otimismo de parte da equipe econômica e dos analistas econômicos. Para assegurarmos a estabilização macroeconômica e crescermos acelerada e sustentavelmente, a política macroeconômica deve ser articulada de forma a (i) reduzir a taxa de juros – diga-se de passagem, sistemática que vinha sendo implementada, ainda que timidamente, pelo BC, desde 2006 -, (ii) tornar a taxa de câmbio competitiva – a administração do câmbio conforme a lógica de um regime “crawling peg” e a adoção de mecanismos de controle de capitais que mitiguem a entrada de capitais especulativos têm esse objetivo – e (iii) equilibrar as finanças do setor público para que o Estado continue realizando gastos tanto em programas sociais de caráter distributivo, tais como o Bolsa Família, quanto em infra-estrutura. Em outras palavras, política monetária expansionista, desvalorização administrada da taxa de câmbio e ajuste fiscal são imprescindíveis.

Esperar dos economistas e dos analistas econômicos consenso em torno das estratégias de redução dos juros e de intervenção no mercado de câmbio é quase impossível. Todavia, é possível que haja uma unanimidade em torno da necessidade de se implementar o ajuste fiscal, por mais que os fins sejam distintos: por um lado, para aqueles que compartilham da idéia de Estado Mínimo, o ajuste fiscal deve contemplar reformas orientadas para o mercado; por outro, há os que entendem que o equilíbrio do setor público é essencial para tornar o Estado solvente nos planos fiscal e financeiro, sendo capaz, assim, de estabelecer políticas públicas e sociais e criar um ambiente institucional favorável à realização dos investimentos privados.

Por mais que haja divergência acerca de qual deve ser a estratégia de política macroeconômica para se atingir os objetivos de estabilização de preços e de crescimento econômico sustentável, para nossa surpresa, no momento em que a taxa de inflação do ano passado ficou somente 0,04% abaixo da meta estabelecida pelo BC, os arautos do mercado argumentam ser necessário elevar a taxa de juros para conter pressões de demanda e, por conseguinte, propõem que o BC eleve a taxa básica de juros, Selic, em um futuro próximo. Como é sabido, taxa de juros tem efeito transmissor sobre a inflação se, e somente se, ela é essencialmente de demanda, o que não parece ser o caso da nossa presente inflação. Por quê? Por um lado, porque entre 2003 e 2007, caso as previsões do PIB para esse último ano sejam confirmadas, a economia terá crescido em média 3,7% ao ano. Se não bastasse o baixo crescimento médio anual, a dinâmica desse crescimento tem mostrado uma tendência à la “stop and go”. Portanto, supor que o referido crescimento, pífio e volátil, tenha atingido a taxa de crescimento do PIB de pleno emprego, o que ocasionaria pressão de demanda, é no mínimo questionável. Por outro, porque no ano passado a taxa de inflação, segundo nos informa o IBGE, foi inflada tanto pelo grupo de alimentos, devido ao choque de oferta agrícola em nível mundial, quanto pela elevação dos preços das commodities internacionais.

Diante desse contexto, elevar a taxa de juros não resolve os problemas da atual inflação brasileira. Ademais, propor a elevação da taxa de juros tem três implicações: (i) compromete ainda mais qualquer esforço de ajuste fiscal. Não é demais ressaltar que a economia do setor público, obtida através do expressivo superávit primário – no ano passado a relação superávit fiscal/PIB foi da ordem de 4% – acaba representando a transferência de recursos da sociedade como um todo para os rentistas; (ii) mantém a taxa de câmbio valorizada, pois em um contexto de ampla mobilidade de capitais, em que os ativos financeiros (títulos) domésticos e internacionais são substitutos perfeitos, o diferencial positivo entre as taxas de juros brasileira e internacionais atrai a entrada de capitais de curto prazo; e (iii) arrefece o investimento e, por conseguinte, a própria dinâmica de crescimento do PIB.

Enfim, para mantermos taxas de crescimento superiores a 5% ao ano, conforme prevê o PAC, novas reduções da taxa de juros básica da economia brasileira são fundamentais. Caso contrário, continuaremos com os desequilíbrios do setor público, com a tendência de apreciação do real (o que pode, em um cenário internacional desfavorável, fazer com que sejamos novamente dependentes de poupança externa) e crescendo à la “vôo da galinha”.

* Fernando Ferrari Filho é Professor titular da UFRGS e pesquisador do CNPq.

Fonte: Valor Econômico

Rizzolo: A dinâmica perversa das altas taxas de juros já foi por demais explicada pela maioria dos economistas que possuem lucidez. Como poderíamos aumentar e fortalecer o mercado interno propiciando um levante econômico da indústria nacional com uma taxa de juros estratosférica ? Isso só vem corroborar a teoria que insisto em afirmar que é a transformação do nosso País em paraíso dos especuladores. Fato ruim sob todos os aspectos, principalmente em relação ao cambio que se fortalece com a enxurrada de dólares dos mega especuladores. Só não enxerga quem não quer. O fato é que o executivo pouco pode fazer, vez que o Banco Central tem autonomia, autonomia essa já postulada para essa finalidade, ou seja, determinar uma política econômica baseada na financeirização, com uma democracia de caráter relativo, Lula ganhou mas não levou. Todo o conceito econômico ainda é preconizado por aqueles que querem o Estado mínimo e frear o desenvolvimento do Brasil. Isso é o governo do Partido dos Trabalhadores que privilegia o capital e não a produção. E os 4 milhões de empregos que precisamos criar por ano como fica ? Pergunta para a Dilma , ” a mãe do PAC”. A foto dela com esse negócio de ” mãe do Pac ” não me sai da cabeça, viu, é impressionante…

Dilma minimiza termo “mãe do PAC” e diz que programa é “coletivo”

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) minimizou na tarde desta sexta-feira o termo “mãe do PAC” adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentá-la no início da cerimônia de abertura das obras do Programa de Aceleração do Crescimento em favelas fluminenses, no Rio.

“O presidente está fazendo uma simbologia ao falar isso. É um termo de mais fácil absorção pelas pessoas. O PAC é uma obra coletiva, só que sou eu que coordeno”, afirmou.

Questionada sobre uma possível candidatura à Presidência da República pelo PT, Dilma disse que se considera apenas coordenadora do PAC, e negou que o programa seja uma obra de marketing. Ela afirmou que as inaugurações de hoje são a prova real de que o PAC existe.

Durante o primeiro evento de hoje, no complexo do Alemão, Lula afirmou que a ministra é “uma espécie de mãe do PAC” e negou interesse eleitoral nas obras.

“[A ministra Dilma] é uma espécie de mãe do PAC. É ela quem cuida, cobra e vê o andamento das obras”, afirmou. Ao vice-governador, Luiz Fernando Pezão, disse que ele “vai saber o que é ser cobrado pela Dilma”.

Lula afirmou que o lançamento das obras não seria possível “se não tivéssemos arrumado o Brasil entre 2003 e 2006” e descartou interesse eleitoral. “Deus é tão justo e tão grande que permitiu o lançamento do PAC em um ano que eu não era candidato”, afirmou. “Não disputo mais eleição no Brasil porque meu mandato termina em 2010”, reiterou.

Serão beneficiados pelo programa, além do complexo do Alemão, Manguinhos (na zona norte) e a Rocinha (zona sul). No lançamento do programa, Lula subiu ao palco com aproximadamente outras 30 pessoas –entre ministros, deputados federais e estaduais, além do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Folha online

Rizzolo: O presidente Lula faz de tudo para ” empurrar” a Dilma para presidência em 2010, mas olha, no meu entender, não tem a menor chance; ela pode ser até bem intencionada, agora como se diz no interior ela é ” marruda”, foi guerrilheira, é geniosa, prepotente, e tem um rosto “pesado”. Lula diz que ela nunca foi política, por isso é dessa forma. Seria de se argumentar que ela nunca foi política mas sim guerrilheira, e daí então, tornou-se ” marruda”, olhando sempre de lado.

E tem mais, não sei porque sempre de cara feia se ainda a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio em 2006 concedeu uma reparação moral à ex-guerrilheira Dilma Vana Rousseff. Na minha modesta opinião em nada ela acrescenta na política brasileira, ela é sim fiel a Lula, e se para ele isso basta, é o melhor nome, não é ?

Engraçado, tenho que escrever dois artigos para dois jornais, mas meu humor está péssimo, não estou com a mínima disposição, imagine então para analisar e discorrer sobre a Dilma..” A mãe do PAC” ( risos…) Acho que estou precisando ir para o Shull, ( Sinagoga) pra reza da tarde ( Mincha). À noite estarei de volta !!

Dólar barato deve evitar aumento de combustíveis no Brasil

Com a forte alta do petróleo no mercado internacional, a diferença entre os preços dos combustíveis no Brasil e no exterior começa a se tornar mais significativa. A valorização do câmbio é que tem atenuado o problema. A defasagem entre a cotação da gasolina na costa do Golfo do México e a negociada no Brasil estava, no dia 3, em 10,21%. Se levada em conta a média dos últimos 30 dias, a diferença é menor, de 6,92%. No dia 3, o barril do petróleo estava cotado a US$ 102,44, e o dólar, a R$ 1,672. A discrepância é bem maior no caso do óleo diesel: 25,84% na média de 30 dias.

Mesmo com essas diferenças, a expectativa dos analistas é de que a Petrobras não promova reajustes de preços, pelo menos por enquanto. A estatal costuma agir apenas quando a defasagem é maior e se prolonga por um período mais longo.

O economista Luís Fernando Azevedo, da Rosenberg & Associados, não espera aumento dos combustíveis neste ano. Ele lembra que o reajuste mais recente promovido pela Petrobras ocorreu em setembro de 2005, num momento em que a gasolina na costa do Golfo do México chegou a ficar 38,64% mais alta do que no Brasil, na média de 30 dias. No caso do diesel, a diferença era de 40,4%. Naquele momento, o barril do petróleo WTI estava cotado a US$ 64,08, enquanto o dólar era negociado a R$ 2,31.

Além de a diferença ser elevada naquele momento, ela vinha crescendo de modo persistente. Pulou da casa de 4% a 5% em maio para quase 40% em setembro de 2005. Mesmo assim, os reajustes promovidos pela Petrobras foram modestos: 10% no caso da gasolina e 12% no caso do óleo diesel.

“Se o petróleo e o câmbio se mantiverem próximos dos atuais patamares, não deve haver aumento de preços neste ano”, afirma Azevedo, lembrando ainda que 2008 é um ano eleitoral. Antes de novembro, ele considera muito improvável que haja um reajuste dos preços.

Acima de US$ 100

O petróleo é uma das commodities que subiram com força nas últimas semanas. O produto tem sido negociado na casa de US$ 100 o barril ou até acima disso. Ao mesmo tempo, o câmbio se mantém valorizado, graças aos fluxos elevados de investimentos estrangeiros diretos e dos capitais que vêm ao país para aplicar em títulos de renda fixa e ações. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$ 1,682.

A MB Associados faz um cálculo da defasagem considerando uma média móvel trimestral. Por esse critério, a diferença, que era de 3,3% em outubro, subiu para 8,2% em fevereiro. O economista-chefe da MB, Sérgio Vale, diz que essa defasagem é insuficiente para levar a Petrobras a reajustar as cotações, ressaltando que o câmbio valorizado tem sido providencial para amortecer o impacto da alta do petróleo.

Nesse cenário, ele também não trabalha com reajustes dos combustíveis neste ano, embora acredite que haverá alguma alta do dólar ao longo do ano. Vale projeta um câmbio de R$ 1,80 em dezembro. O saldo comercial, vale lembrar, tem encolhido velozmente, enquanto as remessas de lucros e dividendos aumentam com força, combinação que reduz o fluxo de dólares para o país.

Uma desvalorização dessa magnitude, porém, não deve levar a Petrobras a aumentar os preços dos combustíveis, desde que não haja uma disparada das cotações do petróleo no mercado internacional, diz Vale. Para 2009, as coisas podem mudar de figura. Como a expectativa é de queda adicional do saldo comercial, o dólar tende a subir mais no ano que vem. Nesse cenário, o câmbio deixaria de atenuar os altos níveis dos preços do petróleo, e estaria aberto o caminho para um reajuste dos combustíveis.

Vale projeta uma inflação de 4,5% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, exatamente o centro da meta perseguida pelo Banco Central (BC). Azevedo aposta em 4,4%. Um eventual aumento da gasolina tenderia a jogar o indicador acima desse alvo. Vale lembra que um reajuste de 10% das cotações da gasolina na bomba provoca um impacto de 0,45 ponto percentual no IPCA.

Fonte: Valor Econômico

Rizzolo: Não é interessante para o governo um aumento nos combustíveis, isso afetaria os números da inflação. Fica claro que com o dólar mais barato, o aumento não deverá vir tão cedo. A mudança do cenário econômico envolvendo a queda do saldo comercial afetaria sim essa relação mais estável. O problema está exatamente aí, no saldo comercial que está em queda. E em função da valorização do real ,as transnacionais enviam a todo vapor as remessas de lucros e dividendos, piorando ainda mais a situação. É a opção da política econômica do Sr. Meirelles, que transformou o Brasil num grande Cassino, lugar ideal aos especuladores de toda espécie.

Charge de Henrique para a Tribuna de Imprensa

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