Um surto de antievangelismo no Brasil

Em 1978 fui a Lós Angeles (EUA) visitar meu irmão que lá estudava na UCLA, na famosa Universidade da Califórnia, tinha eu apenas 23 anos, e pouco conhecia a intensidade das pregações evangélicas nos EUA via televisão, mas naquele dia, tarde de domingo, assistia casualmente um programa de um desses pastores evangélicos. Pelo pouco conhecimento que tinha e tenho do mundo cristão e especial ao mundo dos evangélicos, olhei atentamente aquele homem com um rosto vibrante e um olhar convincente, repetir várias vezes ” We love Israel”. Numa tentativa de entender o contexto da pregação achei por bem continuar assistindo, afinal no Brasil naquela época ouvir ” we love Israel” ouvia-se apenas no programa ” Shalom Brasil ” ou no Festival Carmel da Hebraica.

Foi então após alguns anos que tomei enfim conhecimento das atividades de novas igrejas evangélicas no Brasil, como a Igreja Universal do Reino de Deus e outras que somavam com as já tradicionais que havia principalmente em São Paulo. Não tardou muito, começaram a surgir as denúncias contra as novas Igrejas, cuja tipificação penal era confusa e as peças que se tem notícia apresentadas nas denúncias pelo Ministério Público eram de cunho probatório frágil e inconsistentes.

A visualização e a percepção das mensagens evangélicas, eram a cada dia mais fáceis de serem absorvidas pela população face a postura pró ativa dos pastores. O questionamento de que não só nós precisamos de Deus, mas de que Deus também precisa de nós, aproximou de certa forma de um conceito judaico mais ortodoxo; com isso, a essência conceitual evangélica, com a cobrança de forma mais veemente a Deus sobre as nossas necessidades, foram exercitadas pela imensa maioria dos fieis que no passado acostumados com a passividade católica dos padres, se desanimavam com o ritmo lento das antigas missas monosilábicas.

É claro que cada Igreja ou religião tem sua forma de conduzir seus fieis à Deus, porem o que questiono aqui nesta breve reflexão, é a causa ou a mola propulsora que fez com que milhares de fiéis tornassem evangélicos. Entendo que a resposta é : ação, vigor, rezar com disposição, cobrar de Deus, e acreditar naquilo que Deus vai operar. Sempre achei isso muito bom, os judeus normalmente sempre fizeram suas preces com movimentos, com alegria e com vigor, os muçulmanos também, enfim rezar com alegria, cantando, e demonstrando o amor a Hashem faz bem e nos eleva.

Fica patente, e não poderíamos esperar face ao avanço da evangelização no Brasil, que não surgissem grupos interessados em deter esse progresso, e o pior, é que de forma alguma isso parte da Igreja Católica, mas sim de interesses econômicos, eleitorais, de poder e de território. Todos sabemos que as novelas exercem um grande poder no inconsciente coletivo da população e quando se propõe atingir a integridade moral de grupos religiosos como os evangélicos, estamos diante de um grave problema. Ninguém melhor que Hitler soube, na época da Alemanha nazista, explorar as imagens e a propagandas anti semitas em favor da sua causa. É sempre importante lembrar que enquanto oramos e gritamos em nome Deus, gritamos em nome da paz e do bem, porem quando observamos gritos de insultos aos nossos fervores, estamos bem perto daquilo que de pior surgiu no mundo: a intolerância religiosa, e isso, nós judeus conhecemos bem.

Fernando Rizzolo

Record volta a atacar Globo por preconceito antievangélicos

A TV Record voltou a criticar a Rede Globo neste domingo (16), em sua programação jornalística. No Domingo Espetacular, apresentado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, a emissora citou matéria publicada nesta semana pela revista Veja sobre a polêmica gerada pela novela Duas Caras, da Globo.

A última reportagem do programa, com várias chamadas, criticou a trama de Aguinaldo Silva por ter levado ao ar uma cena na qual a personagem Edivânia (Susana Ribeiro) comandava uma tentativa de linchamento do triângulo amoroso formado pelos personagens Dália (Leona Cavali), Bernardinho (Thiago Mendonça) e Heraldo (Alexandre Slaviero). No enredo, Edivânia pertença à corrente evangélica.

Segundo a reportagem do Domingo Espetacular, os evangélicos são retratados como fanáticos na novela global, tendo sua imagem ligada a cenas de “violência, intolerância e preconceito”. “As cenas foram consideradas chocantes”, afirmou o programa da Rede Record.

A reportagem ouviu líderes religiosos evangélicos e da comunidade judaica, que criticaram as cenas apresentadas em Duas Caras. Também entrevistou especialistas em comunicação e em telenovelas que fizeram coro ao discurso crítico com relação ao conteúdo da novela.

Ao final da reportagem, a Record apresentou uma nota atribuída à TV Globo, em que a emissora carioca afirma que a novela pretende justamente questionar o preconceito, e não incentivá-lo. A emissora de Edir Macedo também apresentou trechos do blog de Agnaldo Silva, autor da novela, em que o novelista comenta a mesma reportagem da revista Veja.

No blog, Silva diz não ter nenhum tipo de preconceito contra cristãos e diz que “entregou sua vida aos evangélicos”. “Um pequeno grupo deles é que cuida de mim, do meu gato Tadeu, e de tudo o que está relacionado ao meu bem estar e ao bom funcionamento da minha casa”, escreveu Silva.

Nota

No final da tarde desta segunda-feira (17), a Central Record de Comunicação informou que o Domingo Espetacular abordou, de “forma neutra e imparcial”, os fatos referentes ao comportamento da personagem Edivânia.

Em nota enviada à Folha Online, a Record informa que “procurou ouvir as partes envolvidas na polêmica, ou seja, levou ao ar a visão de contestação dos evangélicos, opiniões de especialistas em várias áreas, trechos do texto pertinente ao assunto publicado no blog do autor da novela e divulgou a versão da Globo”.

Ao reagir à reportagem da Record, o diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, disse que a novela Duas Caras é uma ficção, lembrando que “chute na santa, campanha para acabar com as festas de São João etc., isto, sim, é coisa da vida real”.

Confira abaixo a íntegra da nota da Record:

O programa Domingo Espetacular do dia 16/03, exibiu uma reportagem que repercutia a notícia publicada pela Revista Veja desta semana. Na reportagem “Fogueira Santa”, o jornalista Marcelo Marthe relatou os acontecimentos referentes ao comportamento de uma personagem evangélica em uma das tramas da Rede Globo.

O Domingo Espetacular abordou a questão de forma neutra e imparcial. Procurou ouvir as partes envolvidas na polêmica, ou seja, levou ao ar a visão de contestação dos evangélicos, opiniões de especialistas em várias áreas, trechos do texto pertinente ao assunto publicado no blog do autor da novela e divulgou a versão da Globo.

São Paulo, 17 de março de 2008.
Central Record de Comunicação

site do PC do B

Rizzolo: A forma pela qual a rede Globo insinua o comportamento dos evangélicos no seu dia-a-dia, é extremamente estereotipada, e tem como objetivo atacar o avanço que os evangélicos fazem quando como grupo adquirem meios de comunicação, como jornais, TVs e rádios. Sempre tive profundo respeito e consideração pelos evangélicos, aliás para quem não sabe, nos EUA as maiores contribuições para Israel não vem da comunidade judaica, mas sim dos evangélicos, que apoiam o Estado judeu. A propaganda com intuito de desqualificar grupos religiosos foi utilizada por Hitler nas propagandas anti semitas na Alemanha nazista; vejo com preocupação os ataques e as insinuações maldosas aos evangélicos. O Brasil é um País laico, mas a liberdade religiosa e de expressão são os esteios de uma democracia. Temos que dar um não e um basta ao antievangelismo que se alastra no Brasil.

Venda do Bear Stearns e temor sobre setor bancário derrubam Bolsas em NY

As Bolsas americanas operam em baixa nesta segunda-feira, após uma breve reação do índice Dow Jones Industrial Average (DJIA) pela manhã. Os investidores vendem principalmente seus papéis do setor financeiro, devido à venda do banco de investimentos Bear Stearns ao rival JP Morgan, por US$ 236 milhões.

Às 13h37 (em Brasília), o DJIA –principal índice da Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês)– estava em baixa de 1,11%, com 11.818,55 pontos; o S&P 500, por sua vez, caía 1,97%, para 1.262,74 pontos. A Bolsa Nasdaq tinha queda de 2,1%, indo para 2.165,20 pontos.

A venda do Bear provocou o temor entre os investidores de que o sistema bancário –e mesmo o sistema financeiro de modo geral– possam estar em situação mais frágil que o previsto. O Federal Reserve (Fed, o BC americano), inclusive, aprovou ontem uma linha de crédito de US$ 30 bilhões para financiar a compra

O Fed também aprovou um programa de empréstimos para as maiores empresas de investimentos em Wall Street e cortou sua taxa de redesconto para 3,25% ao ano.

A taxa de redesconto é um instrumento do Fed para conceder empréstimos de curto prazo a instituições com problemas temporários de liquidez (oferta de dinheiro). O instrumento, no entanto, é utilizado com cautela pelas instituições financeiras: as que recorrem a empréstimos com essa taxa ficam de certo modo marcadas como instituições fragilizadas, que não conseguem empréstimos em outras fontes e têm de recorrer ao ‘concessor do último recurso’ –papel que cabe ao Fed.

“Isso remove o risco de mais perdas para esse setor –o risco de que algo como o que aconteceu com o Bear Stearns ocorra de novo”, disse à agência de notícias Associated Press (AP) o gestor de carteiras Robert Pavlik, da Oaktree Asset Management.

Amanhã o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês, equivalente ao Copom no Brasil) do Fed deve se reunir e decidir sobre sua taxa de juros, atualmente em 3% ao ano. A expectativa dos analistas é de que o banco mantenha sua política de cortes de juros e reduza a taxa em ao menos 0,75 ponto percentual.

O Fed reduziu sua taxa em cinco ocasiões consecutivas, entre setembro do ano passado e janeiro deste ano, como forma de tentar impedir que a economia americana caia em recessão.

O JP Morgan irá pagar US$ 2 por ação do Bear Stearns –para se ter uma idéia do que isso significa, os papéis do Bear não eram cotados abaixo dos US$ 20 desde 1995. “Alguns participantes mais fracos do mercado empurrados para fora dos negócios”, disse o diretor de investimentos Joseph Battipaglia, da Ryan Beck, à AP.

As ações do Bear Stearns chegaram a cair pouco mais de 87% hoje; as ações do banco, que encerraram a sexta-feira (14) cotadas a US$ 30, hoje pouco passam dos US$ 3.

Também preocupa os investidores a situação do Lehman Brothers Holdings; o banco de Cingapura DBS Group Holdings orientou seus operadores hoje a desconsiderarem novas transações com o Lehman –que deve divulgar seus resultados trimestrais nesta semana–, segundo a AP.

Hoje o governo divulgou dois indicadores que ficaram um pouco à margem dos acontecimentos do dia, diante do ocorrido no setor bancário. O Federal Reserve de Nova York informou que seu índice Empire State –que mede a atividade manufatureira no Estado– registrou em março o nível mais baixo desde que começou a ser elaborado, em julho de 2001.

O índice sobre as condições gerais da atividade manufatureira em Nova York ficou em -22,23 pontos em março, frente aos -11,72 pontos do mês anterior, e ficou muito abaixo da previsão dos analistas.

Hoje também o Departamento do Comércio informou que o déficit em conta corrente dos EUA no ano passado recuou 9% em relação ao registrado um ano antes, para US$ 738,6 bilhões, depois de ter atingido a marca recorde de US$ 811,5 bilhões em 2006. O balanço em conta corrente é uma medida mais ampla que a balança comercial do país, porque abrange não apenas o comércio de bens e serviços, mas também transferências unilaterais –que incluem recursos destinados a ajuda internacional.

Folha online

Rizzolo: A origem de toda essa crise foi a falta de regulamentação e a irresponsabilidade dos agentes financeiros americanos na questão dos “subprimes”. O sistema financeiro americano não é devidamente monitorado; especuladores de toda sorte, especialistas em ” fazer dinheiro rápido” optaram pelo setor imobiliário americano no oferecimento de crédito a um enorme contingente de tomadores que eram na sua maioria insolventes. O corte nas taxas de juros efetuado pelo FED não foi o suficiente para estancar a crise, mesmo agora cortando a taxa de redesconto para as maiores empresas de investimento em Wall Street para 3,25% ao ano, poderá deixar ainda mais claro quais são as empresas que lançam mão da medida, e trazer mais insegurança ao mercado. O mais interessante em toda essa questão é o fato de que no capitalismo dos EUA a tudo é permitido fazer no mercado com a menor intervenção possível do Estado regulador, agora, quando as perdas surgem e nada dá certo, quem salva é o Estado. Esse Estado que o capitalismo abomina.

Charge do Duke para O Tempo

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Serra e a tática da Defesa Prévia

Uma das características na elaboração de uma defesa processual no âmbito criminal, é optar entre logo após ao início da ação penal, que se dá com o recebimento da denúncia, abrir a linha da defesa na chamada ” defesa prévia”, ou escondê-la ao Ministério Público, titular da ação penal. São duas variantes, podemos de plano nos defender e aí então a parte contrária saberá até onde iremos, ou falaremos o mínimo possível, com uma defesa prévia singela. Podemos constatar hoje numa analogia no cenário político brasileiro, algo semelhante entre dois candidatos a presidência, Aécio e Serra.

As articulações de Aécio são muitas, ampliando seu espaço no tucanato e de plano sabemos aonde ele quer chegar. A derrota do deputado Arnaldo Madeira para a liderança na Câmara foi a última grande demonstração de fragilidade do Serra, lembrando que o vencedor naquela disputa – o deputado José Aníbal (SP) – tinha o apoio de Aécio, alem disso tem o mineiro tem se esforçado para ampliar as negociações em torno de uma eventual candidatura à presidência aos partidos de centro-esquerda, como o próprio PMDB e o PSB de Ciro Gomes.

Como se não bastasse, patrocina uma articulação em Belo Horizonte que pode fazer com que o estado de Minas marche unido em 2010: a aliança PSDB-PT na eleição municipal da capital mineira deste ano teria como conseqüência o apoio dos tucanos ao nome que o PT indicar para o governo do estado, em uma coligação que nem o clima beligerante de Brasília parece estar atrapalhando. E as coisas não param por aí não, Aécio distribui afagos a esquerda, apoiando causas estranhas aos PSDB como a manutenção da contribuição sindical, nem com o ávido desejo dos tucanos obstruírem a votação conseguiram êxito, o danado do mineiro convenceu o líder José Aníbal a votar a matéria, em um claro afago ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).

Por este quadro político, o governador de Minas declaradamente se enquadra e se postula como um candidato pós Lula, se distanciando da ortodoxia tucana. Numa analogia processual, Aécio já apresentou tudo em suas justificativas, não precisa dizer mais nada. Mas a pergunta que não quer calar seria: Qual a tática de Serra? Dizem que Serra calado é um poeta, Serra foi um militante da esquerda, tem estratégia, pensa muito e fala pouco, avança e recua, talvez na calada da noite lembra-se frase de Lenin quando da nova política econômica em 1921 apregoava “um passo para trás, para dar dois na frente”, mas a verdade é que nobre governador está muito quieto, provavelmente num momento de reflexão, inserido num tríduo contestatório processual de cunho singelo, em conversas reservadas com Lula em Brasília semana passada, sem falar muito, sem alarde. Não podemos nos esquecer que Serra calado pode ser um poeta, mas pensando e agindo pode ser Maquiavel…

Fernando Rizzolo